Exile 3: O Renascer

Capítulo 4: Dor e Crueldade...


O universo está entrando em colapso e você só quer saber em matança, matança e matança... — Essa voz... Eu a conheço de algum lugar, mas não me lembro. Jeff parou de tentar me matar e ficou olhando assustado para a escuridão de onde estava a possível criatura.

Já que o mundo irá ser destruído, porque não posso aproveitar os últimos momentos que tenho? — Jeff se mantinha sério, mas daqui sentia seu medo pela coisa que está se escondendo nas trevas. Ou será que era respeito pelo ser encapuzado? A criatura se aproximou um pouco da luz, porém seu rosto não era visível, só era visível seu longo manto preto e rasgado nas pontas com detalhes meio medievais dando um toque ancião a ele.

Você já estragou a nossas vidas por tempo o bastante, você e todos os de cima falaram que iam resolver isso, mas estão se escondendo do Absolen enquanto observam tudo virar o caos... — O assassino estava nervoso, ele segurava seu punhal com muita força e seu olhar mortífero mostrava evidência que ele iria atacar o ser que estava falando, mesmo com um leve toque de medo em sua alma escura.

Eu fui fraco, minhas habilidades não derrotaram o demônio e por consequência disso todos os guardiões do Exile morreram. Mas isso não significa que os protetores celestiais não irão resolver esse problema... — O ser começou a andar lentamente até a parte iluminada da sala e se revelou para mim. Com seu capuz desbotado e impedindo de ver seu rosto, apoiado em seu cajado de madeira simples e bem feito, este era o Guardião... O líder dos protetores do Exile, só que agora não existem mais a quem ele irá liderar...

Ele não está nem aí para nós, se ele quisesse mesmo a paz nas dimensões era só estalar os dedos e fazer isso acontecer! Ora, ele é o ser mais poderoso do universo! — O Guardião abaixou a cabeça e senti a sensação de que ele estava olhando para mim mesmo não podendo ver seus olhos. Ele se sentia culpado, dor e sofrimento quebravam as grandes muralhas de sua alma.

Não é assim que funciona... Todos acham que quem tem um imenso poder pode fazer tudo que quiser na hora que quiser. Existe uma lei natural que impede de qualquer pessoa mudá-la. O Anjo da Morte não pode matar quem ele quiser, existe uma lei. Para tudo existe uma lei... Até para os humanos... — O Guardião parecia estar muito fraco, ele não aparentava ter aquele jeito poderoso que outrora teve. Ele se escorava no cajado ao invés de apenas segurá-lo como fazia antes. Lutar com Absolen o destruiu completamente, esgotando o último do seu poder.

Pro inferno vocês todos! — Jeff ergueu sua adaga em meu peito e estava prestes a me matar quando um estrondo enorme o interrompeu, o assassino olhou de um lado para o outro e depois ficou a visão no Guardião esperando ele dizer o que era aquele barulho.

— O que foi? — Perguntei, mas todos se mantiveram calados e atentos, algo que os assustava estava vindo e aparentava estar bem perto de nós. O Guardião começou a abaixar a cabeça e tive a impressão que ele estava olhando para mim...

Ele me achou... Jeff você precisa tirá-lo daqui! Eu vou segur... — Uma névoa começou a surgir e das sombras surgiram mãos espectrais que começaram a segurar o Guardião e impossibilitá-lo de falar, mas com muita dificuldade o ser tentou terminar a frase e nos avisar de algo.

Mantenha-o a salvo! Só ele pode deter o mal... Ele tem que ir até... — O Guardião foi puxado para as sombras enquanto Jeff e eu observávamos sem reação ao acontecimento. Tentando se livrar das mãos fantasmagóricas ele acabou deixando seu cetro cair no chão, aquelas coisas conseguiram o vencer e o protetor não conseguiu terminar a frase, ele falou que eu tenho que ir a algum lugar, porém Jeff desconhecia o lugar que ele queria nos avisar, ou pelo menos não deu a mínima importância...

