Extinção

Renesmee: Mestiça


Nicoma Park, 580, 429-3222, 12 horas antes do encontro com Jacob Black.

A ultima placa deteriorada que havíamos visto confirmou o que Sara havia dito minutos antes de cortamos aquela estrada abandonada, estávamos em Nicoma, eu me perguntava como uma menina de apenas 8 anos conseguia lembrar com precisão as informações de um mapa, Sara sabia perfeitamente para onde deveríamos ir o que me fez pensar por um curto momento se Nat não estava certo sobre suas teorias da conspiração, mas lembrar de Nat me trazia angustia então decidi não pensar em suas hipóteses malucas, eu estava triste e decepcionada demais para levar em consideração suas opiniões.

Sara estava cansada e demos uma pequena pausa para descansar, enquanto eu procurava pelo restante do alimento industrializado que havia em minha mochila a menina caminhou até um troco de arvore coberto por musgo, após se agachar e pegar algo no chão rabiscou no tronco algumas numerações, curiosa me aproximei a observando.

— Para que isso? Perguntei curiosa, havia percebido que Sara fazia aquilo sempre que dávamos uma pausa.

A menina terminou seu rabisco numérico e voltou seu rosto em minha direção – O papai conhece os atalhos, se ele encontrar uma das nossas localizações ele saberá para onde estamos indo e nos encontrará mais depressa.

Ergui uma das sobrancelhas e suspirei – Ainda não entendo como conseguiu decorar um mapa...

—Eu só precisei de 20 segundos – respondeu ela orgulhosa de si.

— Tem certeza que é uma humana? Perguntei entregando a ela metade do nosso ultimo pacote de biscoitos – Espero que seu pai nos encontre depressa, não temos mais alimento.

— E está com medo de me transformar em alimento? Perguntou a menina comendo um biscoito logo sem seguida.

Fiz uma careta – Esse pensamento é horrível para uma criança ter.

Sara riu alto – Você é engraçada – Disse ela em meio a seus risos enquanto voltávamos a caminhar pela floresta – Temos que chegar nas montanhas antes de escurecer totalmente – a menina completou – Estaremos mais seguras lá – Sara parou diante de um penhasco e apontou na direção das montanhas.

— Porque tem tanta certeza que lá estaremos mais seguras?

— Você ainda acha que estou levando você para uma armadilha? Perguntou ela.

— Você ouviu – murmurei.

Sara me olhou sorrindo – Eu não sou tão diferente de você Nessie.

— Não duvido disso, você parece uma adulta presa em um corpo de 8 anos.

— Só sou uma criança – ela afirmou parando seus passos e me lançou um olhar de curiosidade – Por acaso você é rápida?

Franzi as sobrancelhas – sim!

Seu sorriso se alargou – Então que tala me dar uma carona?

Dei um sorriso compreendendo seu pedido e me agachei, Sara subiu nas minhas costas e prendeu seus braços em volta do meu pescoço – Ainda me surpreende você não ter medo de mim.

— Você é boazinha.

—Como pode ter certeza disso?

— Eu não posso – disse ela – Mas eu sinto.

Alarguei meu sorriso – Segura firme ai – falei erguendo meu corpo, e quando os braços de Sara apertaram um pouco mais eu corri pela floresta.

Indiahoma, 34.620°N 98.751°W 6 horas antes do encontro com Jacob Black

A lua estava posicionada no centro do céu o que significava que faltavam poucas horas para o amanhecer, Sara e eu haviam os subido as montanhas o que segundo a menina nos deixava mais próximas de seu pai, apesar de cansada eu estava ansiosa, sabia que poderíamos encontrar Jacob Black a qualquer momento e não tinha a menor certeza de como seria esse encontro e nem se ele realmente me ajudaria, e se mamãe estivesse errada? E se Jacob Black não aceitasse o seu pedido? Para onde eu iria sem Nat?

Desde criança meu sonho sempre havia sido conhecer o mundo e até aquele exato momento Sara e o velhinho bondoso do porto haviam sido o únicos humanos que eu conhecia, eu não sabia para onde ir, nunca havia desejado tanto poder voltar no tempo e voltar para casa.

— você ainda está triste não está? Perguntou Sara, estávamos deitadas uma ao lado da outra sobre uma grande pedra olhando as estrelas.

— Nat disse que eu sou culpada, do mundo estar um caos – respondi.

— Mamãe virou uma vampira – murmurou Sara.

Olhei para a menina de soslaio – Eu sinto muito – sussurrei voltando a olhar para o Céu.

