Eu sou o inverno

3ª Temporada - Eu sou o outono


3ª Temporada - Eu sou o outono

Após matar a suposta irmã de um de seus melhores amigos, Sage se vê forçada a fugir de Mystic Fells. A jovem embarca para New Orleans onde terá que aprender a lidar com o mundo sobrenatural em sua forma mais pura onde conhecerá o reino tão amado por Niklaus que vê a sua jovem amada entrar em colapso devido a hipnose de um ser desconhecido e ao fortalecimento do elo.

Além de lidar com os problemas místicos Sage vê sua vida mudar quando percebe que os problemas vão muito mais além do que ela poderia imaginar e talvez lidar. A família passa a buscar um método de trazer seus amigos do feitiço de Estella e com essa procura a jovem percebe que a sua vida não era nada do que ela conhecia.

Uma dura realidade

E se as vezes a vida parecer dura demais? Como devemos proceder em relação a isso? Como devemos nos manter de pé? O que nos mantém de pé? Pode ser sua família, podem ser seus amigos? Mas e se você se manter por si mesmo? Ou por um grande amor que pode surgir um dia? Seja na forma de um amante, de pai, de um amigo ou de um filho. Algo novo, mágico, intenso e puro. Algo que te faça apenas... Renascer.

Ofeguei ao ouvir a porta abrir, eu ainda não estava pronta para uma luta. Então se fosse um ladrão, eu estaria mortinha.

– Sage? - ouvi a voz de Nataniel.

– Na sala. - minha voz saiu baixa.

Nataniel e Katherine entraram em meu campo de visão e tomaram um susto, eu ainda estava deitada no sofá com o buraco no estômago quase curado. Eu me sentia a beira da morte, o corpo estava extremamente pesado e eu mal conseguia respirar ou manter meus olhos abertos. Eu estava com fome e sede e me sentia cansada apesar de saber que tinha passado um bom tempo dormindo.

– O que?

– Hã... o que aconteceu? - Katherine se aproximou tocando minha testa - Você está meio... morta.

– Eu me sinto. Água. - pedi e ela sumiu.

– Como foi na sexta? - abri lentamente os olhos.

– Hum?

– Sexta sabe? Achei estranho o portal não ter se aberto. Eu contava com uma guerra... - Nataniel sentou na mesinha de centro e me observou por breves minutos analisando cada pedaço do meu corpo.

– Hoje é Sábado, não fale como se tivesse passado uma semana inteira. - falei baixo.

– Hoje minha querida amiga... é quarta. - levei um susto.

Haviam se passado dias desde que eu matei Estella.

– Eu dormi tanto tempo assim?- perguntei assustada, qual o motivo para Klaus ainda não ter aparecido?

– Ao que parece... Como isso aconteceu? - apontou para meu estômago - Não acredito que está desde Sexta assim. - repreendeu.

– Foi Stefan. Matei Estella. - vi seu rosto se modificar para arrependimento.

– Me desculpe. Depois que você desligou eu esperei um tempo e por algum motivo achei que você iria para lá. Então o avisei temendo que você se matasse. - peguei o copo da mão de Katherine - Sabe... ele já estava na metade do caminho para o aeroporto. Me pergunto o motivo. - comentou com sarcasmo.

– Plano que teria funcionado muito bem. Ainda bem que o chamou, eu não saberia o que fazer com a merda que eu deixei nas mãos dele. - me lembrei de meus amigos caindo a minha frente, a cena se repetindo dezenas de vezes.

Ele sorriu pesaroso.

– Elena me contou que eles estão em uma espécie de coma, Bonnie e Matt estão no hospital para não morrerem desidratados ou desnutridos. Damon está na mansão. - esticou o pulso.

Bebi seu sangue e logo depois bebi a água gemendo. Parecia que eu não bebia água a anos, fui sentindo meu corpo se recuperar aos poucos.

– Acho que foi um feitiço. - comecei a me sentir melhor, estava ficando mais agitada que o normal - Por que chegou lá tão rápido e demorou para voltar?

– Eu estava falando com algumas bruxas. Graças a sua interferência, temos um tempo de vantagem contra Esther e Mikael.

