Eu me chamo Peter, Peter Pan

Travessura escondida no sorriso


Havia um novo grupo de teatro na região, e Wendy, como não podia deixar de ser, fez questão de ir conhecer. Claro que não foi tão fácil convencer o senhor Darling a bancar aquele passeio, mas após os apelos da filha e da esposa, um xile ou outro foi depositado na caixinha de entrada, e os três puderam apreciar o espetáculo.

Havia um ator, que realizava as mais diversas acrobacias nos palcos, e gargalhava como se fosse uma tarde de verão com amigos do peito e não um palco.

Aqueles cabelos loucos e bagunçados e os grandes olhos verdes davam a Wendy a impressão de já o ter conhecido. No final, quando o ator se aproximou, Wendy pareceu reconhecer de imediato aquele sorriso, como quem esconde uma travessura no canto dos lábios, assim como a Sra. Darling escondia um beijo.

— Gostou da apresentação, madame? — quis saber o rapaz, tomando a mão da moça, coberta por luvas de cetim.

— Ah, estava maravilhosa! — elogiou Wendy. As mãos daquele estranho a deixavam com a sensação de estar voando e voando, bem alto, entre as estrelas.

— Será que eu teria a oportunidade de vê-la amanhã? — sugeriu o rapaz esperançoso, com aquele sorriso diabólico no rosto e no olhar.

— Não sei... - Wendy era moça de família, já em idade de casamento. Agora mesmo, se prestassem atenção nos dois ali, ainda de mãos dadas, o que seria de sua reputação? — Você pode me visitar. Moro em Londres, rua 4. Mas saiba desde já que sou moça de família! Tenho dois irmãos e um cachorro muito bravo, prontos para defender minha honra.

O garoto riu, passando as mãos nos cabelos, fazendo com que Wendy suspirasse.

— Pois bem, estou avisado. Eu me chamo Peter, aliás, Peter Pan.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.