Bia e Binho não sabiam por onde começar, só sabiam que dessa vez teriam que contar toda a verdade. Porém, os dois procuraram palavras mas não as encontraram, e enquanto isso Ana continuava alí parada, esperando uma explicação pro fato inesperado que acabara de presenciar, mas eles só conseguiam olhar um nos olhos do outro, tentando decifrar o que deveriam dizer.
Enquanto isso na sala...

– Bom Pata, senta aí... – Pediu Duda. Então a garota sentou ao seu lado, e esperou que este falasse. – Então, eu queria falar com você sobre aquele lance de você gostar de mim...

– Ai não, de novo Duda? Que coisa! – Pata perdeu a paciencia.

– Calma Pata, eu vim em missão de paz! – Retrucou Duda, fazendo a garota rir.

– Ai meu Deus... – Suspirou Pata. – Fala Duda, o que você quer saber? – Perguntou. Duda notou que Pata estava um pouco nervosa com o assunto, parecia está tremendo.

– Pata... – Disse o garoto segurando sua mão. Nessa hora este notou que a pressão de Pata havia caído. – Você tá gelada! Tá tudo bem?

– Ah! Não é nada, eu sempre fico assim! – Disse Pata desviando o olhar, soltando a mão de Duda em seguida.

– Olha pra mim Pata... – Pediu Duda. Esta o encarou. – Agora, falando sério... Eu realmente queria saber, se é verdade ou não... – Disse o garoto olhando em seus olhos. – É importante pra mim. – Concluiu. Pata engoliu seco, ela sabia que não poderia mais esconder seus sentimentos, pois Duda era bastante esperto, não acreditaria se ela mentisse, mas como ela iria dizer, e se ele desse um fora? Ou pior, se saísse correndo e contasse pra todo mundo? De repente todos aqueles pensamentos foram apagados de sua cabeça, com um simples toque, o toque dos lábios de Duda nos seus, quando ela menos esperava.

No quarto das meninas...

Ana continuava a esperar uma explicação dos amigos, pois sua cabeça não conseguia processar sozinha, como assim eles estavam se beijando? A Bia e o Binho, juntos? Como isso era possível? Desde quando isso estava acontecendo? O que ela havia perdido? Buscava explicações em sua própria mente, quando de repente os dois resolveram contar.

Bia estava muito nervosa, com certeza Ana não entenderia, sem falar que era questão de tempo para que todos soubessem, pois Ana nunca conseguia guardar um segredo. Que nem quando Bia contou a ela que Binho chupava dedo enquanto dormia, na época em que iam sendo adotados juntos, há um ano atrás. Meia hora depois já tava todo mundo rindo e falando do garoto. Ninguém sabia, mas foi exatamente naquela época que Bia começou a sentir algo diferente pelo mesmo, e vinha guardando isso até agora, até finalmente criar coragem para revelar tudo ao garoto, e tudo acabou dando certo. Mas estava ela preparada para revelar isso a Ana? Sabendo que correria o risco da garota espalhar pro orfanato inteiro mesmo sem querer?

Bia estava tão confusa com todos essas hipóteses, nem notou que Binho estava decidido a contar tudo, percebendo apenas quando este segurou sua mão, apertou forte, e disse:

– Eu amo a Bia! – Afirmou o garoto, olhando em seus olhos. – Ela é a garota mais incrível desse mundo, e eu só vim perceber isso há dias atrás... – Concluiu Binho, deixando Bia emocionada.

– Eu te amo Binho! – Exclamou Bia, então os dois se beijaram novamente, sem se importar com a presença de Ana, que observava tudo paralisada.

– Acho que eu vou desmaiar... – Disse Ana fazendo drama enquanto caía no chão.

Então após o beijo, Binho decidiu deixar Bia conversar a sós com a amiga e contar tudo direito, para que a garota entendesse desde o início.

Enquanto isso na rua...

Mili e Mosca iam para a sorveteria, quando deram de cara com Marian voltando do fim da rua.

– Marian! – Exclamou Mili. – O que você tá fazendo por aqui?

– Mili! Mosca! – Exclamou Marian, esta estava bastante desconfiada. – É... Eu estava tomando um ar, mas já vou voltar pro orfanato...

– Tem certeza? Você parece estranha! – Disse Mosca.

– É verdade... Aconteceu alguma coisa? – Perguntou Mili.

– Não gente, é que eu atravessei a rua sem olhar e vinha um carro na mesma hora, foi só um susto... – Mentiu.

– Nossa Marian, cuidado! – Exclamou Mili.

– Ok... Bom, então eu já vou indo, não vou atrapalhar o encontro de vocês! – Exclamou Marian, voltando, para o orfanato.

No orfanato...

Bia acabou explicando tudo a Ana, desde o dia em que passou a gostar do garoto, até quando os dois começaram a ficar em segredo, e também sobre as chantagens da Marian. E para a sua surpresa Ana entendeu tudo.