O último dos guardiões fora destruído. Tudo que foi criado está sendo arruinado por Absolen, esse maldito demônio está acabando com tudo que vê pela frente. Acho que entre Absolen e o Doppelgänger, o Absolen consegue ser pior que seu antecessor.

Maldição... O único ser que poderia nos guiar agora já deve estar morto e as dimensões irão serem destruídas. O que pode piorar? — Aquela coisa nas sombras desapareceu levando consigo a única pessoa que poderia nos ajudar nessa hora tão difícil. Jeff estava certo, agora estamos a ver navios, estamos perdidos e sem rumo nesse apocalipse.

Pensei andando de um lado para o outro em busca de alguma coisa, precisava de ajuda, Absolen estava ganhando e estava na Terra causando o caos lá... Se o Herobrine estivesse aqui...

— Jeff onde está o Herobrine? Você o viu? — Jeff ficou confuso, não se recordava onde o ser de olhos brancos estava, fazia um bom tempo que eles não se viam...

Ele gesticulou um não para mim e novamente estávamos perdidos. Um barulho na parte da frente da fundação nos chamou a atenção, parecia que alguém estava chegando bem lentamente e acabou deixando algo cair quebrando-o.

Olhei para Jeff e ele retornou o olhar, eu segurando a barra de ferro e o assassino segurando a faca, seguimos até o corredor principal e nos escondemos atrás da porta de uma das celas... Jeff estava pronto para o que der e vier e eu mesmo com um pouco de preocupação mantinha-me firme, eu precisava ser corajoso nesse mundo, o medo aqui é cruel com quem o sente e não tem pena...

No três... — Cochichou Jeff, ele lentamente começou a contar, pois a coisa que estava chegando até nós estava bem próximo, já dava para ouvir os passos leves e baixos...

— Um... — Comecei a contagem, o ser estava mais próximo ainda... — Dois... — O assassino continuou atento ao ataque enquanto a criatura se aproximava de nós. Esperei alguns segundos antes de finalmente saltar para cima da coisa, pensava e analisava isso bem em minha mente para que não houvesse erros...

— Três! — Dei um berro para dar aquela adrenalina, então Jeff e eu fomos para cima da coisa. Segurando a adaga e eu a barra de ferro, nós saímos do esconderijo e atacamos a criatura. Mas antes de acertá-la recuamos e paramos antes de bater nele. Um sinal de surpresa e um pouco de raiva surgiu na face de Jeff. A coisa que estávamos temendo era ninguém mais e ninguém menos que o Smile.dog, o maldito cachorro nos assustou.

Mesmo um pouco enfurecido pelo susto Jeff ficou feliz em ver o amigo bem, o cão foi ferido no ataque de Absolen. Ele se agachou na altura do cão e o afagou como se sentissem uma amizade grande. Olhando aquela cena eu senti em meu coração que eles não eram tão ruins assim, e agora nesse inferno que está aqui eles estão mais do que nunca precisando da união de todos que puderem ajudar.

Sorri vendo esse gesto, sempre tive minhas dúvidas da razão do Detetive James ter se sacrificado para ajudar este povo diferente, mas só agora que descobri que eles podem ser criaturas que anseiam matar, anseiam destruição, porém sempre irá ajudar nos problemas uns dos outros. Eles realmente se parecem conosco, humanos.

— Jeff, precisamos lutar nessa guerra, devemos, caso o contrário muitas vidas serão perdidas entre os dois mundos... Sei que no fundo você não quer que nada disso aconteça. Por favor, junte-se a essa causa. — Ele não olhou em meus olhos, desviou-se para outra parte do cômodo. Ele sabia que se me encarasse eu conseguiria "ver seu coração" e saberia que ainda existe uma parte boa no assassino mais temido de todos os tempos.

— Eu vou ajuda-lo, mas não é porque sou bom, é porque sem um planeta como posso continuar vivo?... — Com poucas palavras ele respondeu e mesmo assim eu continuo acreditando no que disse. Logo depois de ter falado aquilo ele virou-se de costas a mim e foi novamente observar o cão de pelugem cinza e um sorriso diabólico no rosto.

