Everything for them
Capítulo 3
Eu ainda estava na sala, ajoelhado, perplexo, assustado, confuso e com lagrimas quentes rolando no meu rosto. Como era possível? Meus pais? Morrerem assim? Essa companhia foi a mesma que eles usavam pra viajar desde antes de eu nascer e sempre foi elogiada pela sua segurança.
Será que Fionna sabia? Provavelmente sim, se não ela estaria comigo, chorando na sala. Como eu pude? Eu a deixei sozinha no pior momento de nossas vidas.
– Finn...? – Chegaram Fionna e Jeane.
– Jeane, você ainda não me respondeu. O que o Mitt veio fazer aqui?
– Ele veio avisar da tragédia. – Disse Jeane com a voz fraca. – Veio avisar também que estão preparando o funeral para eles. Eu sinto muito Finn.
Ouvi os soluços de Fionna atrás de mim e a abracei para reconforta-la.
– Eu sei Fi... - Não chore agora Finn. – Vai ficar tudo bem irmãzinha... – Vamos Finn, seja forte pra sua irmã, ela e Jea são a sua única família agora. Precisam que você seja forte.
Fionna começou a chorar mais forte no meu ombro, e Jeane também voltou a chorar.
– Jea...? Fionna já comeu né?
– Sim, já sim.
– Vem Fi, vou te levar no seu quarto tá? Você tem que descansar.
– Finn, não...
– Por favor, não discuta agora.
Ela se calou e eu a deitei e cobri na cama para que ela descansasse. Aproveitei a oportunidade e fui pro meu quarto pegar minhas roupas pra tomar banho.
Cheguei ao meu quarto, larguei minhas coisas e fui direto pro chuveiro. Pensei que um banho poderia me ajudar mas, ao invés disso, tive varias lembranças dos meus pais, o que só me abalou ainda mais. Todas as viagens, cada momento, cada discussão (e com isso o arrependimento), cada presente. Pensei em Fionna e sua adorada touca de coelho, será que ela voltaria a usar a touca de novo? Eu ainda vou usar a minha, em homenagem a eles.
Com a menção de Fionna na minha mente, tive outra lembrança.
Há oito anos,no inverno bem rigoroso, meus pais e eu estávamos preocupados com minha irmãzinha porque ela pegou uma gripe muito forte. Uma noite, ela ficou com muita febre e precisou ser levada até o hospital, onde identificaram um começo de uma pneumonia. Minha mãe mal começou a me explicar o que é uma pneumonia e saí correndo do consultório chorando descontroladamente.
Cheguei a um lugar isolado do hospital e fiquei chorando lá. Minha mãe me achou e me confortou com um abraço.
– A culpa é só minha mamãe. Eu não sabia que ela ia fica assim, eu não devia ter desafiado ela a ficar no lago. – Eu disse soluçando e molhando seu suéter novo. – Agora a Fionna vai morrer!
Antes de ela ficar doente, eu a desafiei a ficar um minuto inteiro num lago gelado. A maior burrice que eu já fiz na minha vida.
– Calma meu filho! A Fionna não vai morrer tá? Eles vão dar remédios e ela vai ficar boa logo. Você vai ver, quanto menos esperar, vocês dois estarão brincando e brigando lá em casa como sempre. – Ela disse num tom calmo e amável.
– Jura?
– Juro. – Ela sorriu e me abraçou.
No final, ela estava certa. Duas semanas depois de muito remédio e tratamentos ela se curou, nessa época, jurei cuidar sempre dela e a proteger de qualquer coisa e de sempre estar com ela.
Agora mais do que nunca, é hora de cumprir essa promessa.
Depois de sair do banho, peguei meu celular e vi que tinha algumas mensagens não lidas de todo mundo, mas principalmente do Jake. Liguei pra casa dele mas quem atendeu foi o pai dele.
– Boa noite Senhor J, o Jake ta em casa?
– Não Finn, pensei que ele...
Antes que o Senhor J pudesse terminar a frase a campainha toca.
– Eu atendo Finn. – Fala a Jeane da cozinha. – É o Jake e o Beemo.
– Ah, já achei ele Senhor J, boa noite.
– Certo Finn, boa noite. E minhas condolências pelos seus pais.
– Obrigado senhor.
Quando olho pra porta, vejo que ele trouxe uma mochila e uma sacola com salgadinhos e refrigerantes e Beemo também com uma mochila e uma pasta, que de longe dava pra ver que eram seus videogames.
– Não sei se é a melhor hora, mas que tal uma noite dos caras pra te animar um pouco antes do funeral amigo? – Diz o Jake.
– É, viemos te dar um apoio.
– Valeu galera.
– Tranquilo.
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