– Quer dizer então que durante esse tempo todo você gostava do Binho? – Perguntou Ana.

– Sim... – Disse Bia.

– Nossa! Eu nunca imaginei Bia... – Disse Ana. – Imagina só se vocês tivessem sido adotados! – Exclamou Ana.

– Credo! Que nojo! – Exclamou Bia. Então as duas passaram a rir.

– Mas mudando de assunto, todo mundo tava estranhando você ter dado aquela surra na Marian, e logo depois ter pedido desculpas, você nunca faria isso a não ser que ela tivesse te chantageando com algo importante. Agora tudo faz sentido! – Concluiu Ana.

– Pois é... – Disse Bia.

– Mas porque você não me contou antes Bia?

– Eu nunca contei a ninguém, porque eu sabia que todo mundo ia rir de mim, e dizer que eu tô ficando louca, e achei que você faria a mesma coisa, desculpa. – Respondeu Bia.

– Mas é mesmo, com tanto menino interessante por aí, você vai gostar logo do Binho! – Exclamou Ana, rindo. Nessa hora Bia lançou um travesseiro contra a amiga.

– Para sua pirra! – Exclamou Bia, desconcertada. – Mas espera, você não ficou chateada por eu não ter contado? – Perguntou Bia, estranhando a situação.

– Claro que não! Bom... Eu fiquei chocada claro, porque nunca imaginei que isso fosse acontecer. Mas porque eu ficaria chateada? Era um segredo seu e dele. – Explicou Ana. – Só ficaria se você tivesse contado pra alguém antes de me contar... – Completou.

– Eu nunca falaria a alguém antes de falar pra você Ana! – Exclamou Bia. As duas sorriram e se abraçaram. – Que bom que tudo se resolveu! – Disse Bia. – Mas, espera, porque você tava me procurando mesmo? – Perguntou.

– Ah é, eu tava esquecendo... – De repente Ana mudou a expressão no rosto, de uma expressão feliz para uma expressão tensa, aquilo deixou Bia curiosa.
Na sala...

O beijo de Duda deixou Pata feliz, porém irritada, pois esta lembrou que o garoto ainda estava com Marian, e não queria ser a outra. Então quando Duda a beijava a mesma o empurrou quando lembrou disso.

– Ai Pata, não faz assim, eu sei que você também queria me beijar! – Dizia Duda.

– Você tá com a Marian Duda! Por mais que eu deteste ela, isso não é certo. – Disse Pata.

– Mas você não gosta de mim? – Perguntou Duda. Pata respirou fundo.

– Ai Duda, eu gosto sim de você... – Respondeu Pata.

– E então?! – Perguntou Duda.

– Mas e você Duda? Você gosta de mim?! – Perguntou Pata, esperando que Duda a respondesse, porém o garoto nada disse. – Eu sabia! Você é um idiota! – Exclamou Pata, deixando Duda sozinho.

Duda gostava sim de Pata, porém não do jeito que ela gostava dele, pelo menos ainda não. O fato é que este andava confuso, e por isso não soube responder, mas isso não significa que não quisesse beijar Pata. Pois se não quisesse não tinha beijado. Porém é uma coisa complicada de entender. Duda refletia sobre o que acabara de acontecer quando alguém abriu a porta da frente de uma vez.

– Duda?! – Exclamou Marian, entrando no orfanato.

– Oi Marian! – Exclamou Duda. Os dois ficaram desconfortáveis ao se ver, com um olhar desconfiado, causado pela traição de ambos.

Na sorveteria, Mili e Mosca conversavam enquanto tomavam sorvete.

– Não mais é sério, na minha opinião eles não combinam! – Dizia Mosca rindo.

– Porque não? – Perguntou Mili.

– Porque o Duda parece um espantalho, e a Marian com aquela cara de bulldog então... – Mili interrompeu Mosca com uma gargalhada exagerada.

– Ai Mosca, que maldade! Eles são nossos amigos... – Disse Mili em meio a risos.

– Não, mas não chegam a ser tão toscos como você e o gay do JP eram, alí sim... – Dessa vez Mili o interrompeu jogando sorvete em seu nariz. – Cê vai ver só!

Logo os dois passaram a jogar sorvete um no outro feito dois bobos chamando atenção de todos que estavam na sorveteria, até que...

– Mosca, agente tá agindo feito duas crianças, melhor agente parar... – Sussurrou Mili.

– Tá bom... – Concordou Mosca. Este notou que tinha um pouco de sorvete no queixo de Mili. – Mili, tem sorvete no seu queixo. – Disse o garoto sorrindo. Então aproximou-se de Mili, fingindo que ia limpar o sorvete, porém ao invés disso, a roubou um beijo. Mili assustou-se porém logo depois o correspondeu, foi um beijo longo e romântico.

