Mosca nem conseguia pensar sobre o que se passava naquele momento. Há minutos atrás estava feliz, com a garota a qual havia sonhado tanto, e agora estava alí, dentro daquele banheiro com Janu espalhando beijo pelo seu pescoço.

– Janu... Espera... – Ele tentava fazer com que esta parasse, porém a garota parecia não dar ouvidos.

– Eu sei que você quer. – Sussurrou ela ao ouvido do garoto. De repente Janu passou a beija-lo mais intensamente, indo em direção aos seus lábios. Mosca queria evitar, mas não conseguia, era mais forte que ele.

– Janu... – Sussurrou, então Janu olhou em seus olhos e disse:

– Aposto que você vai gostar disso... – Afirmou, enquanto descia lentamente pelo corpo de Mosca. De repente a mesma decidiu abrir o zíper de sua calça. Foi quando Mosca fechou os olhos, e voltou a si.

– Não Janu! – Exclamou, afastando a garota e fechando a calça. – Eu não posso fazer isso!

– Ai Mosca qual é? Quer bem dizer que você não queria? – Perguntou a garota alterada.

– Não, eu não quero me aproveitar de você. – Completou.

– Mas...

– Sem mas, Janu. – Disse Mosca. – Agora dá licença! – Concluiu abrindo a porta do banheiro.
Mal sabia ele que ao abrir aquela porta, daria de cara com um rosto conhecido.

– Neco! – Gritou.

– Mosca! Janu! – Exclamou o garoto, que havia acabado de chegar no banheiro. – O que vocês tava fazendo, os dois dentro do banheiro?! – Perguntou o garoto assustado.

– Ferrou! – Exclamou Mosca. E agora? Como explicaria aquela situação? Janu apenas sorria.

Na sala do cinema...

Mili estranhava a demora de Mosca, porém ficou quieta em seu canto, o filme estava sendo legal, porém, depois daquele beijo, ela não conseguia pensar em mais nada, senão, em Mosca.

– Mili? – Rafa a chamava pela terceira vez.

– Oi! – Atendeu Mili, saindo de seus devaneios.

– Perguntei se você quer mais pipoca? – Repetiu Rafa.

– Não. – Respondeu Mili.

– Você tá bem Mili? – Perguntou Rafa.

– Tô... – Disse Mili. – Só veio um mal pressentimento. – Completou.

Na fileira de trás...

Depois de ter dado um fora na Tati, Binho voltou para seu lugar...

– Iai? – Perguntou Bia.

– Iai o quê ? – Perguntou Binho.

– O que ela queria? – Perguntou de volta.

– Ser besta... – Respondeu Binho.

– Hum. – Concuiu Bia.

Pata não conseguia parar de olhar para Duda, que assistia ao filme atentamente.

– Legal o filme, né? – Perguntou a garota puxando assunto.

– É. – Disse Duda sem ao menos virar para o lado.

– E, você vai fazer o quê depois daqui? – Perguntou.

– Sei lá. – Respondeu.

– Ah... Então...

– Ô Pata, se você não se incomoda, pode me deixar ver o fim do filme? –

Pediu o garoto arrogantemente.

– Ah. Claro. – Respondeu Pata.

– Duda! – Chamou Bia.

– Oi Bia? – Atendeu o garoto, virando-se rapidamente com um sorriso no rosto.

– Ainda tem salgadinho? – Perguntou. Logo Duda abriu mais um salgadinho e entregou pra garota. – Valeu!

– De nada! Se precisar de mais alguma coisa é só pedir! – Exclamou Duda. Pata apenas observava em silêncio.

Fora da sala...

Depois do imprevisto, Janu voltou para seu filme. Mosca resolveu explicar para Neco o porquê de estar no banheiro com a Janu.

– Bom Neco, então foi isso que aconteceu. – Explicou.

– Ah, então quer dizer que a Janu errou de banheiro e você foi mostrar pra ela que o vaso do banheiro masculino é diferente?! – Perguntou Neco confuso.

