Entre beijos e paixões
Imóvel...
Recapitulando*
No pátio...
– Ana me escuta, você precisa fazer esse ritual, você tem que completar essa transição! – Dizia Bia.
– Não eu não tenho que fazer nada! Vai ver depois do meu aniversário tudo isso vai passar, e eu vou voltar a ser normal. – Disse Ana, inocente.
– Você tá enganada Ana... – Disse Bia, respirando fundo.
– Eu não vou fazer nada Bia, não antes de conversar com a minha mãe... – Afirmou Ana.
– Pois bem... – Disse alguém na porta do pátio. – Estou aqui. – Era Madame Esmeralda.
***
Minutos antes...
– Já vai, já vai! – Exclamou a mulher sem paciência. – Será possível que ninguém tem coragem de atender essa port... – Ao abrir a porta Ernestina (Matilde), deparou-se com alguém que já não via à bastante tempo. – Você?! – Exclamou a mulher, intrigada.
– Olá Matilde... – Cumprimentou a pessoa, que a conhecia muito bem. Matilde ficou em silêncio, questionando-se o motivo daquela visita.
– C-como você sabe que sou... Ah é, você é vidente, Esmeralda. – Lembrou Matilde.
– Vejo que você está bem Matilde. – Reparou a mulher. – Quanto tempo faz, vinte e quatro, vinte e cinco anos? – Perguntou.
– Por aí... – Falou Matilde desconfortável. – O que faz aqui? – Perguntou.
– Não, o motivo da minha vinda não tem nada haver com você, eu vim tratar de assuntos pessoais. – Afirmou a mulher.
– Que assuntos pessoais você teria aqui, num orfanato. – Perguntou Matilde.
– Minha filha. – Respondeu madame Esmeralda. Matilde ficou surpresa com a revelação, porém nada questionou, a não ser sobre quem seria essa filha, porém, Madame Esmeralda nada disse, e seguiu em direção ao pátio.
– Pera aí ô "Madame Esmeralda". – Pediu Matilde.
– Está se preocupando a toa Matilde. Não é preciso eu contar à eles que você usurpa o lugar de sua irmã, que sofre na cadeia em seu lugar, eles irão descobrir logo logo! – Concluiu Madame Esmeralda, dando as costas e saindo.
Ao chegar no pátio Madame Esmeralda avistou Bia e Ana, e percebeu que as duas pareciam estar discutindo.
– Você tá enganada Ana... – Dizia Bia, esta parecia tentar explicar algo à garota, que não queria dar ouvidos.
– Eu não vou fazer nada Bia. – Afirmou Ana. Logo Madame Esmeralda deduziu do que se tratava. – Não antes de conversar com a minha mãe... – Completou. Ao ouvir isso, sua mãe resolveu anunciar sua presença.
– Pois bem... – Disse. – Estou aqui.
***
Agora...
Ana não estava acreditando no que seus olhos viam. Era ela, sua mãe, a mulher a qual nada soube por tantos anos, a quem desejava um dia encontrar e perguntar qual o motivo de tê-la abandonado, antes de saber sobre toda essa história paranormal que confundia seriamente sua cabeça, claro. E agora esse dia chegou, Ana estava cara a cara com sua mãe, porém pergunta nenhuma saiu de sua garganta, apenas uma palavra.
– Mãe? – Perguntou Ana, encarando sua mãe que se encontrava no canto da entrada do pátio, ao perguntar isso sentiu seus olhos encharcando-se aos poucos. Madame Esmeralda também não conteve as lágrimas.
– Oi Ana... – Respondeu emocionada. Logo Ana descontrolou-se, passando a chorar.
– Mãe... – Repetiu correndo em direção à mulher, que a abraçou.
– Eu estou aqui minha filha... Eu estou aqui! – Afirmou em meio a lágrimas de felicidade. Bia que estava presente até então, sorriu, e se retirou para que as duas tivessem seu momento sozinhas.
Enquanto passava pela sala Bia foi surpreendida por Ernestina que a chamou.
