Um dia quando Taekwoon saiu para trabalhar, parte da calçada estava ocupada por duas cadeiras, uma estava ocupada por um rapaz, a outra estava vazia e havia uma placa de papelão escrita: Escuto histórias de amor.

Ele encarou a placa e o rapaz que parecia ocupado em sua tarefa para sequer levantar os olhos. Em suas mãos havia duas agulhas de tricô e ele parecia estar fazendo um suéter. No pé de sua cadeira havia um cachorro de raça cochilando.

Taekwoon foi embora, ele precisava pegar o metrô e ir trabalhar, no final do dia quando voltou, as cadeiras não estavam mais na calçada, mas aparentemente ele tinha um vizinho. Taekwoon morava no segundo andar e agora havia movimento no andar debaixo. A porta do primeiro andar dava diretamente para a calçada, sem direito a jardim. O segundo havia uma escada com um portão minúsculo no final, mas esses eram os apartamentos da cidade, pequenos e basicamente um dormitório grande, ninguém gastava tempo em casa e ninguém com dinheiro gastaria tempo num cubículo.

Ele não poderia reclamar, o apartamento era maior do que a maioria que havia visto por aí, embora fosse mais longe do metrô.

Na manhã seguinte, o vizinho e as duas cadeiras estavam na calçada, o cachorro estava usando um gorro de lã. Seu vizinho era possivelmente louco, pois ainda era primavera.

Mas ele não conseguia deixar de encarar a placa, ele se perguntava se alguém havia parado para contar uma história. As pessoas realmente falavam com estranhos? Contavam suas próprias histórias ou inventavam? Talvez contassem seus sonhos ao invés da realidade.

Porque a realidade era... Quantas pessoas tem uma história de amor para contar?

— Você vai me contar a sua? – O rapaz perguntou erguendo os olhos pela primeira vez. Sua voz era muito mais grave do que Taekwoon podia imaginar, considerando que ele tinha um rosto belo.

— Contar o que? – Taekwoon se sentiu desconfortável sob aquele olhar.

— Sua história de amor, é claro.

— Eu não tenho uma.

— Todos têm uma.

— Algumas pessoas têm vida profissional para cuidar. – Disse erguendo a pasta, querendo dar por encerrando e fazendo seu ponto claro.

Ele riu, e foi um bom som. Taekwoon precisava sair dali o mais rápido possível. O cachorro grunhiu algo, provavelmente ainda sonhando.

-/-

No final de semana, Taekwoon passou com uma sacola de compras. Ele havia prontamente ignorado o vizinho em todas as outras manhãs de trabalho.

— Você já decidiu me contar a sua história?

As garrafas bateram no chão e Taekwoon contou até dez e se virou com um sorriso não natural. Seu vizinho tinha um sorriso de quem estava se divertindo as suas custas.

— Não tenho uma. Solteiro, moro sozinho, o que mais você quer?

— É um pouco triste na verdade... – Comentou fazendo mais um ponto e mudando a carreira. – Você não aprendeu a cozinhar?

— Como você...?

— A sua comida é congelada. – Disse apontando com a agulha. – E você assina uma revista de culinária...

Taekwoon teve a decência de ficar com o rosto corado, ele largou as compras no primeiro degrau da escada, sorvete, macarrão instantâneo e suco pronto.

— Você é um espião que mexe na minha correspondência?

— Nós dividimos a caixa de correio, Taekwoon-ssi.

— Eu sei disso!

Outro sorriso.

— Então qual o meu nome?

Taekwoon abriu a boca, ele não fazia a menor ideia, eles nunca haviam se apresentado e nunca havia visto a correspondência do outro na caixa, apenas a sua.

— Park... – Começou, o rapaz estreitou os olhos o julgando. – Kim... – Outro maldito sorriso. – Eu não sei, ok? Eu não mexo na sua correspondência.

— Kim Wonshik. – Seu tom era agradavelmente debochado.

