Onze horas da manhã, as três magas e o exceed esperavam pacientemente por qualquer notícia. Juvia não parava de pensar no pior, temia pela vida do amado como nunca antes.

Erza mantinha-se firme na frente da porta, esperando que alguém batesse, caso contrário, avisaria o Mestre. Felizmente, isso não demorou a acontecer.

— Bom dia — disse um homem.

— Quem… ?

— Oh! Erza, bom dia — disse Gray, um degrau abaixo do homem.

— GRAY, SEU MALDITO — a ruiva o puxou pelo colarinho, arrastando-o para dentro.

— Gray-sama — Juvia jogou-se nos braços do homem, com lágrimas nos olhos.

— Eu estou bem, Juvia. Eu disse que voltaria logo — retribuiu o abraço.

— James? — Lucy reconheceu o homem na porta. — Entre, fique a vontade.

— Obrigado, eu só vim trazer o garoto.

— Trazer o Gray?

— Sim, ele foi até a sede do Conselho e nos mostrou todos os bilhetes que recebeu.

— O Gray virou criancinha, tem que voltar para casa de mãos dadas com um adulto responsável — Happy que até então estava em silêncio, resolveu alfinetar

— Por que não avisou? Queria matar a gente do coração? — perguntou Lucy para o moreno.

— Desculpa, eu não pensei direito na hora. Quando recebi o novo bilhete ontem, decidi ir até o lugar que ele mandava. Dentro do trem eu me toquei que poderia ser uma armadilha, então resolvi ir até o Conselho para entregar os papéis para eles investigarem — explicou. — Acabei sendo interrogado também.

— Fez bem, garoto. Avisos assim não podem ser ignorados. Mandarei alguém em seu lugar até a cidade descrita, se for uma armadilha, estaremos preparados.

— Obrigado pela ajuda, James — agradeceu o moreno.

— Disponha. Agora irei até a Fairy Tail, tenham um bom dia — despediu-se, saindo.

— O que tem para comer? — perguntou Gray, ignorando completamente a situação.

— O que você fizer — respondeu Lucy ainda com raiva.

— Ah! Loira, dá um desconto.

— Boa sorte com o almoço — Erza jogou-se no sofá.

— Juvia vai esperar ansiosamente — seguiu o exemplo das amigas.

— Gray, peixe, por favor — pediu Happy.

— Pelo visto, dancei…

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Alguns dias depois.

Agoniada, era assim que a loira estava. Sentia-se presa dentro de casa, mas toda vez que tentava sair, alguém a chamava ou saía em seu lugar. Não aguentava mais, queria ir pelo menos até a padaria comprar pão.

Depois do almoço, propôs que fossem para a guilda e, para sua alegria, ninguém discordou. Caminhou animada com Happy em seu colo, tagarelando sem parar. Quando chegaram, Lucy logo se arrependeu, pois a guilda estava cheia de membros do Conselho por todos os lados..

— Ainda bem que vieram, meus filhos — o Mestre se aproximou. — Quem ainda não foi interrogado, espere na cozinha que eles logo chamarão.

Juvia, Erza e Happy seguiram até a cozinha, esperando com os demais. Lucy e Gray sentaram-se na mesa, ou lado dos amigos.

— Alguma informação nova, Lu-chan? — perguntou Levy, lendo um livro sobre o Templo que a loira tinha comentado.

— Nada… E você?

— Bem, aqui diz que dentro daquele Templo de Snowball tinha um portal muito antigo, mas ninguém sabia para onde ele levava já que estava desativado.

— Um portal? Pena que o Templo caiu… Acho que teve alguma luta lá.

— Concordo com você, parece até que foi proposital para despistar.

— Alguém olhou os escombros? — perguntou Gray, atento à conversa.

— Pelo que disseram quando chegaram aqui, estão analisando o que foi encontrado lá. Por enquanto, nenhum resultado saiu…

O silêncio reinou junto à curiosidade. Todos estavam ansiosos pelos resultados, queriam entender de uma vez por todas o que aconteceu e torciam para as respostas estarem mais perto do que o esperado.

Duas horas depois, o interrogatórios terminaram lentamente, causando um leve alvoroço entre os membros da guilda que conversavam entre si.

— Silêncio, pirralhos. O James tem um anúncio para fazer — pediu Makarov, em cima do palco.

Pela primeira vez, todos ficaram quietos em questão de segundos. Ansiavam por informações concretas sobre o caso.

— Muito bem! Primeiramente, gostaríamos de agradecer pela colaboração de todos — sorriu. — Vocês estão ajudando muito nas investigação — fez uma pausa. — Sobre o que descobrimos… Nós fomos até Snowball e olhamos o Templo e encontramos algumas… pistas.

