Otávio assistia ao jornal na sala de sua casa. A esposa preferiu ir dormir mais cedo, por isso, após o jantar, ela se ausentou da companhia dele.

Depois de algum tempo, ele foi ao seu quarto se deitar. Tentou acordar a sua mulher, mas ela não se movia. Decidiu não pertubá-la mais e desligou a luz. Mal sabia que a mulher havia sido picada no braço e estava morta.

No dia seguinte, quando amanheceu, o homem acordou bem cedo; era a sua rotina, todos os dias. Iria até a casa de Adriana pegar uns documentos importantes, portanto arrumou-se como de costume. Tentou acordar a mulher, porém não conseguiu. Olhou o vidro de calmantes e deduziu que ela ainda estava sedada. Pegou o par de sapatos que estava num closet - e que por sinal passou a noite com a porta aberta -, calçou o par esquerdo e o direito. Quando foi calçar o par direito, ele sentiu uma forte picada no seu dedo que o fez gritar de dor e cair ao chão. Uma aranha saiu do calçado e fugiu.

– Não... é possível...

O homem começou a ter convulsões no chão do quarto. Tentou se arrastar a fim de pegar o celular e ligar para o hospital, mas teve uma parada cardíaca ali mesmo.

...

Edson trabalhava na delegacia quando recebeu um chamado do seu superior.

– O que houve, chefe?

– Mais um caso de morte envolvendo envenenamento.

– E qual é a nossa vítima?

– Não vai acreditar. O Otavio Augusto, diretor daquele centro de pesquisa, que te auxiliou na procura por aquele biologo que havia desaparecido.

Ao ouvir tais palavras, Edson não conteve a surpresa. Um homem tão experiente caiu na armadilha de uma aranha. Era inacreditável.

– Posso ao menos comunicar a uma pessoa?

Adriana fazia o café da manhã aos seus filhos e marido, quando a campainha da sua casa começou a tocar. Ela saiu da cozinha e foi atender à porta. Viu Edson parado a sua porta.

– Quero que veja uma coisa - disse o policial.

Adriana não acreditou quando viu o corpo de Otávio desfalecido e também da mulher deste. Foi demais para a bióloga. Pediu para tomar um ar antes de analisar melhor os corpos, apesar de ser ilegal.

Ao chegar à copa, ela viu, no canto da parede e perto da geladeira, uma aranha. O animal devia ter pelo menos uns 10 cm com as pernas esticadas. A empregada gritou ao ver o animal, mas a bióloga pediu calma; pediu à empregada um vidro de inseticida em spray e acendedor de fogão. Apontou o spray na direção o animal e apertou, depois ligou o acendedor. Assim formou uma labareda que foi na direção do bicho, que saiu correndo pegando fogo, mas que logo morreu.

– Nossa, eu não teria essa ideia nem a um milênio - disse Edson.

– É porque não é biólogo.

– Eu tive uma ideia. E se usássemos fogo contra essas aranhas?

– Pode ser algo bom. Temos que nos preparar. Acho que aquela não era a única.

Depois disso, Adriana retornou aos corpos. Sentiu pena de Otávio e sua esposa pelas mortes trágicas. Não se intimidou, decidiu ir ao CPAI pegar uns vidros de inseticidas que havia lá.