– Você?! – o azulado perguntou
– Ao menos ainda se lembra de mim, já é alguma coisa. – falei cruzando os braços.
– Se quer que eu saia do caminho, saiba que não vou fazer isso. – ele falou balançando a cauda que só agora eu tinha notado e também finalmente notei as orelhas.
“Yue, é ele! O que preciso fazer?” – perguntei por pensamento.
“ Beija-lo.” – ele respondeu tentando conter o riso.
“I-Isso não é engraçado, mas de qualquer forma, não o deixe fugir.” – dei a ordem a ele já caminhando em direção a Ikuto.
“Entendido” – ele de repente apareceu atrás de Ikuto em questão de míseros segundos e o prendeu em um tipo de esfera que Ikuto não percebeu, apenas eu.
– Se pensa que vou ser seu servo, Amu Hinamori, está enganada. – ele falou de olhos fechados
– O fato de você ainda lembrar meu nome não me comove, mas eu vou te fazer a qualquer custo passar pelo menos um século comigo.
– Isso é, se você conseguir. – ele ia pular, mas bateu a cabeça na esfera de proteção.
– Você consegue atravessar a barreira. – Yue comentou.
– Obrigada pelo aviso. – passei pela barreira e enquanto Ikuto recuperava os instintos eu o puxei e selei nossos lábios e logo me separei.
– Merda! – o gato azul gritou.
– Com isso estou liberto. E... Ikuto, você sabe o que acontece com quem não obedece aos deuses, então leve-a logo para a casa.
– Tsc! Não me diga o óbvio! Anjinho fajuto! – ele praticamente cuspiu as palavras.
– Sabes que não caio em tuas provocações, gato sem liberdade. – ele se aproximou de mim – Até um dia, senhorita. – e beijou minha mão.
– Até um dia, espero que em nosso próximo encontro me chame pelo nome, certo? – pisquei.
– Certo. – ele então seguiu seu rumo enquanto os demônios somente nos observavam.
Ikuto de repente disse palavras estranhas e o portal se abriu, ele puxou minha mão e entramos no portal, quando me dei conta estavamos no meu quarto.
– Escute, agora de tarde terá uma reunião de deuses, esteja pronta, vou fazer o almoço.
– Mas nem se passou tanto tempo desde fomos para seu mundo...
– O tempo lá é diferente, um minuto lá é uma hora aqui. Vá tomar um banho, vista sua roupa que você usa para se gabar do que é e quando acabar vá para a cozinha.
– Lembre-se de que teremos problemas essa tarde. – comentei em voz baixa.
– Resolveremos isso de alguma forma. – ele falou sem emoção nenhuma e saiu do quarto.
Abri minha mala, peguei minha toalha e roupas intímas, ficaria o resto do dia com aquela roupa, então eu estava indo para o banheiro que tem no quarto quando eu escutei uma voz feminina “Deusa do amor, por favor me ajude a me reconciliar com meu noivo!” Depois de ouvir essa voz eu fui correndo até a cozinha.
– I-I-Ikuto!!! E-Eu escutei uma voz na minha cabeça!! – falei sem fôlego.
– Idiota, você é uma deusa, uma prece feita a você e irá escutá-la. – ele falou suspirando e voltando a cortar cebolas.
– Mas... Eu tenho que ajudar...? O que eu tenho que fazer? – perguntei já mais calma.
– Vamos ter de adiar essa ajuda, temos coisas mais importantes e você pode visualizar quem era a pessoa através de seu jardim, então é só ir até ele e a rosa que lhe chamar atenção é o coração da pessoa que lhe pediu ajuda, então você verá se é caso de “fio vermelho do destino”, caso contrário pode esquecer o caso. Agora vá logo tomar banho, você me irrita bastante.
– Mais uma coisa, onde estão Sakura e Shaoran?
– Estão no jardim que acabei de comentar, ele costumam ficar de olho nas flores quando estão á toa.
– Entendo... Obrigada, meu gatinho. – as orelhas dele surgiram, assim como um olhar de ódio, saí correndo e fui tomar banho rindo.
Durante o banho escutei uma voz masculina “Deusa do amor, ela é muito ciumenta, brigamos por isso, me ajude a nos reconciliar!” fui despertada de meus pensamentos por isso, logo termine meu banho e coloquei a mesma roupa, então fui para a cozinha, onde vinha cheiro de yakisoba.
– Adivinhou que eu queria yakisoba, foi? – falei sorrindo e me sentando a mesa.
– Temos um elo agora, algumas coisas eu consigo saber. – ele falou se sentando para comer e logo as duas fofurinhas que cuidam do templo apareceram na cozinha.
– Obrigada pela refeição! – os dois disseram em únissom.
– Obrigada pela refeição. – eu e Ikuto falamos juntos.
Depois de comer, o que por mais que eu não goste de admitir, sempre está gostoso.
– Estava delicioso, Ikuto. Vou ir a esse tal jardim com meus pimpolhos, me chame quando estiver na hora de ir, por favor. – falei lavando minha louça.
– Eu sigo ordens, não precisa dizer “por favor” – ele disse isso um pouco a contra gosto.
– Eu vou falar mesmo não querendo, afinal, existe algo chamado educação. – então saí dali e fui sendo guiada até o jardim.
Abri a porta do jardim e ele é... ultra-mega-gigantesco! Ele vai até além do horizonte! Não é possível!!
– Quantas rosas... – sussurei.
– Mais de 7 bilhões de rosas, minha senhora. – Shaoran comentou.
– Me chame de Amu, Shaoran.
– O que quer aqui, Amu? – dessa vez Sakura se manifestou.
– Estou a procura de uma flor. – comecei a andar e os dois me seguiram, não sei quanto andei, mas cheguei nas flores que me chamavam a atenção – Qual o problema, meus amores? Vocês são tão belas e estão perdendo o brilho do amor... – quando me dei conta do que falei eles estavam se manifestando como um filme em minha mente que quando acabou eu sentia a dor deles e comecei a chorar.
– Senhora!! – os pequenos gritaram desesperados.
– Eu estou bem... Mas, eles usaram tantas palavras que machucaram um ao outro... Após a reunião terei que dar um jeito nisso... – me levantei e não sei como, mas estava na frente da porta da casa, então entrei e Ikuto estava na sala.
– Você realmente é teimosa, ainda bem que não tenho emoções como “meros humanos” que choram a toa. – ele falou sem tirar os olhos da tv que mudavam de canal a cada 5 segundos.
– M-Me desculpe... – falei num sussuro que deixou ele mais bravo.
– Escuta, eu sou servo, eu sigo ordens, não precisa ser educada! – e então começou a resmungar palavras incompreenssíveis.
– Você mudou...
– Errado. Eu só queria experimentar você, por isso fui bonzinho. Humanos são muito ingênuos.
– E agora está pagando por isso aqui comigo, sendo que daqui a pouco estaremos discutindo com outros deuses. – falei como se essa frase fosse um amigo para mim, afinal, e ainda amava ele.
– Eu sei disso, não precisa me lembrar a cada cinco minutos! – ele desligou a televisão e foi para um cômodo que eu ainda não havia entrado, devia ser seu quarto.
– Sen... Amu! Descanse, te chamaremos na hora que for a reunião. – os pequenos falaram.
– Errr... Certo, por favor, então! Me espreguicei e fui para meu quarto, deitei e de repente adormeci, mas me arrependi porque os momentos da discussão daquele casal foram a minha companhia como um sonho... Eu precisava fazer algo por eles!