Capitulo 6

Acordei de manha com o barulho do meu despertador felpudo, só que desta vez não pulei da cama animada. Na verdade eu estava morrendo de dor de cabeça. Tamanha dor só podia ser enxaqueca. Ai me lembrei que minha irmã tinha saído de casa, e até onde eu estava acordada, não havia voltado. Agora sim, pulei da cama e fui correndo até o quarto da minha irmã do outro lado do corredor e abri a porta sem nem bater. Ela não estava lá. Ela não estava lá. Ai meu Deus onde foi parar minha irmã? Só de imaginar nas possibilidades eu já entrava em pânico, meu corpo inteiro se estremecia e meus olhos começavam a ficar encharcados.

- Juliet? O que você está fazendo no meu quarto? – Ela apareceu do nada atrás de mim com uma tigela de cereal e o cabelo todo bagunçado. Eu levei um susto, com direito a um pulo pra trás e até um grito.

- Não sabia que você havia voltado. Onde você foi? – Eu estava preocupada.

- Ei se acalme, você que é a irmã mais nova tá lembrada? Eu sei me cuidar. – Dizendo isso ela deu uma piscadinha e voltou para o seu quarto. Ok, um problema a menos, eu pensei.

Eu desci as escadas, ainda de pijama, e encontrei meu pai tomando o seu típico café com o seu típico jornal no colo.

- Bom dia pai.

- Bom dia querida. – Ele falou desviando a atenção do jornal para mim. – Como foi à noite passada? – Eu odiava mentir, mais não podia falar para ele o que aquela “noite de estudos” havia se tornado. Tudo que eu queria era esquecê-la, mais aquela voz maravilhosa, e comprometida, eu fazia questão de me lembrar, não sai da minha mente. Nem o Peter me mandando ficar longe dele. E eu tive um pesadelo com o Adam também.

- Ah você sabe, normal. – Não sou muito boa com mentiras e odeio-as também. – Pai, eu queria saber a historia do passado dos Rhodes. – Ele parou de tomar café para prestar atenção em mim. Eu estava determinada a desobedecer todos aqueles que me disseram para ficar fora do assunto. Eu ia descobrir o que estava acontecendo com o Peter e ia ajuda-lo. Também ia descobrir por que todo mundo queria um cartão idiota do passado. E com certeza eu descobriria quem era a voz misteriosa e a sua relação com o meu melhor amigo. – Mais precisamente, Dimitri Rhodes.

- Ora, mais por que filha? – Meu pai deu um grande gole de café tentando disfarçar o nervosismo.

- A professora de historia pediu um trabalho sobre umas coisas do passado, e não sei, eu achei que seria legal usar a historia do meu passado. – Mais uma mentira.

- Tudo bem. Eu vou separar umas caixas com as coisas do seu tataravô e deixo no seu quarto mais tarde.

- Obrigada. –

- Agora vai, se não você vai se atrasar para a escola. Não vou poder te levar hoje, tenho que resolver umas coisas com sua irmã.

- Pai não seja duro com ela tá legal?

- Até mais tarde, Juliet.

Então eu subi me troquei e me fui escovar os dentes. Pensei como eu faria para descobrir tudo aquilo que eu estava disposta a descobrir. Talvez as lembranças do Dimitri me ajudem com alguma coisa. Então eu tive uma ideia, uma ideia que poderia me ajudar e muito. Enxaguei a boca e bati duas vezes na porta do quarto da minha irmã até ela abrir.

- Clarice eu preciso de um favor. – Eu sabia que teria um preço a pagar, mais por sorte minha irmã estava de bom humor. Um ótimo humor na verdade, o que é mais do que estranho. Eu não a vejo assim desde que Patrick havia terminado com ela. Ela nunca tocou nesse assunto comigo, mais eu havia ouvido o choro dela do seu quarto. Ele ainda terminou com ela pelo telefone. Então eu bati na porta e ela não abriu só gritou “vai embora!” Eu sentia falta de conversar com ela.

