Esmeraldas

Entre Penas, Cabeças e Esmeraldas.


- O quê? - Perguntei.

Eu me sentia em um estado semi-consiente, era como se eu tivesse tomado um banho frio para acordar e deu o efeito contrário.

-Jesse, - Minha mãe disse e sorriu. - meu querido Jesse. - Ela começou a desaparecer. - Você entenderá com o tempo. Prometa que vai cuidar dela.

Eu meio que acordei e fiquei alerta.

-Cuidar de quem, mãe?

Ela riu.

-De Suzannah, meu querido. - E ela sumiu.

Suzannah.

O nome ecoou pela minha mente e a imagem de seu rosto veio tão repentinamente que me fez arfar.

Eu amava aqueles olhos verdes que eu, secretamente, chamava de minhas Esmeraldas.

Eu amava aquela boca em foram de um perfeito coração. E o único que era tão perfeito quanto era o quê ela carregava no peito.

Tudo isso compensava imensamente o fato dela ser teimosa-cabeça-oca.

E eu amava isso também. Me fez despertar um lado protetor. Digo, mais protetor.

Era isso que Suzannah fazia. Ela me fazia grande, me fazia melhor do que era. Ela tinha aquele jeito \"Eu não estou nem aí.\" que me deixava furioso e me encantava divinamente. Me assustava saber que ela me queria por perto. Porque eu queria ficar por perto. Eu precisava, ou pelo menos foi o quê minha mãe disse. Me senti doente por saber que Suzannah precisaria de que eu cuidasse dela. Isso sgnificaria problemas. Muitos problemas.

E de repente começou a chover penas pretas com manchas brancas. Eu não entendi aquilo. Penas? Com certeza eu tinha perdido a cabeça. E com este pensamento, começou a chover várias cabeças iguais a minha.

Eu estava alucinando.

Passei horas fazendo diversas coisas cairem do céu. E então me lembrei de uma coisa. Como eu poderia esquecer isso?

E começou a chover esmeraldas. Várias delas. Elas me acertavam na cabeça, mas eu realmente não me importava. Era maravilhoso, era perfeito. A luz do sol refletiam nas pedram e milhares de de luzes verdes fizeram o lugar parecer mágico, mas era real. Era tudo verdade. Eu queria mostrar aquilo para Suzannah. E quando me dei conta de que eu não podia, as pedras pararam de cair e nuvens pretas cobriram o Sol.

Senti Suzannah no Nosso quarto. Ela estava agitada, andava de um lado para o outro. Achei graça, mas mudei de idéia. O quê elas estava fazendo?

Me materializei no jardim no exato momento em que ela pulou a varanda e caiu, de pé, no chão. Ela parecia um gato preto, em parte porque ela aterrisou em pé e em parte porque elas estava toda de preto?
Quem morreu? Certo, brincadeira de mal gosto.

-Tudo bem. - Ela disse quando me viu. - Vamos deixar uma coisabem clara logo de saída. Você não vai dar as caras lá na Missão esta noite. Entendido? Se aparecer por lá, vai se arrepender, e não será pouco.

Me encostei em um dos Pinheiros e crusei os braços. Eu não estava entendendo, mas ela parecia tão... Ela mesma que eu não parei de olhar para ela. Quero dizer, quantas vezes ela já me disse aquilo? Ou melhor, quantas vezes iria dizer?

-Estou falando sério. - Continuou. - Não vai ser uma noite nada boa para fantasmas. Nada boa mesmo. De modo que, se eu fosse você, não dava as caras por lá.

Eu sorri. Ela estava se preocupando comigo?

-Suzannah, - Eu disse. Seu nome fez cócegas em minha boca. - O quê você está querendo?

-Nada. - Ela respondeu e foi até a garagem e pegou uma bicicleta. - Preciso apenas acertar umas coisas.

Eu me aproximei enquanto ela colocava um treco duro na cabeça. (Mais tarde descobri que era um capacete.)

-Com Heather? - Perguntei.

-Isso aí. Com a Heather. Sei que as coisas saíram do controle da última vez, mas dessa vez vai ser diferente...

-Como, exatamente?