– Ô Bia! – Exclamou, chamando a atenção da garota.
– Oi Ernê? – Atendeu.
– Você tava no pátio? – Perguntou.
– É meio óbvio, né? – Perguntou Bia.
– É... – Disse Matilde, então Bia continuou seu caminho. – Peraê! – Exclamou Matilde, interrompendo a garota novamente. Logo Bia esperou que a mesma falasse. – Por acaso você encontrou uma mulher ruiva lá no pátio? – Perguntou deixando Bia tensa.
– Ah... Encontrei sim, mas eu não conheço ela... – Mentiu Bia voltando a andar.
– Parada! – Exclamou Matilde, mais uma vez. – Eu sei que você ta mentindo.
– Afirmou a mulher. – Fala logo ô, cabelo colorido... De que a Esmeralda é mãe? – Ordenou, sendo direta. Bia ficou admirada ao saber que Ernestina conhecia a mulher.
– Você conhece e madame Esmeralda?! – Perguntou curiosa.
– E-eu... – Por um momento Matilde perdeu as palavras. – Ah, eu já ouvi falar, ela é uma cigana que mora aqui no bairro, não? – Disfarçou.
– Ah sim, ela é sim. – Respondeu Bia, deduzindo q Ernestina conhecesse a mulher apenas por seu trabalho bizarro.
– Mas agora você acabou de confirmar que conhece, desembuxa logo! – Ordenou Matilde.
– Tá eu respondo... – Concordou Bia. – Ela é mãe da Ana. – Revelou.
– Ah! – Matilde tentou disfarçar ao máximo, porém ficou chocada com a revelação. – E c-como vocês descobriram?
– Ernê, desculpa, mas se você tá tão curiosa, porque não pergunta a elas? – Perguntou Bia, direcionando-se ao computador.
– Então quer dizer que a Esmeralda tem uma filha... – Matilde não contou, porém, não conhecia madame Esmeralda apenas por ter ouvido falar da mesma, o fato é que Esmeralda foi alguém que a ajudou bastante em seu passado. (Porém esta é outra história, a qual a mim não cabe contar... MUAHAHA)
No pátio...
Ana e sua mãe conversavam.
– Não sabe o quanto eu fiquei feliz quando soube que você está viva, minha filha. – Dizia Madame Esmeralda, sorrindo.
– Eu também fiquei muito feliz quando a Bia me contou que a senhora é minha mãe... – Disse Ana. – No começo eu achei que a senhora tinha me abandonado, mas ela me explicou o motivo de eu ter vindo parar no orfanato... – Explicou.
– Eu nunca faria uma coisa dessas Ana, nunca abandonaria você, mas eu suponho que sua amiga lhe explicou tudo exatamente como aconteceu. – Disse a mulher.
– É... – Concluiu Ana. – Ela também me contou sobre a minha irmã... – Revelou Ana, nessa hora a mesma notou que sua mãe mudou a expressão no rosto, para uma expressão de tristeza. – Eu sinto muito, mãe... – Disse.
– Tudo bem, tinha que acontecer... – Falou madame Esmeralda, respirando fundo. – Enfim... Eu não pude deixar de notar que você discutia com sua amiga quando eu cheguei, você quer me contar o porque da discução? – Perguntou, apesar de já saber.
– Ah, eu quero, é uma coisa que a Bia não me deixou claro. – Disse Ana.
Enquanto isso, na sala...
Enquanto Bia usava o computador, percebeu alguém descendo as escadas, logo viu que se tratava de Thiago e que o mesmo estava indo em direção ao pátio.
– Thiago! – Exclamou chamando a atenção do garoto.
– Nossa que susto Bia! – Exclamou o garoto de olhos arregalados. – Se quer saber do Binho, ele tá lá encima...
– Não, não é isso! – Afirmou Bia.
– Então o que é? – Perguntou Thiago.
– É que... Qual é o nome daquela música que você tava escutando no recreio? – Perguntou improvisando.
– Eu ouvi várias músicas hoje no recreio Bia. – Falou Thiago.
