A saída daquele túnel dava em uma floresta com árvores altas, não parecia que muitas pessoas já haviam passado por ali, e o carro continuava seu caminho tranquilamente.

— Não vão mudar suas roupas? - pergunta Serafina ajeitando o nó da gravata da Francine, ambas já vestidas com ternos parecidos com os de Rauthar e Leo

— Quando vocês..... - começo a pergunta e sou interrompida rapidamente

— Túnel, temos que trabalhar com eficiência, apenas se vistam logo. - ele pega uma das almofadas das poltronas e coloca na divisória para que as pessoas na frente não nos vissem e se viraram de costas

É realmente complicado trocar de roupa naquele espaço limitado, mas assim que terminamos as garotas colocaram a almofada no lugar e nos entregaram 4 armas, 2 para cada um e 2 coldres* para colocarmos por dentro do paletó e escondermos as armas de baixo dos braços.

— Nunca achei que veria as duas vindo ver os dragões com a gente. - Serafina enxuga uma lágrima imaginaria e Francine faz o mesmo balançando a cabeça positivamente - Fran, não esqueça do presente para eles

Francine puxa para perto dela uma maleta fina do lado que era muito alongada e grossa, faz um gesto positivo com as mãos e acaricia a mala.

— Perfeito, talvez resolvamos isso definitivamente esse ano

— Meninas, estamos aqui. - diz Leo com sua voz grossa e alegre

Todos começaram a sair de dentro do carro parado em frente a uma velha mina abandonada, Serafina pede para que fiquemos atrás delas, o resto do grupo, comandado por Leo na frente, fez uma espécie de circulo de segurança em nossa volta para que ficássemos seguras. Depois de alguns minutos andando não se podia ver mais nada lá dentro, apenas escutar barulhos de goteira que ecoavam pelo lugar.

— Preparem suas armas, senhoras e senhores. - diz Leo em um sussurro - A diversão vai começar

No final da mina havia uma parede com uma porta metálica que parecia pesada, do lado havia um painel de metal que fazia reconhecimento de retina, Leo pega sua arma e atira no painel fazendo um grande barulho e chuta a porta a fazendo cair.

— Todos os anos a mesma coisa. - diz uma voz vindo da sala atrás da porta - Essas coisas são caras, sabia?

— É o jeito mais divertido de entrar. - ela fala soltando um pequeno rosnado vindo da garganta e com um sorriso no rosto

A sala tinha um chão de madeira e paredes cor de vinho, era mal iluminada e a primeira coisa a se notar era a mesa de escritório e o homem atrás dela em uma poltrona grande e acolchoada, ele era um homem-lagarto de pele cinzenta e escamosa, usava terno azul marinho, gravata verde e luvas brancas.

— Onde estão agora? - pergunta Leo com um sorriso - Vai me fazer procurar esse ano de novo?

— Você sabe que essa é a melhor parte

— Você fala como se eu já tivesse perdido nesse jogo alguma vez

— Bem.... - o homem-lagarto passa o dedo indicador sob um pequeno botão vermelho em um canto da mesa e o pressiona - Sempre tem um primeira vez

Ao pressionar o botão, uma porta de aço cai sob a abertura da antiga porta e partes das paredes de levantam saindo outros homens-lagarto com armas apontadas para nós.

— Ainda podemos reverter isso, costumávamos ser bons amigos, até que vocês passaram para o lado errado. - o homem dá um sorriso estranho para Leo

— Acha que aumentar os números te dará alguma vantagem? - Leo gargalha alto - Interessante, acho que vamos nos divertir mais ainda esse ano

— Atirem! - grita o homem se levantando e batendo as mãos na mesa

As balas começaram a voar em nossa direção, Jackie e Inari pularam na frente dos outros, achei que haviam sido atingidos até escutar os dois rindo e segurando as balas entre seus dedos e dentes.

— Quantas pegou dessa vez? - Inari pergunta a ela

— 17, e você?

— Ainda vai ter que treinar muito para passar o profissional. - ele ri - 28!

— Perdi de novo. - ela suspira com um sorriso - Agora..... - ambos começam a olhar para os lados onde estavam os lagartos e jogaram as balar de volta atingindo alguns nos braços e pernas

— Acha mesmo que esse ano vai ser diferente dos outros? - Leo continua de pé onde estava antes do tiroteio, braços cruzados, encarava o homem à sua frente com desdém

— Imaginei que fossem fazer isso. - o homem se levanta e puxa uma alavanca escondida atrás de sua poltrona

O chão embaixo dele começa a descer em uma plataforma ao mesmo tempo que a parede atrás dele se abre, todos haviam ido embora deixando apenas nosso grupo ali de frente a uma sala grande e escura.