– Foi, exatamente isso. – Repetiu Mosca. – Mas você não pode contar pra ninguém!

– Porquê? – Perguntou Neco.

– Porque se não eles vão saber que eu já fui ao banheiro das meninas, e é proibido! – Mosca tentou improvisar, sorte que o neco era bem inocente e acreditou. Em seguida eles voltaram para a sala do cinema.

Depois que o filme acabou, as crianças voltaram para o orfanato. Logo a noite caiu, então depois de um dia longo, todos foram dormir, exceto Mili, que escrevia na sala. E Mosca, que não conseguia dormir, pensando em tudo o que havia acontecido. O mesmo não sabia se ficava feliz ou desesperado. Como conseguiria contar uma coisa daquelas para Mili sem parecer culpado? Se é que devia contar, afinal, nem estavam namorando, foi só um beijo! Enquanto se torturava com seus pensamentos, Mosca resolveu descer para tomar um copo d'água, uma péssima ideia naquele momento, pois deu de cara com Mili escrevendo na sala.

– Mili! – Exclamou. Esta sorriu ao vê-lo.

– Oi Mosca... – Mosca percebeu que Mili estava nervosa com sua presença, quando esta escondeu o que escrevia.

– Você não conseguiu dormir? – Perguntou Mosca.

– Não. – Respondeu a garota. – E você? – Perguntou.

– N-não... – Respondeu. De repente Mili levantou-se e foi em sua direção sorrindo. – Mili, eu...

– Mosca... – Sussurrou Mili. O garoto ficou apenas em silêncio, então Mili deu continuidade. – Eu te amo...

Aquela frase poderia ter sido a melhor coisa que Mosca ouviria na vida, menos naquele momento, pois seu coração estava carregado de culpa. Ele sabia que poderia ter detido Janu, porém não o fez, e este foi seu maior erro.

– Eu também te amo. – Respondeu Mosca, sem jeito. Logo este resolveu beijar Mili novamente, talvez a beijando esqueceria o mal entendido com Janu, pensou. Porém esse ato só piorou as coisas. De repente Mosca interrompeu o beijo. – Mili...

– O quê? – Perguntou a garota.

– Nunca duvide dos meus sentimentos por você. – Completou Mosca. – Boa noite. – Concluiu, subindo as escadas.

"E agora? O que eu faço?" , se perguntou Mosca.
No dia seguinte, todos acordaram cedo, pois era dia de escola.

– Odeio segunda-feira! – Exclamou Thiago, à mesa.

– Porquê? – Perguntou Neco. Thiago apenas o olhou com cara feia.

– Pois pra mim segunda feira é o melhor dia que tem. – Afirmou Ana.

– Claro, porque você ama ir à escola, né Ana? – Perguntou Tati, com duplo sentido.

– Na verdade ela ama o que tem lá! – Exclamou Teca.

– Tendi nada. – Disse Neco.
Na outra mesa Bia lanchava com Pata.

– Não tô com o menor ânimo pra escola hoje... – Revelou Bia.

– Você nunca tá... – Completou Pata.

Na outra mesa, Rafa notou que Binho não parava de encarar Bia, esta o correspondia uma vez ou outra.

– Porque você tá olhando desse jeito pra Bia? – Perguntou Rafa em forma de sussurro.

– Eu?! – Assustou-se Binho. – Impressão tua Rafa, eu nem tava olhando pra ela! – Completou.

– Estranho... – Concluiu Rafa.

– E como foi o dentista Marian? – Perguntou Mili.

– Um saco! – Exclamou. – Pelo menos eu ganhei um sorvete no fim da consulta.

– Bora logo, bando de estrupício! – Gritou Ernestina.

Na escola, Mosca evitava Janu a todo custo, a garota puxava conversa e ele respondia curto e grosso. Mili não parava de pensar na noite anterior, tanto que esqueceu até como se resolvia a fórmula de bhaskara. Bel trocava cartinhas com Rafa. E Pata observava tudo que Duda fazia.