- O que você quer irmãzinha?

- Eu preciso que você pergunte para a Kim por que o Peter está me evitando.

- Ih, problemas no paraíso? – Obvio, ela tinha que começar com o sarcasmo irritante dela. – Sabia que eu sempre achei vocês um casal lindo, eu só não sabia que vocês haviam assumido. – Ela fez uma cara de pensativa, tudo isso só para me provocar, claro.

- Você vai perguntar ou não? – Odiava quando ela começava a insinuar que existia algo entre mim e o Peter. Eu já estava magoada e irritada o suficiente por uma semana, não precisava da minha irmã me lembrando do motivo.

- Claro. – Dito isso ela fechou a porta na minha cara. Eu desci as escadas e fui andando em direção ao colégio. Minha casa e o BHS são extremamente próximos, por isso normalmente eu vou a pé. Eu passo na frente de uma padaria e de um antigo parque meio abandonado que fica do outro lado da rua. Ai eu viro a esquerda e no final da rua à direita, meu colégio fica no final dessa rua. Eu costumava correr por aqui todos os fins de semana de manhã e o Peter costumava me acompanhar. Espantei essa lembrança da minha mente e fui em direção ao meu armário. A Natalie e a Ticia chegaram até mim.

- Lie você sabe onde esta o Adam? – Como assim? Eu não estava entendendo. Eles não haviam terminado? –Eu não falo com ele desde ontem, antes de ele ir para sua casa. Ele te falou alguma coisa?

Eu queria dizer a verdade para ela, nossa como eu queria. Mais como se diz “seu namorado me beijou a força ai meu melhor amigo me salvou e bateu no seu namorado e depois me abandonou” para sua melhor amiga, sem magoar ela ou sem chorar?

- Não. – Foi tudo que eu consegui dizer. Não podia mais mentir para ela nem para ninguém. Eu precisava contar tudo isso para a Ticia antes que eu enlouquecesse.

- Juliet, está tudo bem? –Ela falou olhando fixamente em meus olhos, como se fosse perceber se eu mentisse.

- Claro. Eu preciso ir para a aula, vejo vocês no almoço?

- Sim. – As duas responderam e depois foram embora.

Eu fiquei procurando pelo Peter no caminho do meu armário até a sala de aula, mais nada de Peter. Nem nada de Adam. Onde será que eles estavam?

Depois das aulas eu me encontrei com as meninas para almoçar.

- Eu acho que ele esta me evitando. – Eu ouvi a Natalie dizer para a Ticia enquanto eu caminhava em direção há elas.

- Oi gente. – Eu vi a cara delas de preocupadas. – O que está acontecendo?

- A Nat acha que o Adam a esta evitando. – Ticia olhou o mais fundo dos meus olhos cor-de-mel que conseguiu. – Você sabe alguma coisa sobre isso, Juliet?

- Não, já disse que não. – Droga! A Ticia me conhecia bem o suficiente para saber que eu estava mentindo, agora era uma questão de tempo para ela vir me perguntar o por que.

- O pior eu ainda não contei... – Natalie começou. – Eu acho que estou me apaixonando por ele.

- Não acredito que Natalie McKenzie vai parar de pular de galho-em-galho e entregar seu coração há um homem só? – Eu disse de um modo descontraído.

- Essa eu pago pra ver. – Ticia disse e como se lesse eu pensamento e eu o dela nos duas batemos as mãos sem tirar os olhos da Natalie.

- Há-há-há. - Riu a Nat forçadamente.

Então um garoto que eu nunca havia visto na vida apareceu. Ele era louro de um tom tão claro que seu cabelo parecia ser branco e tinha lindos olhos azuis penetrantes. Uau, ele parecia um astro de Hollywood do qual eu nunca havia nem se querer ouvido falar.

- Naty. – Ele disse sorridente. – Eu queria saber se você gostaria de ir ao cinema mais tarde.