— A equipe está se formando novamente... Vamos tomar a frente nessa guerra, salvar todos e mandar Absolen para o buraco infernal de onde ele veio de uma vez por todas!... — Jeff me viu falando isso com confiança e se lembrou de uma pessoa que mesmo totalmente diferente dos seres deste mundo abandonado, nunca desistiu de ninguém e conseguiu derrotar o maior dos inimigos. Esta pessoa digna de um descanso eterno em paz teve um fim cruel, mas teve a oportunidade de ver seu sonho se tornar realidade. Ver o Exile um novo mundo onde as creepypastas viviam felizes.

— Está certo, precisamos ser confiantes... — Admitiu Jeff enquanto seguíamos para fora da SCP Foundation em busca de Herobrine, Slender, meu amigo Jake e em uma maneira de salvar as Terras irmãs do apocalipse.

...

Em uma parte bem longe de onde Alan e Jeff estavam, em uma grande floresta de pinheiros velhos e retorcidos, um portal surgiu derrubando todas as árvores em as volta. As árvores quebradas e totalmente sem folhas – um sinal de presença antepassada do Herobrine- foram arremessadas para longe quando um imenso círculo que soltava rajadas de fogo aparecera ali. Dentro do portal saltou um vulto alto e magro, o homem esguio fora arremessado brutalmente para fora do portal e espatifou-se no chão de terra e rolando alguns metros até esbarrar com uma árvore interrompendo-o. Fraco e extremamente ferido, Slender tentou erguer-se, contudo a dor o impediu. O portal começou a fazer um barulho diferente e um vulto começou a sair de lá deixando Slender com um enorme aperto em seu peito como um medo. O ser muito magro, usando um manto preto rasgado que fazia no final uma longa calda, andava tranquilamente até o esguio cantarolando baixo uma música macabra e que combinava muito com sua voz rouca. Slender tentou fugir sumindo em estática, uma boa ideia, mas parecia que o ser demoníaco o segurava para não fugir. O único jeito era se arrastar para longe e implorar para que este não seja seu fim, o ser deu um sorriso mostrando seus dentes afiados e podres para intimidar o homem esguio. "Um já foi, falta mais um..." Falou ele cantarolando e rindo escandalosamente apreciando o momento. Se Slender pudesse falar ele gritaria nesse momento, nunca uma creepypasta sentiu tanto medo como ele sente agora na presença desse ser maligno, seus olhos penetrantes continha um vermelho ardente como cor e combinavam bem com a gélida e mórbida face do indivíduo.

"Você irá sucumbir a mim como os outros fizeram, preciso de você velho amigo, preciso de sua capacidade de causar destruição e mortes para meu plano funcionar perfeitamente. Olhe em meus olhos ser mortal e inferior e une-se a minha causa nesse novo mundo que se inicia...".

Os olhos dele começaram a brilhar e Slender tentava fugir do controle dele, mas a tentação era muito forte. Na mente de Slender ele lutava contra a criatura que desejava controlá-lo, em um certo momento o poder dele enfraqueceu e foi o necessário para o esguio conseguir largar o transe.

Slender já um pouco recuperado atacou o ser e se transportou para outro lugar com sua estática, conseguindo sair da floresta densa e aparecendo mais para perto das ruínas do Templo do Doppelgänger - que outrora foi a Mansão do Herobrine -, ele finalmente conseguiu se livrar do perigo...

Em um piscar de olhos o indivíduo que saiu do portal apareceu ao lado de Slender e o arremessou em uma árvore, agora era impossível escapar. Slender estava muito ferido... "Decepcionou-me amigo, mas pelo menos vou poder me contentar com a alegria de te matar..." Com um simples gesto, ele ergueu a mão e o homem esguio começou a se contorcer, seu coração estava sendo esmagado. Não se contentando em apenas matá-lo, o ser maligno quis causar uma grande dor e sofrimento ao Slender antes de ele finalmente partir. Depois de tanto sofrimento as primeiras partes de seu corpo começaram a virar cinzas, e enquanto ele desaparecia o cruel indivíduo gargalhava apreciando o momento.