Eu E Meu Melhor Amigo

Eu E O Plano Nada Confiável


A dúvida é uma bosta.

De todas coisas ruins que acontecem, essa é a pior.

E essa coisinha é irritante não por que eu não sei se Ian é apaixonado por mim (Até por que eu tenho certeza que ele não é).

A dúvida era oque eu iria usar .

Isso mesmo, uma roupa.

Agora você vai pensar, mas a Amy não se importa muito com sua aparência.

Você está certo, eu não me importo muito, mas Sinead e Natalie se importam.

E por isso, em uma segunda de manhã eu sou obrigada a levantar para arrumar meu cabelo, passar maquiagem, e agora eu tenho que escolher uma roupa "legal".

Argh. As minhas outras roupas também eram legais.

Embora Sinead e Natalie não parecem concordar comigo já que depois de sexta, eu sou obrigada a ir no sábado fazer mais compras (Adeus meu dim dim).

Eu suspiro olhando para minhas novas roupas.

Elas disseram que eu tinha que escolher a roupa, para que ela fosse mais o meu estilo.

Só que elas esqueceram que foram elas que compraram as roupas e não eu.

Consequentemente, fica meio difícil achar alguma roupa que seja mais meu estilo.

— Hey, vai ficar o resto da manhã olhando ai para o guarda roupa ? -Sinead disse encostado no batente da porta.

— Provavelmente .

Suspirei novamente olhando para as roupas.

— Por que eu deixei vocês comprarem essas roupas pra mim mesmo ?

— Para Ian parar de te ver como melhor amiga e pensar em você como uma garota bonita que ele quer beijar ?

— Acho que vou pegar minhas roupas confortáveis mesmo.

— Não, não.

— Sinead -disse exasperada- eu não quero que Ian preste atenção em mim só para dar uns beijinhos, eu queria que ele correspondesse o que eu sinto por ele. Mas isso não tem como.

— Amyzinha, lembre-se do nosso plano, o primeiro passo é ele te achar bonita, diferente da melhor amiga que ele é acostumado, o segundo é ele querer te dar uns "beijinhos", o terceiro é você se declarar e o quarto é ele se apaixonar .

— Esse plano não parece muito confiável.

Sinead bufou e entrou no meu quarto. Ficou de frente para o meu guarda roupa e pegou uma saia colada na cintura e depois rodada nas pernas que bate no meio das minha coxas, uma blusinha branco meio perolado mais solta e uma sapatilha da mesma cor da saia.

— Toma, você tem dois minutos pra se vestir.

Sinead jogou as roupas em mim.

— Eu não sei se essas roupas são meu estilo .

Fiz careta.

— Talvez, mas essas roupas são as que vai te deixar mais bonita e assim Ian vai te notar mais.

— Ele não devia gostar de mim do jeito que eu sou ?

— Hm. Não. O jeito de se vestir não vai mudar quem você é, só vai te deixar mais bonita, Amy.

Eu não gosto do modo de pensar de Sinead, mas também só de pensar na possibilidade de Ian me notar como algo além de melhor amiga, faz meu estomago ficar borbulhando parecendo que tem bichinhos dançando samba dentro.

E eu não consigo pensar direito. Bichos malditos.

Vesti as roupas e me olhei no espelho.

Sim, eu tinha que admitir, eu gostei dos grandes cachos nas pontas do meu cabelo, o jeito que meus olhos ficaram com o rímel e como a minha pele parece de pêssego por causa da base milagrosa e a roupa não é feia.

Eu estou bonita.

Mas eu não me sinto confortável.

Eu não me sinto eu.

— Vamos, Amy, já está quase na hora.

— Ei, Si, obrigada por me ajudar com esse plano meio estranho.

Mesmo não me sentindo muito confortável não quer dizer que eu não estou nem que seja um pouquinho esperançosa que esse plano louco pode dar certo. E Sinead e Natalie é quem está fazendo o trabalho basicamente todo

— Bem, por nada.

Mesmo tendo uma vozinha, que na verdade ta mais para vozona grossa estilo travesti ligada a um mega fone, que grita falando que esse plano vai dar merda. Eu decidi tentar ou ao menos fingir tentar, já que desde sábado Sinead vem ameaçando contar para Ian meu segredinho sujo, conquistar meu melhor amigo. O plano consistia em mudar meu visual para Ian parar começar a me notar como uma menina bonita, depois eu tenho flertar com ele (só que essa parte está fora de cogitação) e na festa da vovó Grace eu me declaro.

