Câmera ligada:

— Olá pessoal! — o chibi gordinho saudou. — É com muito pesar que eu, Ita-chibi Mini-Mini Roliço Uchiha Junior, lhes digo que o nosso alter ego protagonista foi dessa para a melhor! — contou seriamente, com sua poker face matinal. — Bom... Tudo aconteceu depois do Natal! Eu soube que o Sasuke-chi havia gastado toda a grana do tiozinho tolo e PÁH, o tiozinho enlouqueceu, e CABOOM! Explodiu o coitadinho do chibi tolo... — terminou suspirando entristecido, mas recuperou-se em um instante, ficando animado. — Mas não tema pessoal, a partir de agora eu, o alter ego mais sedução de todos os tempos, Ita-chibi, serei o novo protagonista da estória! — anunciou com chamas nos olhos, no entanto, teve o seu momento de glória interrompido.

— Fala sério... Não acredito que você teve a capacidade de me “matar” para os leitores, Ita-chibi! — o mais novo repreendeu o mais velho, entrando na frente da câmera. — Sasuke-kun não me matou... Ainda! — engoliu a seco. — Mas enfim, estou de castigo até completar a maioridade! — contou abatido.

— Báh... Você mereceu ter sido assassinado por minha pessoa no começo do capítulo de hoje! Mané... — mostrou língua, saiu correndo, tropeçou, saiu rolando e depois levantou, continuando a correr, saindo do quarto.

— Bem... Como vocês podem ver, o Ita-chibi está aqui em casa! O tio Itachi teve de ir a uma reunião urgente no covil da Akatsuki a respeito de um assunto importantíssimo e teve de ir às pressas e só teve tempo de largar o Ita-chibi aqui... E sumiu, sem dia certo para voltar! — contou enfadado. — E, bom... Ele está chateado comigo porque, como amanhã é a páscoa e ele está confinado aqui em casa, por eu estar de castigo, não iremos ganhar ovos de páscoa... — confessou desiludido. — Kyah! Eu preciso ir ali chorar minna... Até mais! — fez uma comovente cara de choro.

Desligou a câmera.

(...)

O pequeno alter ego, sentado sobre seu pequeno colchão dentro da caixa de sapatos, desenhava em um pedacinho de papel um coelhinho carregando um ovo de páscoa colorido:

— Coelhinho da páscoa que trazes pra mim... — os olhos marejaram e ele engoliu a seco, parando de cantar. — Ahhhhh... Eu não vou ganhar nenhum ovinho! — começou a chorar outra vez. Já era a terceira vez só naquela manhã.

— Ai, que ódio... Meu pai vai ver só quando voltar! — resmungou o gordinho que adentrara o quarto outra vez e trotando, seguiu até a caixa de sapato, deitando-se no canto da cama do mais novo. — Me acorde só no dia do juízo final, humpf! — virou para o lado e dormiu.

— T-Ta bom, I-Ita-chibi... — gaguejou engolindo o choro. — Snif... Snif... — limpou as lágrimas dos olhinhos e sugou o catarro de volta para dentro do nariz.

De repente, o maior surgiu na porta do quarto e caminhou até sua cama, apanhando a katana jogada sobre o colchão:

— Sasuke-chi... O time Taka foi convocado pela Akatsuki para auxiliar numa missão, portanto, provavelmente só nos veremos daqui alguns dias! — avisou andando até perto da caixa de sapato.

— Mas Sasuke-kun, você não pode me deixar aqui sozinho com Ita-chibi... Mesmo que você não me dê ovinhos de chocolate, ao menos eu queria passar o domingo em família! — choramingou soluçando.

— Eles irão pagar bem! Se você não se lembra, um “certo” monstrinho acabou com as nossas reservas monetárias que eu havia guardado para podermos tirar algumas férias, mas agora, tenho de voltar a fazer missões para recuperar o dinheiro... E NADA DE FÉRIAS! — completou berrando, irritado. — Não ponha fogo nas coisas! Não deixe a rolha de poço devorar nossa casa! E lembre-se, você está de castigo, portanto, você está PROIBIDO de sair de casa! — ressaltou exasperado e deu de costas para o chibi. — Até mais! — saiu trotando do quarto.