Taekwoon virou as costas e abriu o portão.

— Você deveria tentar uma das receitas, sabe?

— Pare de olhar a minha correspondência! – Gritou do alto da escada e bateu a porta, até chegar em casa, ele escutou a gargalhada de Wonshik.

E talvez, somente talvez, para se poupar da humilhação, Taekwoon tenha tentado um suflê. Ele resmungava e batia os ingredientes pela cozinha, no andar de baixo, Wonshik sorria segurando uma caneca de café.

—/-

Ainda era primavera, mas o tempo estava fechado, Wonshik estava sentado usando um cachecol fino todo em cinza, o cachorro não estava do lado de fora, provavelmente dormindo aquecido dentro de casa. Taekwoon estava usando um casaco um pouco mais pesado, mas talvez lã fosse um exagero.

Foi a primeira vez que ele viu a cadeira ocupada, era uma garota, uma garotinha realmente jovem, seus pés nem tocavam no chão.

— ... ele mata o demônio e salva a princesa e eles vivem juntos para sempre! – Ela narrava empolgada, as mãos fazendo gesto como se segurasse uma espada.

Taekwoon passou com um sorriso. Wonshik olhou rapidamente para ele, havia um segredo entre eles sendo trocado, eles não precisaram dizer nada um ao outro.

No final daquele dia, surpreendentemente as cadeiras ainda estavam ao lado de fora, mas Wonshik não estava trabalhando em nenhum tricô, sua cadeira estava virada na direção de uma senhora de cabelos grisalhos que falava pausadamente.

Ele diminuiu o passo.

— Eu fui duas vezes ao parque, nós costumávamos nos encontrar lá, perto da ponte, então andávamos lado a lado e parávamos embaixo de uma árvore. Era o nosso lugar favorito, mas agora eu não consigo mais acha-lo.

Wonshik segurou as mãos dela, sua expressão serena, ele parecia bem mais jovem.

— A Senhora não pode desistir, ok?

Ela assentiu e se levantou. Parecia alguém que vinha sempre, como os avós que contam a mesma história, talvez ela sentasse naquela cadeira e contasse o mesmo caso para um Wonshik que agora parecia triste.

Histórias de Amor não eram necessariamente felizes, foi a primeira vez que Taekwoon pensou sobre isso. Dessa forma, ele tinha razão, todos tinham uma história para contar.

— O que houve? – Ele não sabia se tinha o direito de perguntar.

— Ela mora no final da rua, ela costuma vir aqui e contar sobre o primeiro encontro com o marido. - Ele pegou uma cadeira e Taekwoon pegou a outra. – Eles ainda são casados, sabe? Mas ela tem Alzheimer, então ela não se lembra.

— Eu sinto muito.

Os dois entraram no primeiro andar, guardando as coisas da calçada.

— Não é a minha história. – Ele meio que deu de ombros.

— É, mas... – Taekwoon viu o papel sobre uma mesa de jantar. – Acho que você não quer ouvir sobre histórias tristes.

— Como você sabe?

Taekwoon não respondeu. Porque os seus ombros estão tremendo. Porque você parece assustado. Porque seus olhos estão tristes. Mas ele não falou em voz alta.

Quando voltou para casa, Taekwoon pegou o telefone, ele encarou o aparelho antes de respirar fundo e ligar para um número conhecido.

— Eomma...

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No final de semana, Taekwoon abriu a caixa de correio e foi a primeira vez que havia algo além das suas correspondências, ele acabou se demorando em separá-las. Havia um envelope do Governo para o nome de Wonshik, Taekwoon tinha certeza que aquilo era um órgão responsável por uma pensão de dispensa do exército.

Ele levou suas próprias correspondências para casa.

O que ele sabia sobre o vizinho? Embora a aposentadoria explicasse porque ele passava os dias sentado na calçada. Mas quantos anos ele deveria ter? 29? 30? Taekwoon tinha 33, o outro não parecia ser mais velho.

