Exile 3: O Renascer

Capítulo 22: Respostas...


— Não se preocupe, Herobrine, a bondade sempre vence — O anjo fala.

A conversa estava relaxante e a alegria de todos nós reencontrarmos o Purple Man era fervorosa como uma chaminé acesa em um longínquo dia de inverno.

O anjo tem razão, devemos deixar o destino nos guiar — Fala o Guardião.

Mesmo feliz eu sentia algo estranho dentro de mim como uma sensação de estranheza e um pressentimento ruim, parecia que alguém estava me avisando que algo estava prestes a acontecer e que eu deveria tomar cuidado a partir daquele momento...

Doppelgänger não irá nos atingir. Ele pode ter um plano que afigura-se bom e efetivo, porém, ele é muito confiante e nós somos mais realistas. Demônios são orgulhosos e confiantes e ele acredita muito que o plano vai dar completamente certo e nós sabemos que tudo pode dar errado... — Purple Man fala.

Sentia algo dentro de mim que me devorava e implorava para eu correr e essa sensação horrorosa estava me controlando vagarosamente. Eu sentia em meu coração que algo muito ruim iria acontecer e eu estava no meio dele, então fiz o que poderia fazer... Eu cedi. O mau presságio me controlou e a única coisa que fiz foi soltar um grande aviso para eles: — Corram! — Gritei assustando todos e também os confundindo. Eles não entenderam o porquê de eu gritar assim e me perguntaram qual o motivo se nada ocorrera, mas mesmo assim eles sentiram algo estranho vagando silenciosamente no ar.

Meu Deus... — Replica Herobrine que estava perplexo com o que acabara de ver.

Em crateras que se abriam no chão surgia o maior temor deles, um ser que continha um poder absurdo e que outrora os machucou muito... A bizarrice voltou...

O único som que ecoava no exterior era uma simples palavra, com cinco letras e de origem medieval, mas carregada de poder maligno e um medo insaciável que ultrapassava eras de destruição em massa. Era o terror das creepypastas...

ZALGO... — O nome que não poderia ser mencionado devorou os ouvidos de todos nós enchendo nossa alma de medo e pavor, o Pai das Creepypastas estava de volta ao tabuleiro já dando xeque-mate em todos e se demonstrando o que ele realmente era, um ser obscuro e insano, uma entidade primordial que poderia fazer o que quiser e não mais um peão do Doppelgänger.

Das crateras surgia uma fumaça avermelhada e (obviamente) bizarra como ele era. A névoa era bem parecia com a que vi logo quando cheguei ao Exile, quando o vulcão expeliu a névoa assombrosa ela saiu flutuando nos céus e causando medo por onde passasse. Ao sair do buraco, elas se juntavam em nossa frente revelando o seu corpo deformado e assustador, olhar para aqueles dentes afiados ao redor dos olhos putrefatos causava uma náusea e ânsia de vômito angustiante.

— Corram, eu cuido dele... — Fala o SCP-001 caminhando até o monstro.

Ele estava confiante que poderia enfrentar uma das forças mais sobrenaturais e poderosas do mundo conhecido. Eu confiava nele, acreditava que ele iria conseguir, mas e se não? E se ele não aguentasse... Acho que acabei de contradizer minha confiança, pois se eu questiono sua força, então, eu não acredito que ele consiga...

— Protejam Alan a todo custo... — Ele ergueu a mão direita aos céus e um raio desceu dando algo a ele... Era uma espada. Uma espada longa, com uma lâmina de prata fina e afiada que doía os olhos ao observá-la. A arma também continha em sua lâmina uns desenhos estranhos, porém, bonitos de se olhar. No cabo estava escrito algo com os caracteres parecidos com os do desenho só que em uma língua ilegível, pelo que aprendi na vida acredito que aquilo seja enoquiano, a provável língua dos anjos.

— Lembre-se de sua promessa, Herobrine, não volte para me resgatar, corra e proteja a todos — Herobrine estava paralisado e sua face estava surpresa, ele não sabia se ajudava o anjo derrotar Zalgo ou se fugia para me proteger. Como é ruim ser o herói, tem sempre que tomar uma decisão que pode salvar um e matar o outro.

— Refugiem-se em algum lugar e vão logo! — Obrigado, amigo, você me mostrou que nem todos os seres celestiais estão nos abandonando. Com certeza o Criador sente-se feliz com o seu filho que detêm um coração tão bondoso e ao mesmo tempo tão guerreiro, um coração que demonstra um ser bom. Lembre-se que eu não sou um herói, o herói é você... — Ao ouvir essas palavras ele se encheu de esperanças e a sua razão e emoção estavam tranquilas em relação a esse sacrifício que mesmo sendo uma atitude cruel devia-se levar-se à conta de que era a sua escolha.

