Mas que saco! O que está acontecendo com o Frost? Ele anda tão estranho, distante, eu não entendo, a um mês atrás, nós parecíamos até irmãos, daqueles que vivem brigando, mas que faz qualquer coisa um pelo outro...

Mas então só lembro da nossa ultima conversa, ele falou umas coisas esquisitas, das quais não entendi e não me lembro, só lembro o final da nossa conversa bizarra na minha casa em quanto jogávamos no meu Xbox, um jogo de luta.

Nós estávamos conversando qual era o melhor time de basquete da NBA, daí começamos a discutir e então mudamos de assunto. Eu perguntei uma merda muito grande, nem sei onda estava com a cabeça.

Eu o perguntei se ele gostava da Punzie e ele disse que sim, senti o meu coração pesar, mas mesmo assim queria uma prova concreta, não apenas um sim.

-Não como amiga, picolé, mas como algo a mais... –Senti o meu rosto ficar vermelho naquela hora e comecei a bater no boneco dele sem parar.

-Ei calma ai, desse jeito, vai acabar quebrando o controle, e respondendo a sua perguntinha marota, eu nem sei direito fogaréu...

Ai ele começou a falar um monte de coisas, poucas coisas consegui captar, só o final mesmo, em que ele deu um pause no jogo e me olhou de cima a baixo, o Frost ficou um pouco corado, eu até queria vomitar arco-íris, de tão fofo que ele ficou, mas não podia demonstrar qualquer fraqueza, afinal estamos falando do Jackson Overland Frost, o cara que utiliza qualquer fraqueza sua para usar contra você de forma engraçada e o seu alvo favorito era eu claro, perturbado.

-Hum... Merida...- Começou ele se aproximando. –Sabe por que eu te adoro de perturbar?

-Não e não tenho a menor curiosidade de saber. –Fui me afastando, a esse ponto meu rosto devia estar vermelho como uma maçã madura, me afastei até o braço do sofá.

-Ah, fala sério, é obvio que você quer saber.

-Por que gostaria? –Droga o sofá acabou e ele está praticamente em cima de mim, por que não o empurro para longe como sempre faço? Meu corpo parece que perdeu a força. –Da para sair de cima de mim? Está meio estranho... –Viro o rosto e fico encarando a TV, como se ela fosse se levantar e vir me ajudar, eu só não quero ter que encarar ele...

-Não senhorita DunBroch. –Nossos rostos estão a centímetros um do outro. –Eu te...

Ele me beija de forma lenta e prazerosa, parece que o tempo parou naquele instante, se me perguntasse a alguns meses ou dias atrás com quem o meu primeiro beijo o ultimo da lista seria o frost.

Ele pare e se afasta, meu corpo e mente gritam querer mais, mas meu lado racional não faz nada.

-Tenho que ir cabelo de fogo e espero que isso tenha respondido a sua primeira pergunta.

Ele sai da minha casa e fico lá no sofá sem dizer nada, tentando processar o que acabou de acontecer.

Me lembro de tudo isso em quanto me arrumo para um baile de mascaras, onde as pessoas mais importantes da cidade iram aparecer, não que eu seja importante, mas acontece que sou a filha da prefeita e ela faz questão que eu vá. Que saco, por que não posso bancar a irmã responsável que fica com os irmãos em quanto os pais saem?

Enfim termino de fechar o zíper do meu vestido azul claro com detalhes em dourado, meio cafona, mas era o único que eu tinha para festa, olho para o espelho e vejo uma menina arrumadinha, cabelos presos num meio rabo de cavalo, um gloss transparente e descalço.

De fato essa menina não estava feia.

Abro o meu guarda roupa, na parte de sapatos há uma bota com um cadaço, um chinelo preto e velho, uma sapatilha verde escuro, dois tênis e um salto prata que a minha mãe me deu hoje de manhã. Até parece que irei usar essa coisa.

Pego o tênis branco que está um pouco sujo, mas quem se importa o vestido é longo, pena que tem um leve rasgo no lado.

