Eu Quero Amar

Capítulo 7 - Terminando o caso


Acordei e não reconheci o local, depois de piscar algumas vezes, Ikuto entrou no quarto.
– Acordou? – ele perguntou com uma bandeja na mão a cauda balançando.
– Não, imagina, estou dormindo ainda, não tá vendo? – respondi e sorri – Sim, acordei. O que tens aí nessa bandeja?
– Panquecas e café. – ele falou colocando a bandeja na cama.
– Adoro! – falei feliz – Escuta... Obrigada por ontem, mas... Como foi que eu caí no sono tão rápido?
– Nosso elo entre deusa e servo, sou alguém que precisa te ajudar, no seu caso, era o medo te causando insônia, então, usei meus poderes de servo e fiz você cair em um sono. – ele respondeu me dando a comida na boca.
– Entendo... – falei após engolir – Não precisa me dar comida na boca, parece que eu sou uma doente ou uma inútil.
– Certo... Vou pegar umas roupas para você então. – ele saiu do quarto e eu suspirei.
– Um dia eu vou perder a noção do juízo e vou ordenar ele a transar comigo, credo! – comentei comigo mesma e terminei de comer.
– Aqui estão suas roupas. – ele me entregou – Não entendo sobre moda, então peguei o que imaginei que ficaria bom e você.
– Certo, agradeço. – respondi pegando a roupa e já me trocando.
– Você não se importa de eu estar aqui? – ele perguntou
– Você já me viu nua, não tenho razões para estar envergonhada. – terminei de me trocar – Vamos?
– Vamos. – ele concordou repetindo.
Usamos o portal para ir para o hospital dele e logo encontramos Mamoru.
– Bom dia. – ele disse.
– Bom dia, Mamoru. – olhei para Ikuto – Eu vou indo, até mais tarde. – ele leu meu olhar.
– Certo, até mais tarde e não se preocupe, já entendi o recado. – ele me deu beijo na testa e foi com Mamoru.
– Isso me faz lembrar que na próxima reunião eu tenho que dar um castigo a Kukai... – comentei comigo mesma – Apesar de a culpa não ser dele, mas de certa forma é... Bem, no mínimo eu vou fazer ele passar mico. – ri com meu próprio comentário – Vamos deixar isso para o dia.
Quando cheguei no hospital, Homura estava saindo de seu turno.
– Tenha um bom turno. – ela disse.
– Tenha um bom descanso. – eu respondi e ela concordou com a cabeça indo embora.
A manhã foi bem movimentada, quando Usagi abriu a porta eu agradeci aos Deuses por finalmente ter acabado aquilo. Mas... de certa forma eu estava agradecendo a mim mesma, não? Bah! Eu odeio meu “emprego”, tenho que trabalhar em dobro!
– Usagi, por que você não conversa com a Ami para quem sabe se entender com ela? – perguntei.
– Ela é muito amiga do Mamoru, deve estar querendo meu noivo, não posso ser amiga dela. – ela respondeu.
– E vai que ela queria outra coisa... – dei a opção.
– O que quer dizer? – Usagi agarrou o pedaço de esperança.
– Ela podia querer estar querendo tirar alguma dúvida... Afinal, Mamoru é realmente dedicado a seu emprego. Ou então, ela está apaixonada por outra pessoa e... não sabe como se declarar, ela é bem amiga dele.
– Você quer fazer minha mente, é? – ela perguntou indignada.
– O que você considera certo para você? O que você considera errado? Que caminho seguir? Humanos são movidos a desejos, mas qual é seu desejo? Se agarrar a um pequeno pedaço de esperança e ir conversar com ela para quem sabe resolver isso ou... perder o seu precioso noivado? – fiz meu discursso com muita calma, olhando nos olhos dela e no final sorri para cortar o clima
– Amu... Eu, eu não sei... É muito confuso, não sei o que fazer.
– Reflita, as vezes temos de perdoar e seguir em frente para não perdermos aquilo que nos é importante.
– Certo... Obrigada. – ela disse pensativa e parou de andar.
– Ei, ei! Parou por que? Estou com fome! Se quer refletir, reflita enquanto come! – puxei ela pelo braço para dentro do restaurante do dia anterior.
Comemos em silêncio, deixei a loirinha pensar e quando pagamos a conta ela me olhou nos olhos.
– Temos até as quatro da tarde, dá pra ir até o hospital que Mamoru trabalha, né? – ela perguntou.
– Sim, vamos lá. – sorri de orelha a orelha e ela se limitou a um pequeno sorriso que não mostrava os dentes.
Agradeci mentalmente a nenhum ser em específico, mas agradeci pelo outro hospital ser perto do que eu trabalhava. Logo chegamos e Madoka nos atendeu.
– Amu, Usagi, qual o problema? – Madoka perguntou.
– Não se preocupe, estamos em hora de folga, mas me diga, Ami Mizuno está livre? – respondi e logo perguntei.
– Ami? Ah, sim! Ela está em pausa para almoço, ela acabou de sair, ela sempre vai no restaurante que tem duas quadras a direita desse hospital. – ela disse orientando e apontando com a mão para a direita.