– Como assim?

– As bruxas que estavam vindo para cá eram as únicas capazes de abrirem os portais. Elas iriam trair Estella e pegar o amuleto de Ibis, mas você o achou antes e o destruiu.

– Eram dois. - informei - Ela iria me abrir. Abrir um portal pelo meu corpo.

– Entendo. Já vi feitiços assim, mas geralmente os portais eram bruxas. - acenei com a cabeça.

– Então... vai continuar aqui por muito tempo? Ou vai esperar virar refeição de vampiro?

– Vou colocar a cabeça em ordem antes de aprontar algo.

Nataniel pegou meu celular que tocava ao seu lado e o atendeu. O olhei feio dando o dedo do meio e coloquei a mão na cabeça tombando para o lado, eu estava terrivelmente tonta.

– Oi Nicolas Malakaias. - revirei os olhos - Não, não. Acabei de chegar em casa e a sua boneca estava dormindo. E eu sei? Ah Nicolas, não fique nervoso. Ok.

– Hum? - peguei o celular.

Qual o motivo para você ainda estar ai? Vou ter que te buscar? Elena está me enrolando a dias.- ele gritava nervoso e eu ouvia a Rebekah gritando com ele ao lado dele.

– Desculpe Nik. Mas eu estava exausta, não foi fácil me recuperar sabe... pra você que tem esse sangue dos deuses é uma coisa, mas para mim...

Venha hoje.– desligou o aparelho e eu revirei os olhos.

– Acho que Stefan deu uma trégua. Vou para o banho.

Tomei uma banho rápido e me vesti adequadamente. Não tanto pois estava um inferno de quente. Coloquei short largo, blusa de alcinha e um salto, coloquei tudo dentro da minha mochila e fui até a sala. Neguei com a cabeça olhando para Nataniel com desagrado, não acredito em uma coisa dessas.

– Mas de forma alguma! - Nataniel sorriu carregando suas malas.

– De toda a forma. Eu irei. Nunca vi New Orleans. Sei que tem vários eventos por lá e gostaria de fotografar alguns. - avisou indo pegar sua mochila.

Revirei os olhos, eu sabia que a última pessoa em que eu venceria em uma guerra seria esse maldito vampiro folgado. Ele era minha versão masculina, olhei para o lado vendo Katherine sorrindo decepcionada. Ela me entregou uma carteira de identidade, claramente falsificada e eu a olhei de esguelha.

– Sou uma mulher precavida. Sabia que uma hora ou outra precisaríamos disso, seja para fugir de quem quer fosse. Pode confiar no fabricante, eu faço as minhas carteiras de identidade com ele a décadas. - peguei de sua mão e dei um sorrisinho de lado - Sumindo sem rastros.

– Cristina Blakmonte. Gostei vadia.

– Robert Blakmonte. Oi amor. Nataniel mexeu as sobrancelhas sugestivamente em minha direção.

– Céus. Não vai conosco? - a olhei atentamente vendo que ela tinha um sorriso malicioso no rosto enquanto mexia nos cachos.

– Não mesmo. Vou manter minha ficha limpa por aqui, dar a impressão que não sei de nada. E talvez eu dê até algumas pistas falsas para Stefan... Verei você depois. Bom voyage. - brincou se jogando no sofá da sala.

Espirrei. Corri para a cozinha vendo um pedaço de bolo imenso, o mastiguei sentindo o gosto delicioso de chocolate, ignorei os talheres e comi mais um pedaço imenso. Peguei a garrafa de água e bebi tudo de uma vez, parecia que eu não fazia nada disso a séculos. Suspirei me encostando no balcão e olhei para o relógio, dei de ombros e segui para sala. Eu já estava a tempo demais enrolando, era melhor ir antes que Niklaus viesse.

Estávamos quase saindo quando a campainha tocou, o ser que estava do outro lado com certeza já deveria ter sentado no colo do capiroto. Abri a porta e me assustei ao ver Elena e Alaric me olhando de forma atenta, eles estavam visivelmente nervosos.

– Rápido. Stefan vai iniciar a caçada. - Elena avisou.