E quando eu falo que esse plano não é nada confiável elas falam que eu que sou muito pessimista.

Quando cheguei na cozinha percebi que Dan estava acordado.

Isso é um milagre, pensei.

— Nossa Amy -Dan me olhou meio boquiaberto.

O que era nojento por que tinha cereal caindo de sua boca.

— Oque ?

— Você está parecendo uma garota.

Revirei os olhos.

Quanta maturidade.

— Sim, eu quis ficar mais parecida com você.

— Ha ha -disse Dan voltando para seu cereal.

Peguei uma maça que estava na fruteira do balcão da cozinha e comecei a come-la. Quando joguei o restinho fora, Ian buzinou.

— Amy, você está diferente -Ian falou assim que pus minha bunda no banco do seu carro.

E você continua gato do mesmo jeito, pensei.

— Sim, ela está parecendo uma menina.

— Cala a boca, Dan -Natalie me defendeu- Amy, você está linda.

— Obrigada Nat -pisquei pra ela, de algum modo ela sabia que eu não estava agradecendo só pelo o elogio e sim pela mudança.

— Nada -ela deu um risadinha.

— Certo -Ian disse a palavra devagar, me olhando como se outra cabeça tivesse nascido em mim- Por que você está vestida assim?

— Resolvi mudar um pouco -dei de ombros.

Ian ainda ficou me olhando.

— Ei, eu quero chegar na escola a tempo do segundo horário -Sinead falou sarcástica no banco traseiro.

Ian revirou os olhos mas ligou o carro e começou a dirigir.

Bem, ele não falou que eu estava bonita ou qualquer outra coisa assim.

O que só mostra o tanto que esse plano pode dar certo.

E esse foi um comentário sarcástico.

Em dez minutos nos encontramos no estacionamento da escola. E mostrou que Sinead estava sendo dramática por que foi a primeira vez no ano que chegamos antes do primeiro sinal.

Nós ficamos no estacionamento conversando um pouco, nós eu quero dizer Sinead e Natalie (eu não sei dá onde essas meninas arranjam tanto assunto), Dan já tinha ido para sua sala (aposto que dormir) e Ian ficava me olhando com o mesmo olhar que na sexta.

Bosta. Ele podia ficar me olhando deslumbrado ao invês de de ficar me olhando com o olhar "eu-sei-que-você-está-escondendo-algo-e-vou-ficar-te-julgando-com-olhar-até-você-contar"

Eu evitei ele todo final de semana para nada.

Por que eu sei que ele não iria deixar de insistir no jeito estranho que eu estava na sexta, e agora ele ira insistir no por que eu estava me vestindo diferente.

Parece que eu vou ter que evita-lo mais .

— Oque ? -resolvi perguntar para ver se ele parava de me olhar assim.

Funcionou, mesmo que eu soubesse que ele ia voltar com isso depois.

— Você sumiu no sabado -Ian falou por fim depois de um suspiro.

— Sim, Si e Nat estavam me ajudando com o novo visual e ficamos mais uma tarde no shopping.

— Parece que você começou a gostar de compras, eim -ele riu, mas eu sabia que era forçado por que ele me olhava com o cenho franzido.

— Não mesmo -fiz uma careta- doí só de lembrar na tortura e de como meus pés estavam no domingo.

Dessa vez sua risada foi verdadeira.

— Foi por isso que você disse que estava indisposta quando eu ti mandei um mensagem no domingo perguntando se você queria sair ?

— Não, eu estava tendo meio que tendo umas aulas de como passar maquiagem com a Si.

Ian franziu o cenho e voltou com aquele olhar "eu-sei-que-você-está-escondendo-algo-e-vou-ficar-te-julgando-com-o-olhar-até-você-me-contar".

—Desde quando você se preocupa com maquiagem?

—Desde agora, Ian, se toca, ela é uma menina, ela pode muito bem começar a gostar de fazer coisas como essa -falou Sinead revirando os olhos.

Ian franziu mais o olhar. Mas acho que foi porque Sinead entrou na conversa.

— É só que...

— Mas o que aconteceu com você?

Isso foi Hammer.

— Todo mundo vai ficar me perguntando isso agora ?

— Amy, só ele que te perguntou isso.

— Não, Ian, você também ta fazendo essa mesma pergunta, só que com o olhar -eu estreitei os olhos para ele e ele fez o mesmo.

— Deve ser por que você de repente ta agindo toda estranha.

— E ninguém respondeu o Hamilton -disse o mesmo, entrando entre mim e Ian.