— Sabia — Lucy sussurrou.

— O Templo não caiu? — perguntou Happy perdido.

— Caiu, mas remexeram nos escombros…

— Essas pistas nos trouxeram até a Fairy Tail hoje… Temos dois suspeitos — disse sério.

— Ninguém da guilda faria algo contra o Natsu — Erza olhou-o com atenção.

— Os suspeitos são: Lucy Heartfilia e Gray Fullbuster.

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— De onde raios eles tiraram essa palhaçada? — Gray andava de um lado para o outro, na sala do Mestre.

— Nós nunca faríamos isso — disse Lucy, sendo consolada por Erza.

— Claro que não, estão tramando pra cima da gente, Lu.

— O que faremos?

— Desculpe, Lucy. Eu pedi que eles ficassem aqui para que você não se envolvesse nas investigações e acabasse sendo acusada. No fim, aconteceu o que eu tremia… Não vejo mais sentido em você ficar presa dentro de casa — explicou o Mestre. — Iremos provar a inocência de vocês.

— Eu sabia que não estavam me deixando sair por algum motivo…

— Gajeel, algum progresso?

— Isso é muito estranho — o moreno balançou o líquido do copo. — É o mesmo perfume que a Bunny Girl usa.

— Foi encontrado nos escombros.

— Um perfume me acusou? Não sou a única que usa ele.

— Não foi o perfume — o Mestre voltou a falar. — Foi encontrado um frasco dele com fios de cabelo loiro.

— O quê? — perguntou incrédula.

— A Lucy não é a única loira que usa esse perfume no mundo — Erza retrucou.

— O fio tem o cheiro dela — disse Gajeel, analisando uma sacolinha com os fios loiros.

— Então, eles analisaram certo. Droga — Makarov respirou fundo.

— Eu nem cheguei perto do Templo, como meu cabelo foi parar lá?

— Nós sabemos disso, eles não, minha filha.

— Isso é injusto…

— E o que me acusou, velhote?

— Encontraram uma camisa sua lá — respondeu.

— Parece que eu ter dito que minha casa foi invadida não valeu de nada para eles.

— Gajeel, preciso de um favor.

— Pode falar, Mestre.

— Eu quero que você vá com Lucy, Happy e Gray até o Templo de Snowball, o Conselho não pretende voltar lá novamente, então vocês não precisam se preocupar.

— O senhor acha uma boa ideia? — perguntou Gray.

— Agora não temos mais o que temer. Você se lembra quando eu mandei você ir até lá?

— Sim! O senhor mudou de ideia depois que tive a casa invadida.

— Essa é sua chance de fazer o que lhe pedi, use sua magia a seu favor para poder revirar Snowball, nem que seja de cabeça para baixo

— Sim!

— Tenham cuidado, manterei o Conselho ocupado enquanto isso.

— Podemos levá-los até a caverna onde ele foi visto pelo última vez — sugeriu Erza. — Eles ainda não olharam ali, não podem sair tirando conclusões precipitadas desse jeito.

— Boa ideia. Chame Wendy e Charlie, elas podem nos ajudar com isso. Agora, trabalhem!

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Equipe Snowball.

O frio incomodou a loira mais do que na última vez. Parecia que a temperatura tinha caído com o passar dos dias. Abraçou Happy mais forte, tentando aquecer o exceed.

Como imaginava, Gajeel e Gray nem sequer ligaram para o frio. Olhavam sérios ao redor, procurando qualquer indício do Templo.

— O que é aquilo? — perguntou o Moreno, tentando Gray ver através da neve.

— Uma casa — respondeu Lucy.

— A casa que… ?

— Sim…

— Vamos passar direto, não estou com uma boa impressão dela — disse Gajeel que até então estava em silêncio.

— Concordo, ela me dá arrepios.

— Essa casa é amaldiçoada, Lucy — Happy encolheu-se quando rodeavam a casa.

— O velhote entrou aí, ele disse que não encontrou nada — Gray olhou dentro de uma das janelas.

— Parece uma casa abandonada, deve ter fantasmas aí.

— Cruzes, Happy.

— Sinto um leve cheiro de queimado — Gajeel avançou um pouco, olhando ao redor. — Lá para baixo.

— Não dá para ver nada — Gray tentou enxergar mais para a frente. — Vamos descer.

O grupo não perdeu tempo, passo a passo foram descendo a ladeira, tomando cuidado para não escorregarem. Logo já estavam longe da única casa do local.

— Está ficando um pouco mais forte, mas ainda está longe. Vai ser uma longa caminhada — alertou Gajeel.

