Katie

Acordei na minha cama eram 6 horas da manhã. Eu não fazia a mínima ideia de como fui parar lá. Sai do quarto tomando cuidado para não acordar ninguém. Pedi uma roupa qualquer para meu colar e comecei a andar em direção a Casa Grande, algo me dizia que eu precisava ir lá.

Sr. D. estava sentado na varanda fitando os campos de morango. Pisei mais forte para que ele me notasse.

–Bom dia Sr. D. , tudo bem?

–Bom dia, Katie. Cedo para uma filha de Nyx estar acordada. Você esta bem?

–Já dormi demais. Posso te fazer uma pergunta?

–Claro.

–Por que fica aqui no acampamento? – Eu já tinha pensado nesse assunto antes.

–No começo eu ficava aqui como um castigo. Eu odiava esse lugar e odiava todos os semideuses com exceção dos meus filhos, mas depois da guerra contra Gaia tudo mudou. Eu vi vários semideuses morrerem e entre eles meus filhos.

“Quando foram queimadas as mortalhas todos os deuses estavam presentes. Eu vi a tristeza nos olhos de Poseidon por perder seu filho nas portas da morte e o outro na guerra. Atena estava inconsolável, o chalé dela foi o que mais teve perdas. Foi terrível ver o olhar de Zeus, seus dois filhos foram mortos. Ares perdeu a sua filha favorita, a Clarisse. De todos os deuses esse eram os que mais estavam sofrendo. Foi nesse dia que eu decidi mudar meu jeito de ser. Jurei que cuidaria desse lugar e de todos que dependesse dele para sobreviver.”

“Quando acabou meu castigo, Zeus ia me substituir, mas eu falei que queria continuar. Houve uma reunião no Olimpo para ver seu eu era digno de cuidar dos filhos deles. Ninguém votou contra, eles me queriam longe de lá. Sabe Katie, eu não os culpo por não me quererem lá. Nunca fui um deus preocupado com os problemas do Olimpo. Eu deixei de ser um deus olimpiano e Héstia voltou ao seu trono. Agora sou apenas um deus menor.”

“Agradeço a Zeus por ele ter me dado esse castigo. Sem ele eu seria um deus insuportável. Confesso que não sei lidar muito bem com a liberdade.”

Ficamos em silêncio por alguns segundo. Ele tinha um olhar triste com um fundo de esperança.

–O senhor pode me falar sobre o Percy? – Perguntei. Eu queria saber tudo sobre aquela época.

– Peter Johnson. – Ele falou sorridente. –Ele era um garoto muito corajoso. No seu primeiro ano aqui foi acusado de ter roubado o Raio Mestre, de Zeus, o Elmo, de Hades. Depois descobriu que tinha sido um filho de Hermes que não era fã dos deuses. Era o filho favorito de Poseidon, o semideus mais poderoso que já conheci. Mesmo nunca demonstrando, eu o admirava. Ele e a Annabeth formavam uma bela dupla em missões ou em batalhas. A garota cuidava das estratégias e ele as colocava em pratica. Eu não o vejo na minha forma grega desde o ano da batalha contra Cronos. O vi em minha forma romana, que hoje deixou de existir.

–Obrigada por me contar, senhor. O senhor pretende contar aos campistas sobre a imortalidade de Leo, Will e Nico?

–Aqueles que prestam atenção nas aulas de histórias do acampamento já devem ter descoberto. Aos outros contarei quando for a hora certa. Não sou mais um deus olimpiano, mas ainda sei quando eles estão com problemas.

–Algo muito ruim?

–Ainda não sei, mas se for eles vão fechar o Olimpo com todos os deuses importantes lá dentro.

–O senhor seria incluído se isso acontecesse?

–Não sei minha querida. Só nos resta esperar para ver. Já que temos que esperar, vamos comer senão morreremos de fome.

–Mas o café só é servido às oito horas, senhor.

–Não para mim. Vamos entre, vou preparar um chocolate quente e um bolo.

Entrei e me sentei no sofá enquanto o Sr. D. preparava o bolo. Eu não conseguia imaginar aquele homem sendo rude ou perverso. O chalé dele no acampamento era vazio e triste, assim como o seu olhar enquanto ele me contava seu passado. Resolvi ir até a cozinha.

–Por que o senhor não teve mais filhos? – Perguntei.

–Não quero ter que ver mais filhos morrerem. Este é o fim dos semideuses Katie, o fim é a morte. Vamos ver um filme enquanto o bolo assa?

–Qual?

–Qualquer um que estiver passando.

Fomos para a sala e ficamos vendo filme até hora que o bolo ficou pronto. Ele cozinhava bem, o bolo ficou muito gostoso.

–Pode fazer frio aqui se o senhor quiser?

–O frio será daqui a dois dias no solstício de inverno. Terá neve esse ano. O acampamento fica muito bonito.

–Vou adorar ver. Sempre passei o inverno trancada dentro de casa.

Nessa hora a concha tocou anunciando o café da manhã.

–É melhor eu ir para o pavilhão, meus amigos devem estar preocupados.

–Daqui a pouco também vou. Até daqui a pouco.

–Até senhor.

Fui correndo para o pavilhão. Assim que pisei no refeitório Nico, Helena, Erik, Nikki e Will vieram em minha direção.

–Eu acordo sete horas da manhã olho para o lado e vejo a sua cama vazia. Vou para o chalé do seu namorado e ele não fazia ideia de onde você estava. Fomos para os chalés de Zeus, Afrodite e Apolo e não encontramos você. Onde estava? – Eu não sabia que Nikki se preocupava com alguém.

–Eu estava na Casa Grande assistindo e conversando com o Sr. D.

–Desde quando você conversa com Dionísio? – Quis saber Helena.

–Desde hoje. Ele é uma pessoa muito simpática.

–Não era assim na nossa época. O Nico está de prova. –Falou Will.

–Como assim na nossa época? –Perguntou Erik. Eu tinha esquecido que ele não sabia de nada.

–Conta para ele, querido. –Falei para Nico.

–Querido? –Lancei um olhar mortal a ele. – Tudo bem. Eu e Will somos imortais Erik. Somos de séculos atrás.

Para minha surpresa ele não gritou como Helena fez.

–Eu sabia que eram vocês. Estudei vocês nas aulas de histórias daqui do acampamento.

–Senhor D. me disse que alguém iria descobrir através das aulas. –Falei. –Vamos comer?

Todos me responderam indo para suas mesas. Eu fui para a de Hermes com Nikki. Fiquei feliz que minha mãe não tinha chalé, eu gostava da mesa de Hermes.

Depois do café nós seis fomos à praia conversar sobre a noite passada. Chegando lá encontramos Perséfone.

–Mãe? –Falou Nico assim que a viu.

–Oi filho. Só vim dar um aviso. Não comentem nada sobre ontem, nem falando baixo. Deuses têm olhos e ouvido em todos os lugares. Adeus.