Eventos Inesperados

1-4 - A grande Petalburg (E uma pausa inesperada)!


Dezesseis de dezembro, em algum lugar da Rota 102. O sol indicava que estava quase anoitecendo, mas mesmo assim, alguns Zigzagoons ainda podiam ser vistos correndo por ai, achando berries de onde ninguém tem certeza onde. Duncan Wilbur, treinador sem nenhuma autoridade, seguia para Petalburg, com Darren Ferdinand, treinador iniciante de aparência duvidosamente infantil... Ou pelo menos pareciam seguir...

–Você não acha que podia esperar até chegarmos em Petalburg, Duncan?

–Desculpa cara, mas a natureza chama mais alto!

Em uma pausa para fazer o que um cara precisa fazer de vez em quando, a dupla estava cada vez mais perto da cidade de Petalburg, onde finalmente poderiam descansar um pouco, depois de alguns incidentes não planejados.

–Pronto, Darren! Será que você não conseguia ser um pouco mais paciente?

–Até consigo, mas é que já está quase escurecendo, cara. Aposto que você não vai querer dormir em um lugar infestado de Zigzagoons, não é?

–É... Esses ladrõezinhos não têm limites mesmo... –Falou Duncan, dando um sinal para continuarem a andar, enquanto olhava para os lados, procurando por Zigzagoons. –Uma vez eu vi um deles roubando um sapato do Steve.

–Steve? Ele é algum amigo seu?

–Não. Ele é meu pai.

–Seu pai? O meu morreu há algum tempo, mas eu nunca tive o costume de chamar ele pelo nome. –Disse Darren, dando um suspiro após lembrar de seu pai.

–Seu pai morreu?

–Sim... Ele trabalhava na Zona de Safári, perto de Lilycove, mas foi morto um dia em que tentaram invadir a reseva...

–Wow... Sinto muito, cara.

–Não precisa se preocupar, Duncan. Sem contar que minha mãe é muito legal comigo.

–E aposto que deve ter comprado essa blusinha de Pikachu com muito carinho. –Sussurrou Duncan, deixando uma risada escapar.

–Você disse alguma coisa?

–Não cara... Não disse nada e- ­–Duncan parou quando percebeu onde estavam e se virou para Darren. –Parece que chegamos!

Os dois se viraram, para admirar um pouco a paisagem. Como a maioria das cidades de Hoenn, Petalburg também vivia em uma estranha harmonia com a natureza. Rodeada de árvores, que estavam também sofrendo os efeitos do inverno. Em uma mistura de verde e branco, outras cores rapidamente podiam ser vistas, chamando a atenção. Um grande prédio de teto vermelho se encontrava perto da entrada da cidade –um Centro Pokemon-, assim como não muito longe podia se ver uma loja, com seu tradicional teto azul e uma grande placa giratória. Cheia de casas, ainda parecia uma cidade normal, mas outro prédio ainda chamava a atenção facilmente. Ao lado de um lago com uma leve camada de gelo por cima, estava o maior prédio da cidade, todo branco, com o logotipo da liga pokemon logo acima da porta de entrada –O ginásio de Petalburg.

–Essa é a cidade de Petalburg?

–Claro! Pensou que ia encontrar o que? O parque da Pikachulândia? – Sussurrou Duncan de novo, olhando novamente para a blusa do garoto. –Se é que existe uma...

–ENTÃO VAMOS LOGO PARA O GINÁSIO!

–Ei Darren! Não precisa gritar, cara! E primeiro, vamos para o CP.

–CP?

–Centro Pokemon, cara. Você mesmo não disse que estava quase de noite? Vamos logo tentar achar algum quatro lá para passar a noite.

E assim, eles seguiram para o Centro Pokemon, enquanto o ginásio não saia dos olhos de Darren. Entrando no prédio, os dois logo sentiram o calor do lugar, os fazendo começar a suar um pouco embaixo de todas as suas roupas. Duncan foi seguindo para o balcão da recepção, onde encontrou uma das enfermeiras do lugar. Pedindo um quarto para os dois, sentindo que o garoto provavelmente deveria ter medo de dormir sozinho ou coisa do tipo, também pediu para examinar os seus pokemons –E não se esquecendo de dar um aviso com o temperamento de seu Sandile.

Seguindo pelo corredor indicado pela enfermeira, os dois logo acharam o quarto com o número da chave que ganharam. Entrando lá, encontraram dois beliches –Provavelmente para grupos com mais de duas pessoas— E dois criados mudos ao lado dos beliches, com uma janela no meio. Não era muito grande, mas com certeza ia ser melhor do que passar a noite no meio do mato cercado de pequenos e gananciosos Zigzagoons. Os dois largaram suas mochilas e foram em direção do refeitório do lugar.