– Muito obrigada, Madoka. – Usagi respondeu.
– De nada. – então chegou uma paciente e ela foi atendê-lo e nós saimos dali.
Andamos as duas quadras e demos de cara com o restaurante e vimos Ami em uma mesa fora do restaurante, ela estava comendo e estava em outro mundo. Nos aproximamos e eu me manifestei pigarreando e ela “voltou para a Terra” e nos olhou com um olhar de decepcionada.
– Desculpa, não ser seu príncipe da química, mas Usagi gostaria de conversar com você, poderia ceder alguns minutos de sua pausa para o almoço para essa conversa? – perguntei
– P-Pode... – ela pareceu supresa – Sentem-se, mas... Me desculpe, qual seu nome? – ela perguntou se referindo a mim.
– Sou Amu Hinamori, pelo visto, nunca nos encontramos... Bem, preferem conversar a sós ou eu posso ficar aqui escutando como uma entrusa? – respondi e perguntei.
– Pode ficar, Amu. Não sei a razão, mas você me parece ser de confiança. – Usagi disse.
– Obrigada. – me juntei a elas e Ami se manifestou.
– Então, o que gostaria de conversar comigo? Que eu saiba você tem um certo ódio por mim...
– Bem... É sobre isso mesmo, acho que fui um pouco precipitada, quero que me conte sua versão, afinal, eu só sei a minha. – ela sorriu.
– Eu sou bem próxima do seu noivo, o Mamoru e ele sempre falou tão bem de você, imaginei que ele poderia me ajudar... – ela não conseguia falar de vergonha.
– Continue, não iremos rir de você, estamos aqui para apenas ouvir sua versão e quem saber abrir portas para uma nova amizade. – falei de forma carinhosa pegando sua mão e Usagi de repente pegou a outra.
– Sim, por favor, continue. – Usagi falou de um jeito carinhoso, mas com certo desespero em sua voz e Ami só concordou desconfortável.
– Eu imaginei que Mamoru poderia me ajudar a me declarar para um professor de química, mas seu noivo, – ela olhou para Usagi – ele disse que era melhor eu pedir para você, mas estavamos em um restaurante e pelo visto você entendeu tudo errado e não pude pedir ajuda... – olhei para Ami que estava vermelha de constrangimento por contar isso e depois para Usagi que estava chorando como uma idiota.
– U-Usagi, por que está chorando? – perguntei limpando com um pano as lágrimas que molhavam seu rosto.
– É que, é que... Eu sou tão idiota, ciumenta e infantil que retorci as coisas e não queria de jeito nenhum querer entender a verdade. – ela tentava conter o soluço – Viu? Eu sou tão idiota, infantil e ciumenta que estou chorando.
– N-Não tem problema, Usagi! Mas eu gostaria que você me ajudasse em questão a me declarar para ele... – ela disse receosa.
– Claro, vou ajudar sim! Me diga tudo. – sorri feliz com a resposta de Usagi, as coisas estavam dando certo.
– O nome dele é Taiki Kou, ele é professor de química, é um grande amigo meu desde que ajudei ele uma vez que encontrei ele nesse restaurante. – ela explicou.
– No que você ajudou ele? – Usagi perguntou curiosa
– Com uma aula simples de química, sou apaixonada por essa matéria, mas meus pais queriam de qualquer jeito que eu fosse médica... – ela suspirou – Depois que nossa amizade cresceu, eu comecei a sentir um sentimento diferente por ele... Eu quero saber como eu posso me declarar para ele! - ela quase gritou, mas acho que lembrou que estava em um lugar público.
– Você é bem tímida, certo? – perguntei e Ami concordou com a cabeça – Coloque suas palavras no papel e quando ele terminar de ler, se quiser, beije-o. – ela me olhou incrédula com a última parte
– A última parte, bem, eu vou tentar, mas escrever um bilhete, ao invés de falar, pode ser. – Ami disse.
– Então, está decidido. Eu tenho um bloco de notas, aqui, quer escrever agora? – Usagi perguntou e a azulada concordou e a loira pegou o bloco entregando a Ami.
Ami pegou uma caneta em sua bolsa e começou a escrever, ela demorou pelo menos cinco minutos e quando terminou nos mostrou.
“Taiki, você é um grande amigo a muito tempo, não sei como te dizer isso...
Mas eu te amo mais que um amigo, espero que você correponda a meus sentimentos, mas caso não espero continuarmos amigos.”
Era o que estava escrito.
– Está bom, peça a Madoka para sair mais cedo, se você explicar o motivo ela deixará com certeza. – eu disse – Vai dar tudo certo, não se preocupe. – falei acalmando ela qe parecia que ia desmaiar a qualquer momento de nervosismo e ela concordou com a cabeça.
Nos despedimos dela e fomos para algum outro lugar, enquanto Ami ia para o seu trabalho novamente, quando sentamos nos bancos da praça, a loira ao meu lado suspirou.
– Você consegue ajudar bastante as pessoas com problemas amorosos. – ela comentou.
