Eu Me Lembro - Xayakan

Lado B - Quinta-feira de Dezembro


Três da tarde, foi o horário em que a conheci. Era a festa de aniversário do meu amigo Wukong, organizado pela Nidalee e a Ahri, e tínhamos marcado de comemorar num salão de festas, que ficava no terceiro andar daqueles prédios minúsculos de aluguel no centro da cidade, sabe? Eu já estava perambulando pelo térreo e vi quando ela subiu. Meus olhos a seguiram automaticamente, porém ela não deve ter me notado, já que ficou de olho no seu celular e subiu as escadas sozinha.

Quem cumprimentou quem primeiro? Ah, eu é que disse “Oi”, mas ela não ouviu. A partir daí eu pensei “Carambolas, eu não vou conseguir chegar na mina de jeito nenhum!”. Settrigh e Yone ficaram me arrastando pra lá e pra cá dentro do salão, e finalmente, ela percebeu a minha presença.

— Oi, fica à vontade!

Eu estava meio sem graça por ela não ter me notado antes, porém, sorri de volta e respondi seu “oi” assim mesmo.O recinto começou a ficar barulhento e agitado quando Yasuo inventou de dar uma de DJ da festa, mas em algum momento alguém achou melhor só deixar uma playlist de celular tocando, porque o irmão mais novo do Yone tava’ ficando doido de cerveja.

Espera, não é sobre essas coisinhas sem muita relevância que eu tinha que relatar aqui, né? Isso é um conto de amor, o início do meu romance com a minha amada Xayah. Ali, naquela quinta-feira de dezembro, eu tive a chance de me aproximar daquela corvinha graciosa depois de muito tempo admirando-a de longe. A festa foi muito animada, tinha bastante gente até e eu conversei com todo mundo, menos com ela. Ah é, tinha bebidas à vontade, e a comida então... Nham nham, eu adorei a feijoada. E não fui o único a aproveitar, a pequena Neeko comeu umas três pratadas seguidas e todos ficaram rindo da sua fome incontrolável, até ficamos fazendo umas piadinhas sobre o assunto.

Enfim, quando tomei coragem – lê-se um gole de litrão –, me aproximei da vastaya de penas rubras, que estava encolhida no seu próprio cantinho. Reparei que ela era muito tímida, mal interagia com o pessoal, nem parecia querer estar naquela festa por vontade própria – suponho que a Ahri tenha a convencido de vir, elas são melhores amigas.

— Curtindo? — questionei. Ela soltou uma risadinha sem humor e deu de ombros, claramente intimidada.

Quando fiquei perto o suficiente, percebi que a blusa dela tava’ do lado errado, e por mais que eu quisesse alertá-la sobre esse detalhe no seu vestuário, não consegui encontrar nenhuma oportunidade para isso. Só que isso não me impediu de abrir um sorriso meio torto e ficar encarando com insistência para a camiseta preta do avesso, me deu um pouquinho de agonia ver aquela costura do lado de fora e não de dentro, mas pouco importa o que achava da roupa dela, né? E pra desviar meus olhos da sua blusa, resolvi iniciar uma conversa totalmente sem nexo, e pra minha felicidade, Xayah me deu atenção.

Lembro-me que começamos a beber várias e várias cervejas juntos, talvez a partir daí minhas memórias fiquem um pouquinho controversas, eu tenho o costume de beber muito, mas Xayah me acompanhou sem pestanejar e é por isso que eu amei essa garota logo de cara. Não é sempre que você encontra uma boa parceira de bebedeira, né não? E ela era fofa demais, cara! Ela me achou muito engraçado, qualquer bobagem que saía da minha boca ela soltava uma risadinha bonitinha, não conseguia parar de falar porque queria ouvir seu riso mais e mais.

O que mais? Ah sim, começou a tocar uma música mais romântica, foi mais ou menos na hora em que a pobre da Neeko passou mal por culpa da comida, Nidalee sumiu com ela e eu acho que tinham ido para o hospital, alguma coisa assim. Sabendo que ela estava em boas mãos, o restante do pessoal continuou curtindo a festa, Sett e Ahri foram para o centro da pista pra dançar grudadinhos enquanto eu fiz companhia pra Xayah, próximos da mesa de comes e bebes. Estava reunindo mais um pouco de coragem pra chamá-la pra dançar, afinal, se até o casalzinho de raposas estava se curtindo na cara dura – os dois tavam’ fodendo desde outubro, creio que só eu sabia dessa informação, pois todo mundo ficou meio surpreso ao vê-los juntos –, porque nós dois não podíamos?

Cansado de ficar só assistindo, virei-me pra ela com meu melhor sorriso e disse “Quer dançar, corvinha?”. Ela iniciou um monólogo sobre como tinha vergonha de dançar e que não possuía coordenação motora para praticar tal atividade, sorrindo com nervosismo. Eu decidi que a ensinaria aos pouquinhos, não deveria ser tão difícil dançar no ritmo lento de uma balada, certo? Retruquei num sussurro “Relaxa, corvinha. Ninguém vai rir de você, porque você está comigo. Eu vou te ensinar, vamô' lá!”, puxei-a pela mão e a levei até a pista do salão.

Suas mãos pousaram em meu pescoço, as minhas foram parar na sua cintura, e assim começamos a dançar – ou tentar, Xayah pisava muito no meu pé, porém, parecia se divertir com as tentativas, então eu apenas a encarei com devoção e sorri como um pateta.

Senti que a química tava’ ali, cara. Com aquela melodia indolente e romântica, bateu um clima e... Nos beijamos no fim da dança. E depois disso, ela me beijou mais vezes do que poderia contar aqui, acredito que depois do quinto beijo nós simplesmente paramos de contabilizar, porque ficamos muito embriagados – de cerveja e de amor –. Xayah era minha paixão platônica há muito tempo, e agora ela era minha de verdade.

E foi assim que eu vi que a vida colocou ela pra mim ali naquela quinta-feira de dezembro. Por isso eu sei de cada luz, de cada cor de cor, pode me perguntar de cada coisa que eu me lembro.

"Mas cá entre nós… Você lembra se foi assim, desse jeitinho?"

E eu te digo: sei lá, cara!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.