Chegando lá, perceberam que não pareciam ter muitos treinadores no lugar. Cinco? Sete? Talvez uns oito ou nove no lugar, e provavelmente outros que não estavam, mas mesmo assim, todos estavam em mesas, conversando, quase sempre em grupos de dois ou três. Duncan e Darren pegaram o que estavam dando no refeitório no dia e seguiram para uma das muitas mesas vazias do lugar e aproveitaram para conversar um pouco.

–Então, Darren, você veio para Petalburg atrás do ginásio?

–Isso mesmo. O meu maior sonho é ganhar o torneio da liga pokemon!

–Mas esse tal torneio não vai ser em uns dois anos ou coisa do tipo?

–Um ano e meio, na verdade. Mas mesmo assim, quanto mais cedo eu começar a se preparar, melhor nós vamos estar, não é? Mas e você? Também não veio atrás do ginásio?

–Pra falar a verdade, não. Petalburg só fica no meu caminho mesmo.

–Seu caminho? Está indo para algum outro lugar?

–Slateport. Estou vindo aqui para pegar um barco naquele pequeno porto na Rota 104.

–E o que você vai fazer tão longe assim? Algum concurso ou coisa do tipo?

–O que eu estou indo fazer? –Duncan logo se lembrou do que estava indo fazer, e do jeito como o seu pai ficou quando ele saiu de casa, quando a mesma enfermeira da recepção chegava na direção deles, com uma bandeja com duas pokebolas.

–Duncan Wilbur e Darren Ferdinand? Aqui estão os seus pokemons. O Sandile deu um pouco mais de trabalho, mas os dois estão bem.

–Obrigado! – Disseram os dois, enquanto a enfermeira seguia para outro lugar. Darren logo soltou Blu para ver como ele estava, enquanto Duncan apenas segurava a sua pokebola na mão.

–Mas então, Duncan, o que você disse que estava indo fazer em Slateport?

Perdendo seu apetite de novo, Duncan soltou Damon, que logo percebeu o seu prato de comida e pulou para ele, partindo para o seu lanche. Darren parecia um pouco assustado, enquanto Blu simplesmente correu para se esconder embaixo das pernas de Darren.

–Você pode colocar ele de volta quando ele terminar? –Falou Duncan, se levantando e jogando a pokebola de Damon para o garoto assustado e partindo do refeitório sem esperar resposta ou falar alguma palavra.

Voltando para a recepção, Duncan perguntou onde poderia encontrar um telefone, e logo a enfermeira-recepcionista o emprestou o telefone que estava no balcão. O garoto logo ligou para a sua casa, lembrando de como tinha dito que entraria em contato sempre que conseguisse.

Ele esperou...

Esperou...

Esperou...

E nada.

Colocou o telefone no gancho e saiu do Centro Pokemon para andar um pouco. O sol já havia ido embora, mas a lua não podia ser vista muito bem, pois as nuvens já haviam voltado a cobrir o céu novamente.

Em sua caminhada, chegou até o pequeno lago ao lado do ginásio, no qual ele parou para ver o seu reflexo. Olhava para os seus próprios olhos, castanhos como os de sua mãe, como o seu pai costumava dizer quando ele era pequeno.

Ficou lá, parado, até que percebeu que estava começando a nevar de novo

–Onde você está? –Sussurrou ele no meio do silencio.

Virou-se uma ultima vez para o ginásio e seguiu para o Centro Pokémon antes que começasse a nevar mais.

Já chegando no pequeno quarto, encontrou Darren na parte de cima de um dos beliches. O garoto jogou a pokebola de Damon na direção do seu dono, que a pegou, mesmo quase a deixando escapar.

–Aonde você estava?

–Em lugar nenhum...

–Certo... Espero que você não se importe que eu tenha pegado a parte de cima do beliche.

–Não me importo... –Falou ele, se virando e deitando na parte de baixo do outro beliche, deixando Darren um pouco confuso. E após isso, o silencio reinou pelo resto da noite. Duncan não queria dividir com seu novo amigo os seus motivos? Será que Damon fez algo muito traumatizante com a enfermeira, já que ela disse que ele deu "um pouco mais de trabalho"? Existe mesmo uma Pikachulândia? Será que é uma boa ideia não pensar em que tipos de coisa um cara precisa fazer no meio da floresta?