Estúpido Cupido
Capítulo 6
–-Para...
–-Para. – Imitei Damon
– Lele.
–-Lele.
–-Pi
–-Pi
–-Pe
–-Pe...
–-Do!
–-Do! – falei animada.
–-Paralelepípedo. – disse rápido, me deixando agoniada por não conseguir falar.
–-Palalele... Argh, eu não consigo! – resmunguei cruzando os braços, ele soltou uma boa gargalhada.
– Falta jeito. Sério. Pedreiro.
–-Predre...
–-Não, pedreiro.
–-Pedreiro. Ah consegui! – exclamei animada, ele riu e bateu em minhas mãos.
Era sábado á tarde e concordamos em não sair mais por hoje. Talvez á noite no shopping mais perto – excluí-lo da lista de coisas á visitar ainda – para ver um filme ou coisa do gênero, mas preferíamos ficar dentro do apartamento, fazendo algumas coisas divertidas – Ideia de minha mãe, para que nos 'enturmasse' mais.
Ele tentava me fazer falar algumas palavras difíceis brasileiras, e eu não conseguia muito, mas mesmo assim, era divertido tentar.
Damon estava relaxado. Com uma bermuda e uma camiseta velha vermelha, sem estampa alguma. Chinelos e com os cabelos bagunçados. Sem sua jaqueta ou perfume. Eu usava uma calça jeans, regata e meu inseparável All Star de couro preto.
Na TV passava um filme brasileiro, Se eu fosse você 2 e eu lutava para entender melhor sem precisar da legenda, embora estivesse conversando com Damon.
– Como se acostumou tão fácil?
– Não foi fácil. Prática. Como estamos tendo agora. – Ele colocou as pernas no sofá.
– AH sim...
Olhei para a TV grande.
–-Se eu fosse você! – Falaram juntos os personagens. Eu sorri. Já sabia tudo que acontecia – seria estranho se ocorresse na vida real.
– Quer pipoca?
–-Quero. – sorri para Damon. Ele foi para a cozinha e ficou lá por um tempo.
Quando voltou, com pipoca sabor manteiga, se deitou novamente no sofá. Tive que ir ao seu lado para dividir o balde de pipoca.
A tarde toda foi assim. Depois fui dar uma volta no condomínio e apreciar o por do sol, olhando para a avenida. Cheguei a ver as crianças brincando no parque, até Damon me encontrar e dizer que iríamos para o shopping ver uma pela no novo teatro. Fui tomar um belo e relaxante banho, coloquei uma roupa mais formal. Um vestido vermelho com detalhes pretos, um colar e uma sandália.
Algo me dizia que eu passaria frio.
(…)
A peça foi perfeita – embora Damon tivesse que me dizer algumas falas pois não conseguia traduzir tudo. Jantamos em um restaurante Árabe e antes da peça pedimos um Frapuccino de Brigadeiro no Starbucks.
Eram mais de dez horas da noite e estávamos observando os bichos de bundinha brilhante perto das luzes, observando os carros e ônibus passando por ali.
– São vaga-lumes. – Eu disse.
– Nãão, são grilos.
– Nada a vê! São vaga-lumes. – revirei os olhos.
– EU vivo aqui, eu sei que são grilos.
–-Eu sou esperta, sei que são vaga-lumes.
Ele bufou.
–-Ah, são bichos de bunda brilhantes. – deu de ombros. Eu ri.
– Ok, bichos de bunda brilhante. – ri novamente e estremeci de frio. Tentava esfregar minhas mãos em meus braços nu para esquentar, e mesmo assim continuava congelando. Quando é que iríamos embora?
Damon bufou, e afastou um pouco do muro e percebi que tirava sua jaqueta – Provando-me que era cavalheiro.
Ele ficou só com uma camiseta preta de manga curta, e jogou sua enorme jaqueta em meus ombros. A enrolei em mim. Melhor do que vestir os braços e continuar com frio.
– Você some nessa jaqueta. – Ele riu. - Sério.
– Tira uma foto, tenho que mandar pra Rose. – Entreguei meu celular. Ele se afastou um pouco e tirou uma foto de mim.
– Agora uma de nós dois. – Ele se aproximou de mim. Peguei o meu celular e ele pegou o dele, tiramos fotos com as bochechas coladas. – Até seu rosto está gelado! Acho melhor irmos embora.
– Não, eu quero chocolate quente.
– Você paga.
– Ooook. – Dei de ombros, vesti os braços da jaqueta e o puxei para dentro do shopping, procurando o Starbucks.
…
O banheiro do shopping era lindo. Grande e cheio de espelhos. No sanitário que entrei havia uma pia, um espelho atrás do vaso e um na frente da pia. Quando saí, era como uma “sala de espelho” com uma lata de lixo no meio. Me encarei no espelho e percebi o quanto parecia pequena na jaqueta de Damon.
Havia umas mulheres com maquiagens e perfumes, amostra grátis. Experimentei um perfume delicioso e sai contente, vendo Damon com meu chocolate quente estendido.
– Obrigada. – agradeci.
– De nada. – ele sorriu. – Está com um cheiro diferente.
– Amostra grátis. É normal por aqui?
– Acho que sim, no masculino não tem isso. – deu de ombros.
Fomos caminhar um pouco pelo shopping, até irmos para o estacionamento. As pessoas olhavam para nós como se fossemos namorados, – Por estarmos lado a lado e eu com a jaqueta dele. – e isso soava meio estranho.
Posso ter dado uma trégua, mas Damon era a pessoa mais irritante que existia nesse mundo.
A noite foi bem divertida, capotei de tão cansada que estava e nem mandei mensagem para Rose ou meus pais. Apenas dormi tão bem e confortável que não queria levantar da cama no dia seguinte.
(…)
Dias depois, sábado.
– Quero uma tatuagem. – disse a Damon, olhando o homem acima do peso, debruçado em uma cadeira fazendo tatuagem nas costas.
Estávamos na galeria do rock, um sábado ensolarado e delicioso para ficar fora de casa. Havia uma loja de tatuagens feita de vidro, podíamos ver como era o processo e não parecia doloroso.
– Credo.
– Qual é, eu quero uma.
– De quê? Balões? Corações? – Soou irônico. Revirei os olhos.
– Uma caveira na coxa.
– Com florzinhas?
Revirei os olhos e entrei na loja, o deixando para trás.
…
Devo ter acabado com minha língua de tanto mordê-la para não gritar. Estava fazendo uma caveira na coxa esquerda com uma flor vermelha em seu olho direito. Damon sorria ao meu lado, aproveitando da minha dor.
– Meio grande para a primeira tatuagem, não?
– Tenho uma na cintura, atrás da orelha, na nuca também.
– Pretende ser toda tatuada?
– Talvez.
– Quero fazer uma. No braço, que tal? Um desses dragões sinistro, que vai até as costas.
– Eu quero um lanche. Estou com fome. – Ele revirou os olhos e foi até o balcão acertar sua tatuagem.
Não me arrependi da tatuagem. Comi um delicioso lanche na entrada da galeria, e depois estava cansada pela tatuagem então fomos direto para casa, ficar de molho assistindo filmes.
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