— Vamos lá meu velho inimigo... — O anjo aperta o punho com força — Lembro como se fosse ontem quando eu o capturei depois de fugir e se refugiar no inferno, seu desgraçado. Sinto em meu coração que o nosso destino é sempre nos enfrentar até um morrer e sinceramente não estou com vontade de morrer hoje... — Nós já estávamos correndo pela rua quando decidi dar uma olhada na batalha. O anjo fincou a espada no solo, gritou palavras estranhas e de seus olhos e sua boca começaram a sair um brilho tão magnífico que conseguia ser mais bonito do que o do sol – que estava belo naquele dia parcialmente ensolarado. Zalgo também gritou palavras só que mais estranhas ainda e aconteceu o mesmo com o anjo, porém, ele expelia a fumaça avermelhada ao invés da luz. Os dois seres tomaram suas formas originais, o Pai das creepypastas transformou-se em um monstro assustador com sete bocas, tentáculos e chifres, o portador da luz transformou-se em um ser iluminado com seis asas e que exalava uma áurea de bondade de longe. Eles se chocaram e a batalha começou, olho para o céu enquanto corro e faço um pedido: — Senhor, Deus, proteja seu filho durante essa batalha e ilumine seus caminhos. Zalgo é muito poderoso e o anjo está muito fraco por causa de que ele nos ajudou a chegar aqui. Impeça seu perecer, ele fez muitas coisas boas e acredito que ele ainda irá fazer muito mais...

Corremos e corremos até cansar. Estávamos muito longe do campo de batalha e mesmo bem distante ainda dava para ver as luzes e os barulhos do confronto colossal. — Vamos nos refugiar em alguma casa por aqui... — Herobrine olhava em torno do local e percebera que estávamos no centro comercial da cidade, logo, só havia lojas e não casas, mas isso não tinha importância. — Aqui!— Ele aponta para um restaurante. Mas por que um restaurante? Era a minha pergunta até reparar que o mesmo era um prédio antigo e por causa disso não tinha janelas de vidro grandes e tinha uma porta de ferro que poderia ajudar bastante caso fosse trancada ou apenas embarreirada.

Adentramos no restaurante que não aparentava ser dos melhores. O antro estava completamente desarrumado e sujo, garrafas entornando seu líquido no chão, pratos e copos quebrados e espatifados no velho chão de madeira, as paredes de tijolos estavam rachadas em várias partes e tudo digno de um bar cafona e não um restaurante. Parecia que todos no local largaram seus afazeres e foram embora, talvez, os demônios os possuíram e saíram sem se importar com nada. — Acredito que a placa está errada, muito errada — Falo e alguns riram.

Falta muito para a base da resistência? — Pergunta o Guardião.

Um pouco... — Responde o Purple Man bufando de cansaço.

Por que não podemos simplesmente ir até essa base ultrassecreta? — Jeff estava irritado e cansado, o que poderia ser pior? — Nós iríamos, no entanto, como Zalgo apareceu até nós eu tenho medo de levarmos os demônios até nossa morada. Eles estão à espreita sempre e pelo que vi acredito que o diabólico ser já sabia que estávamos nessa cidade e só aguardou a chegada de Alan para atacar — Responde Purple.

Saímos da área onde ficavam as mesas e fomos indo para o fundo do local onde ficava o bar. Aquela parte estava muito escura por não ter janelas e estava dificultando a visão de todos. A única coisa que iluminava era o olho de Herobrine, pelo menos serviu para algo além de deixá-lo intimidador. O ser de olhos brancos para e faz uma cara de espanto, algo estava muito errado e pelo seu olhar era algo muito preocupante. — Qual é o problema, Herobrine? — Pergunto. — Essa presença ruim que sinto nesse local... droga como eu não previ isso?... — De um dos bancos do bar uma luz fraca é ascendida por alguém que segurava um isqueiro e queria ascender uma vela em cima do balcão. — Demoraram — Essa voz maligna... Todos gelaram na hora, pois acreditávamos que era o Ancestral, mas não era...

— Absolen... — O absoluto estava sentado no banco e totalmente apoiado no bar do estabelecimento. O que se via era apenas suas longas asas de morcego que cobriam toda suas costas cobertas com sua armadura rubra e fosca. Ao seu lado estava a vela ascendida que o iluminava e um copo de uísque sem gelo.

Está afogando as mágoas? — Pergunta debochadamente Jeff que se mantinha ainda com seu humor negro e extremamente sacana. Herobrine se continha para não soltar um riso e atiçar mais ainda o diabólico ser e Fritz também quase riu ao ouvir essa pergunta brincalhona.

A única coisa que vou afogar será você no lago de lava ardente no inferno, seu imbecil, debochado e inútil — Ele não dava a impressão que estava bebendo para tirar o sofrimento que provavelmente sentia por ter sido enganado por Ancestral, parecia que ele estava bebendo porque estava nos esperando impacientemente e encontrar uma bebida que ainda estava boa o inspirou a passar o tempo.