– Aquela de rap, daquele cantor loiro! – Disse Bia, improvisando mais ainda.
– Eminem? – Perguntou Thiago.
– É? É! – Disse Bia.
– Rap god? – Perguntou Thiago rindo.
– Sim! Essa musica mesmo, você pode baixar ela pra mim? – Perguntou Bia.
– Putz, você não sabe baixar uma música, Bia? – Debochou o garoto.
– Vai baixar a música ou não? – Perguntou Bia.
– Tá, eu baixo... Mas antes eu tenho que pegar uma parada lá no pátio! – Disse Thiago, andando em direção ao pátio.
– Espera! – Gritou Bia levantando-se.
– O quê?! – Perguntou Thiago.
– Não vai no pátio agora! – Disse Bia.
– Por quê? – Perguntou Thiago.
– Porque não! – Disse Bia, sem encontrar desculpas.
– Aff Bia, me poupe, já saquei que tem alguma coisa lá que você não quer que eu veja! – Falou o garoto continuando a caminhar. Ao ver que não tinha como parar o garoto que estava decidido à ir ao pátio, Bia não teve escolha a não ser o acompanhar, para impedir que o mesmo atrapalhasse a conversa de Ana com sua mãe. Logo ao chegarem na porta do pátio, Thiago ficou surpreso. – Aquela, é a mãe dela? – Perguntou Thiago ainda surpreso, em um tom de voz baixo. Bia assentiu, então Thiago compreende e os dois entraram.
Minutos depois, no pátio...
Depois de alguns minutos de conversa com sua mãe, Ana passou a compreender melhor todas as coisas que antes Bia havia contado, e até mesmo o que havia deixado de contar.
– Então quer dizer que eu não tenho escolha... – Disse a garota ainda processando a revelação. Sua mãe assentiu. – Se eu não fizer esse ritual eu morro...
– Sim... – Confirmou sua mãe.
– A Bia não tinha me contado essa parte... – Disse Ana. – Agora eu entendo, por isso ela ficou tensa quando eu disse que não ia fazer... – Compreendeu.
– Mas agora que você sabe a verdade, creio que você mudou de idéia, sim? – Perguntou sua mãe.
– E viver rodeada de espíritos 24 horas por dia? – Perguntou Ana. – Eu não queria essa vida pra mim, mas agora que encontrei minha mãe, acho que vale a pena tentar. – Afirmou, sorrindo.
– Graças à Deus! – Exclamou Madame Esmeralda aliviada, abraçando sua filha. – Você não estará sozinha Ana, nunca mais ficaremos separadas, eu lhe prometo! – Prometeu.
– A senhora vai me levar pra morar na sua casa? – Perguntou Ana.
– Se assim você desejar... – Afirmou madame Esmeralda. – Você gostaria morar em minha casa?
– Claro que sim mãe! – Exclamou Ana sorrindo. – Mas, eu vou poder vir visitar meus amigos, né? – Perguntou Ana.
– Quantas vezes você quiser meu anjo. – Afirmou Madame Esmeralda Ana ficou contente com a noticia porém, sua mãe notou que a mesma continuava inquieta por algum motivo. – Tem mais alguma coisa que você queira me perguntar? – Perguntou.
– Ah... Bem, é que eu tava aqui pensando. É que a senhora não me contou nada sobre meu pai. Ele tá vivo? – Ao fazer essa pergunta, Ana notou que sua mãe ficou um tanto tensa.
– Bom, o seu pai nos abandonou quando soube da minha gravidez. Não ouvi falar dele depois disso. – Afirmou a mulher.
– Ah... – Concluiu Ana triste. – Tenho mais familiares, ou só você?
– Ah sim, você tem uma avó, e uma tia. – Respondeu Madame Esmeralda. – Sua tia se chama Rubi, ela é mais nova do que eu alguns anos, e sua avó se chama Rosa. – Revelou.
– E as duas moram por aqui? – Perguntou Ana.
