Guardamos as coisas do piquenique e começamos a andar pela floresta, abandonando o lugar do laguinho. Não muito longe, avistamos uma pequena cabana e caminhamos até ela. Embora estivesse abandonada, quando entramos parecia bem aconchegante. Senti um frio na barriga quando Luke fechou a porta atrás de nós. Eu estava encostada na parede e Luke se aproximava cada vez mais. Meu coração dava um salto a cada centímetro que sumia a minha frente. Luke passou a mão por minha cintura e eu fechei os braços ao redor de seu pescoço. Quando nossos lábios se encontraram, eu perdi o ar. Eu resfolegava a medida que o beijo se intensificava. Interrompemos o beijo e tentei dar um passo para trás; porém, Luke me impediu, me abraçando mais forte. Ele corria o nariz por meu cabelo, meu pescoço, minha bochecha, e o meu corpo tremia...

Acordamos com o Sol e Luke me envolvia com o braço. Saímos da cabana e começamos a andar lentamente. Quando chegamos à porta de minha casa, olhei ao nosso redor e ao constatar que não havia ninguém, nos beijamos mais uma vez. Porém o beijo foi interrompido rapidamente ao eu ter visto alguns distintivos despontarem no começo da estrada de pedras. Separei-me de Luke e rapidamente entrei em casa, deixando Luke sozinho e sem explicação.

Antes que mamãe pudesse me repreender pela noite que passei fora, uma saraivada de balas atingiu nossa casa, e não cessou quando o rangido da casa deu lugar ao barulho estrondoso do desmoronamento. Exceto eu que consegui me esconder atrás do sofá, todos que eu amava estavam mortos. Entretanto, ainda havia uma esperança...

Senti alguém me segurar pelas costas e me puxar para fora dos escombros que a poucos momentos se encontrava minha casa, e pelo canto do olho vejo um distintivo vermelho. Fecho os olhos e penso que é o fim. Escuto um disparo, porém não sinto dor alguma. Percebo que os braços fortes que me seguravam já não estão mais ao meu redor. Rapidamente sou erguida do chão por um homem alto e forte. Não o vejo, mas sei que ele é. Seu cheiro, sua força, seu carinho e sua rapidez me ajudam a reconhecê-lo. Luke. Quando olho em volto vejo que está correndo em meio à floresta.

Luke corre pela floresta até ser paralisado por um som de gatilho. Quando se virá consigo ver o soldado. Não um nazista como pensávamos, mas um estadunidense. A faixa dos Estados Unidos estava estampada em seu quepe que escondia seus cabelos negros:

– Ponha a moça no chão agora! O que pensa que está fazendo aqui?!

Luke o olha de um jeito que eu nunca o tinha visto antes, com ódio nos olhos. Ainda estava confusa e atordoada com os acontecimentos e não sabia dizer o que aconteceria, todavia sabia o que tinha entregado Luke. A sua arma em seu cinto que estampava o símbolo vermelho:

– Não posso... - Luke olha o soldado diretamente e tenta expressar sua sinceridade- Temos que correr, não temos muito tempo.

– É irônico um nazista falar isso com uma judia nos braços- disse o homem com um sorriso sarcástico. Não sei como ele sabe que sou judia, talvez pela minha aparência. – Solte-a ou o próximo tiro eu não irei errar.

Os olhos dele transmitem vontade de salvar uma vida. Mas eu não preciso ser salva. Luke é o homem que amo e preciso dizer isso antes que ele o mate.