No orfanato...

– Fala logo Ana, o que cê tem pra me dizer?! – Perguntava Bia, no quarto das meninas.

– Ai meu Deus, ok, ma promete que guarda segredo porque é uma coisa muito séria... – Bia prometeu, então depois de muito enrolar Ana acabou contando.

– Hoje de manhã, eu tava passando pela sua sala né, aí...Ai meu Deus eu não sei se devo...

– Fala logo Ana! – Gritou Bia.

– Tá lá vai... Eu ouvi o Mosca contando pro Rafa que ficou com a Janu depois de ter ficado com a Mili e no mesmo dia! Pronto Falei. – Contou Ana rápidamente.

– O quê?! – Bia não acreditou. – Ana pera aí! O que você disse?!

– Pois é, era isso que eu queria te contar... – Concluiu Ana.

– Meu Deus, que cafajeste, coitada da Mili! – Lamentou Bia.

– Eu nem sabia que eles estavam namorando. – Disse Ana.

– Pois é, eles tão quase. Nossa quando a Mili souber vai ficar uma fera! – Exclamou Bia.

– Não, você prometeu que não ia contar! – Exclamou Ana.

– Sinto muito Ana, mas imagina se fosse com você, você ia gostar de se passar por idiota? – Perguntou Bia.

– Não... – Respondeu Ana. – Mas se todo mundo ficar sabendo eu...

– Então vamo pelo menos falar pra Pata. – Insistiu. Ana concordou.

Enquanto isso na rua...

– Você quer voltar agora ou quer passear mais um pouco? – Pergunto Mosca. Após saírem da sorveteria.

– Ah, por mim agente pode andar mais um pouco! – Exclamou Mili. Logo os dois decidiram caminhar pela praça. Até que pararam para sentar um pouco.

– E então? – Perguntou Mosca.

– E então o quê? – Perguntou Mili.

– Como tava o sorvete?! – Perguntou Mosca.

– Qual o que eu tomei, ou o que você jogou em mim? – Perguntou Mili. Os dois sorriram.

– Sua boba! – Exclamou Mosca.

– Seu feio! – Exclamou Mili.

– Me acha feio? – Perguntou Mosca.

– Não, e você me acha feia? – Perguntou Mili.

– Não... – Respondeu Mosca olhando nos olhos de Mili, este colocou a mão em seu rosto. – Você é perfeita.

– Ai Mosca, para. – Disse Mili envergonhada, esta desviou o olhar. Mosca apenas sorriu e a observou. Nem conseguia acreditar que estavam realmente juntos, que ele e Mili finalmente conseguiram se resolver, depois de tantas tentativas falhas.

No orfanato...

Pata estava no pátio quando Bia e Ana chegaram, estas contaram toda história para Pata que ficou uma fera.

– Eu não tô acreditando nisso! – Gritou Pata. – Ana você tem certeza?!

– Absoluta! – Exclamou Ana.

– Não pode ser verdade! O Mosca não pode ter feito isso! Ele não seria capaz, eu conheço meu irmão! – Pata estava bastante nervosa.

– Eu não ia mentir. – Disse Ana.

– Pois é Pata, acho que você devia perguntar a ele. – Disse Bia.

– Perguntar? Eu vou matar ele! – Gitou Pata.

– Calma Pata, com violência você só vai piorar as coisas... –Disse Bia.

–Falou quem agrediu a Marian! – Retrucou Pata.

– O motivo dela não tem nada haver com o seu, idiota! – Gritou Ana. As três passaram a discutir, quando de repente alguém chegou no pátio.

– Meninas! Porque estão brigando? – Perguntou Rafa chegando. Logo, as três se entreolharam, ambas pesando a mesma coisa.

– Rafa, era com você mesmo que agente queria falar... – Disse Bia.

– Comigo?! –Perguntou Rafa surpreso.

Na sala...

Duda, Marian, Cris e Teca conversavam...

– Pois é gente, enquanto todos vocês estão namorando eu tô aqui forever encalhada. – Choramingava Cris.

– Você encontra um dia... Ou não. – Disse Teca.

– Valeu Teca. –Retrucou Cris.

– Ah, mas você não tava com o Samuca? –Perguntou Marian.

– Tava, mas já faz um século que agente terminou... – Disse Cris.

– Hum... Falando no diabo... – Disse Marian ao perceber que Samuca descia as escadas.

– Cris... – Chamou o garoto.

– O quê? – Perguntou Cris, arrogante.

– Posso falar com você? – Perguntou Samuca.

– Não! – Gritu Cris.

– Ah, deixa de ser fresca vai! – Exclamou o garoto.

– Vê se me esquece idiota! – Gritou Cris, se retirando.