– Sua tia sim, ela mora perto do shopping e tem uma loja lá, de artefatos ciganos. – Respondeu. – E sua avó mora na Índia, ela musou-se à alguns anos, para fazer trabalhos espirituais. – Afirmou. – Ela é a intermediária antecedente à você.
– Sério?! – Perguntou Ana surpresa. – Então ela passou por esse ritual?
– Sim ela passou. – Confirmou sua mãe. Ao saber que sua avó também era uma intermediária, Ana ficou menos tensa em relação ao ritual.
***
Depois de conversarem bastante e solucionarem maior parte das coisas, Madame Esmeralda resolveu ir para casa, porém prometeu que voltaria no dia seguinte, após o ritual da garota.
Ana deixava sua mãe até à porta do orfanato, quando Bia apareceu.
– Já vai embora? – Perguntou Bia, direcionando-se à madame Esmeralda.
– Precisa da minha ajuda? – Perguntou a mulher.
– É... Só queria perguntar algo a senhora, posso? – Perguntou Bia.
– Eu vou subir... – Avisou Ana. – Tchau mãe, até amanhã! – Despediu-se, subindo às escadas.
– Tchau querida! – Despediu-se sua mãe. – E então? – Perguntou, dirigindo-se à Bia.
– Eu vi que vocês se deram bem... – Notou Bia. – A senhora contou à ela sobre o que acontece se ela não fizer o ritual? – Perguntou.
– Sim eu contei. – Respondeu a mulher.
– E aí? – Perguntou Bia.
– Não se preocupe, ela aceitou fazer o ritual. – Contou madame Esmeralda.
– Ainda bem! – Comemorou Bia aliviada. – E a senhora vai pedir a guarda dela?– Perguntou.
– Sim, eu irei. – Afirmou Madame Esmeralda. – Bia, algo te perturba além dessa história, não é? – Percebeu.
– Não tem mesmo como esconder algo da senhora, hein? – Perguntou Bia rindo. – Não é nada demais...
– Bia! – Exclamou a mulher.
– Tá, tudo bem, é que eu tive mais um daqueles sonhos estranhos, incluindo os garotos. – Contou.
– E o que lhe preocupou tanto? – Perguntou a mulher. – Você tinha me dito que ja fez sua escolha, e que estava feliz com ela. – Lembrou.
– Sim eu fiz e estou feliz! – Afirmou Bia. – Mas o sonho pareceu tão real, que eu fiquei com medo. – Completou.
– Bia, se você está segura na sua escolha, não tem com o que se preocupar. – Disse a mulher. – E saiba que nada acontece por acaso, nessa vida tudo tem um propósito, então fique tranquila, com o tempo você entenderá. – Concluiu a mulher, indo embora.
Mais tarde...
Todos lanchavam na cozinha em silêncio, com exerção dos menores, que ainda não haviam chegado com Carol das compras para os preparativos da festa.
– Que silêncio é esse, crianças? – Perguntou Chico reparando o silêncio. – Aconteceu alguma coisa?
– Não... – Responderam todos ao mesmo tempo. Porém a verdade era que todos estavam pensativos com seus próprios problemas.
Cris, estava pensativa com o que havia acontecido mais cedo, e para completar Samuca não parava de encarar. Samuca estava pensativo com o mesmo. Mosca e Pata estavam preocupados com a possibilidade da tia conseguir a guarda de ambos, porém Mosca não só com isso, também se encontrava inquieto com o sonho relacionado ao cristal, e Brian. Bia não parava de pensar no dia seguinte, onde Ana enfrentaria o ritual, e Ana preocupava-se com o mesmo, porém com menos intensidade. Thiago estava pensativo com a possibilidade de Ana ir embora do orfanato, podia não parecer, mas aquilo o deixou meio que, mexido. Rafa estava preocupado com o comportamento de Bel perante à ele. Vivi preocupava-se com sua amizade com Cris, e também estava preocupada em ter ou não feito uma boa escolha quando topou sair com André no fim de semana. E Binho estava preocupado com Bia, que parecia preocupada com algo que ele não sabia.