No mercado local ele viu Wonshik pegando mais embalagens de lã, ele deveria ser a única pessoa a comprar isso. Também reparou que ele mancava na perna esquerda. Tiro? Não deveria ser motivo de aposentadoria.

— Então, você vai ficar encarando as minhas costas ou falar comigo? – Ele perguntou sem olhar para trás.

— Como você sabe? – Taekwoon descruzou os braços e desencostou da pilastra.

— Treinamento, eu acho.

— Eu também servi e não tenho poderes paranormais.

— É? – Ele se virou. – Onde você serviu? Afeganistão? Sudão?

Taekwoon tentou não fazer uma careta, ele não havia deixado a Coréia.

— Oh, isso é bom. – Wonshik falou mesmo sem a resposta do outro. Ele jogou cinco pacotes na cesta, antes que pudesse erguer as alças da cesta, Taekwoon rapidamente se agachou para pegá-la para ele. Wonshik ergueu a sobrancelha.

E Taekwoon se viu batendo os calcanhares e erguendo os ombros.

— Kim Taek Woon. – Se apresentou olhando para frente.

Wonshik apenas assentiu.

— Não faça isso. – E passou por ele indo em direção ao caixa. Taekwoon não conseguia mais se lembrar o que iria comprar no mercado.

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Wonshik não ergueu os olhos do tricô quando Taekwoon passou com a pasta rumo ao metrô, mas ele ainda se sentia um idiota pela situação do mercado, o fato do outro ser militar e de alguma posição superior não mudava em nada.

Nada disso importava.

— Eu sinto muito, ok? – Taekwoon parou na frente dele, seus olhos fitavam a cesta e havia um rubor que ele não conseguia controlar seu rosto. – Por mexer na sua correspondência.

— Eu mexi na sua, então acho que estamos quites. – Disse parando o ponto, mas Taekwoon continuou parado trocando os pés como se quisesse dizer algo mais. – Tenha um bom trabalho, Taekwoon-ssi.

Ele acabou indo embora sem falar nada.

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Taekwoon tinha farinha no rosto, seu balcão antes preto estava com uma camada de pó branco, havia cascas de ovos no chão, ele estava literalmente pisando em ovos. Havia duas formas sujas na pia, havia também um extintor de incêndio no canto.

A maldita revista aberta na parte de um suflê estúpido que deveria ser fácil, seus ingredientes estavam desaparecendo.

Ele saiu de casa irritado, ainda de bandana na cabeça, uma mecha branca pela farinha, as mãos cheirando a vegetais, a calça onde ele limpou as mãos estavam com as laterais manchadas.

Wonshik estava sentado em sua cadeira, o cachorro usava um cachecol azulado. Ele sorriu porque sabia.

— Cale-se. – Resmungou sem nem olhar na direção dele, enquanto apertava o passo, furioso.

— Eu não falei nada. – Falou num tom divertido e logo estava gargalhando.

Taekwoon se sentiu feliz por odiá-lo um pouco.

[...]

Quatro tentativas e 23.638 wons depois, Taekwoon desceu de avental, uma luva queimada e empurrou uma vasilha branca, coberta por um pano, também com as beiradas recém queimada e deixou na cadeira vazia.

— Você quer jantar? – Wonshik perguntou com os olhos arregalados, ele chegou até a se levantar da cadeira, com medo que o vizinho fosse embora, apenas deixando a comida para trás.

Sem nenhuma explicação.

Ele abriu a fechou a boca, mas pareceu não se decidir no que queria dizer e acabou apenas dando de ombros, parecendo derrotado.

Wonshik nunca pensou que um suflê poderia derrotar alguém.

Foi a segunda vez que Taekwoon entrou naquela casa. O pug gordinho veio arrastando seu cachecol e deitou numa cama que era uma espécie de tricô gigante, o tipo que se vê decorando a cama de catálogos.