– Como assim? - ela me puxou em direção ao quarto.

– Ele ficou esses poucos dias se lamentando e queimando, sentindo dores horríveis e hoje acordou terrível. Estava coletando armas pela casa e teve um surto com Caroline. E não viu o noticiário nos últimos dias? - Alaric perguntou colocando minha bolsa no porta-malas.

– Não. Eu estou dormindo a dias. - Elena deu um sorriso triste.

– Uma onda de assassinatos em Mystic Falls. 23 mortos. - fiquei surpresa.

– Ele não estava te achando, mas parece que se lembrou que Nataniel existe.

– Esse não é o carro do Kol? - questionei.

– Niklaus mandou deixar por aqui caso precisassem. - explicou.

Ah se eu tivesse descoberto isso antes. Percebi que os dois corriam em velocidade vampírica, estavam com muita pressa, Stefan deveria tê-los assustado

– Oh sim. Então... vocês acreditam em mim? - olhei de lado.

– Sim. - Alaric arrancou - Não faz sentido algum para nós que Damon, Bonnie e Matt estejam nesse coma. E sinceramente os feitiços de localização que Bonnie fazia nunca achavam Anellise quando usamos coisas antigas, era como se ela não existisse. - me olhou atentamente - Você sempre foi muito esperta, não queríamos ter que te colocar no meio de uma guerra Sage, mas parece que você não fica longe de confusão. Fora que havíamos começando nossa própria investigação.

– O que fizeram acreditar em mim do nada?

– Aquela ventania misteriosa. O fato de ser lua cheia, Bonnie ter sumido, você ter aparentemente desaparecido, Damon em coma, você com um buraco no estômago. Não havia nada deixando claro que Seus amigos tivessem entrado em luta corporal com você, você destrói corpos. - Elena explicou - Anellise estava tentando mexer com a minha cabeça quando viu que eu comecei a suspeitar, então conversei com Rick e Enzo e começamos uma investigação sem te dizer nada... Pois você é cabeça quente e iria estragar tudo. - resmungou se sentando no banco da frente – Caroline a vigiava de vez em quando, achamos que você se afastaria e desistiria de tentar, mas pelo jeito...

– E qual o motivo para acharem que não fui que a ajudei entregando algum tipo de erva ou pedra para prender eles em um coma? - Nataniel questionou entrando ao meu lado enquanto Rick ligava o carro.

– Você havia desaparecido por dois dias. E sinceramente, esse tipo de coma só pode ser feito por quem já tenha passado muito tempo no mundo dos mortos.

– Sabe como desfazer? - perguntei.

– Não. - bufou.

– Klaus disse que tem muitas bruxas lá, talvez consiga respostas. Somente quem estava próximo dela sofreu esse ataque. Eu estava bem longe. Não acho que ela tivesse controle absoluto sobre a pedra, se não ela teria me levado. - Elena se encolheu no banco e abriu a janela.

– Talvez ela quisesse que você ficasse.

Dei de ombros.

– Me desculpe. - Elena pediu - Olha... eu te amo como irmã, naquele momento eu não disse nada pois não queria ficar entre minha melhores amigas. Caroline errou em dizer aquilo, eu adoro o seu jeito sem noção e meio malandra. Eu admiro tudo em você, eu não quero escolher um lado e não concordo com o que Caroline disse. Você é completamente sem noção alguma e é isso que amo em você, em todos os meus amigos. Nenhum de nós bate muito bem da cabeça. - rimos - Me desculpe por não ter te defendido na hora.

– Sei que fez isso depois.

– E como sabe?

– Você está aqui.- disse o óbvio.

Bom ponto.

Alaric corria como louco, dirigia tão rápido quanto Kol. Eu via o velocímetro disparar e soube imediatamente que não completaríamos vinte quatro horas na estrada, era realmente uma situação de perigo.

– Acha que ele vai acordar? - Elena encostou a cabeça no banco e olhou para as árvores que passavam rapidamente.

– Sim. Eu vou fazer de tudo para trazer todos de volta. - prometi.

– Eu sei que vai. Acho que ninguém duvidará mais de você

Dei um sorriso pequeno.