— Não temos escolha, eu quero ver esse Templo com meus próprios olhos — Lucy olhou-o determinada.

— Ok!

Gajeel não estava brincando quando disse que iria demorar. Mais de uma hora depois, o grupo ainda caminhava em linha reta. Parecia que quanto mais avançam, mais longe ficavam do objetivo.

A neve cada vez mais funda quase impedia que pudessem avançar, mas tentavam ao máximo ir mais rápido para evitar que o cheiro sumisse completamente e eles ficassem perdidos no meio do nada.

— Falta muito? — Happy resmungou.

— Não, está logo ali — apontou Gajeel.

Aliviada, Lucy foi a primeira a se aproximar. O que via não passava de um monte de neve estranhamente quebrada.

— Neve mágica — disse Gray, tocando o local.

Embaixo de todo o amontoado de blocos de neve, Gajeel viu algo reto, como uma tábua. Remexeu um pouco, até descobrir que era um arco branco.

— O portal — Lucy olhou admirada para a estrutura. — Está intacto…

— Será que ainda funciona? — Happy ficou curioso.

— Acho que não, ninguém nunca o viu aberto…

— Natsu entrou nele, Lucy?

— Não faço ideia…

— Tem o cheiro do esquentado aqui… — Gajeel entrou no meio dos escombros, sem se importar se deixaria rastros ou não, pouco importava a opinião do Conselho para si.

Andando com agilidade, o moreno encontrou onde o cheiro estava mais forte e levantou parte dos escombros, achando a fonte de sua curiosidade.

— Com toda certeza ele esteve por aqui — puxou o cachecol do rosado de debaixo da neve.

— Luxy — Happy começou a chorar.

— Vai ficar tudo bem, Happy — abraçou o gatinho, segurando as lágrimas.

— O corpo foi encontrado muito longe, tenho certeza que o Salamander nunca largaria seu cachecol assim.

— Sabotagem? — perguntou Gray, tentando consolar os amigos, abraçando-os.

— Com certeza. Tiraram o cachecol dele de propósito e o levaram daqui. Talvez quisessem que viéssemos aqui.

— Tem algum outro cheiro no cachecol? — perguntou Lucy com a voz embargada.

— Um fraco perfume feminino.

— Cassandra…

— Quem é Cassandra? — Gray estranhou o nome.

— A mulher que chamou Natsu até aqui. Eu e Happy vimos a carta que ela mandou para ele.

— Onde está essa carta?

— Dei ela para o Mestre, ele deve ter dado para James.

— Não acredito que a carta tinha remetente e, ainda assim, fomos acusados.

— O que dizia na carta, Bunny Girl?

— Dizia que ela estava o esperando, também alertava para que ele tomasse cuidado com a avó dela, pois ela não podia saber de nada — contou o que lembrou.

— A velha maluca — Happy arrepiou-se, abraçando com mais força o cachecol do amigo.

— Então, as duas não estão trabalhando juntas…

— Com certeza a avó dessa mulher já devia saber dos planos da neta, pois mandou as coordenadas de sua loja para o esquentado — Gray lembrou-se. — Será que ela envenenou ele para sabotar ela?

— Eu nunca sabotei ninguém, até avisei para essa menina e esse gato ficarem longe, mas parece que a teimosia reina dentro deles — a senhora apareceu sentada nos escombros.

— Você…

— Olá! Nunca me apresentei, eu me chamo Margareth.

— O que a senhora quer com a gente?

— O mesmo de sempre! Vim impedi-los de avançar. Lamento pelos resultados da investigação… Agora vocês entendem o porquê de eu insistir em afastá-los.

— Com ameaças? — perguntou Lucy, demonstrando sua insatisfação.

— Talvez.

— …

— Bem, o importante é vocês entenderem que o que aconteceu não é uma brincadeira. Aquele moleque resolveu se meter onde não devia.

— Sua neta causou isso.

— Ela é outra irresponsável! Enfim, afastem-se enquanto ainda há tempo. Caso contrário, continuarei intervindo — sorriu, começando a desaparecer.

— Você não vai sair daqui — disse Gajeel, tentando atacar, mas foi inútil. — Droga…

— Vamos voltar, não temos mais nada para ver aqui — sugeriu Gajeel, saindo dos escombros.

— Espera! — Lucy pediu, olhando desesperadamente para os lados.

— O que foi. Luxy?

— Minhas chaves sumiram! Elas estavam comigo segundos atrás, eu ouvi o barulho que fazem.

— Isso só pode ter sido feito por alguém… — disse Gajeel.

— Aquela mulher!