Esquecendo você

Capítulo 7 - Reforços


NOTA: LEIAM AS NOTAS INICIAIS

Magnus’ POV

Já faziam dois dias desde o acidente de Alexander. A médica que o atendeu (Dra. Waters) havia me dito que eram apenas efeitos da batida, e me disse para descansar. Fui para casa, tomei banho, me arrumei devidamente. Enfim peguei roupas limpas para quando Alexander acordasse e voltei para o hospital.

O garoto ainda não havia acordado. Ele parecia cada vez mais pálido, mas seu rosto aparentava calma. Como se nada ali pudesse perturbá-lo. Beijei-o de leve como sempre fazia, e senti uma leve movimentação abaixo de mim. Me afastei e ele abriu levemente os olhos. Analisou o local, como se estranhasse o lugar, e então seus olhos pousaram em mim.

– Quem é você?

Gelei por dentro. Eu já sabia que havia a possibilidade disso acontecer, mas tinha esperanças de que não acontecesse. Agora, a verdade estava bem a minha frente. Alec perdera a memória.

– Meu nome é Magnus Bane. Você sabe quem é?

– Sou Alexander Lightwood. Sou um Caçador de Sombras.

– Sabe mais alguma coisa?

Ele fez uma careta, como se tentasse lembrar, mas nada viesse em sua mente.

– Não – suspirou, desistindo. Sorri.

– Eu deixaria sua família te explicar, mas estão ocupados no momento.

Ele me olhou curioso. Então comecei a resumir sua vida.

– Bom, você é um Caçador de Sombras e seus pais cuidam do Instituto de New York.

“Você vive com seus pais e sua irmã, Isabelle, e com seu parabatai que é praticamente seu irmão, Jace. Ele tem uma namorada, Clary, e Izzy tem um namorado chamado Simon, que é um vampiro. Você é gay desde que o conheço – não que eu o conheça há muito tempo – e já foi apaixonado por seu parabatai”.

– Não sou mais? – Perguntou ele, curioso. Suspirei.

– Não.

– E onde você se encaixa na história? – perguntou ele.

– Eu... Eu era seu namorado até alguns meses atrás.

Ele pareceu surpreendido, como se namorar – ou me namorar – parecesse uma ideia absurda.

– E... por que não é mais? – perguntou ele, aturdido. Coloquei a mão no rosto.

– Alexander, você não sabe quem eu sou, não é?

Ele pareceu pensar, e então de leve negou com a cabeça.

– Não, sinto muito.

– Sou Magnus Bane, um feiticeiro. Sou o Alto Feiticeiro do Brooklyn, e nos conhecemos quando Clarissa foi me procurar. Pode parecer estranho, mas me atraí por você na primeira vez que o vi. Você estava apaixonado pelo garoto Herondale – Jace – na época, mas aos poucos fui te conquistando. Nós namoramos, Alexander, e eu te amava. Ainda amo. Mas sou um feiticeiro, sou imortal. Então você foi atrás de uma ex-namorada minha, para tirar minha imortalidade. Eu não reclamaria, mas você não me contou. Sabia que era errado, e mesmo assim continuou. Fiquei magoado e... bem, terminamos.

Ele me olhou abismado. Sabia que devia deixá-lo digerir a notícia, e resolvi sair do quarto. Ele, porém, pegou meu braço e me puxou de volta.

– Não vá – falou ele, tímido. – Me sinto seguro com você... Quero me lembrar.

Dei risada e me sentei na beirada da cama.

– Você vai lembrar. Mas enquanto isso, vai ter que ficar na minha casa por um tempo. Não estamos em New York.

– Por que? – Ri alto.

– Essa é outra longa história, Alexander.

Izzy’s POV

Eu me perguntava como Magnus conseguia piorar as coisas. Agora, além de um Alec distante, tínhamos um Alec sem memória.

Não posso dizer que a reação de Jace foi boa.

Mas tínhamos problemas maiores. Depois do primeiro ataque, Sebastian se esforçou para tornar nossas vidas um inferno. Parecia ter conseguido a confiança de demônios menores e a ajuda de seres do submundo, além de alguns Caçadores de Sombras que estavam se convencendo de que Sebastian valia a pena. A própria Clave parecia perceber uma movimentação nova, e seria questão de tempo até virem atrás de nós e perceberem que, mais uma vez, temos algo a ver com isso.

– Não podemos deixar Clary sozinha – comentou Jace.

Estávamos sentados, como sempre, na sala do Instituto. Meu pai havia voltado para Idris pouco depois que eu e Jace fomos atacados, e não parecia arrependido. Pelo contrário, tinha uma mala e parecia estar indo definitivamente. Então, sem se abalar, minha mãe pediu que Clary e Simon voltassem a ficar no Instituto para tomarmos decisões quanto a Sebastian. Nenhum dos dois reclamou, é claro, e ainda pedimos a ajuda de Maia e Jordan. Licantropes não eram meus favoritos, mas podia gostar dos doía.

