1º Capítulo

Mary olhou em volta do salão procurando Sebastian e pensando na melhor maneira de explicar todos os acontecimentos.

Um calafrio lhe subiu pelo corpo ao deparar-se lembrando da primeira conversa que teve com Clarissa onde ela lhe havia alertado sobre o vinho, e consequentemente, a salvado.

Desejava encontrar as respostas para as suas perguntas e Sebastian era o único que viera à sua mente quando se perguntou quem a ajudaria. Ele já a ajudará antes, e se mostrará disposto a ajudá-la sempre.

Quando avistou Sebastian, se afastou de Greer e seguiu em direção a ele, do outro lado do salão onde ele se preparava para se afastar de um grupo de lordes.

— Sebastian — Chama Mary antes de consegui-lo alcançar. — Preciso falar com você, preciso da sua ajuda — Pediu Mary com um tom voz cauteloso.

Sebastian olhou-a a analisando, ela estava ansiosa.

— E em que precisaria da minha ajuda? — Perguntou Sebastian com um meio sorriso em seu rosto.

— Não sei como explicar — Mary puxou o ar em seus pulmões calculando que palavras lhe diria. — Há algum tempo eu venho escutando algumas coisas — Disse Mary mexendo as mãos freneticamente e olhando para os lados, verificando se ninguém prestava atenção no que ela estava dizendo além de Sebastian— Enfim, eu preciso da sua ajuda, para descobrir mais sobre isso.

— Isso? O que está acontecendo? — Perguntou Sebastian nervoso com o desespero de Mary.

— Pode parecer estranho, mas existe alguém no palácio que me tem ajudado, que me tem alertado sobre algumas coisas. — Disse Mary, que olhava nervosa para Sebastian. — Preciso do teu apoio para descobrir o porque desta ajuda, preciso de saber de onde é que ela vem. — Termina Mary, ainda nervosa, ansiando por uma resposta.

— Ela? Quem?

— Clarissa.

Quando Sebastian ouviu o nome de Clarissa, se recordou das histórias que as criadas lhe contavam e diziam quando ele estava junto com elas na cozinha. Sendo o filho bastardo do rei, sempre tivera mais liberdade que Francis, e sempre andou à vontade pelo castelo, sem que ninguém lhe pedisse justificações.

Sebastian engoliu seco com a resposta de Mary, com uma mão em suas costas, a direcionou para um lugar longe de todos, em busca de um local que eles não fossem ouvidos.

— O que você sabe sobre isso? — Perguntou Sebastian a fitando, ansioso.

— Nada, por isso eu vim até você — falou Mary estranhando a reação do filho bastardo do rei — o que você sabe sobre isso, Sebastian?
— Clarissa? — Disse Sebastian a Mary com voz de espanto. — Clarissa é só um mito Mary. Nada indica que ela seja realmente verdade. Tudo o que sei sobre ela são coisas sem sentido, histórias assustadoras que me eram contadas quando criança para não me deixarem aproximar das passagens escondidas do castelo.

— Ela não é um mito, Sebastian. — Falou Mary tentando convencê-lo — Ela é real, eu sei que é, se ela não é real, se é apenas um mito — os olhos de mary foram ao chão em busca de algo que provasse a veracidade do seu pensamento, até que seus olhos subiram rapidamente em direção aos de Sebastian — Por que você nos afastou, para que ninguém nos ouvisse?

— Para não te ouvirem — Sebastian falou quase em um sussurro — O nome de Clarissa não é um dos nomes mais comentados no castelo, não no meio das pessoas que estão aqui.

...

Francis olhou em volta do salão percebendo a ausência de Mary.

Ao ver que não a encontrava, aproximou-se das amigas de Mary e perguntou:

— Vocês viram a Mary? Estou procurando por ela há algum tempo e não a encontro.

Quando viu a expressão de surpresa das amigas de Mary, percebeu que elas não saberiam onde Mary estava.

— Ela foi por ali Francis. — Diz Greer apontando em direção a um canto do salão — A última vez que a vi ela estava conversando com Sebastian.

Francis ficou inquieto quando Greer lhe diz que Mary está com Sebastian e saiu de perto das damas à procura de Sebastian e Mary.

Ao longe, Francis vê Mary conversando com Sebastian seriamente, uma dor cresce em seu peito, algo com que ele não deveria se importar, diz para si mesmo. Ao aproximar-se de Mary e Sebastian, Francis percebe que eles estavam conversando sobre algo importante para algum deles, tenta se aproximar e ouvir sem que percebam, mas Sebastian virou o rosto em direção de Francis e diz:

— Francis!

