Dois meses depois.

A maldita campainha tocava.

4h45

Quem era o filho da puta?

Meu coração deu uma pausa. Ai cristo, um assalto. Uma coisa comum em Nova Iorque, arrastões em prédios na alta madrugada. Eu vou morrer, socorro. Fui devagar, com medo.

Tudo estava silencioso demais para um assalto desde quando eles apertam a campainha? Fui olhar pelo olho mágico e aí que meu coração deu um salto.

Era Damon, com três malas enormes ao seu redor e comendo uma bolacha distraído. Eu abri a porta rapidamente e sorri.

– Então, você disse que me aceitaria.

Eu não sabia o que dizer, então quase pulei em cima dele, o fazendo derrubar a bolacha e o beijando. Ele sorriu enquanto me apoiava com seus braços.

–-Entra. – Eu o ajudei com a mala. Depois fiquei olhando maravilhada para ele. Ele riu e puxou a barra da minha camiseta de pijama.

– Ursinho? Cadê as camisolas sexy?

– Estão guardadas, eu gosto desse.

–-Hum... fofinho. – ele me puxou para um beijo. – Ainda tenho muitas coisas para tirar do apartamento de lá. Todos os móveis..

– Amanhã conversamos, eu estou caindo de sono. --eu disse.

Eu o levei para meu quarto, ele trocou de roupa e dormimos juntinhos. Eu me senti tão bem com ele ali que ainda achava que era um sonho.

(…)

Já estava mais de dez minutos acordada, apenas observando o Damon. Ele dormia tão tranquilo... Até que começou a acordar e percebeu que eu o olhava, ele sorriu.

–-O que foi? To babando?

– Não.-- eu ri. – estou me perguntando se estou sonhando.

–-Não... isso é melhor que sonho. – ele se remexeu e me beijou. Eu sorri.

Tomamos um café da manhã delicioso e ajeitamos as coisas dele – no meu quarto, não no que estava vazio. Ele deixou as coisas lá enquanto eu ia ao banheiro. Fiquei feliz por isso.

Até que sentamos na sala e eu quis entender o porque de tudo.

–-Eu fiquei com uma garota lá.

Ciúme. Raiva. Tristeza. Ele percebeu isso e continuou.

– Foi só uma noite! Mas... quero dizer, mal foi uma noite. Eu não... consegui.

– Não conseguiu?

– Não.... Ela... não era você. – ele bufou. – eu queria você, sentia que estava te traindo e isso era errado. A garota era muito gostosa e me dava mó bola, mas... ela não.... eu não consegui. Aí a saudade apertou, eu liguei para Emmett bêbado ás três da manhã e ele me xingou e me mandou vim pra cá. Eu dormi e arrumei minhas coisas... e vim atrás de você. Embora estivesse triste com você.

– Por que triste comigo?

Ele suspirou e passou a mão em meu rosto.

– Por que eu disse “eu amo você” e você não me ligou de volta.

–-Ah.

Ele ficou em silêncio. Eu fui beijá-lo, mas ele me afastou.

–-Eu disse antes de você!-- exclamei.

–-Eu sei. – ele deu de ombros, mas ficou de pé. – tenho que ir visitar minha mãe e cobrar a vaga que Emmett ofereceu.

– Você pode ir depois.

Ele me puxou e ficou com o rosto bem perto, me segurando com força.

– Só se você falar de novo.

–-Falar o quê? – perguntei sorrindo.

– Que me ama...

–-Hum... não. Você primeiro.

–-Primeiro as damas.

–Você nunca foi cavalheiro.

– Eu não vou dizer primeiro.

Revirei os olhos. Segurei seu rosto e encarei o mais belo olho azul do mundo.

–-Eu... Amo... Pizza.

–-Idiota. – ele riu e me beijou.

–-Tá, tá, eu digo. Amo você.

–-EU sei, sou completamente irresistível e apaixonante e... – eu o belisquei com força. – Au, ok, também te amo.

Eu ri e o beijei de novo

(…)

Demorou quase três meses para Damon se mudar definitivamente pra minha casa. Até vender o apartamento dele, os móveis e com o dinheiro trocar alguns meus para maiores e trazer tudo para cá, e papeladas e bla bla bla.

Então, definitivamente Damon morava em minha casa, dormia na mesma cama que eu e comprava comida comigo. Rosálie dizia que éramos uma espécie de casal não oficializado – o que fazia ela querer nos levar para um cartória e minha mãe nos levar para a igreja – e que éramos brigões e apaixonados.

Não sentia mais o incômodo do Orgulho. Damon não foi atrás de mim e nem eu atrás dele. Nos encontramos praticamente na metade do caminho da vida. E, embora ele não fosse me pedir em casamento nem eu a ele, ficamos nisso por dois anos até Rosálie acertar tudo as escondidas, para uma reconciliação de uma briga – porque eu não deixei a roupa na lavanderia como eu deveria fazer (até eu me ferrei nisso) e ele não apagava as luzes de casa quando saia (e ele se ferrou pois era ele que pagava) – e nos casamos. Fomos para a Inglaterra na lua de mel, gostamos tanto de lá que ficamos por lá mesmo.



Estávamos andando pelo centro de Nova Iorque, de novo. Na Time Square onde nos esbarramos pela primeira vez.

Eu estava tomando sorvete, agora, mas Damon não tinha reunião. Aproveitei a deixa e me esbarrei nele, esmagando o sorvete em sua roupa.

–-Isabella! Mas que merda! – resmungou ele, me empurrando para se limpar. Eu ri.

– Pra relembrar o nosso primeiro encontro, amorzinho. – fiz voz melosa. Ele me olhou irritado e bufou. Uma raiva mais amorosa do que antigamente. Eu ri. – vai ter que me pagar outro, eu mal comecei a tomar ele.

– Vai ficar sem, ninguém mandou jogar em mim. – Ele passou a mão no peito para sair o sorvete. Depois enfiou o resto da casca melecada em minha cabeça.

–-Não! Argh. – resmunguei irritada. Ele riu e me puxou para si, impedindo de que eu me limpasse.

– Vingança.

– Não gostei.

–-Nem eu gostei da lembrança. Mas foi divertido.

– Agora vamos para São Paulo. – sorri entusiasmada.

– Só que não. Podemos ir para outro país.

– África do Sul! – arregalei meus olhos de esperança. – Ou Peru, Argentina...

Ele riu e me beijou, tentando acalmar minha animação.

– Qualquer lugar do mundo. Temos tempo. Mas agora, só quero estar nesse lugar, sujo de sorvete, com uma mãe raivosa me esperando para almoçar.

– Deveria ser uma reunião para ficar mais... parecido com o primeiro encontro.

Ele me esmagou contra o sorvete em sua camisa. Eu resmunguei.

– Não tem importância. Conversa de mãe é reunião. Mas vamos viver isso aqui, ok?

E com as pessoas esbarrando em nós na Time Square, onde eu esbarrei nesse desgraçado e juro que o odiei e acabei me casando com ele, eu o beijei. Bem romântico, nem ligando para a vida ao nosso redor.

Ele se afastou e ficou me olhando por um tempo.

– O quê? Meu rosto também está sujo? – repeti o que disse quando o vi pela primeira vez. Ele riu.

– Desculpa, pelo sorvete há uns... três anos e pouco. – ele deu de ombros. Eu ri.

– Desculpe pelo esbarrão. – queria gargalhar diante tanta idiotice. Ele balançou a cabeça e sorriu mais.

–-Tá.

–-Tá. – E o beijei de novo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.