Ela pegou a bicicleta e se posicionou no alto da rua.

-Tudo bem. - Ela me olhou. - Vou te dar uma colher. Vou fazer um exorcismo.

-Um o quê?! - Coloquei minhas mãos no guidão, segurando-a no lugar.

Ela engoliu em seco.

- Você não pode me ajudar. - Sua voz estava fria. - Vê se fica afastado de lá esta noite, Jesse, caso contrário poderá ser exorcizado também.

- Você perdeu o juízo. - Fiz minha voz ficar mais fria que a dela. Foi fácil, eu estava furioso.

- Provavelmente. - Ela concordou.

-Ela vai matá-la. - Tentei mudar a idéia dela. Aquilo era absurdo. - Não está entendendo? É isso que ela quer.

-Não. - Ela sacuidiu a cabeça. Teimosa! - Ela não quer me matar. Primeiro ela quer matar todo mundo que é importante para mim. Só depois é que ela vai me matar.

Ela fez uma pausa.

- Mas ela não vai conseguir, entendeu? - Continuou. - Eu vou impedi-la. Agora solte a minha bicicleta.

-Não, não. Nem mesmo você seria capaz de fazer uma coisa tão idiota.

- Nem mesmo eu? - Ela tinha se ofendido, me soquei mentalmente. - Muito obrigada.

Tentei ignorar.

-O padre está sabendo disso, Suzannah? Você contou ao padre?

-Hmm, claro. Ele está sabendo. Ele, hmm... vai se encontrar comi go lá.

-O padre vai se encontrar com você?

-Sim, claro, claro – Ela disse e riu. – Você não está pensando

que eu ia tentar uma coisa dessas sozinha, não é mesmo? Puxa, eu não sou

tão burra assim, por mais que você pense.

Eu soltei um pouco a bicicleta. Se o padre estivesse lá, então...

-Bem, se o padre vai estar lá...

-Claro, claro. Com toda certeza.

Eu me soquei mentalmente, novamente. Ela estava mentindo, quando eu fiquei tão burro? Voltei a segurar o guidão e apontei um dedo para o seu nariz.

-Você está mentindo, não está? O padre não vai estar lá coisa nenhuma. Ela

o machucou, não é mesmo, hoje de manhã? Foi o que eu pensei. Ela o

matou?

Ela negou e ficou quieta. Ela olhava para longe, isso me fez me sentir mal.

-Por isso é que você está com tanta raiva – disse, tentando soar gentil.. – Eu

devia ter imaginado. Você está indo lá para acertar contas com ela pelo que

ela fez com o padre.

-E se for isso? – gritou e me olhou com ódio. - Ela bem que merece!

Eu agarrei o guidão com as duas mãos e fiquei a olhando por alguns segundos.

-Suzannah – Eu disse. – Não é assim que se fazem as coisas. Não foi para

isto que você recebeu este extraordinário dom, não para fazer coisas

assim...

-Dom?! – Ela berrou e me comeu com os olhos. –

É isso aí, Jesse. Eu recebi mesmo um dom dos mais preciosos. E sabe o

que mais? Estou de saco cheio. Mas estou mesmo. Eu achei que vindo para

cá poderia começar tudo de novo. Achei que as coisas poderiam ser

diferentes. E sabe o que mais? São diferentes mesmo. São muito piores!

-Suzannah... – Eu me senti tremer por dentro. Eu não sabia o quê falar, o quê pensar.

-O que você acha que eu devo fazer, Jesse? Amar a Heather pelo que ela

fez? Abraçar seu espírito ferido? Sinto muito, mas é impossível. Talvez o

padre Dom fosse capaz, mas eu não e ele está fora da jogada, de modo que

vamos fazer as coisas do meu jeito. Vou me livrar dela, e se você quer o

seu próprio bem, Jesse, fica fora dessa.

Ela deu um tranco na bicicleta. Eu me afastei, assustado. E ela começou a descer a rua. Ela estava bem no final da rua quando percebi que tinha quebrado minha promessa. Mas eu ainda podia fazer alguma coisa. Nombre de Dius, como eu faria aquilo?