— Não é nada, Hammer, é só que decidi mudar um pouco -respondi o rei do drama.

— Bem, você está uma gata.

— Isso é verdade -Isso foi Sinead que disse.

— Mas não mais que você -Hammer disse piscando para ela. E ela revirou os olhos, mas eu podia ver um pequeno sorriso.

Os dois tinham resolvido sair na sexta feira dessa semana.

No sábado de manhã antes que Natalie arrastasse Sinead e eu para o shopping, Hamilton havia enviado flores para Si. Isso mesmo, flores. Ela ficou meio tocada com isso, falando que o gesto era doce.

Ele também me mandou um caixa pequena de Ferrero Rocher com um cartão dizendo que eu sou a mais foda que existe.

Mal sabe ele o que me custou.

Ao menos eu tinha o Ferrero pra me consolar.

O sinal tocou e Hamilton pôs o braços nos meus ombros e nos de Ian, nos arrastando para a sala de aula, já que teríamos classe juntos.

— Amy, sua linda, eu não disse que Sinead tinha uma queda por mim mas não sabia ?

— É, bem...

— Como você conseguiu fazer com que ela me chamasse pra sair ?

Ahhh, eu apenas disse que confessava meu amor por meu melhor amigo se ela fizesse isso.

— Eu falei que ela podia me ajudar a mudar meu guarda roupa.

Não estava tão longe da verdade.

Ian riu.

— Você percebe que ela só está saindo com você por que Amy deixou Sinead fazer dela uma barbie .

— Ei! -falei um pouco ofendida, mas depois ri também, por que colocando desse jeito, fez sentindo.

— Ian, não seja um pau no cu, você só está assim por que ninguém quer sair com você -Hamilton falou nem um pouco abalado com o comentário de Ian.

Isso é que é confiança!

— Fala sério, todas querem sair comigo -Ian deu um sorriso arrogante enquanto sentava na ultima carteira.

—Idiota nem um pouco -disse revirando os olhos para ele. E me sentei na carteira da frente e Hamilton se sentou na do lado de Ian.

Por mais que eu tinha dito idiota, uma vozinha (vozona grossa estilo travesti) gritava no fundo que essa afirmação era tão verdadeira que até a melhor amiga dele queria sair com ele.
— Bem, todas querem sair comigo também, mas eu só tenho olhos para Si.
— Idiotas.
— Mas não deixa de ser verdade -Ian disse no pé do meu ouvido.

Cara, isso não faz bem pra minha saúde mental.

Abracei disfarçadamente meus braços, assim não dava pra ver todos meus pelos do braço arrepiado.

Eu o fuzilei com o olhar e ele riu.

Ian sabia que eu ficava arrepiada mas achava graça.

Isso é por que ele não sabia o quanto me afetava.

— Olá Ian -ronronou a menina que eu tenho certeza que seu desconfiômetro anda quebrado desde quando ela era um bebê.

— Katherine -disse Ian seco e desconfortável.

É um pouco engraçado ver Ian perto de Katherine, o menino todo arrogante e cheio de si fica todo desconfortável por causa da menina. Não por que Ian gosta dela (até porque ai eu não ia achar graça nenhuma), é exatamente o contrário, Ian não gosta dela e Katherine sabe disso, só que ela também sabe que ele é rico e ela quer status. Então desde o primeiro ano Katherine não perde a chance de dar em cima de Ian e Ian sempre vem dando o fora nela. É engraçado.

— Então, eu sei o que o baile de primavera é daqui um mês, mas eu já queria te chamar para você ser meu par, você gostaria ?

— Katherine -disse Ian tirando a mão dela do seu braço, nossa ela foi rápida- eu tenho um jantar social que meu pai tem que ir de vez em quando com seus sócios por isso eu não vou no baile de primavera.

— Bom, então eu posso ser seu par para esse jantar, aposto que ele é muito chato, eu posso dar um jeito de o deixar divertido .

Meu Deus, mais discreta não existe.

— Sim, ele é muito chato, por isso Amy vai sempre comigo, assim, ele fica muito mais divertido.

Katherine me fuzilou com o olhar.

Eu dei a ela um sorriso inocente, mas eu estava doida pra gritar " TOMA VADIA"

Bem, Ian não estava mentindo, todo jantar social que Ian era obrigado a ir com o pai dele, ele me levava, assim nós dois ficávamos pior que duas velhas fofoqueiras rindo das filhas patricinhas e meninos filhinho de mamãe que de vez em quando dá chilique nesses jantares. Sim, eles são divertidos.