De repente alguém interrompeu ao pensamento de todos, tendo a atenção voltada para si depois da revelação que fez. Matilde, esta entrou na cozinha, e enquanto caminhava em direção á fruteira, fez um comentário que quebrou todo aquele silêncio.
– E então, como você está agora que não é mais órfã, Aninha? – Perguntou a mulher dirigindo-se à Ana. Ao ouvirem aquilo todos ficaram boquiabertos.
– O quê?! – Exclamaram alguém que ainda não sabiam.
– Como assim a Ana não é mais órfã, Ernestina? – Perguntou Chico a fim de uma explicação.
– Valeu Ernestina! – Exclamou Bia, sendo irônica.
– A Ana reencontrou a mãe, vocês não sabiam? – Perguntou Matilde com um sorriso cínico no rosto.
– Como assim a Ana reencontrou a mãe Ernestina? – Perguntou Carol, que havia acabado de chegar com os menores, entrando na cozinha na mesma hora.
– Então era por isso que você tava estranha com a gente Ana? – Perguntou Tati.
– Bela amiga você é, nem pra contar que achou a mãe... – Disse Dani irritada.
De repente todos passaram a falar de uma vez só, a confusão ficou tão grande que Ana não aguentou e passou mal.
Ao ver toda aquela confusão por sua causa, a garota ficou zonza e passou a ter alucinações, porém ninguém percebeu sua situação, a não ser Bia. A mesma ao ver que sua amiga não estava bem resolveu tira-la daquele caos na cozinha.
Enquanto saía da cozinha com Bia, Ana percebeu uma presença a mais no local, uma sombra a qual não conseguira identificar. Thiago, Binho, Mili e Mosca foram os únicos que notaram quando Bia saiu da cozinha com Ana.
Na sala...
– O que você tem Ana? – Perguntou Bia, enquanto ajudava a garota a caminhar pela sala.
– Eu... Não sei, a minha cabeça tá doendo! – Afirmou Ana com dificuldade.
– Tá tudo bem? – Perguntou Thiago vindo da cozinha às pressas, junto de Mili e Binho.
– Tá! – Afirmou Bia.
– Não... – Disse Ana a contradizendo.
– Nossa Ana, você tá pálida! – Reparou Mili.
– Não é melhor chamar a Carol? – Perguntou Binho.
– Não!!! – Exclamou Bia. – É melhor vocês voltarem pra cozinha, antes que todo mundo perceba que a gente saiu.
– Ninguém vai perceber. – Afirmou Mili. – Depois que vocês saíram o Mosca distraiu todo mundo, dizendo que sabia como a Ana tinha encontrado a mãe. – Contou.
– Sério? – Perguntou Bia. – E o que ele disse?
– Sei lá, a gente veio pra cá quando ele começou a contar. – Afirmou Thiago.
– Ah... – Concluiu Bia.
– Melhor a gente te ajudar a subir com a Ana, gatinha... – Afirmou Binho.
– Ok... – Concordou Bia.
Logo, Binho e Thiago ajudaram Bia a subir com Ana, e Mili os acompanhou.
No quarto...
Ao entrarem no quarto, Bia ajudou Ana a se deitar para que descansasse.
– Eu acho melhor pegar um álcool pra ela cheirar... – Disse Mili, saindo do quarto. Houve um silêncio momentâneo.
Enquanto Ana estava deitada, esta olhou para o fim do quarto, e percebeu algo estranho lá também, porém ao contrário da cozinha, não era apenas uma presença estranha, eram duas. Duas sombras que se encontravam ao lado da porta. Thiago percebeu a tensão da garota ao olhar em direção à porta, logo o mesmo olhou para o local, e estranhou a situação, pois não havia nada lá.
– Tem algo de errado Ana? – Perguntou o garoto, porém Ana nada disse, apenas o encarou com um olhar assustada.
– Ela só tá meio zonza, vai passar... – Afirmou Bia, tentando disfarçar. Nessa hora Mili voltou ao quarto trazendo um vidro cheio de álcool na mão.