O que quer Absolen? Não temos tempo para conversas, estamos com um inimigo muito pior que você para derrotar — Fala Herobrine ao encarar o ser do mal. — Você realmente acredita que só porque aquele miserável plagiador de corpos está em um patamar maior eu sou perda de tempo? Parece que a realidade ainda não chegou ao seu cérebro, mesmo tendo complicações com ele eu ainda sou sua ameaça... Eu sou Absolen, o absoluto, título dado a mim pela personificação do mal e ele é o que? Doppelgänger, apenas, um imbecil que quer ser o todo poderoso, mas está muito longe disso... — Mas mesmo não tendo um nome legal ele ainda é mais poderoso que você... — O interrompo deixando-o zangado com o insulto. Absolen estava como um vulcão ativo há milhares de anos apenas esperando para expelir sua lava, que no caso era sua raiva. Ele queria matar todos nós sem um esforço, mas não sei se ele não queria perder sua pose - que posso dizer com toda convicção que o Ancestral era melhor - ou se é porque ele estava fraco e medroso. Ás vezes penso qual era o motivo de Absolen ter tanto medo do Doppelgänger, o que será que aconteceu com esses dois... Lembro-me de algo, o Doppelgänger falou para Absolen que ele tinha vergonha do que se tornou, será que o Ancestral era o mestre ou algo parecido do Absolen? Tantas perguntas, no entanto, eu irei acabar com elas...

— Quero perguntar uma coisa, Absolen... — O absoluto olha para mim e responde: — Certo, o que pergunta? Não custa nada tirar uma incerteza antes de sua dolorosa morte... — Ele aceita, então, pergunto: — Acredito que você e o demônio copiador já se conhecem há muito tempo, mas o que queria saber é o que Doppelgänger e você têm em comum? Qual a sua história com a dele? — Ele sentiu algo... Raiva, talvez... Previ isso ao ver que quando terminei a pergunta ele fez mais força ao segurar a espada. — Ele... ele... Uma coisa você acertou, somos muito conhecidos, podemos considerá-lo parte de minha casa, minha família. Só posso dizer que ele e eu temos uma história muito interessante onde no final ele me trancafia em uma prisão por milhares de anos apenas por diversão. Aquele demônio... Por isso eu tanto o odeio — Não é só por isso que você o odeia — É verdade, mas é o que eu quero que vocês saibam sobre mim. A verdadeira história será trancafiada em meu ser e nunca será contada... — Por que ele falou que tem vergonha de você?! — Você pediu apenas uma pergunta, humano, além do mais, porque tanto quer saber sobre mim? Minha história é a mesma de muitos seres lá de baixo: vida difícil, dor e sofrimento, angústia e terror em uma época dolorosa e complicada para muitos. Não vale a pena eu contar isso a você... — É verdade, mas pelo menos agora eu sei de algo que eu não sabia sobre o Ancestral... Algo, digamos, bem grandioso...

Vai nos enfrentar ou fugir novamente? — Pergunta Herobrine já empunhando sua espada de diamante que estava totalmente arranhada e quase quebrando. O diabólico ser gargalha. — Eu não fugi, foi estratégia de combate, mas se quer muito ser derrotado eu aceito duelar contigo Herobrine. Prepare-se para sentir a dor da minha montante Infernus que pode destruir qualquer coisa até seres de olhos brancos que utilizam mais a força do que o cérebro — Herobrine e Absolen iriam ter finalmente a luta que tanto eles queriam desde o início dessa jornada. Absolen parecia fraco e cansado, ele bufava e suas feridas estavam bem profundas, mas mesmos assim sua confiança em vencer o minecraftiano era maior do que a provável dor que estava sentindo. Já por outro lado, Herobrine estava fraco, mas guardava dentro de sua alma o verdadeiro poder acumulado em bondade e rancor, duas forças controversas e contrárias só que naquela hora iriam se fundir e lhe dar o poder que tanto necessitava.

Purple Man leve Alan até a base, esse miserável não irá passar daqui e quando eu terminar com ele estarei lá os esperando... Confiem em mim, eu não vou perder para esse fraco — Purple concorda em me levar até a resistência, contudo, antes de sair pela porta o absoluto nos confronta e nos ameaça: — Acreditam que só porque a batalha é minha e de Herobrine que vocês irão sair impunes? Haha, tolos, eu tenho um desafio para vocês... — Ele estala os dedos e quatro seres infernais surgem formando uma barreira na porta do restaurante onde estávamos. — Divirtam-se...

A batalha começa com Herobrine atacando utilizando sua espada e Absolen utilizando sua montante chamada Infernus, que é um nome muito diferente para a arma de um demônio. Os servos dele se aproximaram com suas espadas curtas elevadas aos seus peitos em uma estratégia de defesa e ataque ao mesmo tempo.

Isso vai ser fácil, Purple, vamos ver quem mata mais? — Propõe Jeff — Sabe que minha adaga é muito mais eficaz que sua faquinha de cozinha, não é? Hehe, vamos fazer isso, sim, como nos velhos tempos...