— Mas ela não machuca pessoas, o papai me disse que ela se afastou para me proteger, quando eu fugi naquela noite eu queria vê-la, dizer a ela que ela não vai me machucar.

— Tenho certeza que esteja onde ela estiver pensa em você – respondi voltando a olhar para ela.

— Eu não culpo você Nessie – Ela sussurrou olhando em meus olhos – muitas pessoas tem historias tristes não somente a sua amiga – Ela olhou para o céu e sorriu largamente – Olha uma estrela cadente, faz um pedido.

Olhei para o céu e suspirei fechando os olhos, quando os abrir Sara me olhava com o mesmo sorriso nos lábios – O que você pediu – perguntou ela curiosa.

— Achei que não pudêssemos dizer o pedido.

— Podemos sim, se uma contar o pedido da outra – respondeu ela – Vou contar o meu – A menina olhou novamente para o Céu – Eu pedi para a estrela avisar a mamãe que sinto saudades dela – Em seguida seu rosto virou para mim – Agora fala o seu.

Ri um pouco sem graça – Foi um pedido meio bobo sabe, mas tudo bem, eu pedi para seu pai me deixar ficar, aqui.

Sara riu – Foi bobo mesmo – afirmou ela em meio seu riso – é claro que o papai vai deixar você ficar.

— Eu não tenho certeza disso, sou uma mestiça;

— Mas eu tenho – Afirmou ela com uma expressão mais séria – O papai é bom, gentil, generoso e nunca esquece quando uma pessoa faz coisas boas, você me ajudou, ele nunca vai esquecer isso.

Confesso que a resposta de Sara acalmou meu coração, trocamos um sorriso e voltamos a olhar para o céu contando as estrelas até que cansadas, adormecemos.

Quando os primeiros raios de sol tocaram meu rosto o cheio forte me fez levantar em alerta, sonolenta olhei para os lados e lentamente toquei no ombro de Sara.

— Sara – murmurei – Sara acorde.

Seus pequenos olhos se abriram e ainda sonolentos me olharam confusos – Já amanheceu? Porque tanta pressa?

— Não se assuste está bem – Eu disse tentando não assusta-la.

Os olhos da menina se arregalaram – Tem sanguessugas?

Confirmei com a cabeça – Temos que sair daqui.

Sara confirmou subindo nas minhas costas e então sem perder tempo corri subindo novamente as montanhas, apesar da minha velocidade o cheiro se tornou ainda mais forte.

Nós estávamos no centro da floresta quando paramos, desci sara das minhas costas e apressada retirei a pochete da cintura, eu sabia que eles estavam perto e mesmo que eu continuasse a correr eles nos alcançariam – Pega isso – Murmurei apressada abrindo a pequena bolsa e retirando a adaga de dentro da mesma.

—Nessie o que você vai fazer? A menina perguntou com uma expressão de medo.

Prendi a pochete em volta da sua cintura – Presta atenção – Olhei para os lados buscando por um lugar onde eu pudesse esconde-la – Caso alguma coisa aconteça comigo você entrega essa bolsa ao seu pai, esta bem?

— Nessie ainda podemos correr, o papai já deve estar perto – Disse ela em um tom de desespero.

— Eles estão chegando – murmurei novamente, olhei para o lado e havia uma pilha de troncos, entre eles espaço o suficiente para um pequeno animal se esconder – Ali – falei apontando para o lugar.

—Mas Nessie...

—Anda vai, não sai de lá, entendeu!

Sara balançou a cabeça concordando e correu se colocando no espaço entre os troncos e galhos, o cheio dominou o lugar e lentamente tirei a capa da adaga olhando de soslaio para ambos os lados - Maldita dor de cabeça- sussurrei comigo mesma ao sentir aquela dor chata em minha nuca.

— Ora, ora o que encontrei aqui – Disse um dos vampiros.

— O cheiro é de mestiça irmão – respondeu o outro vampiro a alguns metros e mim.

— Ela é bonita, vou adorar tirar as calças dela.

Sorri com o canto dos lábios olhando para o homem – Se eu não arrancar sua cabeça antes – respondi o encarando.

O outro vampiro gargalhou – Mestiços são fracos, só servem como alimento para deixar nossa raça mais forte.

Virei a cabeça na direção do homem – Cuidado com a pedra – murmurei

O vampiro me olhou confuso porém quando seus lábios se moveram para responder a grande rocha o acertou em cheio;

Sorri olhando para o vampiro abusado e o chamei com o dedo – Vocês acabaram de cometer um grande erro.