Eu odeio surpresas!

Capítulo Final-Eu amo...Surpresas?


Passei perto da bandeja e furtei um biscoito, tenho que dizer que estava razoavelmente saboroso. Depois de mastiga-lo e engoli-lo, voltei minha atenção para os de mais:

–Então, podem se retirar agora, ou se preferirem, depois de terminar de comer. –Minha voz soou mais doce do que deveria e era nítido que Nicole havia me balançado um pouco (ou melhor, muito). De garoto furioso e impaciente para rapaz calmo e confuso.

–Senta aqui, Liam. – Chamou Noel. Tentei entender ou pelo menos encontrar um pingo de deboche em sua voz, sem sucesso. Mas, não me sentei, nem tive qualquer reação.

Suspirei de forma tão descompassada que nem pareceu um suspiro.

–Então, vai ter festinha ou não? –Perguntou Jack (apelido de John), filho do Depp.

–Não sei querido. –Respondeu Amber. –Pergunta para o titio Liam.

Arregalei os olhos. Titio? Agora já havia sido de mais. Abri a boca furiosamente para berrar algum xingamento e expulsar cada um deles, porém, antes de fazê-lo o filho de Noel, Sonny veio até mim. Ele esticou os braços como se estivesse me dando aquela caixa embrulhada em alguma coisa verde.

–Para você, Will. –Seu sorriso era perturbadoramente idêntico ao de Noel quando ele era pequeno.

–Will? –Indaguei como retorno. –Tudo, menos Will. –Cuspi essas palavras com rancor de “Will”, sempre detestei a possibilidade de me chamarem assim.

–Desculpa. –Ele pediu abaixando um pouco a cabeça.

Revirei os olhos e puxei a caixa com força das mãos dele. Em seguida, joguei o objeto de qualquer forma na mesa de canto com um sorriso irônico na boca.

–Mais alguma coisa? –Fitei os outros.

Os biscoitos já haviam sido devorados arduamente por cada um daqueles “convidados” que não foram convidados e cada copo de leite se encontrava vazio. Paul se levantou e me empurrou levemente em direção ao sofá, sussurrando:

–Sente-se ai.

Tentei me virar para trás, mas, uma mão me puxou obrigando-me a sentar-me no sofá. Paul fez um sinal com a mão e eles começaram a cantar uma espécie de “Parabéns para você”. Eu me encontrava no centro do sofá, fazendo-me capaz de ouvir um pouco do timbre de cada um dos presentes. O pior? Noel estava do meu lado, e Nicole também. O guitarrista e compositor parou de bater palmas e pôs uma de suas mãos no meu ombro, repudiei a atitude e rapidamente me soltei, fazendo o torcer suavemente o nariz e depois ignorar, voltando a bater palmas.

Eu não sabia se deveria me irritar mais com aquilo, ou se deveria fazer um “abraço coletivo” para deixa-los satisfeitos e poder dormir finalmente. Não fiz nenhum dos dois afinal. Quando eles terminaram de cantar e os fitei, só consegui dizer:

–Isso é ridículo.

–Também te amamos Liam. –Respondeu Nicole, entendendo exatamente o que eu quis dizer.

X-Y-X

O dia foi bem, a noite foi melhor ainda. Algumas risadas, abraços e uma boa conversação. As crianças menores acabaram caindo no sono antes da “mini apresentação” que Noel foi praticamente forçado a fazer com uma música improvisada para Liam. Não fez tanta diferença, entretanto.

Quando todos foram embora (com direito a beijinho de despedida entre Nicole e Liam e aperto de mão entre os irmãos Gallagher), Liam se viu finalmente sozinho. Claro que a louça já estava lavada – eles não poderiam ir sem lava-la. Do bolo de morango muito bem feito só restara uma fatia, para o dia seguinte.

Incrivelmente e até contra gosto, o vocalista bad boy estava extremamente satisfeito e feliz. Era uma alegria verdadeira, como se ele tivesse finalmente encontrado sua família, que nem estava tão distante assim.

O presente de Sonny se encontrava ainda na mesa de canto e Liam, que agora repousava brevemente no sofá o fitou curioso. O que seria?

Após alguns suspiros de deleite, ele se levantou e recolheu a caixa. Era razoavelmente pesada e medianamente pequena. Balançou-a, mas não conseguiu adivinhar o que era aquilo. Cansado do mistério, rasgou com brutalidade o papel verde que lhe servia como embrulho e abriu a tal caixa. Um baque.

Dentro da mesma não havia nada mais do que uns álbuns de foto, discos velhos e lançamentos da Oasis e uma carta escrita numa caligrafia ruim, ou melhor, péssima. Tudo parecia velho demais.

Liam folheou o álbum, viu fotos de sua mãe, de si e seus irmãos. Lembrou com apreço de alguns momentos e seu sorriso ficou ainda mais nítido. Colocou alguns discos para tocar. Versão original de Wonderwall, Live Forever, Rock and Roll Star, etc. Havia também um disco dos Beatles. E por fim leu a carta:

2009

Queria escrever que “Hoje nos fizemos um show incrível em Paris”, mas isso não aconteceu.

Estou realmente chateado e não sei como escrever o que sinto aqui, penso em fazer uma música, mais tarde.

Briguei de novo com meu irmão menor, Liam, e dessa vez ele passou dos limites. O motivo? Não importa. O que importa é que ele simplesmente jogou ameixas e uma guitarra em mim. Doeu muito, não só fisicamente.

A ameixa sujou levemente minha camiseta. A guitarra (que, aliás, foi a que o Paul me deu de aniversário) machucou minhas costas consideravelmente. O que mais doeu foram as palavras desferidas contra mim durante o ato. Estou acostumado a xingá-lo e ser xingado, porém nunca vi tanto ódio em seus olhos, se ele estava disfarçando, hoje fez bem demais. Magoou-me.

Nada disso que escrevo tem sentido, estou escrevendo para quem? Espero que um dia Liam possa ler isso.

William, se você está com isso nas mãos, preste atenção.

Eu te amo.

Noel Gallagher”.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.