~º~

Ai Céus. Horrível, nunca andei de avião e já me sinto terrível. E ainda nem entrei no avião, estava lá ao lado de Elena e Alaric. Nataniel já havia se despedido e esperava ansiosamente ao lado do portão de embarque se remexendo de forma impaciente, parecia que quebraria as pernas de tanto que se movia, a funcionária o olhava extremamente irritada a cada pergunta que ele lhe fazia.

– Se ele fosse humano já estaria tendo um avc. - Elena ria dele.

– Nataniel é uma graça. - concordei - Nunca vi um imortal tão impaciente quanto ele.

– Atenda o celular. Por favor... mesmo se for Caroline ligando.

– Ela não. - sorri ouvindo o chamado - Bem. Estão me chamando. Tchau Alaric, obrigada por me ajudar. Adeus Lena.

Abracei Alaric e depois me virei para Elena que chorava.

– Atenda por favor. Traga-os de volta. Eu te amo minha irmã.

– Eu te amo Lena. - chorei que nem criança recebendo olhares surpresos- Eu trarei. Tchau, tchau. - me despedi fingindo animação.

Fui rapidamente para o portão de embarque evitando que mais lágrimas caíssem, entreguei a passagem e passei pela enorme ponte que conectava ao avião, entrei e fui para meu banco ao lado de Nataniel. Eu estava tensa e não escondia de ninguém, a comissária me encarava como se esperasse que eu sofresse um infarto no meio do avião.

– Medo de voar?- zombou ao meu lado encostando a cabeça no meu ombro, olhei seus cabelos brilhantes com raiva.

– Também. Mas estou com medo do que Klaus está aprontando. - confessei e ouvi ele suspirar.

– Seja o que for eu acho que o híbrido louco consegue lidar.

– E eu consigo? Será que consigo lidar com isso?

– Você consegue lidar com tudo boneca. - riu.

– Parece. - bufei.

Já estávamos a horas naquela porcaria de avião e sinceramente, a minha bunda estava doendo horrores sentada naquela mesma posição e o pior era que se eu levantasse eu cairia já que nem sentia mais nada, estava prestes a virar de ladinho quando a voz do piloto soou.

– Senhores passageiros, sinto informar mas teremos de interromper a viagem, a cidade de New Orleans está sob uma forte nevasca e todos os voos foram cancelados. Assim que o voo cessar retomaremos a viagem.

– Ai. Ai. Não... eu não aguento mais sentir essa merda subir e descer. - minha cabeça parecia que ia explodir.

Vi a comissária escancarar os lábios quando coloquei a mão no peito tentando ignorar o ventinho frio na barriga. Talvez seja o primeiro dia dela, parece que quem vai ter um infarto e ela e não eu. A encarei levemente preocupada, se essa mulher morre aqui já era. Viajar com um cadáver não deve ser legal.

– Fica nervosa com isso? - ele riu - Já vi você fazer uma carnificina e você vem me dizer que um avião te assusta?

Não respondi. Fiquei quieta esperando o avião pousar e assim que fomos liberados eu me levantei e tive que me apoiar em Nataniel, eu não conseguia andar bem devido a bunda dormente. Constrangedor, é eu sei. Parecia que estava cagada.

Assim que pisamos no aeroporto eu me agarrei a Nataniel, estava um gelo! Arranquei sua jaqueta e vesti, enquanto ele me olhava torto. Olhei ao redor vendo que uma chuva intensa desabava sobre a cidade colorida e movimentada, parecia que quanto mais nos aproximávamos de New Orleans mais agitadas as coisas ficavam.

– Eu estou com frio! - me expliquei.

– Eu também estou!

– Você é um vampiro. Deve sentir menos frio que eu! - ele bufou.

– Talvez. Mas ainda estou com frio. - espirrou falsamente.

– Deixa de ser fingido sua merda. - o soquei.

– Não bate sua histérica. - chutei sua canela e ele cambaleou se apoiando em mim e me arrastando pelo aeroporto acompanhando os outros passageiros.

– Vamos dormir aqui é? - olhei os bancos.

