Pov. Bella.

Soltei um grito fino quando a água gelada tocou minha pele, escorrendo por minhas costas. Emmett soltou uma gargalhada com Katherine e pensei seriamente em matá-los. As facas da cozinha eram suficientes para matá-los de forma dolorosa.

–- Passarinho não deve nada a ninguém, já tá de pé. É hora de tomar café! – Gritou Katherine.

–- Seus… Cornos.

–- Isso é o nome do meio dos dois. – Elena entrou no quarto. – Vem cá Bells, vamos tomar um banho e deixar esses malvados para lá. – Elena tirou minhas cobertas e me ajudou a levantar, guiando-me até o banheiro.

Bocejei alto enquanto ela ligava o chuveiro quentinho. Mudei para o morno quase frio e entrei de roupa e tudo.

–- Acordou? – Perguntou. Sorri para o doce que minha irmã era.

–- Obrigada Eleninha.

Sorri maliciosa.

–- De na... Por que so... Filha da Puta! – Resmungou quando a puxei para debaixo da água.

Ela tentou me bater, continuei com meus braços em seu pescoço, rindo enquanto a água morna caia sobre nós duas. De pijama. Meu chuveiro era grande e delicioso para um banho á dois. Eu adorava arrastar meus irmãos e até mesmo meu pai para cá.

Depois de um tempo Elena saiu molhada para tomar banho em seu quarto. Não que houvesse problemas em continuarmos ali, mas era estranho. Nenhum de nós continuava a ser aquela criança de sorriso banquela que tomava banho na banheira dos quartos dos pais, os quatro juntos cheio de espuma.

Fiquei só de toalha no quarto e enquanto arrumava minha cama coloquei uma música baixa para não incomodar os moradores, porém alta para eu poder cantar e dançar.

–- Isabella, se vista por favor. – Meu pai passou na porta. Olhei para ele. – E pare de pular na cama, não é mais uma criança.

Me joguei na cama, caindo deitada de costas, ri e ele saiu revirando os olhos. Fiquei de pé e fui trocar de... Toalha para roupa. Como o dia estava quente coloquei um short jeans claro e uma camiseta de manga curta preta do AC/DC. Deixei os cabelos soltos e passei meu lápis de olho.

Pronto, perfeita!

Sai do quarto colocando o celular e o fone no bolso da frente do short. Na cozinha estava os quatro esperando por mim, me sentei em meu costumeiro lugar e sorri para eles.

–- ‘bora comer? – perguntei. Meu pai suspirou e olhou para nós.

–- Ainda me surpreendo como vocês cresceram.

–- Lá vem. – Emmett sussurrou para mim.

–- Hoje faz três anos.

Todos nós ficamos calados. Agora era sério.

Fazia três anos que minha mãe havia morrido. Seu acidente de carro foi terrível. Foi doloroso demais e meu pai era o que mais sofria. Porém um ano depois de todo o tumulto tudo ficou bem. Emmett conseguiu completar a faculdade, Rosálie e Katherine voltaram a serem as melhores alunas da escola, e eu continuei o ensino médio.

Estava fora da escola um ano. Dediquei o ano passado para atividades extracurriculares. Não queria entrar em uma faculdade, gostaria de ser comissária de bordo. Mas caso não desse certo eu tinha planos para faculdade e para ser médica. Cirurgiã.

Mas após me esforçar tanto eu consegui como um presente de meu pai. – Que era de formatura, mas eu decidi ‘trancar’ por enquanto até ter total certeza do que quero. – uma viajem para fora do país. Um mês em uma cidade. São Paulo, Brasil.

Em minha opinião São Paulo e New York eram quase as mesmas. Mas, New York é, com toda a certeza do mundo, mais famosa que São Paulo. Mas mesmo assim, era um sonho conhecer essa cidade.

Eu tinha um mês antes que meu curso final para comissária de bordo começasse e esse mês aproveitaria para conhecer São Paulo.

Eu só precisava de um guia…

Pov. Damon.

Em um canto de São Paulo…

–- Licença! – Uma mulher me empurrou, bufei enquanto batia na parede, ela saiu apresada. Os saltos fazendo um barulho irritante contra o cimento e ajeitando os cabelos. Olhei para o carro atrás de mim e o homem ajeitava o terno. Colocando a aliança. Revirei os olhos e voltei a caminhar.

Entrei no condomínio e caminhei entre os blocos até chegar ao número 7. Caminhei até a última porta e entrei, subindo as escadas até o último andar, na porta 32.

Suspirei enquanto entrava em casa.

A casa era tão vazia que me dava desgosto.

Eu precisava arrumar um gato…

Acendi a maioria das luzes e entrei para tomar um banho, depois me sentei no sofá com uma comida enlatada horrível e fiquei vendo o Jornal Nacional.

Suspirei quando o telefone tocou, deixei o pote em cima da mesinha e o tirei do gancho.

–- Alô?