– Eu trouxe o álcool. – Disse, colocando o vidro com álcool em cima do criado-mudo, enquanto pegava um pouco de algodão na gaveta. Porém nesta hora algo muito estranho aconteceu, o líquido passou a ferver dentro da garrafa, sem motivo algum. Binho foi o único que percebeu.
– Gente, álcool ferve? – Perguntou afastando-se do vidro.
– Claro que não, idiota, por quê? – Perguntou Thiago. Logo Binho apontou em direção ao vidro que estava borbulhando. – Caralho! Mili sai daí! – Gritou Thiago. Logo ao ver o que estava acontecendo a única reação de Mili foi arremessar a garrafa longe, que explodiu mesmo na hora, derramando todo o álcool que estava fervendo. Aquilo deixou todos intrigados.
– Que porra foi essa? – Perguntou Thiago. Ninguém soube responder.
– A culpa foi minha... – Disse Ana, enfraquecida.
– Claro que não, Ana... – Disse Bia.
– Eles não querem que eu faça o ritual. – Completou Ana.
– Quê? – Perguntou Thiago. – Ritual?
– Ela tá delirando... – Afirmou Bia.
– Bia, você vai me desculpar, mas, tá na cara que tá acontecendo algo muito estranho envolvendo a Ana, e é melhor você contar logo! – Afirmou Thiago.
– Olha como fala idiota! – Retrucou Binho.
– Qual é cara? É verdade, primeiro aquela convulsão, e agora o vidro de álcool ferve e explode do nada! Eu nem sabia que álcool, fervia! – Afirmou Thiago.
– Nem eu... – Disse Binho.
– Sem falar que eu reparei em quem é a mãe da Ana, eu já tinha visto aquela mulher antes, ela é uma cigana! – Afirmou Thiago.
– Tá bom, eu falo! – Exclamou Bia sem paciência. – Mas vocês tem que me prometer que essa história não sai daqui. – Pediu. Os garotos assentiram. – A Ana não é uma garota comum. – Afirmou. – Ela é paranormal. – Revelou.
Minutos depois...
Bia esperou que Ana adormecesse para poder contar o que estava se passando com a mesma, após saberem de tudo os garotos ficaram bastante chocados.
– Caracas! – Exclamou Thiago.
– Que loucura... – Afirmou Binho. – Agora eu entendo porque você andava tão estranha esses dias, Bia... – Completou.
– Pois é, desculpa eu não ter te contado antes, é que eu não queria meter mais ninguém nessa loucura. – Pediu Bia.
– Nem precisa pedir desculpas, gatinha, acho que se eu não tivesse visto o que aconteceu agora com a garrafa de álcool, eu ia achar que você tava brincando... – Afirmou Binho.
– E você Mili, quer dizer então que já sabia de tudo? – Perguntou Thiago.
– É, eu soube por acaso, mas essa desse ritual, eu não fazia ideia... – Afirmou Mili.
– Mas, e então, vocês estão dispostos a me ajudar? – Perguntou Bia. Então, todos concordaram.
***
Já era noite quando Bia se reuniu no porão junto de Binho, Thiago, Mili e Mosca (que se ofereceu para ajudar depois). Logo, a mesma passou a explicar como tudo teria que ser preparado.
– O ritual será feito aqui, será iniciado quatro minutos antes da Ana completar 11 anos, mas ela vai ter que passar o dia todo aqui embaixo. – Explicou.
– Por quê? – Perguntou Thiago.
– Sem perguntas, já pedi! – Exclamou Bia, sem paciência.
– Tá, foi mal... – Desculpou-se Thiago.
– Ela precisa ficar em segurança, então vamos ter que colocar sal grosso em todo porão. – Explicou Bia. – Thiago e Binho vocês ficam encarregados disso. – Afirmou. Os dois concordaram.
– Também temos que ter certeza que ninguém vai atrapalhar, o ritual, muito menos sentir falta de mim e da Ana, enquanto estivermos aqui. – Disse Bia. – Mili, você fica encarregada de vigiar, e já sabe, se perguntarem por mim e pela Ana, nós fomos passar o dia fora, e só vamos chegar na hora da festa. – Afirmou. – Entendido?
