Eu não sou seu uke!

Eu não sou atleta!


Era dia de educação física.

O dia mais odiado de todos os tempos.

O dia em que Kyungsoo apenas queria ter morrido durante a noite, para não ser obrigado a levantar da cama, só para correr e pela quadra feito um tonto e sair de lá todo vermelho das boladas e suado como um animal. Ele realmente, gostaria de entender, a finalidade de se colocar um ser humano com dois pés esquerdos e o pulmão do tamanho de uma noz para correr de lá para cá.

É claro que já havia tentado um atestado, mas todo médico dizia que era só sedentarismo e que ele devia se exercitar. Então por que por Buda e todas as suas encarnações, sempre que dava só uma trotada parecia que todos os seus órgãos iam sair pela boca? Não que fosse muito reclamão. Imagina! Era apenas os fatos comprovados, pelos seus ofegos desordenados, ao tentar correr até o portão da escola para não chegar atrasado.

— Kyungsoo-ah! – No momento em que ouviu a voz de Kris, Kyungsoo girou a cabeça num ângulo quase absurdo. Eu podia jurar que esse guri tinha torcido o pescoço, mas ele apenas apertou o passo e correu como nunca tinha corrido em toda a sua vida.

Deus! Estava sendo perseguido por um maníaco sexual!

Pelo menos era isso que pensava, depois da declaração ao pé do ouvido, que aquele gigante tinha feito durante a aula. Kyungsoo sentiu um monte de arrepios e seu coração disparou na hora. Com certeza esses sintomas eram todos de medo e desespero, nada além disso. Huh.

“Eu não sou gay”

Kyungsoo chegou no pátio da escola botando os bofes pela fora, no último segundo Kris também entrou, parecendo nem ter suado naquela corridinha. Olhou para o gigante de maneira mortal, tentando entender como ele conseguia ser elegante e sensual enquanto Kyungsoo sentia que ia desmaiar ali no chão mesmo.

— Está pronto para a aula de educação física hoje Kyungsoo-ah? – O chinês sorriu e Kyungsoo apenas resmungou desgostoso com o comentário e ignorou o rapaz indo em direção ao prédio onde era sua sala.

Kris estava louquinho para ver o crush com roupas de educação física. Kyungsoo de shorts e camiseta devia ser tão fofinho. O grandão suspirou apaixonado enquanto se trocava rodeado pelos colegas. Eles olhavam para os músculos no aluno mais velho da classe, como se ele fosse algum lutador de MMA, e aqueles que temiam ser seus adversários na quadra já se borravam de medo.

Mas, ele estava super alheio a tudo isso. Estava mais interessado em onde estava seu baixinho. Ele deveria se trocar também, não é? Kris ficou chateado por ter perdido a chance de ver ele sem camisa. Hum. Mas na verdade era melhor assim – pensou. Desse jeito ninguém mais veria o corpo do seu Kyungsoo-ah. Existiriam outras oportunidades para que pudesse ver aquele corpinho lindo.

Quando saiu do vestiário, procurou seu bebe por todo os lados. Ele estava na arquibancada vestido com o uniforme de inverno da educação física. E não parecia disposto a trocar. Kris fez um bico, mas tentou não se chatear e foi trotando até o crush, para ver se tirava uma casquinha.

— Kyungsoo-ah, vamos ser do mesmo time? – Disse com um sorriso animado enquanto se sentava ao lado do baixinho que se encolheu com a aproximação. Ele era tão tímido e fofo! Kris queria apertar as bochechas dele e beijar aquele biquinho.

— Eu não queria nem ter saído da cama hoje, que dirá correr para lá e para cá que nem um pateta. – Kyungsoo bufou e cruzou os braços com a feição emburrada. – Eu daria tudo para estar bem quentinho em baixo dos meus cobertores.

Kris coçou o queixo e deu de ombros pensativo.

— Se eu não faço algum exercício, acabo ficando muito nervoso. A educação física me ajuda a desestressar e a esquecer um pouco os meus problemas. – Kyungsoo encarou o rosto de Kris e se perguntou que tipo de problemas alguém como ele devia ter. Ficou assim por um tempo até que ele não aguentou e virou o rosto corado para Kyungsoo.

— Se continuar a me olhar assim eu vou te beijar Kyungsoo-ah. – O baixinho virou a cara na hora extremamente corado e tentou não ligar para a risada de Kris. – Aigoo, você vai me deixar louco pequeno. – O mais velho beijou os cabelos de Kyungsoo que se encolheu todo e observou-o correr até a quadra e se alongar com os outros.

— Do Kyungsoo! – O professor de educação física apareceu na quadra e gritou o nome do garoto, que começou a tremer igual vara verde, já esperando o pior. – Na quadra agora! – Apontou – Ok pessoal, hoje vamos começar com a queimada.

“Eu estou morto”

Kyungsoo estranhou, no momento em que entrou na quadra e não recebeu nenhuma bolada na cara. Ele via elas claramente traçando a rota em direção a sua cabeça e magicamente – bum – não estava mais lá.

Olhou os adversários, ofegantes e caindo pouco a pouco. Enquanto trabalhava para ser invisível na quadra, só percebeu Kris desviando as bolas que vinham em sua direção quando restava apenas os dois e um garoto adversário.

O menino do outro time parecia empenhado em atirar em Kyungsoo, que corria a quadra toda como uma barata tonta. Kris sempre pegava a bola e jogava para o outro lado com uma força inumana. A bola de borracha batia na parede em um estalido aterrorizante, que fazia Kyungsoo temer aquele diablo vermelho e se encolher quando ela retornava, mas Kris se jogava na frente e pegava-a com maestria.

Ele parecia um profissional – se por acaso existisse liga profissional de queimada – se esticando e movendo os músculos chamando a atenção de Kyungsoo para seus movimentos que mais pareciam aqueles comerciais de roupa masculina. Os modelos encarando a câmera com aquele olhar sexy de molhar calcinhas. E no caso era Kris quem encarava Kyungsoo, que já recomeçava a sentir aquelas coisas estranhas.

“Ele é realmente bonito”

Kyungsoo se viu encarando uma gota de suor que vinha escorrendo, dez de a raiz do cabelo negro, pela nuca e trilhando um caminho desconhecido através costa suada marcada pela camiseta do seu colega de time.

“Ele tem uma bunda legal”

Ok, Kyungsoo pode parar por aqui – Ralhou consigo mesmo e balançou a cabeça tentando espantar aqueles pensamentos perturbadores. Se estivesse prestando atenção teria percebido, a bola diabólica do adversário vi na direção exata da sua cabeça, Kris havia sido um pouco lento demais para alcança-la.

— Kyungsoo-ah! – Kris gritou quando viu o colega cai na quadra como um saco de batatas e bater a cabeça no chão duro. Saiu correndo até Kyungsoo e o pegou no colo berrando ao professor que o levaria até a enfermaria. O baixinho estava em uma espécie de semiconsciência, e apesar de Kris estar suado e fedido, ele não pode deixar de achar aqueles braços aconchegantes.