— Sasuke-kuuun! — gritou estendendo a mãozinha na direção da porta. — Ahhh... Eu deixei o Sasuke-kun muito bravo, ele não me ama mais! Eu lutei tanto pra isso e acabei estragando tudo... — começou a chorar outra vez, escandalosamente.

Como o chibi deitado ao lado dormia igual a uma pedra, nem que um raio caísse sobre a casa o acordaria. Nisso, após alguns minutos, o mais novo parou de chorar e deprimido, levantou-se da caminha dentro da caixa de sapatos, deixou o quarto e foi até a porta da sala, abrindo-a.

— Eu não posso sair de casa, é... — murmurou entristecido, abriu a porta e sentou-se à soleira da mesma, pondo-se a observar do alpendre a imensa floresta que o cercava. — Bom, meus pés estão sobre o assoalho do alpendre, então tecnicamente não estou fora de casa... — concluiu deixando escapar um suspiro. — Oh Deus... Eu não fiz por maldade! Eu só queria me divertir com todos naquele natal... — lamentou apoiando a cabeça sobre as mãos que estavam amparadas pelos joelhos e suspirou outra vez.

Quase meia hora se passou e o pequeno que ainda permanecia na mesma posição, sentado à soleira da porta, resolveu voltar para dentro de casa, no entanto, assim que se pôs de pé, avistou alguém caminhando por ali próximo de sua residência:

— Quem será? — indagou-se murmurativo e curioso, resolveu caminhar até o final do alpendre para observar mais de perto.

— Olha só, nos encontramos de novo fofinho! — a garota de cabelos róseos que carregava algumas sacolas comentou, cessando seus passos em frente à casa do menor.

— Olá mãe da Sakura-chi! — ele reconheceu e sorriu. — Está na casa da sua tia outra vez? — supôs educadamente.

— É... Estou voltando das compras! — retribuiu o sorriso, se agachou e aproximou-se do alter ego. — Nossa, os seus olhinhos estão vermelhos... Está tudo bem? — indagou preocupada.

— B-Bom, eu... É... Eu, é... Sabe, hum... — tentava inventar um motivo plausível. — Ah, você quer saber... Não vou mentir! Eu estou de castigo até a minha formatura e meu pai me deixou sozinho com o meu primo e ele não vai voltar tão cedo! — desabafou voltando a chorar, abatido.

— Não acredito nisso... — perplexa, a rosada deixou as sacolas sobre o chão e acariciou os cabelos do pequeno. — O pai dele deve ser um monstro! Como pôde deixá-lo sozinho assim? Ainda mais que amanhã é páscoa... — pensou incrédula. — Olha só fofinho, que tal ir comigo para a casa da minha tia, hein? — sugeriu com a voz suave.

— M-Mas eu to de castigo e se desobedecer ao meu pai, eu serei um chibi morto! — ressaltou soluçando.

— Claro que não! Faremos assim... Na segunda-feira eu te trago de volta e se ele não tiver chegado ainda, você finge que nada aconteceu, mas se ele já estiver aqui, eu defendo você... Que tal? — propôs amigavelmente.

— V-Você faria isso por mim? — indagou armando um beicinho nos lábios.

— Sim, fofinho... Vamos, lá está cheio de crianças para você brincar e muitos ovos de páscoa! — argumentou pondo-se de pé.

— Kyah! — sorriu sentindo a euforia. — Mas espera... Eu não posso deixar o Ita-chibi sozinho! — desfez a carinha de felicidade e mostrou-se preocupado.

— Ah, o seu priminho? Vá lá chamá-lo também, só que ele tem que prometer que irá colaborar com o nosso plano, certo?! — sentenciou firmemente.

— Nhá, se vai ter ovos de páscoa então ele irá com certeza colaborar com a gente! — sorriu outra vez e saiu correndo, adentrando a casa.

O pequeno alter ego logo adentrou o quarto e seguiu até a caixa de sapato, pulando sobre o gordinho que não acordou:

— Ita-chibi... Acorda! — começou a chacoalhar o mais velho. — Anda, vamos... — começou estapear-lhe o rosto. E nada dele acordar. — Ita-chibi, fomos convidados para ir à casa da tia da mãe da Sakura-chi... Acorde, senão vou te deixar para trás... — e mais uma vez, o chibi roliço continuou dormindo igual a uma pedra. — Vai ter ovos de páscoa... — tentando pela ultima vez, antes que terminasse a frase, o pequeno foi abruptamente arremessado de cima do mais velho que saiu feito um foguete da caixa de sapato.

