Extinção

Jacob - A Decisão


As primeiras horas da noite que passei ao lado de meu pai Billy, após vinte anos separados, foi um momento carregado de emoção e nostalgia. Desde a revelação dos vampiros para o mundo, nossas vidas tomaram rumos inesperados, e reencontrar minha família depois de tanto tempo foi um presente que eu não sabia que ainda podia receber.

Os olhos de meu pai ainda carregavam a mesma sabedoria que eu lembrava, mas agora, havia uma profundidade maior, uma experiência acumulada pelo tempo e pelas adversidades enfrentadas. Ele me abraçou com força, como se temesse que eu desaparecesse novamente. Sentir seus braços ao meu redor trouxe de volta todas as memórias de minha juventude em La Push, das histórias que ele contava sobre nossos ancestrais e dos dias tranquilos antes de nossas vidas mudarem para sempre.

A felicidade se multiplicou ao reencontrar minhas irmãs, Rebeca e Rachel. Rebeca, com seu sorriso caloroso, me envolveu em um abraço apertado, e pude ver em seus olhos a mesma determinação de sempre. Rachel, ao lado de Paul, tinha uma serenidade que antes eu não notava. Eles estavam ali, juntos, unidos, por um sentimento que agora eu conhecia.

Rachel me apresentou aos meus sobrinhos, Jeremy e Jason, com um orgulho evidente. Jeremy, o mais velho, tinha os olhos curiosos e a energia inquieta que me lembrava dos meus próprios dias de juventude. Jason, mais novo, era um misto de timidez e curiosidade, escondendo-se atrás das pernas da mãe, mas observando cada detalhe com atenção. Ver as novas gerações crescendo, livres dos segredos que nós tivemos que carregar por tanto tempo, trouxe uma alegria indescritível.

Era um momento de reencontros. Após alguns minutos ao lado de meu pai e minhas irmãs Charlie e Renée se aproximaram. Reencontrar Charlie e Renée foi uma experiência intensa. Eles estavam ansiosos e, ao mesmo tempo, cheios de perguntas. Eu podia ver a ansiedade nos olhos de Charlie enquanto ele me recebia com um abraço firme. Renée, com seu jeito caloroso e afetuoso, segurou minhas mãos, os olhos brilhando de expectativa.

Sentamos ao redor de uma fogueira no acampamento improvisado na floresta. Charlie e Renée estavam fascinados, mas também preocupados, e queriam saber tudo sobre Renesmee, a neta que só agora tinham descoberto existir. Eu comecei a contar a história desde o início, como Bella havia me contado através de uma carta, os olhos de ambos demonstraram a felicidade em saber notícias sobre a filha, depois de anos acreditando que ela estava morta.

— Ela é incrível- Eu disse, tentando transmitir a maravilha que Renesmee era. - Ela tem uma maturidade e uma sabedoria que vão além da sua idade. E ao mesmo tempo, é como uma criança, curiosa e cheia de vida.

Charlie ouvia atentamente, absorvendo cada palavra. Eu sabia que ele já tinha aprendido muito sobre os quileutes e os lobos. Suas perguntas eram diretas e carregadas de preocupação de avô.

— E ela está segura? Perguntou ele. - Não há nada que possa machucá-la?"

Eu sorri, tentando tranquilizá-lo- Ela está mais segura do que você imagina, Charlie. Eu... daria minha vida por ela.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Eu sabia que Charlie àquela altura sabia de tudo relacionado aos Quileutes, compreendia o conceito de imprinting, mas ainda assim, era uma revelação grande demais para ser absorvida rapidamente. Seus olhos se estreitaram por um momento, mas então, um brilho de compreensão e alívio apareceu.

— Então, você está sempre com ela, sempre cuidando dela- disse ele, finalmente.

— Sim- Respondi, com firmeza. - Nada nem ninguém vai machucá-la enquanto eu estiver por perto.

Renée, que até então tinha ficado em silêncio, sorriu com lágrimas nos olhos. - Ela tem sorte de ter você, Jacob. E nós também temos sorte de saber que ela está protegida e amada.

A conversa se prolongou pela noite, cheia de lembranças e histórias compartilhadas. Eu contei a eles como conheci Renesmee, e o quão incrivelmente ela era. Charlie e Renée se emocionavam a cada nova descoberta, ansiosos por conhecer a neta que até então só existia em palavras e imagens.

