Entre beijos e paixões

É engraçado como o destino nos prega peças...


E pela primeira vez Mosca não soube como agir numa situação daquelas. Ver Mili aos beijos com outro garoto já foi uma coisa terrível, porém aceitável, pois ela tinha todo direito de beijar quem quisesse, mas o tal garoto precisava ser exatamente um velho amigo de reformatório? Se ele fosse um inimigo seria mais fácil, era só dar um soco e ir embora, mas não era o caso. Aquele era o Juca, alguém que lhe ajudou no passado. Alguém que não merecia um soco, pois tava na cara que jamais sonharia que aquela garota e Mosca se conheciam, quanto mais que ambos partilhavam um sentimento tão intenso e uma história tão complicada de se resolver.

"Seja forte Mosca. Não demostre que está incomodado, aja normalmente e seja gentil.", pensou Mosca enquanto procurava as palavras certas para usar.

– Nossa cara que surpresa te ver depois de tanto tempo! – Exclamou Juca sorridente, quebrando o gelo. Logo este apertou a mão de Mosca e o abraçou amigavelmente.

– É, uma surpresa mesmo... – Disse Mosca. Este ao mesmo tempo que cumprimentava Juca, encarou Mili e percebeu que a mesma estava confusa com a situação.

– Sabe, eu já esperava que você também estudasse aqui, já que você mora no mesmo orfanato que a Mili e a Mariana.

– É Mariaaaaan!!! – Exclamou Marian, chegando de surpresa. – E oi pra você também Juca.

– Oi... Marian! – Cumprimentou Juca sorrindo.

– Quer dizer que além de conhecer a Mili, você também conhece a Marian? – Perguntou Mosca.

– Pois é, uma incrível coincidência... – Disse Juca, passando o braço em volta dos ombros de Mili, mesmo que fingisse não estar ligando, aquilo incomodou Mosca um pouco.

– V-você não me disse que também c-conhecia o M-Mosca, Juca... – Disse Mili tensa.

– Ah é, eu devo ter esquecido... – Comentou Juca.

– A gente se conheceu no reformatório! – Revelou Mosca.

– No reformatório?! – Exclamou Mili encarando Juca assustada. – Porque você tava no reformatório? – Perguntou preocupada.

– Ah! É... Eu... Bom, é uma longa história! Mas eu prefiro deixar isso no passado. – Disse Juca. Pode-se notar que o garoto ficou desconfortável ao tocarem neste assunto. – É, então Mili, vamos?

– Vamos! – Concordou Mili.

– Aonde vocês vão? – Perguntou Marian.

– Numa lanchonete aqui perto, depois o Juca me deixa em casa. – Disse Mili.

– Numa lanchonete? – Perguntou Marian – Porque você não convida o Juca pra almoçar no orfanato? Melhor que a comida da lanchonete. – Sugeriu Marian. Fazendo Mosca a encarar com cara de tacho.

– Fica pra próxima! É que eu tô em horário de almoço no trabalho, não tenho muito tempo livre. – Explicou Juca.

– Ah... – Concluiu Marian.

– Vamo nessa Juca? – Chamou Mili.

– Vamos. – Concordou Juca. – Bom te ver Mosca! – Exclamou Fazendo joia.

– Bom te ver também... – Disse Mosca.

– Tchau Maribel! – Exclamou referindo-se a Marian.

– É Marian... – Corrigiu Marian com a mão na testa.

Depois que os dois saíram, Marian puxou conversa com Mosca.

– É engraçado como o destino nos prega peças, né? – Perguntou.

– Desde quando você conhece o Juca? E desde quando a Mili tá de rolo com ele? – Perguntou Mosca estranhando tudo aquilo.

– Bom, eu conheci ele através do Paçoca, quando fugi. Parece que o Juca devia uma a ele, então teve que me deixar dormir uma noite na casa que ele divide com uma mulher mau encarada na comunidade. – Explicou Marian.

– Hum... Faz sentido. – Disse Mosca. – E a Mili?

– É uma boa pergunta, eu também fiquei surpresa quando soube que eles se conheciam, e mais ainda quando descobri que eles tavam de rolo. – Disse Marian.

– Pois é, é engraçado como o destino nos prega peças... – Concluiu Mosca voltando pro pessoal.

Mais tarde no orfanato...

Na cozinha todos conversavam na hora do almoço.

– Mas se bem que eu já desconfiava que o garoto do milk shake era o mesmo da foto com a Mili. – Dizia Vivi.

– Claro né? Depois daquele climão que rolou entre eles no shopping, ficou na cara! – Disse Cris. De repente Mosca se retirou e foi para o quarto.