E, portanto, ali estávamos. Eu, Jace, Clary, Simon, Maia, Jordan e minha mãe, todos tentando encontrar um próximo passo.

– Nessa parte eu concordo – respondeu Simon. – Ela é irmã de Sebastian, apesar de tudo. Vão querer ela fora do caminho.

– Muito pelo contrário – disse Jordan, se manifestando pela primeira vez desde que chegara. – Justamente por ser irmã de Sebastian, vão desejá-la como aliada.

– É claro – falou minha mãe, como se percebesse algo importante. – A Clave sabe que Clary pode desenhar Runas que não estão no Codex ou no Livro Gray. Vão aproveitar esse dom para convencê-la a derrotar Sebastian e se juntar a eles. Isso a deixaria nas mãos da Clave, além de que a manterão por perto. Quando ela se mostrar uma ameaça, estarão perto o suficiente para pegá-la.

– O que volta ao que eu disse – comentou Jace, impaciente. – Não podemos deixar Clary sozinha.

– Mas isso nos deixa em desvantagem – disse Clary, aparentemente indignada. – Alec não está aqui, vamos precisar de toda a ajuda possível. Se eu não puder lutar...

– Não disse que não pode lutar – cortou Jace. – Disse que não pode lutar sozinha. Vai precisar estar sempre acompanhada quando sair.

A ruiva emburrou, mas não reclamou. Acho que entendia nossa situação. Não que eu adorasse aquilo, é claro. Clary sabia agir sozinha, e acho que se sairia muito melhor sem que alguém precisasse protegê-la, mas Jace estava certo. A Clave iria querê-la e não podemos permitir isso.

– E vamos precisar de ajuda do submundo – me arrisquei, olhando para Simon. – Toda a ajuda possível.

– Tente convencer Maureen disso – resmungou ele, grunhindo. Parecia realmente incomodado. Olhei Jace e vislumbrei a sombra de um sorriso.

– E os feiticeiros? Lobisomens? Fadas? – Perguntei.

– Temos Mystia – mencionou Jace. – Mas não acredito que Magnus e Alec vão chegar tão cedo.

Olhei Maia e Jordan, esperando uma resposta. Jordan negou.

– A Praetor não vai entrar na guerra a não ser que seja realmente necessário.

– Mas temos Luke – comentou Clary. Isso animou Maia.

– É, os lobisomens não são problema, pelo menos não os daqui. Luke é o líder do bando, pode pedir que lutem. Mas não creio que todos vão gostar da ideia – falou a garota. Clary concordou.

– De qualquer jeito, Maia está conosco e Luke também. Não é um grande problema.

– Nosso problema realmente não é nenhum deles – disse minha mãe -, mas sim as fadas. A Rainha fica do lado mais lucrativo para ela, e é bem possível que acredite que Sebastian é esse lado.

Assentimos e ficamos em silêncio Se até minha mãe reconhecia que Sebastian tinha maiores chances de vitória, nossas chances eram realmente mínimas.

O celular da ruiva tocou Em pouco tempo, ela e Jace estavam indo atrás de Luke e Jocelyn, enquanto Maia e Jordan decidiam que não havia mais nada a fazer no Instituto e foram embora.

– Eu vou fazer algo para comermos – comentou minha mãe. Cansada daquilo, me virei e fui para o quarto, com Simon em meu encalço.

– Achei que esse fosse o quarto de Alec – comentou ele ao entrarmos. Assenti e me sentei na cama, convidando-o para se sentar comigo.

– E é. Mas... Não sei, desde que Alec viajou tem sido tudo tão complicado. Me sinto mais calma aqui.

Ele não respondeu, apenas me abraçou forte e assim ficamos, envolvidos em nossos próprios pensamentos.

– Simon... – comecei, um pouco incerta. – Por quanto tempo mais vou ter que ver aqueles que eu amo sofrerem?

Olhei para ele e constatei que ele me observava também.

– Como assim, Izzzy?

– Quero dizer, Max morreu, meu pai e minha mãe obviamente não se amam mais, Jace praticamente teve o coração partido antes de se entender com Clary, Alec estava em depressão e agora perdeu a memória. Por quê? Eu queria apenas que tudo ainda estivesse bem, como quando ainda éramos crianças...

– Izzy, eu...

– E se eu perder você também? Se alguma coisa acontecer com você, eu...

Ele me calou com um beijo. Quando sentiu que eu estava mais calma, nos separamos.

– Nada é fácil – comentou ele, sorrindo. – Mas você é forte Izzy. Se essas coisas acontecem, é porque você pode suportá-las e contorná-las. E não se preocupe comigo – falou ele, piscando – posso aguentar algumas coisas.

Suspirei. Simon tinha razão. Eu podia ser forte. Podia superar isso.

– Vamos.

Falei, me levantando. Ele me olhou confuso.

– Para onde? – perguntou-me. Encarei-o séria.

– Até Mystia. Precisamos de reforços.