Exile 3: O Renascer

Capítulo 11: A Batalha contra Fear Parte 2...


"Sabe por que caímos?"...

"Não...".

"Porque o medo nos derruba... Não somos corajosos por dentro, somos todos covardes, mas o que muda entre todos nós é que alguns têm a capacidade de expor o amor acima de tudo...".

...

Estava quieto. Olhar para o que sobrou da Terra me adoecia por dentro. Observar as pobres e inocentes almas humanas sendo massacradas me doía. Meus olhos lacrimejavam a ver tantas pessoas sendo mortas e torturadas por aqueles que se viraram contra mim e os humanos...

Ouvir as crianças chorando e implorando para ajudá-las, adultos ajoelhando nas ruas e pedindo que eu os salve; muita crueldade. Enquanto os seres submundanos os atacavam sem piedade eu os observava, pois não poderia fazer nada... Queria ajudar, mas não poderia interferir... Eu fui ver de perto o que restou daquela cidade e me arrependi. Enquanto observava de longe uma garotinha se aproximou de mim, não sei como ela me viu. Acho que ela apenas acreditou e teve muita fé. Ela estava muito ferida e chorava muito.

Em sua casa, ela viu os seres malignos se aproximarem de lá. Seu pai a pegou no colo, subiu rapidamente a escada até o segundo andar e a escondeu no sótão da casa interiorana e bem simples, antes de fechar a porta que ficava no teto ele abraçou sua esposa e olhando para os olhos inocentes e assustados da garotinha e disse: "Eu te amo filha, nós sempre iremos te amar...". Logo depois ele fechou a porta do sótão lentamente sem tirar os olhos dela e foi quando que a pobre menina ouviu os gritos e vários sons distintos que não gosto de mencionar. Em seu coração ela sabia o que acontecera, mas se recusava a acreditar que aquilo era verdade.

Ela olhou para mim e me abraçou. As lágrimas dela começaram a escorrer em seu rosto e cair no chão asfaltado e deteriorado pelo tempo e pela destruição causada por esse ataque. Sentia em seu coração a profunda tristeza e a profunda dor que deixavam seu coração totalmente despedaçado. Aquela pequena alma pura foi totalmente destruída igualmente com muitas outras pelo mundo afora. Agachei-me para ficar em sua altura, olhando bem para sua face tristonha eu dei um sorriso para ela sentir que também não estava preocupado. Passei a mão em seus cabelos e tentando acalmá-la, falei:

— Vai ficar tudo bem... — Ao falar isso para a criança eu reparei que eu deixei o destino do mundo nas mãos de Alan e sobrecarreguei-o com esse fardo que para mim, foi cruel. Imagine que você é a única esperança de salvar a humanidade de uma enorme catástrofe, seu coração e sua sanidade não iria aguentar com esse enorme fardo e mesmo que consiga vencer essa missão extremamente difícil, você nunca mais será o mesmo... Eu sei, pois eu sinto isso e tenho que lidar a cada dia que se passa.

Enquanto a menina chorava eu olhei ao meu redor e os submundanos estavam me encarando. Mesmo atrevidos e malignos, eles sabiam que tentar me enfrentar seria tolice. Mesmo fraco ainda estou muito superior a eles. Possuindo os humanos, a única coisa que os diferenciava era que seus olhos eram completamente pretos e eles soltavam uma fumaça escura e sinistra. Um deles se aproximou, mas apenas um pouco. Eles não tinham coragem de me olhar nos olhos, quando eu os olhava, eles abaixavam a cabeça ou desviavam o olhar, porque eles me temiam...

Espero que esteja gostando da reforma que estamos fazendo aqui, breve, ele será a nossa nova casa e mais para frente, a sua também será nossa...

— Vocês sabem que isso não irá acontecer... — Abaixei-me ficando agachado e de costas a eles, eu fui acalmar a garotinha que estava morrendo de medo. Ela chorava muito e maior parte era por estar completamente arrasada, pois o submundano que matou seus pais era este que se dirigia a voz a mim.

— Por que obedecê-lo? A única coisa que não entendo é como vocês juram lealdade a... a aquele que vocês tanto servem e seguem, ele vai assassinar todos vocês no final. Sabem disso, mas ainda se recusam a abandoná-lo. — Ele deu uma estrondosa e arrogante gargalhada e sorrindo respondeu: — Ele nos prometeu que irá transformar esse lugar em nossa nova casa, coisa que o nosso líder antecessor nunca fez... Ele não liga para nós, apenas fica castigando os nossos irmãos que tentam nos ajudar e permanece sentado naquele trono se sentindo o maioral. O nosso verdadeiro líder e libertador é o ser que nos valoriza como somos, ele quer nos fazer ser perfeitos... — Na verdade ele quer ser perfeito, eles não entendem que para ele chegar à esse plano audacioso ele tem que ter ajuda de alguns capangas que não fazem muitas perguntas.