Ele acabou sentado numa mesa de jantar, com seu suflê sendo servido, em pratos e copos que eram diferentes, claramente não do mesmo conjunto, nem os talheres combinavam.

Ou ele era apenas estranho desse jeito.

— Eu queria implicar com você, mas fiquei sem coragem. – Comentou servindo uma boa porção para os dois.

— Agora está me perguntando se está livre para implicar comigo?

— Talvez, afinal você fez um suflê. – Ele não perguntou, mas serviu duas taças de vinho.

— Não implique, foi só uma vez.

— Para provar que não estava errado.

— Para provar que não estava errado. – Repetiu com certeza.

Wonshik sorriu por trás da taça e Taekwoon girou os olhos.

Eles estavam bem.

—/-

— Não, eu não preciso de ajuda... não, eu não... Arg.

Taekwoon estava sentado na escada, gesticulando enquanto segurava o telefone com força, muito possivelmente querendo esmagá-lo ou jogá-lo contra a parede. Wonshik estava trazendo as cadeiras para fora quando tentou não rir do desespero do vizinho.

— Problemas? - Perguntou apoiando o braço na caixa de correio.

— Minha mãe quer me apresentar para a filha de alguma vizinha, eu não gosto desses encontros. São sempre boas pessoas, agradáveis, mas...

— Você é gay.

— É, mas... O que?

— Você é gay, homossexual. Sua mãe não sabe? - Ele falava naturalmente.

— Não... ela sabe. - Taekwoon parecia estar zonzo. Sua vida era muito discreta para alguém falar tanta coisa tão abertamente.

— Ah, então se ela insiste em te apresentar para mulher, você é Bi.

Taekwoon tentou não fazer uma careta, quando ele havia virado o foco do assunto? E por que ele havia decidido atender a ligação do lado de fora?

— Ok, podemos parar de falar sobre rótulos? Eu não gosto disso, não importa de quem eu gosto, gêneros não são relevantes.

— Isso é um pensamento muito moderno, eu gosto disso. - Taekwoon deu um meio sorriso e concordou com a cabeça. - Então eu posso implicar sobre isso com você?

Taekwoon estreitou os olhos, Wonshik tinha um sorriso que mal cabia, como uma piada que ele queria começar a rir antes de contar. Ele não se preocupou com o que o outro iria falar ou pensar.

— Você vai de qualquer jeito. - Foi uma das poucas vezes em que se sentiu à vontade.

— É que... você sabe, exército, você sabe... - O chutou de leve algumas vezes.

—Isso foi muito ruim da sua parte. - Se levantou também com um sorriso.

Wonshik deu de ombros e ocupou a cadeira, a cesta com lã estava mais cheia, aparentemente ele havia terminado o que quer que estivesse fazendo.

— Quando você vai me contar a sua história?

— Não tão cedo. - Wonshik não pareceu ofendido. - Isso é um hobbie?

—As histórias ou a lã? - Perguntou sem olhar na direção dele, estava ocupado escolhendo uma cor.

—A lã.

Não era um hobbie ouvir as histórias, Taekwoon já havia percebido isso, era como se ele precisasse. Exército, aposentadoria, fora do país, era um refúgio ser cercado por histórias.

— Tem muitos lugares que aceitam doações, já estamos quase no inverno, vai ficar muito frio para ouvir as histórias dos outros, então eu trabalho durante três estações e dou tudo isso no inverno.

— E quem vai te fazer companhia no inverno?

— Eu mesmo.

Taekwoon assentiu. Isso é perigoso. Pensou, mas não era seu lugar dizer isso.

— No inverno eu venho contar a minha história.

— Você vai inventar, não vai?

Taekwoon girou os olhos e continuou andando pela calçada.

— Me conte sobre o seu encontro!

— Eu não vou!

Wonshik acabou sorrindo.