– Nossa, que tenso! – Disse Duda em voz baixa. Samuca saiu em seguida.
Mili e Mosca chegaram ao orfanato.

– Oi gente! – Exclamou Mili sorridente, entrando acompanhada de Mosca.

– Oi! – Exclamaram todos.

– Como foi o encontro de vocês? – Perguntou Marian.

– Pelo sorriso dos dois deve ter sido bom né Marian! – Retrucou Duda.

– Ai Mô, não enche. – Disse Marian.

– Já te pedi pra não me chamar assim. – Sussurrou Duda.

– Ai gente, como vocês são... – Disse Mili, ainda sorrindo. Os dois sentaram-se no sofá.

– O encontro foi ótimo! – Disse Mosca, segurando a mão de Mili, os dois se entreolharam e sorriram. De repente Bia e Ana entraram na sala.

– Oi gente! – Exclamou Marian.

– Oi. – Falaram Ambas. Mili notou que as duas estavam muito sérias.

– Meninas vocês tão sérias... Aconteceu alguma coisa? – Perguntou.

– Bom, comigo não aconteceu nada. – Disse Bia.

– Nem comigo. – Falou Ana.

– Bom, eu vou subir. – Disse Bia, encarando Mosca com nojo. Ana fez o mesmo.

– Eu hein... – Disse Mosca, estranhando as garotas.

No pátio...

Pata recebeu uma mensagem.

– Vamo Rafa, a Bia tá dizendo aqui que eles já chegaram.

– Não Pata! Eu não posso fazer isso, o Mosca é meu amigo. – Insistia Rafa. Este já havia confessado tudo, as garotas jogaram verde e ele acabou confirmando.

– E se fosse com você? Se fosse a Bel te enganando?! – Perguntou Pata.

– Nada haver Pata! –Retrucou Rafa.

– Como nada haver, Rafa o que ele tá fazendo é errado!

– O que o Duda fez também foi, e aí, você vai falar pra Marian?! – Perguntou Rafa. Pata gelou.

– Do que v-você... – Pata ficou sem palavras.

– É Pata, por coincidência eu passei pela sala quando vocês tavam se beijando, e agora ele tá lá com a Marian do mesmo jeito! – Afirmou Rafa. Pata ficou em silêncio.

– Você tem até amanhã pra convencer ele a contar tudo pra Mili. Se não quem vai contar sou eu. – Concluiu Pata, saindo.

– Ai meu Deus, e agora?! – Exclamou Rafa, sem saída.

Passaram-se algumas horas. Pata e as garotas resolveram disfarçar, sobre o que sabiam e esperar até o dia seguinte, então se Rafa não obrigasse Mosca a contar, elas contariam. Era difícil, principalmente para Pata, fingir não saber de nada enquanto via a felicidade no rosto de Mili ao falar do seu relacionamento com Mosca. Pata já estava acostumada, era sempre assim, toda vez que acontecia algo bom em sua vida (No caso o beijo do Duda), sempre vinha notícia ruim em seguida. E foi exatamente o que houve naquele dia.

No quarto dos meninos Moca conversava com Rafa.

– O que você tem Rafão? – Perguntava Mosca.

– Eu, nada porque? – Rafa disfarçou.

– Você tá estranho... – Afirmou Mosca. Rafa ficou em silêncio. – Ah, mas deixa pra lá. Mudando de assunto, eu quero te contar uma coisa. – Disse Mosca sorridente.

– O quê? – Perguntou Rafa.

– Bem... Olha Rafa, eu pensei bem sobre aquele meu lance que te contei e... – Mosca fez suspence. – Eu já me decidi! – Exclamou.

– Decidiu o quê? – Perguntou Rafa curioso.

– Eu amo a Mili, e é com ela que eu quero ficar! – Revelou Mosca. Rafa se sentiu culpado por um momento, mas desfarçou.

– Ah! Sério Mosca? Que ótimo! – Disse o garoto sem jeito. – Mas, você vai contar a ela sobre a Janu... ?

– Então. Eu depois vou conversar com a Janu, e falar pra ela, que eu tô com a Mili. Mas olha só Rafa, naquele dia eu tinha acabado de ficar com a Mili, não era nada concreto ainda, então eu acho que não tem precisão.

– Mas, se não era nada concreto, por que você não conta, assim o relacionamento de vocês começava mais leve... – Insistiu Rafa.

– Acho melhor não Rafa, porque eu não pretendo deixar isso acontecer de novo. E tem mais...

– Mais o quê? – Perguntou Rafa.

– Amanhã eu vou pedir a Mili em namoro! – Exclamou Mosca, com um sorriso estampado no rosto. – Mas não fala pra ninguém, é segredo. – Completou, este parecia mesmo está confiante de sua decisão.

– Ok... – Rafa, preferiu então deixar como estava, e tentar convencer as meninas a não falarem nada, amanhã.