Natalie olhou para nós e agente segurou uma risada. Deu para perceber o esforço que ela fez para dizer que não a todos os dias da semana que ele a convidou. Ela inventou uma desculpa diferente para cada dia até que o lindo de olhos azuis desistiu e foi embora.

- Você esta louca de largar um homem desses sozinho? – Ticia falou boquiaberta.

- Eu sei, eu sei. – Ela falou seria, olhando concentrada para agente. – Devo estar doente. Internem-me, por favor. – Ela prolongou o “o” de um modo dramático, como sempre.

- Pelo menos, qual era o nome dele? – Eu consegui perguntar entre algumas risadas.

- Eu não sei. Ele era o namorado-de-novembro, isso já faz tanto tempo. – Nat respondeu como o mundo tivesse mudado por inteiro há quatro meses.

Então meu celular tocou. Era um numero desconhecido e eu hesitei em atender.

- Você não vai atender? – Ticia perguntou.

Então eu atendi e do outro lado da ligação alguém disse um “alo” meio sussurrado. Eu reconheci aquela voz imediatamente. Era uma voz doce, meio rouca e hipnotizante. Então eu me lembrei de que ainda estava sentada com minhas amigas e fiz um sinal dizendo que já voltava.

- Oi. –Eu finalmente respondi, já bem longe da nossa mesa reservada.

- Quem é? – Ele perguntou.

- Você acha que eu vou falar? – Eu respondi em tom de provocação. Então me lembrei da voz jovem e feminina o chamando na noite anterior.

- Ah, então já sei que liguei certo. – Ele riu meio abafado, de um jeito cativante.

- Você não pode ficar me ligando assim. – Eu disse seria.

- Por que não? – Ele perguntou inocentemente.

- Eu ando ocupada. – Eu fiz uma pausa um tanto quanto dramática. – E você também. Adeus.

- Espera, não...

Eu fui mais rápida e desliguei na cara dele. Céus eu precisei de força para fazer isso, pois eu poderia passar o dia inteiro falando com ele sem me importar.

Estava indo em direção a saída do colégio quando um lindo loiro dos olhos azuis me parou.

- Você é a amiga da Natalie não é mesmo?

- Juliet, e você quem é? – Eu disse sorrindo.

- Nikael, mais todo mundo me chama de Nik. – Ele falou abrindo um sorriso enorme e feliz.

- Prazer em conhecê-lo, hum, Nik. – Eu falei hesitando.

- Você vai fazer alguma coisa hoje á tarde? – Ele perguntou meio esperançoso.

- Na verdade não. – Eu disse honestamente.

- Ótimo. Você gostaria de sair? Abriu um bar perto daqui e uns amigos meus vão. – Ele parou por um segundo tomando coragem para dizer. – Talvez sua amiga quisesse ir também.

Noite passada eu fui agarrada a força pelo namorado da minha melhor amiga, depois meu melhor amigo me abandonou e então eu flertei com um cara totalmente desconhecido pelo telefone até descobrir que ele tem namorada. Era humanamente impossível que mais algum desastre com garotos acontecesse comigo. E também, ia me fazer bem sair com minhas amigas, conhecer gente nova, ser descontraída. Eu estava precisando daquilo.

- Eu topo. – Eu disse deixando soltar um sorriso.

- Legal, é no novo bar, o Kaelson’s. Encontro vocês lá as 20h00min.

Dito isso ele seguiu seu caminho até seu carro e eu até minha casa. Caramba, eu não via a hora de completar 17 anos e ganhar um carro do meu pai, mas já que faltam alguns meses para isso fui a pé até minha casa. Quando eu virei na esquina pra ir para a minha casa vi minha irmã saindo do carro de algum menino olhando para trás, preocupada caso alguém lhe visse. Então ela deu um dinheiro para ele e colocou alguma coisa bem coberta no bolso. Ah meu Deus! Minha irmã estava usando drogas.