—/-

No primeiro dia de inverno, Taekwoon desceu com uma garrafa de vinho, Wonshik tinha uma manta de lã sobre as pernas e o cachorro usava um conjunto de gorro e cachecol.

— Pronto pra narrar seu encontro? – Wonshik ergueu a taça que era servida, ele tinha um sorriso agradável no rosto, mas havia olheiras fundas.

— Eu não fui. – Taekwoon ocupou a outra ponta do sofá, mas era um sofá de dois lugares, então seus joelhos se esbarravam. – Minha mãe quer que eu me case, minha irmã mais velha já tem um filho.

— Então é a sua vez. – Wonshik esticou a perna numa mesinha de centro. – Você tem fotos? Eu gosto de crianças.

— Claro. – Taekwoon já estava buscando o álbum na galeria. – E você?

— Eu tenho um cachorro.

O pug fez um barulho muito parecido com um “auf” e rolou de barriga pra cima em sua cama de tricô elegante.

— Nenhuma história de amor pra contar?

Wonshik riu.

— Eu escuto histórias de estranhos, acho que isso responde tudo, não?

— Ele é um cachorro terapeuta? – Taekwoon perguntou desconfiado para o cachorro que estava tentando comer o próprio gorro.

— Não, mas ele é o bastante. Minha irmã me deu assim que eu saí do hospital.

Taekwoon automaticamente olhou para a perna esticada.

— Isso tem a ver com a aposentadoria?

— Nos filmes você ganha uma promoção, ne? Não é bem assim na vida real, você ganha horas de relatórios impossíveis e avaliações. Descendants of the Sun faz tudo parecer tão glamoroso e absurdo.

Taekwoon acabou rindo.

— É claro que você assiste dramas.

— Ei, eu sou aposentado, eu assisto todos os dramas. Kim Woobin é o meu favorito.

Taekwoon riu alto.

— Quanto tempo você ficou com seus pais depois que saiu do exército?

— Muito tempo. – Ele falou dramaticamente. – Mas pelo menos eu aprendi a cozinhar.

Taekwoon empurrou a perna dele da mesinha.

—/-

Alguns dias de inverno não eram tão ruins, ao menos na parte da tarde ele continuava sentado do lado de fora, aparentemente havia mais pessoas contando suas histórias do que nos dias de primavera. Ajudava que agora havia uma garrafa de chocolate quente.

Taekwoon ficava na janela do segundo andar observando, as vezes realmente parando para ouvir, eram bonitas histórias e Wonshik era muito popular com as senhoras da rua.

— ...tudo ficou mais animado desde que você veio para cá. – Uma senhorinha simpática confessou. – Até o outro vizinho que está aqui há mais tempo agora anda com um sorriso.

— É mesmo? – Wonshik estava novamente se divertindo às custas do outro.

— Ele andava de cabeça baixa e não falava muito, mas agora ele anda com um sorriso.

Taekwoon decidiu sair de fininho da janela, de repente parecia quente demais para o começo do inverno.

[...]

— É claro que você não percebe. – Sua irmã comentou sentada em sua cama. – Mas você está mais social, quer dizer, não que você não fosse, mais é diferente, nós somos família.

— Mas ao ponto de ter vizinhos comentando? – Ele parecia incerto.

Parecia uma memória de quando morava com os pais e eles eram crianças e as vezes ia pedir conselhos para sua irmã mais velha, sempre sensata. Agora mesmo com mais de trinta anos ele continuava recorrendo a imparcialidade dela.

Minyul, seu sobrinho estava brincando num canto com algo que havia trazido. Taekwoon se sentia culpado de não ter brincados para criança em seu apartamento.

— Qual é realmente a questão aqui? Você se dá bem com seu vizinho, não importa o que os outros estão dizendo a respeito.

Taekwoon assentiu devagar, parecendo estar processando algo.

— Vamos fazer assim. – Ela se levantou. – Vou ao mercado comprar algumas coisas e nós podemos almoçar e conversar, fique brincando com Minyul, ele sente sua falta.