— Bem -Katrine disse com desdém- Se você precisar de mim, sabe um me encontrar.

— Nossa, hoje ela não foi tão insistem -comentei meio espantada quando ela saiu.

— Graças a Deus -Ian me respondeu.

— Cara, eu não sei por que você ainda não deus uns pega nela, ela é bem gosto... -falou Hamilton.

— Deixa Sinead escutar isso -no mesmo segundo em que eu falei, Hamilton se interrompeu e calou a boca.

Ai como é bom chantagear.

— Por que se eu der uns pegas nela, ai é ela nunca vai desgrudar.

— Pensado por esse lado, até que você tem razão.

— Nossa Ian, o jantar é no mesmo dia do baile ? -arregalei os olhos em inocência- Não vai dar pra mim ir, eu quero ir ao baile de primavera.

— Cala a boca, você sabe muito bem que o jantar é duas semana depois do baile.

Eu ri da sua carranca.

— Por que você não disse que tinha a festa da vovó Grace, já que ela é no final de semana anterior ao baile ?

Ian deu de ombros.

— Por todo mundo sabe da festa da vovó Grace, e o jantar social é mais intimo e menos conhecido, então não corre risco nenhum de Katherine me corrigir e tentar me arrastar para o baile.

— É, você até que tem razão.

— Quando é que eu não tenho ?

—Cala a boca -disse baixo, vendo que o professor ja tinha chegado na sala, e joguei uma bolinha de papel na sua cabeça e comecei a prestar atenção na aula.

A bolinha de papel caiu de volta na minha mesa e atras de mim eu ouvi Ian sussurrando pra mim abrir.

"Nós ainda vamos conversar"

Ian nem precisa ter escrito oque nós íamos conversar, até um bebê saberia o que Ian queria falar comigo.

Pena que não estava muito afim de falar.

Parece que o plano só ia de mal a pior já que Ian parecia mais desconfiado do que deslumbrado.
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— Você já viu que o professor de matemática parece sempre estar pegando no meu pé ?

— Hm, não -disse pensativa- Ele podia pegar mais no meu pé, pra ver se eu consigo entender alguma coisa.

— O estranho é que ele não pega no meu pé só por causa da matéria, eu sou foda em matemática, ele sempre parece querer saber de outras coisas da minha vida, uma vez ele disse que eu tinha que melhorar em biologia. Ele é meu professor de matemática, não de biologia, ele não tem que saber como eu ando em outra matéria.

— Bem, nossos pais estão pagando ele pra pegar no nosso pé, e sobre ele saber sobre sua nota de biologia deve ser por causa do conselho de classe, e o resto, eu acho que você está sendo apenas paranoico.

— Certo -Ian suspirou- Você vai la em casa hoje ?

— Hm, não, Nellie está fazendo teste de novas receitas, então eu vou ter que ficar por lá, e você também, já que é mais uma opinião para Nellie e você tem que me ajudar com Matemática.

— Eu não sei como você não consegue entender - Ian balançou a cabeça e sorriu torto pra mim.

Eu derreti.

Bem, eu não consigo entender por que a aula de matemática é de dupla e você é meu parceiro e vamos apenas dizer que você é muito mais interessante de se olhar, pensei.

Quando viramos a esquina do corredor para chegar na cantina, Ian agarrou me braço me arrastou pra dentro do armário do zelador.

Uí, parece que o plano até que deu certo, pensei esperançosamente.

— Agora que você começa a me agarrar ? -perguntei divertida.

— Oque ?! Não.

Murchei na hora.

— Então o que mais, além de beijar, as pessoas fazem no armário do zelador ?

— Elas respondem as dúvidas do seu melhor amigo.
Ou, ou.

— Quais dúvidas ? -perguntei nervosamente. Nossa de repente esse armário parece muito abafado.

— Primeiro, por que você estava agindo toda estranha na sexta ?

— Eu não estava, por que eu estaria ? -ri .

Eu acho que foi um pouco histérico, já que não teve graça nenhuma.
— Estava sim e agora está agora.
Respirei fundo.

— Ian, eu não estava .

— Amy, eu sou seu melhor amigo, eu ti conheço como a palma da mão por que você não quer confiar em mim ?

SE ME CONHECE TÃO BEM, ENTÃO POR QUE ATÉ HOJE NÃO PERCEBEU QUE EU GOSTO MESMO DE VOCÊ, IDIOTA? Gritei.

Mentalmente.