— Eu os perdoo pelo que fazem... — Eles se entreolharam confusos, mesmo de costas eu continuo os observando. —... Vocês nunca sentiram o prazer de fazer o bem sem olhar a quem, nunca sentiram o amor e a magia de sempre se preocupar com os outros mesmo nem os conhecendo de verdade. Eu não os culpo por isso, você que teve coragem e falou comigo teve uma vida muito cruel em sua infância. Na grande época que foi a Era Medieval, a Igreja Católica era muito cruel com pessoas que se recusavam a seguir sua religião. Você cresceu sabendo que sua mãe foi acusada de bruxaria, morta, contudo, ela era inocente. Muita crueldade, eu sei, o garoto cresceu odiando o seu criador porque acreditava que ele controlava a Igreja Medieval e permitia essas maldades... — Ele estava se lembrando, nem todos os submundanos eram malvados, alguns só não sabiam que deveriam pensar mais em suas ações e muitos acabaram se perdendo naquele mundo cruel, suas almas foram corrompidas. —... Quando finalmente estava adulto ele tentou ter uma vida tranquila com sua família que formou, sua esposa era tão gentil e sempre alegre, sua filha era tão feliz mesmo naquela época de fome e pestes... Ele tirava forças para prosseguir vendo elas felizes, sentindo a felicidade que elas emitiam, porém, ele foi capturado junto com elas e todos foram condenados à fogueira... — Ele estava tremendo, ele era apenas uma alma que queria o descanso eterno, só que ele não conseguiu. Sua face estava arrasada, ele estava sentindo a dor e o sentimento de que toda sua família estaria completamente envergonhada por suas ações monstruosas. Levantei-me e virei para olhar em seus olhos, todos abaixaram a cabeça e evitaram me olhar, mas ele não...

— Elas foram mortas, mas ele conseguiu escapar... Ele jurou vingança a aqueles que o machucaram tanto. Desiludido, confuso e depressivo, ele fez coisas ruins, maltratou pessoas inocentes e as fez sofrer por causa de sua incandescente ira, sua incessante dor... Antes de finalmente partir ele não se arrependeu de seus atos e foi para um lugar aonde as pessoas ruins são mandadas... Eu posso te ajudar, posso te dar a luz que tanto seu coração deseja, mas isso depende de você — Eu poderia dar o que ele tanto lutou para conseguir, no entanto, seu coração já estava cercado pela dor e pela raiva incessante, a mesma que o destruiu quando ainda estava vivo. Eu já sabia a resposta dele, contudo, ele poderia de uma hora para a outra, mudar seu futuro tenebroso.

Eu não quero sua ajuda... Quando eu mais precisei você não estava lá e agora pensas que vai tentar me enganar com essa proposta? Eu sou leal com meu mestre e meu líder. Não quero nada de você!

— Então peço que me perdoe... — Ele recuou bem lentamente porque sentiu a ameaça em minha voz. Estava de cabeça baixa e olhando para a garotinha, então, quando levantei o meu olhar eles começaram a se desesperar. Olhando diretamente para suas almas corrompidas, eu cruzei meus braços para trás de meu corpo e os submundanos começaram a evaporar indicando que estavam libertando os humanos da possessão. De seus corpos começaram a sair a áurea escura e junto dela, os seres que os possuía. Os humanos começaram a cair desmaiados no chão arenoso e cinzento da grande metrópole e por agora, não havia nenhuma ameaça para mim e para a criança.

— Corra até o centro da cidade, mas tome cuidado com os perigos que espreitam o local. Sei que você é uma garotinha bem corajosa e tem um espírito aventureiro, então, imagine que isso é uma grande aventura e você é a heroína da história. Se conseguir chegar até a praça central, você encontrará um amigo meu que está ajudando os sobreviventes. Eu estarei te guiando nas estrelas brilhantes e qualquer problema que tiver, é só acreditar que você irá conseguir... — Ela aceitou e seguiu andando para seu destino. De longe eu fiquei a observando até ela virar a esquina. Quando se aproximou da esquina ela olhou para trás, sorriu para mim agradecendo e sumiu de minha vista...

— Vão para o Exile! Zalgo voltou e está atacando Herobrine e seus amigos... — Dois raios caíram certeiramente ao meu lado indicando que eles ouviram meu chamado. Os meus guerreiros surgiram tomando a permissão dos corpos de dois humanos. Ambos estavam trajando um terno cinza normal, um era mais alto que o outro porque eram de classes distintas.

—... Eles precisam de ajuda urgentemente! Eu preciso meditar e descobrir o paradeiro do Guardião, sem ele não poderemos aprisionar Zalgo novamente no Monte Vater Unser e mais nenhum ser daquele mundo.— Os dois – sem falar nenhuma palavra – invocaram seus raios e seguiram até o mundo perdido, eu precisava ir até minha casa descobrir mais sobre o que aconteceu para o Guardião desaparecer misteriosamente sem deixar rastros...

...