Na hora do intervalo as garotas maiores se juntaram para conversar, nesse momento Bia notou que Janjão a observava com seus amigos do outro lado do pátio.

– O que cês estão olhando?! – Gritou a garota.

– Pode mais olhar não?! – Gritou Janjão.

– Bia, para! – exclamou Pata.

– Não, não pode! – Respondeu Bia aos berros. O garotos apenas riam da situação e sussurravam entre si.

Após o intervalo, quando Bia voltou a sala, notou que havia algo em seu caderno.

– O que é isso?! – Exclamou sozinha. Era uma caixinha de presentes preta com uma fita rosa bebê. Bia notou que havia um bilhete. – "Um presente para demonstrar um centésimo do carinho que sinto por você, pois se tivesse que demonstrar todo meu carinho, precisaria de mais de um milhão de caixinhas iguais a essa." Ass: Seu admirador secreto. – Enquanto Bia lia o que estva escrito, não conseguiu conter os risos. – Caraca! Quem será que me mandou isso?! – Se perguntou. Abrindo a caixa, na qual havia um pingente de ouro branco em formato de coração. – Nossa! Que lindo! – Exclamou.

– Bia! Quem te deu isso? – Perguntou Pata chegando na sala.

– Eu não sei, mas é muito lindo! – Revelou a garota. Quem haveria mandado aquele presente? O Binho não poderia ter sido, de onde ele tiraria dinheiro, ou ideia para comprar uma coisa tão bonita? De repente Bia lembrou do sonho. "Não, nenhum dos garotos poderia ser, a não ser que... De todos os garotos do sonho, o Duda seria o único que pensaria em algo assim." – Será?! – Pensou alto.

– Será o quê? – Perguntou Pata.

– Nada, só pensei alto... – Respondeu Bia.

Perto dalí...

– Alô! Eu já fiz o combinado, ela recebeu o presente. – Dizia Ana falando ao telefone.

Mais tarde no orfanato...

As garotas menores estavam na sala, quando a campainha tocou.

– Eu atendo! – Disse Teca. Esta abriu a porta. – Oi! – Exclamou a garota com um sorriso no rosto.

– Oi. Os meninos estão? – Perguntou o garoto de olhos puxados, era Fábio.

– Estão sim, vou chamar eles. – Respondeu Teca.

Os meninos jogavam bola no pátio, quando Teca os chamou avisando que Fábio os esperava. Todos foram em direção a sala.

– Espera Binho! – Exclamou Bia aparecendo de repente. – Quero falar com você. – Completou.

– Ele tá ocupado! – Disse Thiago.

– Pode falar. – Disse Binho ignorando Thiago, que saiu sem entender nada. Teca siu em seguida.

– Você por acaso me mandou algo hoje de manhã? – Perguntou.

– Eu, não! – Respondeu o garoto. – Por quê?

– Não, por nada. – Respondeu Bia.

– Ah, então vou nessa! – Exclamou Binho indo em direção a porta.

– Espera! – Gritou Bia, fazendo o garoto voltar. – Você tá me evitando, não tá? – Perguntou sorrindo.

– Eu? Porquê você acha isso? – Perguntou o garoto, sentando-se no banco. Bia sentou-se ao seu lado.

– Hoje você não trocou uma palavra comigo, só ficou me encarando om uma cara estranha na hora do café da manhã... – Lembrou Bia. – O que tá acontecendo? Foi por causa de ontem? – Perguntou.

– Bom, eu vou falar a verdade... – Admitiu o garoto. – É que eu fiquei meio sem jeito depois de ontem, porque eu não esperava que você ia agir daquele jeito, só isso.

– Você não gostou? – Perguntou Bia.

– Não é isso. E só que... Nunca tinha beijado ninguém daquele jeito, eu nem sabia pra onde ir.