— Vejo que os amigos do Baltazar chegaram. - escutamos uma voz masculina suave saindo das sombras

— Não vai aparecer para lutar? - Leo pergunta impaciente batendo um dos pés constantemente no chão

— O que quer dizer, meu caro? - sentimos uma brisa passando por entre nós - Eu já estou bem aqui. - dá uma risada ecoante

— Leo, isso não é bom. - Rauthar retira suas armas e os outros fazem o mesmo se preparando

Todos olham atentamente para os lados, pelas paredes que agora estavam fechadas deixando apenas a passagem por onde a voz havia saído, encaro uma das paredes por um segundo e percebo que nossas sombras se mexem de forma irregular, até que a sombra de Leo começa a crescer e esticar o braço para as costas dele.

— LEO! - grito o fazendo se virar e atirar na sombra que recua, mas não parece se ferir

— Boa, garotinha. - ele bagunça meu cabelo - Todos vocês, atenção com as sombras

— Isso significa que... - Rauthar começa a falar

— Isso mesmo, velho amigo. - ele destrava a arma - Estamos jogando com um homem-sombra hoje

As sombras começam todas a crescerem e saírem das paredes para virem até nós, os barulhos de arma começaram a preencher o cômodo.

— Emma! - Meren me chama e me puxa para perto dela atirando em uma sombra que vinha por trás de mim - Não se distraia, pode ser perigoso! - ela escuta o barulho da minha arma atrás da cabeça dela

— Pra você também. - sorrio depois que atiro na sombra que se aproximava das costas dela

— Daisy! - escutamos Serafina gritando para o garoto encurralado num canto

— Não achem que vou cair por tão pouco. - Daisy desvia rapidamente dos ataques da sombra e pega do chão a grande metralhadora que Francine chutara para ele, tiros descontrolados começam a voar em direção as paredes e todos começam a se abaixar

Quando veio a calmaria e Daisy deixou a arma cair no chão, se jogou no chão completamente exausto.

— Quantas pegou dessa vez? - pergunta Inari para Jackie

— 29

— 38

— Um dia eu terei minha vitória. - ela diz se levantando no chão

As sombras começaram a se reagrupar pelos destroços de parede.

— Essas coisas não morrem nunca? - Jackie reclama

— Sombras, não é..... - Serafina para pra pensar - Ah! Ideia! - ela pula de alegria - Fran, a surpresa! - Francine acena com a cabeça e pega a mala que deixou no canto, de dentro dela ela tira uma arma longa que eu nunca tinha visto

— O que é isso? - pergunto

— Uma arma que vimos em livros humano, acho que chamavam de bazuca

— E isso vai funcionar? - Rauthar se aproxima

— Vai fazer muita fumaça, talvez a sala pegue fogo e gere luz que vai acabar com as sombras e vai fazer KABUM!

— Parece bom pra mim. - diz Leo sorridente juntando as mãos e batendo violentamente no chão abrindo um buraco - Quando eu contar até 3 vocês atiram, o resto de vocês, pulem, já! - todos começam a pular sem medo para o buraco enquanto Leo conta, somos as ultimas a pular, a ultima coisa que vemos na luz foram Francine se ajoelhando e apontando a arma para cima de uma das paredes enquanto Serafina a segura pelos ombros, assim que a arma é disparada, Leo agarra as duas em um braço só e pula no buraco

A intensa explosão cria um clarão no buraco acima de nossas cabeças durante nossa queda.

— Não sei se as bazucas deveriam criar uma explosão tão grande, mas quanto mais kabum melhor. - Serafina ri - A proposito, para onde vamos? - pergunta para Leo

— Diretamente para o chão

— Espero que essa sua barriga toda esteja ciente da missão dela de agora

— Podem subir

Ele vira de costas no ar e Serafina puxa Francine, eu e Meren para as costas dele, que cai de 4 no chão com uma gato.

— Hora de brincar com o chefão? - Serafina pergunta preparando suas armas assim como Francine

— Pode ter certeza que sim, pequena. - diz Leo com um grande sorriso no rosto