Ian segurou meus ombros e desceu seu rosto no nível do meu, seu olhar era triste.

Imediatamente me senti um pouco culpada, já que ele não tinha culpa do fato de eu estar apaixonada por ele e ele não saber.

— Ian -eu pus minhas mãos na sua bochecha, afagando um pouco quando ele fechou os olhos- Você uma das pessoas que eu mais confio, eu não estou escondendo nada de você.

— Então por que você me evitou o final de semana inteiro ? -Ian estreiou os olhos e eu estreitei os meus também, as vezes Ian conseguia me deixar doida.

— Eu não te evitei, eu estava passando o final semana com Sinead e Natalie .

Bem, a ideia inicial era evita-lo, mas depois deixou de ser a ideia principal. Eu gostei de passar o final de semana com as duas, mesmo elas insistindo em me fazer usar saltos.

Ao menos essa ideia eu pude refutar.

Embora eu ache que elas só deixaram isso por eu ter quase quebrado meu tornozelo ainda na loja.

— Falando em Sinead e Natalie, que história é essa de você mudar de visual ?

— Ian -estreitei meus olhos mais ainda para ele- Por que você está vindo com todas essas perguntas acusadoras ?

— Amy -repetiu o mesmo tom que eu usei com ele- Por que ao invés de me fazer mais perguntas, você não responde as minhas ?

Olhei em seus olhos, eu acho eles tão lindos, e agora eles estão cheios de perguntas.

Vendo que nossos narizes estavam quase se tocando, de tão próximos que estávamos, eu me afastei e escorei na parede do armário, escorregando para o chão.

E soltei um suspiro, desistindo de brigar.

— Eu só quero mudar um pouco -sussurrei.

Ian também soltou um suspiro e se sentou ao meu lado, nossos ombros de encostando.

— Eu só não entendo por quê, você nunca falou que queria mudar seu modo de vestir -Ian falava baixinho- E certamente eu nunca te imaginei estilo patricinha.

— Ei -me fiz de ofendida- Ficou tão ruim assim ?

Por mais que meu tom fosse de brincadeira, por dentro eu estava me corroendo. Afinal, esse era o primeiro passo do plano.

Ian pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos.

— Você é linda de qualquer jeito, Amy Cahill . Embora eu prefira com suas sardinhas mostrando -Ian afagou minha bochecha com a outra mão.

E quando ele sussurrou essas palavras para mim olhando no fundo dos meus olhos, foi tão fácil esquecer que ele é meu melhor amigo. Que eu cheguei mais perto. Nesse momento ele era só um menino lindo por quem eu me apaixonei.

Mas quando nossos narizes estavam quase se tocando de novo, a bolha estourou e eu voltei pra realidade.

— Eu não tenho nenhuma dúvida que sou -eu respondi seu elogio com uma brincadeira, Ian ri porque ele sabe que eu sou uma bosta no quesito " oque fazer quando alguém te elogia".

— Amy, eu sou seu melhor amigo -Ian fica sério de novo- Você pode confiar em mim, então, por favor, me conte o que aconteceu pra você querer mudar seu estilo tão de repente.

— Sei lá -dei de ombros- Eu só quero ser alguém diferente.

Não é exatamente uma mentira.

— Por que você quer ser diferente ?

Ian me olhou do jeito que eu sei que se eu mentir ele vai saber.

— Nada de mais.

— Amy... Melhores amigos, lembra?

— Ian, eu sei, só não estou pronta pra compartilhar, mas eu vou, eventualmente.

É, tipo daqui uns 60 anos, pensei.

— É por causa de algum menino ? -Ian franziu o cenho.

— O que ?! Não!

Minha risada histérica voltou.

— Eu sei que você ainda não está pronta pra falar, mas... fique sabendo que você não deve mudar, mesmo que seja só o seu jeito de vestir, por ninguém, ok ? E fala sério, se ele ainda não notou o quão especial você é, ele é um completo idiota.

Eu ri, muito. Por que a cara que Ian estava fazendo, ele olhava todo sério e com raiva desse possível menino, quanta ironia.

— Ai Ian, você é tão engraçado -suspirei limpando as lagrimas nos cantos dos meus olhos.

Ian me deu um olhar confuso.

— Ai Amy, você é tão doida -me imitou, e eu ri mais um pouco por que Ian sempre conseguia arrancar ao menos um sorriso meu.

— Então, eu esqueci de falar, vai ter uma festa sábado na casa do Mitchel, nós vamos né?

E de repente eu senti que nós éramos melhores amigos de novo, e tudo estava em paz.

