PVD Hermione

Eu estou salva? É sério?

ALELUIA!

Disparei em direção à figura que estava em minha frente e abracei-o subitamente.

Senti seu corpo enrijecer. Foi então que a razão voltou a mim.

Ok, Hermione. Que discurso você vai inventar agora?

Afastei-me lentamente, sentindo meu rosto esquentar, já aguardando os xingamentos que se seguiriam.

Mas eles não vieram.

Encarei o Malfoy, tentando compreender o atraso nos insultos.

E me surpreendi.

Ele estava corado! Totalmente desconcertado!

Motivo? Desconhecido.

“Granger? Er... você poderia... hum, se vestir, por favor?” perguntou ele, olhando para todos os lados menos para mim.

Mas hein? Me vestir?

“AAAAAAAAHHHHHHHHHHH!” gritei, me cobrindo com as mãos.

“Cala a boca, sangue-ruim!” sussurrou ele, alarmado “ Vão acabar pensando que eu tô abusando de você ou algo parecido! Entra aí, e se veste pelo amor de Merlin! Eu fico vigiando aqui.” Ele me empurrou para dentro do armário. Mas eu mereço mesmo!

Espera. Eu tô preocupada com a bosta de um armário, quando o Malfoy me viu de sultiã e calcinha? Quem é o protozoário aqui mesmo?

Dane-se o fato de que posso ficar trancada aqui para sempre! Agora eu faço questão de permanecer nesse lugar!

Vesti-me e sentei no chão, cantando uma musiquinha. Acho que vou abandonar tudo que tem relação com bruxos e magia e vou virar uma cantora de bar.

Passei um bom tempo cantando sozinha, até que a porta abriu-se lentamente.

“Granger? Você já...” sussurrou um loiro, colocando sua cabeça para dentro do armário.

E me fitou pasmo.

“Mas que diabo você tá fazendo aí sentada, garota? Você por acaso é doida?” exclamou ele, entrando na minha nova residência.

“Malfoy. Sai daqui.” Falei sem encará-lo.

“O quê? Sai daí, você! Granger, nós temos que monitorar o castelo! E se você acha que vai deixar todo o trabalho pra mim, está muito enganada.”

“Acontece que você não pode me obrigar. Além do mais, eu faço a ronda com o Rony, não com você.” Eu disse, me sentindo muito esperta.

Ele sorriu vitorioso.

“Acontece que eu posso te obrigar sim. Além do mais, nós fazemos a ronda juntos agora. Minerva decidiu que seria bom que os parceiros passassem a maior parte do tempo juntos para se habituarem à presença um do outro. Foi por isso que ela me mandou te procurar.”

Eu dei um risinho nervoso. Legal. A morte tá cada vez mais atraente. Será que o Malfoy seria tão piedoso ao ponto de fazer um mísero favor para mim, e simplesmente me matar?

Levantei-me relutantemente e saí sem olhá-lo nos olhos.

Fui em direção ao salão comunal. EU VOU COMER! AGORA EU VOU COMER!

“Granger, aonde você tá indo?”

“Não que lhe interesse Malfoy. Mas eu vou ao salão comunal. Eu quero tomar café, se não se importa.” Eu disse, sem olhar para trás.

Ele riu.

“Café, Granger? Já anoiteceu! Vamos, temos que fazer a monitoria.”

Parei. Olhei pela janela do corredor e confirmei o que ele disse.

Agora é definitivo. Não sou filha de Merlin.

Respirei fundo, contando mentalmente de um até cinco.

“Muito bem, Malfoy... Vamos logo fazer essa ronda.” Eu falei, virando-me.

Ele ainda estava corado e quando notou meu olhar sobre ele, corou mais ainda.

QUE DROGA É ESSA?

“Ah...sim, claro.” Balbuciou, e começou a andar.

Revirei os olhos e o segui.

Ao final da monitoria, eu já estava me sentindo tonta. Eu não comi nada, desde ontem.

Eu e o Malfoy caminhávamos lado a lado, em silêncio.

Meu estômago roncava insistentemente. Merlin! ( eu sei que ele não é meu pai, mas é um costume que tenho) Eu acho que meu corpo está se alimentando dele mesmo. Sério, minha barriga está doendo de mais.

Repentinamente minha visão ficou turva e a última coisa que vi antes de desmaiar, foi o rosto de um loiro apavorado.

Eu estava deitada em uma cama. Abri lentamente meus olhos e fechei-os em seguida.

“Mas o que aconteceu?” perguntou quem eu julguei pela voz que deveria ser Minerva.

“Ela desmaiou. Passou o dia todo sem comer nada, segundo o senhor Malfoy. Ele disse que ela ficou estudando, trancada no quarto. Francamente, professora... Eu entendo que essas provas são importantes, mas deixar de se alimentar é uma total irresponsabilidade...” falou a enfermeira Pomfrey.

“Entendo. Agora, tenho certeza de que você concorda que é melhor a deixarmos descansar, não? Eu vou avisar ao senhor Malfoy que ela já está com a aparência melhor. Será que você poderia informar ao senhor Potter e ao Weasley que a senhorita Granger está aqui?” Minerva perguntou.

“Tudo bem...” resmungou a enfermeira.

Ouvi os passos afastarem-se e a porta se fechar.

Muito bem. Eu acho que morri.

Quer dizer, é a única explicação que encontrei para tamanho absurdo.

Malfoy me levou para a enfermaria?

Malfoy me acorbetou?

O mundo está normal?

Ou eu realmente morri?