Zalgo se mostrava impiedoso. Ele queria que os seus aliados vissem Herobrine ser morto na frente de todos, ele queria mostrar que apenas ele poderia ser o mais poderoso do Exile. O ser fez todos olharem para ele enquanto segurava o herói pelo pescoço com um tentáculo e o encarava apreciando o momento de dor que Herobrine sentia. Com os dedos fincados no peito dele, Zalgo queria que seu rival morresse bem lentamente e sofrendo muito, se ele era o mais poderoso daquele mundo Herobrine era o segundo e por isso ele quis ter tanto prazer em matá-lo, assim ele seria completamente poderoso, além, de se sentir mais forte.

Eu não... tenho medo de você! Eu juro que se eu sobreviver eu vou atrás de você e nunca irei descansar até que minha espada de diamante fure seu coração pútrido e horrendo, seu desgraçado! — A boca de Fear começou a se mexer formando um sorriso assustadoramente maligno e isso mostrava sua extrema confiança à ameaça de Herobrine. Com muita força e tremendo, o ser obscuro conseguiu algo que poderia ser impossível. — É... o que ver..veremos... — Mesmo com muita dificuldade ele conseguiu falar e isso era muito mau, pois mostrava o quão forte ele ficou.

Dois raios muito brilhantes que causaram um extremo e estridente barulho - que doía os ouvidos e estouravam os tímpanos de quem estivesse perto - caíram ao lado de Jeff... Agachados como se tivessem curvando-se a um rei, surgiram dois homens. Um era alto, tinha um cabelo bem preto e liso, usava um terno cinza - quase branco - e estava com uma face raivosa; o outro estava sem o terno e a gravata, destacando a blusa social bem branca. Seus cabelos eram ruivos e ele tinha um cavanhaque ralo.

Ao vê-los, Fear sentiu uma pitada de medo em seu coração. Ele imaginava que a única ajuda que Herobrine poderia ter era dos guardiões, mas estes seres misteriosos são muito mais fortes que os guardiões do Exile e isso causou sua preocupação. Os dois começaram a caminhar calmamente em direção de Zalgo enquanto ele perdia a ação, ele não sabia o que fazer porque ele queria acabar com o ser de olhos brancos de uma vez por todas, porém, agora ele teria que fugir ou seria morto.

Minha promessa ainda está de pé, Fear... Eu ainda irei te caçar... — O ser obscuro deu uma risada grave e largou Herobrine deixando-o cair no chão e logo pegando sua espada. — Eu voltarei... — A gosma da loucura começou sair do solo, ele abriu os braços e olhando para os céus deu mais uma risada assustadora. O líquido começou a subir e a cobri-lo completamente até ele desaparecer e a gosma voltar ao solo de onde surgiu.

Herobrine virou-se para os dois que o salvaram e agradeceu, mas o agradecimento dele foi recusado.

— Não agradeça a nós, agradeça a nosso senhor que nos mandou para salvá-lo. Ele realmente acredita que vocês irão conseguir derrotar o mal e salvar o seu mundo, e se ele acredita nós também acreditamos... — Eles observaram a área e ergueram suas mãos em direção a árvore, mostrando para nós que o cetro estava lá e deveríamos pegá-lo rápido.

— O Cetro do Guardião é muito poderoso, então, é melhor tomarem cuidado ao manejá-lo. É uma das armas mais poderosas já conhecidas, tomem cuidado para ela não cair nas mãos do mal... — Herobrine assentiu o conselho valoroso que foi vos dado.

— Não iremos ajudar vocês novamente, então é melhor pensar no que fazer quando aquele monstro voltar, e ele irá voltar... Boa sorte e que sempre haja luz em seu caminho, pois vocês são as únicas esperanças de parar uma grande guerra que está se iniciando — Os dois nos cumprimentaram e voltaram para seu lar com aquela grande saída. Os raios desceram dos céus e os levaram de volta à sua casa...

Nunca mais quero me encontrar com Fear... — Falou Jeff, que estava completamente assustado com a experiência que acabara de ter.

E agora, senhor? — Perguntou o SCP-011 que já estava empunhado sua espingarda e em sentido. Herobrine se aproximou da face na árvore e todas as raízes começaram a tremer. Algumas folhas caíram, parecia um terremoto pequeno. O rosto da árvore abriu os olhos e sua mandíbula movimentou-se para a boca abrir... Dentro da boca estava o tão procurado cajado do Guardião. O ser de olhos brancos empunhou a arma tirando-a da árvore e sentiu em seu coração o tamanho poder que aquilo continha em seu interior.

Como se usa essa coisa? — Jeff estava impaciente.

Tenho que me concentrar no livro... — Ele fechou seus olhos, segurou firmemente o centro em suas mãos e o posicionou perto de seus olhos. Ele agora iria ver onde estava o livro... A visão do livro passou na cabeça de Herobrine mostrando o caminho que ele iria percorrer até o seu local, ele abriu seus olhos assustado com o que viu, ele viu onde o livro repousava, só que viu algo a mais...

Não... é impossível!...