– Pelo jeito sim né. - fez uma careta olhando os bancos aparentemente duros, previ que minha bunda ficaria mais dormente ainda.

– Vamos dar uma volta, deve ter alguma lojinha aberta. Eu preciso de roupas, não tive muitas opções quando fugi de casa. - anunciei já andando pelo local.

– E explodiu. - completou enquanto esfregava os braços teatralmente, ele estava com medo de eu roubar a jaqueta velha dele.

– Vamos... vou comprar uma jaqueta pra mim.- revirei os olhos.

Ele sorriu e me acompanhou, mesmo sendo duas horas da manhã havia muitas lojas abertas e pessoas espalhadas pelo aeroporto. Eu não sabia nem em que cidade eu estava, mas gostei. Era bem animada. Klaus me traria aqui algum dia? Eu esperava que realmente me trouce-se.

– Olha só! - apontei para uma jaqueta militar bem grossa de cor verde escura - Eu quero.

Entrei na loja e peguei a jaqueta, parei no caminho e vi alguns cachecóis, meia-calça, luvas e toucas. Achei algumas mochilas bem bonitas e peguei algumas, eu não sabia se colocaria os pés aqui novamente então aproveitei. Achei alguns chaveiros e então meus olhos pararam em uma prateleira, era um medalhão muito bonito com laterais trançadas, tinha cor de ouro velho e a pedra era uma ônix. Nas bordas haviam pequenas escrituras e o medalhão apesar de ser médio era chamativo, por algum motivo eu senti que eu deveria levar aquilo. Não era o tipo de coisa que me chamava atenção, mas aquele medalhão parecia me puxar para ele.

Algo sobrenatural emanava dele, e não era de um modo ruim. Talvez a vendedora não estivesse o vendendo, parecia algo que ninguém deixaria passar despercebido.

– Oi. Está a venda? - apontei para o amuleto.

– Sim querida. - a moça sorriu simpática.

– Eu vou querer. - ela o pegou e me entregou.

Pesava o meu rim, não que eu tenho tirado ele algum dia.

– O que está escrito? - eu não reconhecia a língua, deveria ser latim.

– Primeiro, único e eterno amor. - ela sorriu - Essa é uma cidade tão mística quando New Orleans, espero que essa informação não te incomode, mas era comum que bruxas e bruxos entregassem isso para seus parceiros, tem um significado muito grande para eles. Costumam chamar de medalhão do amor. - seu sorriso aumentou de tamanho – Sei que é uma história boba, mas se seu companheiro ou companheira for um morador de lá ele vai gostar.

Fiquei surpresa demais com isso, eu realmente não esperava encontrar nada disso. Paguei pelas coisas e corri para o banheiro colocando a meia calça e depois sai para a noite fria colocando minha jaqueta nova com o cachecol e as luvas. No meio do caminho parei em uma loja lotada de pedras, dei um olhar para Nataniel e entrei na lojinha mexendo em minha bolsa, peguei a pedra e cheguei perto da atendente.

– Oi. - olhei ao redor.

– Olá, em que posso ajudar?

– Essa pedra... eu a ganhei de uma amiga. Ela me deu durante uma mudança. - mostrei a pedra em minha palma.

–Desculpe, mas eu não conheço. - ela foi sincera – Pode tentar em New Orleans, mas aqui eu tenho certeza que não irá encontrar ninguém que conheça isso.

– Muito obrigada. - sorri e sai da loja - Vai ser difícil. - comentei.

– Em New Orleans acharemos alguém. Deve ser algo feito por Ibis, dizem que são poucas as pessoas que tem acesso as pedras confeccionadas por ela.

Liguei para Niklaus avisando que demoraríamos e pedi para ele reservar um hotel, mas fui completamente ignorada por ele. Era óbvio que ele me trancaria na própria casa, onde me vigiaria. Liguei para o hotel e reservei um quarto para uma dupla. Me recostei em um banco e coloquei a cabeça no ombro de Nataniel. Céus que lugar lindo. Seria Utah? Hum... creio que não. Devemos estar longe de lá... eu deveria ser mais atenta.

