Estava amanhecendo e eu tinha acabado de chegar de trem na estação.

Onde minha mãe estava com a cabeça de me mandar para estudar nesse fim de mundo?

Eu estava tão bem no meu colégio na França, eu tinha um namorado, amigos, UMA VIDA e sem dúvida saltos inteiros.

Como eu percebi pelas ruas em volta da estação, que seria algo impossível de manter por aqui.

Andei até o ponto de ônibus e parei em pé ao lado do banco.

Havia um menino sentado esperando o ônibus já, olhei para ele. Ele estava concentrado na rua.

Desviei o olhar por um tempinho só até perceber, logo depois, ele olhando para mim. Olhei para ele de novo e ele sorriu. ME deu um sorriso. Mas não era um sorriso simples, um sorriso qualquer, de boa, pequeno. Nãao.

Era o sorriso mais estranho que eu já vi na vida. Ele sorria com o rosto inteiro ficando com cara de psicopata. Desviei o olhar imediatamente.

Minha mochila estava caindo com minha bolsa do meu ombro, as levantei e segurei meu chapéu para ele não voar.

Entao pensei que o menino até era bonitinho e ele tinha sido simpático sorrindo para mim.

Pensei: "vou olhar para ele e sorrir também".

Voltei a olhar para ele. Já não olhava mais para mim, mas como da outra vez logo em seguida se virou na minha direção e também como antes abriu o mesmo sorriso. Cara, aquele sorriso era medonho!

Virei o rosto de novo enrugando a testa.

Eu até queria ser legal, ele até parece legal, mas não ia dar. Não ia conseguir.

Parece que ele ficava sorrindo assim para indicar que me conhece, como se ele me conhecesse e soubesse das coisas. Se fosse assim eu até poderia entender um sorriso como esse.

Mas eu duvidava demais dessa opção. Até porque meu ônibus passou de novo. Eu entrei nele e o garoto não, então pensei muito sabiamente, ou tentando me convencer disso, que eu nunca mais veria esse louco de novo.