Finalmente, no intervalo, me reúno com o resto do pessoal. Vejo lá Beemo, com seu tradicional videogame dos anos 90, Flame (uma garota que acho atraente, pela personalidade forte e pelos cabelos que lembram chamas, que eu acho incrível) e Jujuba conversando com a Caroço.

A Caroço tem esse apelido por ser uma pessoa um pouco incomoda. Ela é do tipo fofoqueira e atirada, pelo que soube, já ficou com metade dos garotos atletas (pelo menos do time de basquete).

Por falar no assunto, nunca vi ou ouvi falar da Jujuba ficando com ninguém. Será que ela nunca beijou alguém então? Interessante...

Por falar em beijos, percebo que Jake e Íris não estão por perto e não sei por que, mas me dou o trabalho de perguntar onde eles estão.

– Ora Finn, onde mais você acha? Na biblioteca é claro. – Diz a Caroço, soltando sua famosa risada maldosa.

A biblioteca é um ponto de encontros para casais porque a senhora que cuida de lá, ou está dormindo, ou não vê as pessoas ficando lá. Acho que deveriam dar a aposentadoria dela e acabar com o sofrimento daquela mulher.

Do outro lado do pátio, percebo a Fionna conversando com o Gumball, um mauricinho que ousa se chamar de primo da Jujuba. Provavelmente é adotado. Ele é o tal aluno novo pra quem ela se dá o trabalho de se arrumar tanto de manhã. Espero que não fique cheio de graçinhas pro lado dela porque ele é a ultima pessoa que quero como cunhado.

Na saída vejo Jake sozinho e acabo estranhando.

– Cadê a Íris? Rachou a boca dela de tanta agarração?

– Há ha, pelo menos alguém tem namorada aqui e no seu caso, por falta de opção que não é porque a Flame ta te dando mole há um bom tempo.

– Qual é Jake, você sabe que meu lance é com a Jujuba.

– Pior que eu sei. Você ta como mosca presa no tapete só esperando pra ser pisado.

– Para cara, é sério.

–Olha Finn, sou seu amigo desde que me conheço por gente, por isso acho melhor te abrir por os olhos porque se não você vai virar um velho rabugento e solitário.

Não contenho um sorriso e digo:

– Não vou. Prometo.

– Assim espero cara. Mas mudando de assunto, vai fazer alguma coisa mais tarde?

– Pode parecer incrível, mas vou fazer o dever de casa e um trabalho extra pra compensar a nota em Matemática.

Jake fica completamente surpreso antes de dizer:

– Uau cara, ta se sentindo bem? Desde que te conheço você nunca fez lição de casa, quanto mais trabalho de compensação.

– Pois é. Minha mãe ta meio chata com as minhas notas e mandou a Jeane ficar de olho nos meus deveres, e pra melhorar, tem a chata da Fionna que se ofereceu pra me dedurar quando não faço a lição.

Jake ri um pouco da minha cara e me deseja boa sorte. Pra fugir um pouco desses malditos deveres escolares, dispenso o motorista hoje e decido andar de ônibus porque é um pouco mais demorado e, como eu já disse, eu gosto de andar de ônibus. Quando entro, olho direto para o fundo do ônibus e vejo uma garota. Ela é bem bonita, cabelos compridos e pretos, um estilo meio roqueiro e pele meio pálida. Percebo que ela está concentrada e irritada com alguma coisa que eu não consigo ver porque um banco atrapalha a minha visão.

Sento um banco atrás dela pra ver o que a irrita tanto e então descubro que é só uma fase de God Of War onde precisa acertar a sequência dos botões pra matar o monstro.

– Aí que ódio! Bicho desgraçado, herói desgraçado, botão desgraçado! Se eu pudesse te tacava da janela, jogo filha da puta! – Ela esbraveja (de um jeito até meio fofinho).

Acabo dando uma risada meio baixa, mas ela ouve do mesmo jeito.

– Ta rindo do que garoto? É o bonzão? Então faz melhor! – ela esbraveja e então joga o videogame em mim.

Penso numa resposta, e então numa coisa bem mais divertida. Pego minha mochila e sento do lado dela então começo e termino a sequência de primeira. Ela olha pra mim com um misto de indignação e surpresa então me levanto e volto pro lugar onde eu estava.

– Ótimo, provou ser um belo idiota, agora pode devolver meu jogo.

– Um obrigado pela ajuda até que cairia bem.

– Sir babaca, fico agradecida pela sua intromissão útil, mas agora quero que você devolva meu videogame antes que eu te faça voar pela janela desse ônibus, se não for incômodo.

– Senhorita estressadinha, poderia dirigir as palavras adequadas a esse humilde cavalheiro que acaba de lhe ajudar com essa sua pequena dificuldade para que eu então lhe devolva o seu precioso objeto?

– Pois eu não pedi sua ajuda Shakespeare, agora me devolva.

– Bem, você o jogou em mim, então você me deu ele, sendo assim, agora é Meu videogame.

– Mas nem a pau, pode me devolver.

– Bom, faremos uma troca então, o videogame pelo seu telefone, pode ser? – Ah, qual é. Sei que sou a fim da Jujuba, mas é bom ter alguma experiência antes né?

– Ai tá bom, mas me devolve primeiro.

Eu entrego o precioso videogame dela e ela anota o número num papelzinho que ela tirou da bolsa dela e me entrega em seguida. Percebo meu ponto e dou sinal pro motorista parar, então olho pra ela, balanço o papelzinho em minha mão e digo:

– Até mais senhorita, mais tarde eu te ligo e você tira suas dúvidas sobre o jogo.

Ela me dá um sorriso falso e diz:

– Estou aguardando ansiosamente – E revira os olhos.

Sabe? Até que eu curti essa garota.