–-Damon? – Minha mãe disse em com o sotaque americano.—Filho tudo bem?

–- Oh, sim mãe. – Voltei á minha língua natal. – E como a senhora está?

–- Bem, bem. Prometeu me ligar todo dia. – resmungou. Suspirei.

–- Mãe, faz três anos e meio que moro aqui, temos que acalmar mais, não?

–- Sim, mas… É tão perigoso morar aí e…

–-É a mesma coisa que morar aí. Fique tranquila.

–- Está se alimentando direito? Ou ainda vive de enlatados?

–- Bem…

–- Ah meu filho, quando vai arrumar uma mulher para cozinhar?

–- Não tenho culpa se a empregada se demitiu.

–- Claro que se demitiu! Você se assanhou para ela.

–- Eu estava tomando banho para ir trabalhar e ela apareceu antes da hora. Não imaginava que ela estaria aqui no momento em que saísse só de toalha do banheiro. E ela era bonitinha.

–- Vê se toma jeito moleque! Ah mas o que é isso agora? Não quero que viva de enlatados. Um deles pode estar envenenado e você pode morrer.

–- Oras, as chances de isso acontecer são as mesmas que eu arrumar uma mulher e ela me envenenar.

–- É bem diferente meu filho, bem diferente.

–- E qual é a diferença Senhora Salvatore?

–- A diferença é que as chances de sua mulher te envenenar por você ser chato demais são cerca de 50% maiores de você morrer envenenado com enlatados.

–- Mãe! – Resmunguei. Ela soltou uma boa gargalhada, revirei os olhos. – Vou procurar outra, ok?

–- Dessa vez tente não bonitinha.

–- Pode deixar. Velha, gorda, casada com cinco filhos e de cabelos pretos e brancos,tá

–- Mais respeito garoto. Procure uma que não lhe atraia.

–- Tá, tá. Agora vou me deitar, amanhã irei pegar minhas férias e prometo que irei cozinhar para mim mesmo.

–- Quanto tempo filho?

–- Dois meses. – revirei os olhos. – Estou pensando em comprar um gato.

–- É uma ótima companhia. E talvez seu irmão vá lhe ver aí em São Paulo.

–- Tá. Agora… Vou dormir, ok?

–-Tudo bem. E bons sonhos meu querido, se cuide!

–- Tá mãe. Tchau.

Desliguei o telefone e soltei um longo suspiro.

Estava tão cansado pelo dia corrido no aeroporto que acabei adormecendo no sofá mesmo, sabendo que me xingaria pela manhã por causa da dor nas costas.

(...)

Pov. Bella.

–- Aff, ela não desiste de São Paulo. – Rosálie bufou e se revirou na cama. Elena continuou com as tranças em meus cabelos enquanto Alice folheava a revista Vogue sem parar.

–- Bem, eu tenho um primo lá. – Comentou distraída. – Eu mal falo com ele, mas minha mãe é muito apegada em minha tia, a paterna, mãe dele. E eu acho que posso pedir para perguntarem a ele se ele aceita ser seu guia. Se falarmos que você vai pagá-lo de forma boa e que você é bonita… Provavelmente ele aceitará.

–- Não vou morar com um homem que é capaz de me estuprar enquanto durmo! – Resmunguei.

–- Ele não é assim!

–- Não é o mesmo que a empregada foi embora por ele ser um tarado? – Katherine perguntou fazendo meu ursinho como bola e o jogando para cima, o roubei ante que ela o pegasse de volta.

–-Não foi bem assim. Ela ficou nervosa por vê-lo só de toalha e se demitiu. Ele pode ter fama de galinha ou coisa assim, mas ele sabe diferenciar trabalho com diversão.

–- Ui, Alice Defensora de primos distantes ataca. – Rosálie riu.

–- É sério. Ele conhece muito bem São Paulo e poderá lhe mostrar os melhores lugares! Só o que precisa conhecer. E então?

–- Hum… Tentador.

–- Se vai fazer isso, é melhor que o Guia seja de família. – Elena saiu de cima de minhas costas e foi trançar o cabelo de Katherine.

–- Nisso eu concordo. – Rosálie disse. Suspirei.

–- Então tá. – Fiquei de joelhos na cama. – Fale com seu primo, por favor, meu pai poderá negociar o preço exato com ele.

–- Tudo bem. --- Alice ficou de pé, pegou seu celular e ligou para sua tia, ficamos conversando enquanto ela falava com sua tia.

–- Se você falasse antes… Ele estava aqui em New York, no meu evento, so que não pode ir pro causa de uma reunião com a empresa aérea dele, e ele está de férias agora. Dois meses. Perfeito para você!

–- Sim, é. – Sorri. – Estou feliz, espero que ele não seja chato.

–- Ah ele não é. Eu acho. Bem, quem sabe vocês viram amigos? – riu.

–-Ou inimigos mortais. – Katherine deu de ombros, depois resmungou de dor pela puxada de Elena.

É… Katherine parecia ter razão…