Acordei sentindo aquele maldito frio na barriga e quase gritei. Abri os olhos rapidamente e vi que estava dentro do avião que já pousava, olhei para o lado e vi Nataniel dormindo tranquilamente. Não era difícil imaginar que eu havia dormido por horas, eu estava exausta e ainda não me sentia recuperada da briga com Stefan. Talvez fosse exaustão emocional, eu tive mais transtornos emocionais em 3 semanas do que em 3 anos. Essa vida de amiga de vampiros é bem agitada, será que seria melhor se eu não fosse uma duplicata?

Sai com a ajuda de Nataniel e como esperado Elijah estava nos esperando, fiz uma expressão de desagrado sabendo que eu não iria para o meu tão sonhado hotel. Será que não posso ficar livre um pouquinho desse povo problemático, não que eu não quisesse ver eles... eu queria tomar um banho, sabe? Não seria legal eu ir ate a casa do meu namorado com resquícios de Mystic Fells. Abri um sorriso para Elijah e dei um abraço apertado nele sentindo o cheiro de seu perfume de sempre.

– Hei garotão.- ele retribuiu sorrindo.

– Olá irmã. Está cansada?

Bocejei.

– Estou dormindo a quase uma semana e estou exausta. - confessei coçando meus olhos.

– Não me lembro dessa fase humana. Não está doente? - pegou minhas duas mochilas e cumprimentou Nataniel com um aceno.

– Acredito que não. Exaustão. Tive uma briga feia. - ele me olhou de canto.

– Klaus me falou que foi atacada por um vampiro. - me encarou desconfiado.

– Lidei com eles bem.- respondi orgulhosa.

– Mais de um?

– Sim. Alaric foi um anjo na minha noite, se não fosse por ele eu estaria morta.

– Cadê aquela garota que adora distribuir cabeçadas?

– Estava exausta depois de uma luta com um vampiro de 410 anos que não tinha medo de me machucar.

Elijah chamou um taxi e me olhou com uma raiva disfarçada, eu o havia desobedecido e isso o frustrou. Ele tentava, mas não sabia lidar comigo. Era claro que existia um contraste imenso entre nossas personalidades, eu era algo demais para seu pobre coração vampiro. Elijah ainda tinha um pouco de sanidade para lidar com as coisas, diferente de Niklaus que já não tinha se quer um resquício de juízo. Era difícil enlouquecer aquele híbrido.

– Dar para ir para o nosso hotel? - perguntei me sentando no meio dos dois.

– Irão ficar conosco.- anunciou.

– Não quero ser desagradável, mas a decoração de Klaus me dá arrepios. - Elijah riu.

– Apenas hoje. Depois você decide o que fazer. - bufei contrariada, eles não me deixariam decidir nada a menos que eu colocasse fogo na casa.

– Ótimo. -bocejei.

Olhei ao redor vendo o quanto New Orleans é colorida e bem amigável, o típico local em que eu moraria, desde que a casa fosse bem longe do centro da cidade que seria um local que eu visitaria casualmente. Parecia ser bem barulhenta, quase insuportável de se viver. O povo tem cara de adorar uma festa e as ruas estavam lotadas mesmo que já fosse tarde da noite. Amei.

– Hei. Pardon... moço... senhor... - falei com ele em Francês.

Onde estou? Não sei.

– Oi. Moço do taxi... - forcei o sotaque de Klaus.

– Sage o que está fazendo? - Elijah me puxou para o banco de volta.

– Se comunicar. - Nataniel ria encostado na janela.

– Elijah eu quero ir para o hotel. Me sinto desconfortável de ficar com ele na mesma casa. - reclamei.

– Mas você já ficou com ele na casa dele.

– Acho que Klaus vai fazer uma merda que não vou gostar Elijah. Estou sentindo. - esfreguei meus braços sentindo um calafrio passar pelo meu corpo quando disse o nome dele.

– Pensando assim... - riu baixo olhando para a janela.

– Mas porque ele não fala comigo? - apontei para o motorista - Bon jour. Hello? Oi? Moço? Moshi moshi? Buenos dias? Aloha?