– Sim, é um bom passatempo. Mais tarde, não esqueça de pedir desculpas para o seu noivo, certo?
– Claro. – ela respondeu bem feliz.

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Bati o cartão e fui correndo para o outro hospital atrás da Usagi, aquela garota sabe correr!! Quando cheguei no hospital, Ikuto me olhou e sorriu.
– Parabéns, você cumpriu seu primeiro caso. – ele me ofereceu uma garrafa de água que eu tomei metade em alguns segundos.
– O-Obrigada... – suspirei – Usagi e Mamoru já se foram, né? – ele concordou com a cabeça – Eles já se resolveram, eu posso sentir. Ami e Taiki estão agora jantando em casa, pelo visto eles tem planos particulares para essa noite. – sorri – Brume, les mémoires à changement comme je le souhaite. – desejei que a névoa tirasse a mim e a Ikuto das memórias deles, acho que deu certo e fomos para casa.
– Estou cansada... Depois do banho eu vou para a cozinha te ajudar com a comida, ok?
– Vai lá, então. – Ikuto disse indo para a cozinha e eu fui tomar banho.
Depois do meu banho, comi em silêncio o jantar que Ikuto fez muito rápido e eu fui para meu quarto, abri meu armário que eu nem tinha colocado as roupas ainda.
– Droga! Isso tá cheio de pó! – andei pela casa a procura de produtos e quando voltei para o quarto e comecei a limpar.
Quando terminei eu empurrei o armário para o lado, a casa era bem antiga, quem sabe não tinha alguma passagem secreta? O pior é que eu estava certa... Tinha uma porta dourada atrás daquele armário.
– Ikuto!!!! – gritei o mais alto possível para ele vir logo e ele logo apareceu na porta.
– Qual o seu problema... – ele nem terminou de reclamar e se interessou na porta – O que é isso?
– É o que eu quero saber, mas bem... Eu tenho receio de abrir a porta, abra, por favor. – falei.
– Medrosa! A carne humana é muito fraca. – ele reclamou e abriu a porta o que inesperadamente abriu para uma sala enorme! Aquilo era uma biblioteca que parecia ter sido construída recentemente, resolvi entrar e Ikuto me seguiu interessado naquilo.
– Mas o que raios... é isso...? – perguntei a mim mesma.
– Amu. – Ikuto me chamou e coloquei meu olhar sobre ele – Cada prateleira tem um nome escrito ao lado, na divisão da escrita, notou? – olhei para um nome qualquer escrito e li
“Tsukasa Amakawa – 100.000° deus do Amor”
– Mas esse é o último deus... Aquele que me passou esse fardo de Deus, eu imaginava que tivesse existido mais deuses... – falei.
– Vocês podem ficar o tempo que quiserem com esse fardo nas costas, mas precisam ficar no mínimo um século, então é provável que muitos tenham gostado de ser Deus e tenham ficado por mais de um século. – Ikuto explicou.
– Isso quer dizer que eu tenho uma prateleira para mim mesma, certo? – perguntei e olhei ao meu redor e notei outra porta – Você tá zoando com a minha cara? Se duvidar isso vira um labirinto! – reclamei.
– Errada, as portas dessa sala estão em uma linha reta, é provável que as das outras salas sejam assim... uma linha reta infinita para todo o sempre... – ele respondeu pensativo.
– Eu posso descobrir bastante coisa aqui, então, mas deve ser uma boa caminhada. Essas salas devem ser mantidas por algum poder mágico, provavelmente o do Deus que tem essa sala, então... Isso quer dizer que a marca em minha nuca não é só o centro do meu poder, ele é usado para demonstrar que o Deus está vivo, mantendo esse lugar ativo. – falei.
– Interessante. – Ikuto se limitou a isso – Vai ser algo complicado, podemos cuidar disso em outra hora? Eu quero dormir e temos uma reunião daqui dois dias, lembre-se desse detalhe. – eu concordei e voltamos para meu quarto.
Fechei a porta e empurrei o armário de volta.
– Ikuto. – chamei ele que já estava quase na porta e olhou para mim – Você como servo tem que obedecer tudo que deus que você serve, certo? – ele concordou com a cabeça – Por que?
– Dizem que se não cumprirmos seremos castigados, mas ninguém se atreveu a descobrir qual é o castigo. – ele respondeu.
– Entendo... – me aproximei dele – Então tenho uma ordem a lhe fazer, beije-me. – eu disse com naturalidade.
– Você está brincando? – neguei com a cabeça – Sério que isso é uma ordem? – confirmei com a cabeça – Você ainda...
– Ainda te amo, mesmo tendo ódio de você por ter me abandonado. – terminei a frase e ele de repente me beijou e eu correspondi.
A falta de ar logo veio, quando me separei dele, ele tinha um sorriso malicioso no rosto.
– Mais alguma coisa? – ele perguntou.
– Não, muito obrigada. – sorri – Tenha uma boa noite, meu gato safira. – dei enfâse no “meu” e ele me olhou incrédulo.
Quando ele foi pro quarto dele, eu fui para a cama e sorri satisfeita, eu simplismente estou começando a amar a ideia de ser uma deusa!