Quando finalmente nos despedimos, senti um peso ser levantado de meus ombros. Charlie e Renée agora sabiam da existência de Renesmee e compreendiam a profundidade do meu vínculo com ela. E mais importante, sabiam que ela estava segura e protegida. Ao observar Charlie e Renée se afastarem, senti uma renovada sensação de paz. Nessie não só tinha uma família que a amava, mas também estava cercada por pessoas que fariam de tudo para garantir sua felicidade e segurança.

E eu, mais do que nunca, estava determinado a honrar essa responsabilidade.

Após os momentos emocionantes de reencontro com Charlie e Renée, senti uma mão firme em meu ombro. Era Sam. Ele me olhou com a seriedade característica de nosso líder e indicou com um movimento da cabeça que precisávamos conversar. Seguimos em silêncio até um lugar mais afastado na floresta, longe do burburinho do acampamento.

Assim que chegamos, Paul e Quil se juntaram a nós, retornando de uma ronda pela região. Havia uma tensão palpável no ar, e o olhar sombrio de Paul confirmava meus temores.

— Jacob- Começou Sam – Sinto muito em estragar esse momento mas temos uma situação complicada.

Paul entrou na conversa, seu tom era grave. - Fizemos uma ronda e confirmamos que todos os pontos de retorno ao Abrigo estão ocupados. A guarda Volturi está posicionada em todas as entradas, e eles têm vampiros aliados com eles.

A notícia caiu como um peso sobre nós. A sensação de segurança que tínhamos sentido por um breve momento foi esmagada pela realidade iminente do perigo.

— Estamos cercados- Completou Quil, os olhos varrendo a escuridão ao nosso redor. - Eles não fizeram movimentos agressivos ainda, mas é só uma questão de tempo.

Minha mente começou a correr. Precisávamos de um plano, e rápido. - Quantos são? Perguntei, tentando avaliar nossas chances.

— É difícil dizer ao certo- Respondeu Paul. - Pelo menos duas Dúzias.

Sam assenti, pensativo. – Não podemos enfrenta-los, seria uma chacina.

Eu sabia que Sam tinha razão- Eles não fizeram nenhum movimento agressivo e nem farão, porque o que eles querem é que saibamos de seus passos. Eles estão aqui por minha causa. Se eu me entregar, talvez possamos evitar uma luta que não podemos vencer.

— Nem pense nisso, Jacob – Sam disse em um tom alto de voz- Não vamos sacrificar você. Precisamos de outra solução.

— Sam tem razão. Não podemos simplesmente entregar você aos Volturi. Não sabemos o que eles fariam. - Disse Quil.

— Isso não é só sobre você, Jacob. Eles vieram preparados para algo grande. Se você se entregar, eles podem simplesmente aproveitar a oportunidade para nos destruir de qualquer forma.

— Eu entendo o que vocês estão dizendo, mas eu não posso deixar meu pai, minhas irmãs, e todas essas pessoas inocentes em risco. Eles já perderam muito...

Não estamos discutindo isso, Jacob. – Sam me interrompeu- Encontraremos uma maneira de protegê-los sem sacrificar ninguém.

— Sam, eu respeito você mais do que qualquer um, mas dessa vez, não há tempo para debates. Vocês precisam focar na segurança de todos. Se minha entrega pode ganhar tempo ou evitar um massacre, é um risco que estou disposto a correr.

Quil colocou ambas as mãos em meus ombros e olhou em meus olhos - Jake, não faça isso. Vamos encontrar outra maneira. Juntos.

— Não vou permitir que meu pai e os outros sejam pegos no meio disso. Isso é algo que preciso fazer.

— E se você fizer isso, como vamos protegê-lo depois? Eles podem não parar com você.

— Eu sei dos riscos, Paul. Mas prefiro me arriscar a ver todos aqui sofrerem. Sam, cuida de todos. - Olhei para os três- Por favor, confiem em mim.

— Jacob... Disse Sam com voz firme, mas resignada.

— Está decidido, Sam. Cuide deles. Eu vou fazer o que preciso ser feito.

Me afastei deixando os outros em silêncio, lutando com a decisão tomada. Sem rumo eu caminhei pela floresta até encontrar um lugar tranquilo onde pudesse me isolar e pensar. Pensei em Nessie, Sarah e todos que eu amava, apesar do medo, se essa era a única maneira de garantir a segurança de todos eu faria, mesmo que isso signifique sacrificar minha própria segurança.