Sua irmã jogou a bolsa no ombro e saiu depois de falar com o filho, depois de quase quinze minutos ele se lembrou que Wonshik estava sentado lá embaixo.

Ele se pendurou na janela e poderia muito bem ter caído, sua irmã estava linda e bela sentada no banco. Taekwoon não sabia se queria arrastá-la para o mercado ou se queria saber o que ela dizia.

Optou pela última opção, descendo lentamente com Minyul que não percebia o que estava acontecendo.

— Oh não! – Sua irmã estava realmente entretida. – Esse é o meu suflê! A técnica do suflê é infalível. Foi assim que eu me aproximei do meu marido, ele não tinha como cozinhar e eu levei um pedaço.

— Você quem fez?

— Claro que não, minha mãe havia feito, mas eu não disse isso. – Ela deu de ombros e Wonshik já tinha abandonado o tricô há muito tempo. – Mas funciona, não?

Ele sorriu, mas apenas ergueu a sobrancelha.

— Hey Taekwoon-ssi.

— Eu vou apenas ignorar toda essa conversa e ir com Minyul até o mercado. – Disse olhando para baixo, as pontas das orelhas estavam tão vermelhas que Wonshik podia jurar que dava pra ver fumaça saindo delas.

[...]

Os dois continuaram na calçada depois de se despedirem da irmã e do sobrinho, Taekwoon continuou olhando para o final da rua, mesmo depois do carro ter sumido de vista.

— Então sua família tem mesmo uma técnica de sedução usando o suflê de outra pessoa?

Taekwoon o encarou, talvez seu rosto fosse ficar vermelho para sempre.

— Nós podemos--

— Eu só quero entender se estamos na mesma página. – Ele falou com a guarda baixa, um olhar procurando alguma coisa.

Taekwoon torceu os lábios.

— Era o suflê que a minha irmã me mandou, todos os meus deram errado.

Wonshik não se preocupou em controlar o sorriso. Taekwoon sentou na cadeira vazia.

— Eu vou contar uma história. - Isso ganhou atenção total do outro que rapidamente sentou na cadeira. – Minha avó começou com a história do suflê, uma vizinha havia feito e foi a melhor coisa que ela havia provado, ela contou para minha mãe que levou para o trabalho, minha irmã como você ouviu, usou o da minha mãe.

— E você o da sua irmã. O que tem nesse suflê? – Perguntou meio que rindo.

— Eu nunca consegui fazer. – Respondeu dando de ombros, mas com um sorriso. – Sua vez, me conta a sua história de amor.

— Quando eu me mudei, havia esse vizinho que saia para trabalhar e mal olhava na minha direção, mas ele era muito bonito.

Taekwoon fez um som indignado.

— E ele roubou um suflê para me conquistar.

— Funcionou, não?

— Eu deveria estar apaixonado pela sua irmã.

— Yah!

Com o inverno, Taekwoon cumpriu sua promessa de passar mais vezes na casa de Wonshik, eles alternavam entre café da manhã e jantar, era como viver numa casa de dois andares, mas ter que sair para a rua para seguir para outro cômodo.

—/-

— O que é isso? – Taekwoon perguntou segurando a ponta do cachecol que estava em seu pescoço. Wonshik estava do outro lado da ponta, eles usavam alguma espécie de cachecol gigante.

— É o cachecol do amor! Você não assiste dramas?

— Você é absurdo.

Eles bateram as xícaras de gemada e Wonshik apoiou a cabeça no ombro do mais velho, enquanto eles viam o que quer que estivesse na programação de natal.

— É como a linha vermelha do destino. – Wonshik comentou sem tirar os olhos da tv.

— Achei que a linha ficava presa no dedo e não no pescoço.

— Você usou comida para me conquistar!

Mas o que realmente importa é que no meio de histórias de amor de outras pessoas, eles conseguiram se encontrar.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.