— Mary, eu estava te procurando — disse Francis ignorando Sebastian e falando diretamente com Mary.

— O que é que vocês fazem aqui? — um sorriso sínico apareceu em seu rosto, agora se dirigindo a Sebastian.

Mary ainda sobressaltada com a presença repentina de Francis ficou paralisada, obrigando Sebastian a responder:

— Nada irmão, Mary apenas estava me perguntando sobre você— Sebastian falou colocando a mão sobre o ombro de Francis — Agora, acho que é hora de eu me retirar — falou se afastando Francis e Mary.

Mary observou Sebastian se afastar, o seguindo com o olhar. Fazendo Francis a observar cuidadosamente, e suspirar.

— Mary, como somos noivos, acho que deveríamos dançar. — Disse Francis estendendo a mão para Mary, ela a pegou sem hesitar, seguindo para o salão principal se posicionando no meio junto às outras pessoas, sentindo a mão de Francis em sua cintura e a outra em sua mão.

— Mary.

— Sim? — Falou ela, levantando a cabeça para fitar seu futuro noivo.

— Sebastian, está-te ajudando em alguma coisa novamente? — Perguntou ele com um pouco de receio da resposta.

A verdade é que Francis se sentia inseguro em relação a Mary. Se ela respondesse que sim não seria a primeira vez que ela buscava a ajuda de seu irmão em lugar da sua.

— Eu estava apenas perguntando a ele onde você estava.

— Afastados de todos?

—Sim, foi onde eu encontrei Sebastian e vim falar com ele — Disse Mary apressadamente. Não pretendia contar a Francis sobre o que ela sabia em relação à Clarissa, ela não sabia se ele conhecia as histórias que Sebastian havia dito, e precisava fazê-lo esquecer daquele assunto — Está com ciúmes? — Perguntou Mary com um sorriso em seu rosto.

—Ciúmes? Eu já lhe disse que amor é uma coisa irrelevante a pessoas como nós.

— Sim, você disse.

...

Quando a música acabou, as amigas de Mary aproximam-se dela e de Francis, com intuito de levarem Mary para os seus aposentos.

— Mary, está ficando tarde, você tem que descansar — Falou Lola a Mary.

Com a chegada das suas amigas, Mary despede-se de Francis, que fica a olhar para ela a afastar-se, de regresso aos seus aposentos. — Boa noite Francis — diz Mary com um meio sorriso em seu rosto, a que Francis corresponde com um aceno na cabeça e um “boa noite” em uma voz baixa.

— Você e Francis estavam bem próximos — disse Kenna — mas o que você estava fazendo com Sebastian antes do Francis vir procurar por você?

Mary não respondeu a pergunta de Kenna, não queria discutir o assunto que realmente a havia levado a Sebastian.

Próximo ao seu grupo de amigos, Sebastian vê Mary sair do salão, e sai logo em seguida sem ser notado, em direção ao quarto de Mary, esperando as suas amigas a deixarem sozinha.

Quando todas elas já haviam entrado em seus quartos, a mão de Mary pousou sobre o trinco de sua porta no momento em que ela ouviu passos vindos da direção que ela viera, virou o seu rosto na direção do som, vendo uma sombra ao longe, fazendo o seu coração disparar.

— Mary — falou a sombra que Mary reconheceu facilmente pela voz.
— Sebastian, o que faz aqui? — perguntou rapidamente, ainda com a adrenalina do medo que acabara de sentir.

— A conversa, que estávamos tendo, imagino que você queira saber mais a respeito daquele assunto. — Sebastian falou baixo, se privando de deixar claro aos ecos qual era o assunto que eles se referiam.

— Sim, claro, mas agora está muito tarde.

— Eu sei, por isso, acho melhor combinarmos de nos encontrar amanhã.

— Sim, perfeito, onde?

— Na cozinha, amanhã a noite, não há ninguém lá.

— Na cozinha? — Perguntou Mary com receio.

— Sim, acredite, é o melhor lugar para conversarmos, confie em mim. — Disse Sebastian com um sorriso em seu rosto.

— Está bem — falou Mary e colocou sua mão novamente sobre o trinco — Boa noite Sebastian.

— Boa noite, Vossa Majestade — um sorriso apareceu nos lábios de Sebastian e Mary o retribuiu com um pequeno sorriso.