Saio do meu quarto e desço os degraus, no fim deles está a minha mãe com um vestido preto e o seu celular tirando um milhão de fotos minha.

-Mãe quer parar?

-Você está linda minha filha. Espere! Você está sem maquiagem? E cadê o salto que eu lhe dei? Anda suba e se arrume um pouco melhor. –Diz ela me empurrado de volta para a escada.

-É um baile de mascara, ninguém vai ver minha maquiagem e muito menos saberão que sou eu, agora podemos ir?

-Claro.

Dou um pequeno adeus para os trigêmeos e Maudie, entro no carro e coloco os meus fones de ouvido.

Vejo a paisagem passar pelo vidro do carro, não paro de pensar no Frost, o que há com ele, sinto um pouco de sono e adormeço.

...

-Pronto chegamos, Merida acorde! –Diz o meu pai.

Coloco a mascara ainda um pouco variada por causa do sono e desço do carro.

Entro numa casa velha, bem a fachada da casa é meio antiga, chego a um enorme salão onde há varias pessoas conversando, a maioria mais velha que eu, também é um baile beneficente, daqui a pouco vai rolar leilão de peças raras ou não e o mais famoso de todos o leilão de mulheres.

Esse ultimo é bem idiota, mas todos os presentes gostam, ele funciona de forma simples, onde todas as mulheres escritas numa lista, feita por minha mãe e o General Nicolau Norte, sobem ao palco e os presentes fazem lances, o maior lance ganha e tem direito a uma dança e passar 24 horas com ela.

Inútil.

Ando pelo salão a procura de alguém que eu conheça, até avistar o Soluço conversando com a Rapunzel perto de uma mesa com algumas comidas, vou até eles. Como eu sei que são eles? Cabelo enorme e loiro e um ser desengonçado.

-Boa noite. –Digo.

-Boa, prazer Rapunzel Corona. –Diz a Rapunzel estendo a mão para me cumprimentar, acho que ela não me reconheceu ou está fazendo graça comigo. –E você deve ser a senhorita Merida DunBroch, ouvir falar muito a seu respeito. –Ela da um leve sorriso depois ri.

-Nossa que formal Punzie, e ai como estão?

-A festa está meio parada, mas de boa... –Diz o Soluço olhando para todos os lados a procura de alguém.

-E a Astrid e o Flynn, já chegaram? –Pergunto.

-O Flynn foi ao salão onde está ocorrendo o leilão e a Astrid ainda não chegou. –Responde a Punzie.

-Todas as mulheres presentes favor irem ao salão superior, onde ocorrerá a segunda etapa do leilão.

-Então vamos ver quem são as coitadas da noite. –Digo. –O Soluço você não vem?

-Não, vou esperar a Astrid.

Então eu e a Rapunzel subimos e nos sentamos numas cadeiras bem ao fundo ao lado do Flynn. Então a minha mãe anuncia as coitadas. Fico vendo cada uma delas subir ao palco e cada uma receber um preço.

-Rapunzel Corona! Suba ao palco por favor.–Fala a minha mãe, pobre da Punzie. –Primeiro lance! 50 reais!

Um garoto de cabelos castanhos levanta a mão.

-Quem da mais?

-150! –Grita o Flynn com uma cara esquisita, ele e a Rapunzel namoram já faz um ano, então ele não vai deixar qualquer ralé leva-la para casa.

-250! –Grita o garoto de cabelos castanhos que me parece familiar.

-500! –Flynn grita com toda força, que o povo a nossa volta fica espantado.

-500! Quem dá mais? –Pergunta a minha mãe, mas ninguém parece querer apostar mais, também com a cara do Flynn, nem eu ia querer. –Doli uma! Doli duas! Doli três! Vendida para o jovem do fundo.

Rapunzel desce do palco e se encontra com o Flynn, onde dão aquele beijo que me faz vomitar e sem querer lembrar o do Frost, nossa eu preciso esquecê-lo...

-Merida Dunbroch! Suba ao palco por favor.

Mas o que?! Nem em um milhão de anos e ela não pode me obrigar!