— Pronto! Já fiz as minhas malas! — o gordinho de malas prontas anunciou com chamas nos olhos.

— É... Quando eu acho que você não pode ser mais guloso, você me surpreende! — pronunciou admirado.

— Cale a boca e pegue suas coisas logo... Alter ego tolo do tiozinho tolo! Os chocolates me aguardam e EU NÃO QUERO DEIXÁ-LOS ESPERANDO DEMAIS! — ordenou determinado.

— Ai, ai... — pegou uma pequena trouxinha e colocou algumas mudas de roupas, e fechou. — Pronto, vamos! — começou a caminhar em direção a porta, mas logo o mais velho apanhou-lhe a mão e saiu correndo em alta velocidade, deixando a casa em poucos segundos.

Assim que os dois chegaram até a rosada, ela agachou-se outra vez, colocou um dos alter egos sentados sobre um ombro, e o outro sentado sobre o outro ombro e apanhou as sacolas ao chão:

— Vamos, meninos! — a garota começou a caminhar pela mata.

— YAY! — os dois gritaram em uníssono.

Quase trinta minutos depois, o rapaz retornou para casa com algumas sacolas em mãos:

Droga... O que está acontecendo comigo? Eu não dou a mínima para a páscoa e aquele monstrinho bem que merecia todo esse castigo, mas... — olhou para os ovos de páscoas dentro das sacolas que carregava. — Não posso deixá-lo passar em branco, de certa forma ele ainda é uma criança... — adentrou a casa e notou que estava muito silencioso, correu até o quarto e nada encontrou. — Não acredito... Será que os dois fugiram? — questionou-se chocado e saiu da casa. — Esse cheiro... Já o senti antes, não me lembro de onde, mas... Será que alguém os sequestrou? — inquiriu-se preocupado e passou a correr, seguindo o rastro daquele cheiro e as pegadas deixadas sobre os falhos da grama.

(...)

Logo eles chegaram ao vilarejo onde a tal tia da Sakura morava e como ela dissera, dentro da casa estava cheio de crianças e muitos, muitos ovos de páscoas, além de outros vários tipos de chocolates:

— Eu cheguei ao paraíso... — o chibi roliço comentou com os olhos brilhantes e água na boca. E boquiaberto, desceu rapidamente do ombro da rosada, correndo na direção das cestas de páscoa.

— Ita-chibi, seja mais educado na casa dos outros! — o mais novo ralhou, mas o outro apenas o ignorou. — Ai, ai... Peço desculpas pelos péssimos modos do meu primo... — foi interrompido.

— Fique tranquilo! Eu sei que você também está louco para correr e brincar com todos, afinal, você ainda é uma criança certo? Então aja como uma... Fofinho! — ela argumentou simpática e colocou o pequeno no chão. — Divirta-se! — sorriu e deu meia, indo para a cozinha levar as compras.

— E-Ela, ela é tão maravilhosa... Eu tenho inveja da Sakura-chi! — murmurou estupefato.

— Sasuke-chi? — a pequena alter ego de cabelos rosados pronunciou o nome do outro, surgindo por detrás dele.

— Sakura-chi? — virou-se para trás, pondo-se de frente para ela e esboçou um grande sorriso.

— Venha, vamos brincar... — ela pegou a mão dele e passou a puxá-lo, rumo às outras crianças.

— Uhum... — concordou, acompanhando-a.

Logo o pequeno moreno se enturmou com todos os chibis e ficou por ali, brincando com todos.

Quase vinte minutos se passaram e enquanto os alter egos brincavam e comiam chocolate, a rosada e a tia estavam na cozinha, preparando o almoço, quando de repente a campainha tocou:

— Sakura-chan... Atenda a porta para mim? — a mulher lhe pediu carinhosamente.

— Sim! — ela sorriu, retirou o avental que usava, deixando-o sobre a escora de uma cadeira e correu até a porta para atender. Rapidamente ela levou a mão à maçaneta e abriu a porta:

— O-Olá... — o moreno de olhos negros lhe cumprimentou, pasmo.

Os olhos verdes arregalaram-se espantados e os lábios rosados secaram. Estática, a garota nem sequer piscava:

— S-Sasuke... Kun? — finalmente ela conseguiu pronunciar o nome dele.

Continua...