— Não sei, da ultima vez que nós fomos em uma festa dele, você ficou tão bebado que eu tive que dormir com você no tapete da sala por que você disse que estava com medo do escuro e não queria ficar em seu quarto por que o bicho papão podia estar embaixo da sua cama. E quando eu sugeri que você dormisse no sofá, você falou que não queria por que no tapete dava para fazer anjinhos de tapete.

Ian riu e eu ri com ele, não tinha como esquecer essa festa. Ela tinha sido uma das primeiras festas de ''gente grande'' que nós fomos e nós ainda não sabíamos beber naquela época.

— Pelo o menos eu não disse que estava com vontade de sair e fui colocando todas as roupas que eu via pela frente.

Isso foi eu, eu estava bem felizinha, e quando chegamos na minha casa, eu me lembro que me deu vontade de vestir roupa e sair, eu havia acordado Nellie, e ficava dizendo para ela que não queria um pijama (que Ian insistia em me entregar), eu queria uma roupa pra sair. No outro dia eu acordei em duas calças, quatro blusinhas e três jaquetas de couro, eu com certeza havia desmaiado pra dar conta de dormir com aquele tanto de roupa.

— É, ainda bem que eu não bebo mais.

Naquela mesma manhã eu acordei de ressaca e enjoada, agora pensa o tanto que a vida ficou mais dificil com aquele tanto de roupa. Desde aquele dia eu só dou alguns golinhos e olha lá.

— É, por que eu já estava vendo o dia que você iria querer arrumar pra ir pra escola, ir nadar ou dar vontade de assaltar um banco.

Dei uma cotovelada nele.

— Pelo o menos eu não falei com todas as letras que o bicho papão existia.

Ian revirou os olhos.

— Amy, naquele dia eu estava quase entrando em coma alcoólico de tão bêbado.

— Eu até hoje lembro de você deitando no tapete e fazendo anjinhos.

Ian riu.

— Tempos felizes.

— EI! Oque vocês estão fazendo no meu armário?

O zelador Benson abriu porta e começou a falar tão de repente que eu acho que meu coração deu uma parada cardíaca e voltou.

— Zelador Benson, nós estávamos apenas conversando -falei de pressa.

— Sei -Zelador Benson nos olhou com desdém- E vocês não podem ficar nas mesinhas do pátio ou na cantina para isso ? Tem que passar o intervalo inteiro aqui dentro do armário ?

— Não, é só que ... -Ian também começou a tentar explicar.

— Não quero saber, só sumam daqui antes que eu chame o diretor dizendo que vocês estavam matando aula.

Nossa, mal-humorado nem um pouco.

Saímos correndo para a cantina e quando chegamos lá, notamos que não tinha ninguém.

— É, parece que ele não estava sendo tão dramático no final das contas -comentei observando a cantina vazia- Parece que tínhamos ficados apenas alguns minutos la dentro .

— Eu causo esse efeito nas pessoas -Ian falou me enviando uma piscadela.

— Idiota -revirei meus olhos- Vamos voltar, por que senão perderemos metade do horário.

— Nerrrd .

— Me desculpe se nem todo mundo é uma especie de bom em tudo e ainda por cima é rico, já comentei hoje que eu ti odeio ?

Eu estava andando um pouco mais a frente, portanto eu tinha certeza que ele estava com o seu costumeiro sorriso torto e revirando os olhos pra mim.

— Amy -Ian segurou meu pulso para que eu virasse e ficasse de frente pra ele- Você irá me contar logo o que anda te deixando meio estranha, não é ? Eu decidi te empurrar um pouco hoje por que, as vezes, quando você não me conta alguma coisa importante pra você, como eu aposto que essa mudança foi... eu só fico com medo de que você se distancie e nossa amizade acabe.
Ian ficou me olhando nos olhos.
— Claro .
Depois de um tempo, ele pareceu satisfeito com minha resposta. O que me fez sentir mal, por que eu finalmente tinha conseguido mentir para ele mas eu não me sentia bem com isso. Eu me sentia como se tivesse o afastando de mim, já que ele não conseguiu ler minhas emoções do jeito que ele fazia antes.

Embora, eu mais que tudo entendia o seu medo de que nossa amizade fosse perdida, é por isso que eu tinha que mentir, eu nunca estaria pronta para contar a Ian a verdadeira razão e eu também não posso.

Não posso contar a Ian que eu sou estupidamente apaixonada por ele.

É, e o plano só vai parecendo cada vez pior.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.