– Ah, é isso? – Bia perguntou sorrindo. – Desculpa eu não devia ter ido com aquela pressa toda, nem sabia se você queria. – Concluiu a garota, olhando pro chão, estava envergonhada.

– Pois bem, agora eu preciso ir... – Disse Binho, porém Bia continuou cabisbaixa. – Ô Bia! – Chamou o garoto, fazendo com que Bia direcionasse o olhar para ele, e quando esta fez isso ele a surpreendeu com um selinho, e em seguida saiu correndo.

– O que foi isso? – Perguntou a garota sozinha, sorrindo.

Na sala...

– Porque você demorou Binho? – Perguntou Thiago. – O que a Bia queria?

– Nada demais. – Respondeu Binho sorrindo.

– Hum...

– Bom gente, então como eu ia dizendo, se vocês quiserem comparecer, vai ser amanhã as 15 horas.

– Que massa cara! Pode crer que agente vai! – Confirmou Mosca.

– É, maneiro, agente vai sim. – Concordou Rafa

– O que vai ter amanhã? – Perguntou Binho.

– O Fábio vai participar de um campeonato estadual de artes marciais! – Exclamou Rafa.

– Sério?! – Perguntou Teca se intrometendo na conversa. – Eu posso ir ver também? – Perguntou.

– Claro – Disse Fábio.

– Que legal! – Sorriu a garota.

No fim da tarde, Tati estava indo passear com a pipoca quando...

– Eu vou com você Tati! – Exclamou Dani.

– Ah, é que eu prefiro passear sozinha. – Explicou a menina.

– Mas eu também quero levar a pipoca pra passear! – Exclamou Dani.

– Tudo bem, então leva você sozinha! – Gritou Tati. Esta estava furiosa desde o cinema.

– Nossa! Que mau humor Tati! – Gritou Dani. Em seguida a mesma saiu com pipoca.

Dani passeava pela rua levando pipoca, quando de repente a cachorra se soltou da coleira e saiu correndo.

– Ai, eu mereço... Pipoca! – A menina saiu pela rua gritando.

Pipoca já estava no fi da rua quando alguém conseguiu para-la, um menino. Quando Dani chegou mais perto notou de quem se tratava. Era Tatu.

– Oi menina do orfanato! – Cumprimentou Tatu.

– Oi... – Cumprimentou Dani.

– Deixa, eu ajudo. – Falou o garoto sorrindo enquanto ajudava a pôr a coleira de volta em pipoca. – Deve ter mais cuidado com essa gracinha!

– Cadê a sua turma de valentões? – Perguntou Dani.

– Eles não estão por aqui. – Respondeu o garoto. – Bem até logo garota do orfanato.

– É Dani. – concertou a garota.

– Até mais Dani. – Disse o garoto saindo.

– Não sabia que ele era legal, você sabia pipoca? – Perguntou Dani falando com a cachorra, que latiu.

No orfanato, Marian falava com Duda ao telefone:

– Se bem que agente devia sair pro cinema, só nós dois, aí sabe o que eu faria? – Sussurrava a garota quando Bia chegou no quarto. – Tenho que desligar, tchau! – Desligou o telefone, despedindo-se.

– Não vou ouvir suas conversas obscenas Marian. – Disse Bia, sorrindo ironicamente.

– Eu não estava falando nada demais! – Exclamou Marian.

– Sei... Você força a barra demais, o garoto nem é tão afim de você! – Provocou Bia.

– Não se meta na minha vida Bia! – Exclamou Marian. – Se não uiser que eu me meta na sua.

– Não tenho medo de você Marian! – Exclamou Bia.

– Pois devia ter... – Ameaçou Marian.

– Ah é, e porquê? – Perguntou Bia, a enfrentando.

– Porque eu sei de você e do Binho! – Revelou a garota, com uma expressão malígna no rosto. Ferrou, e agora? Por essa Bia não esperava.