Pov. Damon.

O maldito sol nascia. Não era como um dia de partida. Era um dia normal em São Paulo.

O sol nascia, o céu estava limpo com poucas manchas brancas de nuvens, macias, longes... Pompas irritantes por todo o lado, os carros por estrada e milhares de pessoas correndo para não chegar atrasado ao emprego e garantir o pão de cada dia. Faculdade, escola, um dia normal, bonito, agradável...

7h40 da manhã e já estávamos próximos do aeroporto. Calados, nada alem de um “Bom dia” e “pegue a chave em cima da mesa” “claro” “vamos”. Nem um sinal, eu não iria mais pedir para ficar. Ela não disse que queria ficar, nem eu queria sair de São Paulo.

As malas no carro, e ela olhando pela janela. Quando chegamos no aeroporto e fizemos todo o maldito processo lento e irritante, sentamos no banco, esperando o horário do avião partir.

–-Vou sentir saudade de São Paulo...

Só da merda da cidade?

– É, aqui até que é legal..

É só não ir embora, aí você não sente saudade. Aposto que entraria na USP.

– Mas... muitas coisas em New York a minha espera, e eu sinto falta de andar na Time Square todos os dias! Uma correria, mas...

– É...

EU não queria falar, não queria ficar conversando coisas que não eram o que queríamos dizer. Eu não podia me humilhar. Dizer, implorar para que ela fique ou desistir de minha vida aqui e ir atrás dela. Não poderia me humilhar dizendo que dois meses foram suficientes para que eu estivesse completamente apaixonado por ela, e se ela não estivesse apaixonada por mim?

Todas as dúvidas me deixavam entorpecido, eu sentia que não conseguia me mexer, e ela iria embora – em pouco tempo, havia me apegado a uma pessoa e não queria deixá-la ir.

Os minutos passaram rápidos demais, sentia que Isabella se remexia agoniada ao meu lado. Eu não conseguia me mexer – e meu corpo doía pela má posição por tempo demais. Uma hora de espera, e então... A voz eletrônica soou pelo salão.

Ela se levantou, alguns segundos depois, eu me levantei e a segui até o portão de recolhida das passagens. Três pessoas na frente dela, e ela iria embora.

EU queria beijá-la, um beijo de despedida. Mas se eu chegasse mais perto, se eu tentasse me despedir, a arrastaria para o carro, amarraria em minha cama e ela jamais sairia demais. E eu não podia fazer...

–-Senhorita? – chamou a mulher morena, pedindo o passaporte. Bella olhou para ela, para mim, e se virou para a mulher.

Com mais uma olhada antes de passar o portão, ela foi embora.

EU não disse tchau.

Ela não olhou para trás.

Eu passaria um bom tempo tentando esquecê-la.

Isso parecia impossível...

pov. Bella.

O avião se estabilizou no ar, a voz eletrônica nos informou que poderíamos soltar o sinto e andar livremente pelo avião, sem causar tumulto. As comissárias passaram servidos e eu recusei qualquer coisa. Não conseguiria comer nada, sentia um nó na garganta.

Olhei pela janela. Branco, branco, branco.

E nesse branco, era como se todas as coisas passassem ali. Lembranças, e eu sentia os beijos, eu sentia todos os toques dele. Mas não podia admitir. Pouco tempo para tanto amor ter surgido ali. Não podia ser real, coisa do momento. Não podia ter me humilhado a ponto de me declarar, ou desistir de minha vida em New York para uma paixãozinha que eu não tinha certeza ser real.



Horas de voou, e finalmente o avião pousou em New York. As lagrimas ainda estavam acumuladas nos cantos dos olhos, eu sentia um vazio no peito e queria um abraço para poder chorar.

Depois de toda a demora até chegar no salão principal, eu já não aguentava segurar as malas e querer chorar, de saudade daquele idiota e nem ter dito tchau á Damon, ou á cidade – eu não queria me despedir. – e quando vi Rosálie ali, com Alice, não resisti. Larguei o carrinho com malas bem próximos, corri aos braços da loura e comecei a chorar, mal me aguentando em pé.

– Bella! O que aconteceu? Meu Deus! – O inglês dela soava estranho por eu ter me acostumado com o Português. Rotina de dois meses atrás... Merda.

– Aconteceu alguma coisa Bells?

EU não conseguia falar,eu não conseguia sequer respirar direito. Chorava de soluçar, como uma criancinha perdida no shopping, esperando pela mãe.

Sempre fui sensível com amores, e Damon tinha abalado tudo que construi. Dois meses foram o suficiente para eu não querer imaginar minha vida sem ele, eu não queria ficar longe dele, mas não tinha certeza se tudo era real...

No carro, o tempo todo eu chorava. Sem soluçar, apenas lágrimas escorriam sem parar. Rosálie mexia em meu cabelo, não questionou mais. E quando chegamos, me fez tomar um banho e deitar, me abraçou por trás e cantou baixinho para que eu dormisse.

Eu dormi, segura nos braços de minha melhor amiga, em casa.

Mas não me sentia completa, satisfeita.

São Paulo não era a cidade do amor, nem nada do tipo. E eu odiava a cidade por ter amado tanto ela e quem estava lá.