-Merida? Vamos filha suba.

-Não! A senhora enlouqueceu? –Digo me levantando e saindo do salão batendo os pés.

Eu sabia que tinha alguma coisa suja nisso aqui, eu deveria ter percebido isso antes, agora entendo a alegria dela para me fazer ir, ela acha que fazendo isso arrumo um namorado.

Outro dia ela me perguntou se eu era lésbica, vê se pode? Só porque não saio beijando todo mundo ou me visto como patricinha não quer dizer que sou lésbica.

Desço a escada segurando o vestido para não acabar caindo. E saio do prédio, lagrimas caem dos meus olhos, não é de tristeza, mas sim de raiva.

Está chovendo um pouco forte, em menos de dois minutos fico toda molhada, me sento na escadaria da entrada e fico olhando o céu escuro, pena que não da para ver a lua...

-Por que ela sempre faz isso comigo? Por que?

Olho para os meus pés e vejo uma carta de baralho, é um coringa com um guarda chuva, pego a carta e olho para frente, vejo uns santos dourados pendurados em uma casa do outro lado da rua, na pista passa vários carros buzinando e passando rápido.

-Tudo o que eu queria era que ela visse o meu ponto de vista... Também queria saber o que há comigo em relação ao Jack.

Me levanto, não quero mais saber de merda nenhuma, nem mãe, muito menos de um garoto, do qual odeio amar e não entender...

-Merida! Espere!

Me viro e vejo o garoto do leilão, ele tira a mascara e vejo o seu rosto.

-Jack? –Digo, parece que o chão abaixo de mim se abre, meu coração parece que vai sair do meu peito, minha respiração parece ter uma tonelada.

Ele corre até mim e me abraça, posso sentir o calor do seu corpo, olho para o seu rosto, seus olhos parecem ter um brilho diferente, mas ele me afasta um pouco. Sua afeição muda.

-O que pensa que está fazendo? Queria ser atropelada? –Diz ele me olhando, porem não nos olhos, tem algo de errado, parece que ele está escondendo algo de mim... –Me desculpe por aquele dia, eu não sei o eu estava pensando...

-Não ligo, você é mesmo um pervo. –Digo e me aproximo para lhe roubar um beijo, mas ele me afasta.

-Isso não está certo, eu não sou aquilo que você pensa que sou, eu preciso ficar longe de você ou vou acabar lhe machucando...

-Não me importo, eu sei mais ou menos o que quero agora. Eu quero... estar com você. –La vai eu falando merda de novo, mas que se foda! Não posso ficar fingindo para mim mesma que não gosto dele. Eu amo esse picolé. –Nada que vier de você pode me machucar.

-Você não entende. Eu não sou... –Ele vira o rosto e olha para baixo.

-Humano? –Digo com um pouco de medo de ouvir a resposta.

-É. Tem algo dentro de mim... que pode sair de mim se eu não souber me controlar ele pode... bem... machucar você. E quando estou perto de você, perco um pouco de controle sobre mim. Como posso falar isso sem te assustar...

O beijo, não quero mais o ouvir falar. Por alguma razão eu sei o que ele vai dizer.

-Eu tenho um demônio dentro de mim.

-Mesmo com ou sem demônio dentro de você, eu te amo picolé.

-Você o que? –Diz ele meio espantado, mas com um sorriso nos lábios, ele me trás para perto de si e me da um beijo lento e demorado, sinto os pelos do meu corpo arrepiarem. –Eu também.

Ouço uma musica lenta vindo do salão de entrada, ele me pergunta se aceito dançar com ele, ali mesmo, na calçada com a chuva mais forte caindo, ainda não consigo processar a informação que ele é meio demônio, mas por em quanto, só quero ficar aqui dançando na chuva com o ser que mais odeio amar na terra.

-Oh Deus! Isso é verdade Soluço? –Escuto a Rapunzel falando.

-Bem Punzie, eu acho que sim.

Nós dois paramos de dançar e olhamos para os dois e damos risada.

-Sim Punzie, eu estou pegando a fogaréu.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.