– Coitado do Mosca... – Reparou Rafa. – Hoje o dia não foi muito a favor dele... – Completou.

– Né! – Concordou Vivi. – Mas acho que isso tudo só ta acontecendo por causa dele mesmo.

– Verdade. – Concordou Cris.

– Vocês são muito idiotas mesmo! – Exclamou Pata, indo atrás do irmão.

– Nossa que estressada. – Disse Vivi.

– Claro! Quem não ficaria, com duas antas que nem vocês sempre falando na hora errada? – Perguntou Samuca bravo. – Vocês me fazem perder o apetite! – Exclamou saindo da cozinha. Cris e Vivi se entreolharam sem entender.

– Foi impressão minha ou ele chamou a gente de anta? – Perguntou Vivi.

– Credo! – Exclamou Bia rindo. – É impressão minha o hoje é o dia da discórdia?

– Parece que sim... – Disse Tati.

– É que tem gente que não sabe valorizar as amizades que tem e acaba estragando tudo! – Exclamou Ana direcionando-se à Tati, e em seguida saindo também.

– Eu hein! – Exclamaram todos.

– Garanto que ninguém aqui tá pior do que eu! – Exclamou Teca remexendo a comida no prato. (Esta não sabia dos "problemas" de Mosca)

– Ah, falando nisso Teca, a gente tava pensando em fazer uma festa de despedida pro Fábio, aqui no orfanato. – Comentou Thiago.

– Sério? – Perguntou Teca.

– Sim, afinal ele é nosso amigo também! – Respondeu Rafa.

– Hum... Legal. – Concluiu Teca desanimada.

– Nossa que ânimo... – Disse Neco. Teca deu de ombros.

– Que irado, duas festas em menos de uma semana. – Disse Bia.

– Por que duas festas, gatinha? – Perguntou Binho.

– É que semana que vem é aniversário da Ana. – Lembrou Bia.

– Sério? – Perguntou Thiago. – Eu nem sabia que ela era desse mês. – Afirmou.

– Pois é. – Concluiu Bia.

No quarto dos meninos.

Mosca estava pensativo novamente encarando seu cristal, quando Pata chegou.

– Mosca? – Chamou abrindo a porta vagarosamente.

– Entra Pata. – Disse Mosca. Então Pata entrou.

– Nossa, que cristal bonito! – Notou Pata. – Onde você arrumou? – Perguntou.

– E-eu achei. – Mentiu Mosca.

– Ah... – Houve silêncio. – As garotas tavam comentando que você já conhecia o Juca... Isso é verdade? – Perguntou Pata.

– Sim, conheci ele no reformatório. – Respondeu Mosca.

– Sério? Mas ele é gente de bem, ou...

– É, ele me ajudou quando eu tava lá. – Disse Mosca.

– Ah... – Concluiu Pata. – E o lance da Janu? – Perguntou Pata.

– O que tem o lance da Janu, Pata? – Perguntou Mosca. Este estava ficando inquieto com tantas perguntas.

– Eu tava pensando aqui e... Mosca, você já pensou na possibilidade da Janu tá mentindo? – Perguntou Pata, deixando Mosca pensativo.

– No começo sim, mas depois refleti e acho que ela não seria tão doida de mentir com algo tão sério. – Afirmou Mosca.

– Nunca se sabe... – Disse Pata. – E você pensou em quando vai contar pra Carol? – Perguntou.

– Tá louca?! – Perguntou Mosca num tom de voz alta. – Com que cara você acha que eu vou dizer isso pra Carol Pata? Você não lembra o escândalo que ela fez só porque pegou a Bia e o Binho dormindo na sala da diretoria aquela vez? Então, imagina só se ela souber o que eu fiz com a Janu? Vai me mandar amarrado num foguete pra lua! – Dramatizou.

– Ah, não é pra tanto né Mosca? E tem mais, você não vai poder esconder isso pra sempre, principalmente daqui a uns meses que vai ficar evidente... – Afirmou Pata.

– Eu sei... Mas por enquanto eu não vou falar, vou decidi isso junto com a Janu. – Avisou Mosca.

Perto dalí...

Depois de lanchar com Juca, e conversar um pouco, Mili pediu para que o garoto a deixasse até um certo lugar onde era caminho para o orfanato e o shopping. Então esta aproveitou para passar na farmácia e comprar um creme hidratante novo. Logo Mili pegou o creme e ao direcionar-se ao caixa notou alguém conhecido comprando algo que não precisaria, pela lógica.

– Janu?! – Exclamou ao dar de cara com a garota comprando absorventes.

– Mili!!! – Exclamou a garota assustada.

– Por que você tá comprando isso se você tá grávida? – Perguntou Mili seriamente, esperando uma explicação.