POV Chase

Não era tão simples internar duas pessoas adultas em plena época de inverno. Os problemas respiratórios eram cada vez mais frequentes, e médicos recém contratados adoravam assinar uma internação para mostrar trabalho, já eu...bom, estava na equipe de House ha algum tempo, não posso reclamar, longe disso. Inicialmente jurei que não iria passar, tendo em vista, embora eu jamais vá admitir isso em voz alta, o currículo de Foreman, mas por alguma razão, fui aceito na equipe. Já passavam das 23:30 quando enfim conseguimos sair do hospital, cada um em seu carro, em direção ao mesmo destino.
Cameron e eu alugamos um apartamento no centro ha algumas semanas, e isso foi uma vitória imensa. Me lembro até hoje de quando dividimos uma taça de vinho em 'seu espaço', como ela gostava de chamar sua residência, e fiz a proposta. Seus olhos pareciam perder o foco por alguns segundos, e me perguntava mentalmente se não estaria sendo precipitado demais...a relação dela com a memória de seu falecido marido era sempre um fantasma ao meu redor, um monstro a ser superado, mas sempre aceitei ir com calma, vencer uma barreira de cada vez, e tinha conseguido já um imenso passo em assumirmos, a nós, nosso relacionamento.

Seus cabelos acariciavam meu rosto, e sentia o calor de seu corpo junto ao meu, ouvindo sua respiração calma, enquanto repassava nossos momentos em minha mente, antes de entrar em um mundo só meu, um mundo de sonhos... revia todo o caso do garoto em meus sonhos, uma das desvantagens de ser médico é não conseguir se desligar completamente de sua rotina, pacientes, medicamentos, estudos. Meus sonhos davam uma volta pela casa de meus pais, como se lembrando que eu não tinha mais o beijo de boa noite de minha mãe, nem o período de avaliar o jornal com meu pai. Variações de locais e conversas com Cameron se passavam pela minha mente, desde praias até a montanha, porém, no meio de meu sono, eu ouvia um bip. Um insistente bip. Um bip extremamente irritante que me acordava, e via o anjo e meus braços se mover também, mas apenas virar para o lado e adormecer novamente. Buscava meu bip e uma mensagem de House nos mandava voltar imediatamente ao hospital. Olhava o relógio, eram 4h da manhã. Desligava meu bip e voltava a abraçar Cameron. Menos de 5min depois, outro barulho de bip. Por mim atirava o bip longe, estava prestes a fazer isso na verdade, mas uma voz grogue me chamava a atenção.
– O que ele quer? - me questionava ela.
– Como sabe que é ele? - eu questionava em troca.
– A essa hora, quem pode ser? - Ela sorria levantando-se já.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.