Fomos andando pela cidade em direção a casa. Com certeza já eram umas três horas da manhã... Ficamos durante quase todo o caminho para casa sem falar nada. Eu por que ainda estava com vergonha. E ela... Bom, acho que por cansaço mesmo.

Eu ficava pensando em tudo. No dia em que reformaram nosso quarto, – meu e da Suzannah. Sim, eu vou compartilhar. Não que eu queira – no dia em que eu vi a pintura estranha na parede, no dia em que Suzannah chegou e no dia de hoje. Pensava em tudo menos no agora. Eu ia carregando a bicicleta que Suzannah usou para ir até o colégio. O colégio que, provavelmente, estava demolido pela raiva demoníaca de Heather.

- Não há no céu fúria comparável ao amor transforma¬do em ódio nem há no inferno ferocidade como a de uma mulher desprezada.

Vi pelo canto do olho que ela olhava para mim, então olhei para ela também.
- Está falando por experiência própria?

Eu sorri, quase ficando vermelho novamente.
- É uma citação de William Congreve.

- Ah... Mas, como você sabe, às vezes a mulher desprezada está cheia de razões de ficar furiosa.

- E você, está falando por experiência própria? - quis saber.

Ela riu e seus olhos ficaram mais intensos.

- Nem de longe.