Nataniel gargalhou e eu vi os ombros do taxista tremerem. Ele estava rindo de mim, visivelmente. Claramente. Elijah apenas me olhava com as sobrancelhas erguidas.

– Hum... Nos ainda estamos nos Estados Unidos. Ele fala inglês. -suspirei.

– Que culpa eu tenho, sou péssima em geografia. Podemos comer? Tipo... da pra ir andando daqui até lá?- me referi a mansão, uns 10 minutos de caminhada não seria nada ruim, a minha bunda ainda estava dormente.

– Sim Sage. O que quiser.

– Ok. Senhor motorista tem como nos levar a uma lanchonete. Qualquer uma. - ele sorriu e parou o carro - Hum... comida mexicana - olhei para o restaurante ao lado.

Descemos do carro pegando as malas e nem liguei para eles, são vampiros e carregam peso mesmo. Problema de quem defender. Entrei no local batendo a porta com tanta força que o vidro quase se espatifou, caminhei até o final da lanchonete e me sentei de frente para a janela vendo vultos rápidos passarem pelas ruas. Muitos humanos não os viam, mas a minha habilidade de duplicata conseguia ver as centenas de vampiros que corriam pela cidade. Fiz o meu pedido e continuei observando a rua do lado de fora vendo algumas pessoas dançarem animadas pela rua mesmo sem música alguma, parece uma cidade de loucos. E estranhamente eu sinto que me encaixei nela.

Observei a comida de aparência duvidosa e experimente um pouco e gente... gostei. Dei mais uma mordida e senti o corpo esquentar, minhas bochechas pegavam fogo assim como minha boca, me abanei. Elijah conversava com Nataniel que comia uma torta de chocolate. Era estranho ver vampiros comendo. Tossi ao sentir a garganta secar, comecei a suar. Comi mais sentindo a pinta praticamente me queimar viva, meus olhos lacrimejaram e Nataniel me olhou rindo de maneira disfarçada enquanto bebia seu milk shake.

Quando saímos do restaurante eu sentia meu corpo pegar fogo, amarrei o casaco no quadril e coloquei uma de minhas mochilas nas costas. Comecei a seguir Elijah vendo que algumas pessoas nos encaravam curiosas, Nataniel se apressou para meu lado e agarrou minha mão como se fôssemos um casal, entendi que não era para contestar. Claramente eram vampiros e sabiam que eu estava marcada e claramente não deveriam imaginar que eu era a marcada de um Mikaelson.

Eu já ia começar a reclamar quando Elijah nos guiou para um canto bem afastado da cidade, extremamente escondido dos olhos alheios. Para ele aquela distância que percorremos não parecia nada, mas para mim foi como atravessar um estado inteiro. Meus pés doíam horrores e uma caminhada de que deveria ser de 10 minutos, se tornou 40. Passamos por uma estrada de paralelepípedos cercada por árvores, era bem escura. Alguns minutos depois demos de frente para uma enorme pista circular com um jardim no meio, do lado direito estava a mansão. É claro. Deve ser roubada também, vai saber né. Melhor nem perguntar.

Elijah abriu a porta e nos deixou passar, observei que essa mansão não era muito diferente da outra. Na realidade até que era, as paredes eram brancas e o piso de madeira era bem escuro. Até que era bem agradável e não me dava arrepios, mas eu ainda odiava aquelas malditas armaduras. Por outro lado os quadros eram maravilhosos e transmitiam paz, provavelmente Niklaus os pintara e muito recentemente. Eu sentia o cheiro da tinta bem suave quase imperceptível.

– Niklaus. - Elijah chamou.

E então o loiro estava ali, parecia mais belo que nunca. Seu cabelo parecia levemente mais claro, estava bem mais longo e muito arrepiado. Ele usava uma jaqueta preta, com uma camiseta, calças e sapato da mesma cor. Suas bochechas estavam coradas e os olhos mais brilhantes do que nunca. Niklaus parecia um deus grego. E foi ai que eu soube que ele era insubstituível, meu coração simplesmente batia descontrolado em meu peito.

– Oi Nik. - sorri e ele abriu um sorriso colocando as mãos no bolso.

– Oi Sage... Que saudade meu amor.