– Entendido. – Afirmou Mili.
– E Mosca, eu e você vamos ficar encarregados de proteger a Ana durante todo o processo de transição. Você não precisa ficar aqui o dia inteiro, mas é importante que venha por aqui pelo menos a cada duas horas, assegurar de que não aconteceu nada de errado. – Afirmou Bia.
– Ok... – Concordou Mosca.
– O resto não precisa vir, pra não dar muita bandeira que a gente tá aqui. – Completou Bia. – Então é isso, eu espero vocês aqui às 4:00 da manhã. Nem um minuto a mais e nem um minuto a menos, entenderam? – Todos assentiram. – Ok. – Concluiu.
Por mais que Bia tentasse não demonstrar, esta estava muito, mais muito nervosa com toda aquela história.
– Gatinha... – Chamou Binho. – Fica tranquila, vai dar tudo certo... – Afirmou, abraçando a garota.
– Deus te ouça, gatinho... – Dise Bia, chorando. – Se der algo de errado, e a Ana morrer, eu não sei o que vai ser de mim. – Afirmou.
– Não pensa assim, Bia. Vai correr tudo bem, você vai ver. – Afirmou Mosca.
– A gente vai fazer de tudo, pra que ninguém atrapalhe. – Disse Mili. Nesse momento ninguém notou, mas Bia não era a única que estava chorando. Ao ver que não ia conseguir se conter, Thiago afastou-se do pessoal, e chorou em um canto sozinho, este estava começando a nutrir um sentimento novo por Ana.
Horas depois...
– Bia, acorda! – Exclamava Mili num tom de voz baixo, tentando acordar Bia que ainda dormia. O relógio marcava às 3:45 da manhã. – Bia!!! – Chamou, um pouco mais alto.
– Quê?! – Exclamou Bia, acordando assustada. – Já são 4 horas? – Perguntou.
– Ainda faltam 15 minutos... – Disse Mili com uma cara tensa. – Mas não foi por isso que eu te acordei... – Completou.
– Não? – Perguntou Bia, confusa. – Então o que foi? – Perguntou.
– É a Ana. Ela sumiu... – Revelou Mili.
– O quê?! – Perguntou Bia, levantando-se. Logo esta se dirigiu à cama de Ana e ao ver que realmente a garota havia sumido, entrou em desespero. – Não, isso não pode tá acontecendo, Mili, você já procurou ela? – Perguntou.
– Sim, eu até fui acordar os garotos, eles foram procurar por ela lá embaixo, enquanto eu vim aqui te acordar... – Disse Mili. Logo, ambas saíram do quarto procurando não fazer barulho, para que as outras meninas não acordassem.
Na sala...
Quando Mili e Bia desceram, os garotos estavam na sala.
– Cadê a Ana? – Perguntou Bia.
– A gente procurou ela pelo orfanato inteiro... – Disse Binho.
– E aí? – Perguntou Bia, preocupada.
– Ela não tá em lugar nenhum... – Respondeu Mosca.
– Isso só pode ser piada! – Afirmou Bia. – Ana, não tem graça, aparece logo! – Exclamou.
– Não adianta Bia, ela não tá aqui. – Disse Mosca.
– E lá fora, vocês procuraram? –´Perguntou Bia.
– Ainda não. – Disse Thiago. Bia revirou os olhos, e foi pegar a chave mestre do orfanato. Logo, os cinco saíram e passaram à procurar Ana pela poarte externa da casa.
10 minutos depois...
O pessoal havia se separado para procurar Ana até que...
– Gente! Corre aqui rápido!!! – Gritou Mosca, que pelo som da voz devia estar perto da fonte. Logo todos foram em direção de lá, e ao chegarem tiveram uma terrível surpresa.
– Ana!!! – Gritou Bia, apavorada, correndo em direção da fonte.
A cena era bastante forte, Ana estava apoiada na fonte, com a cabeça e os braços submersos pela água, imóvel.
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