Enquanto houver nós.
Entre tudo.
– O que? Não, não posso. - Eu respondo a ele.
– Paulina, não há escolha. - Ele me responde jogando a carta sob a cama, estamos de frente um para o outro apenas com a cama entre nós, o tormento me persegue. - Carlos Daniel, nunca lhe pedi nada então quero que esqueça isso. - Eu volto a falar para ele.
– Esquecer? Sabe que isso é inevitável, não sabe?
– É preciso. Enfrentarei meu destino como vier e tiver de ser.
Carlos Daniel sai furioso do quarto passando por mim enquanto eu me jogo na cama pensando no que faria, na verdade não há o que fazer quando não se tem dinheiro. De repente, ouço vozes do corredor, sento-me na cama prestando atenção, é Elizabeth e Carlos Daniel, encosto minha cabeça na porta tentando ouvir (sabendo que isso é errado).
– Eu vou me divorciar de você o quanto antes! - Carlos Daniel grita.
– Meu amor, olha bem para mim, você pensa que eu darei o divórcio? - Ela responde para ele novamente.
– Deixe-me em paz, você vai dar o divórcio sim. Ou...
– Ou? O que?
– Saia da minha frente. - Carlos Daniel termina de dizer.
Naquela noite nada aconteceu de importante, a não ser a fúria de Carlos Daniel, eu Paulina Martins uma simples garçonete de cafeteria que sonhava em conhecer o amor da minha vida e sempre fui apaixonada por Carlos Daniel Bracho pensando comigo mesma num homem que ele me passava ser, e era totalmente o contrário, ele era inquieto, dominador, sabia o que dizer no momento certo, seu temperamento mudava rápido, sempre bebia uísque o que me deixava irritada, dentre todas esses defeitos nele, começo a enxergar mais mil motivos dos quais o amo e enxergo mais mil qualidades nele.
Termino minha janta e vou para a biblioteca, sento-me novamente abro um livro e me vejo dentro da história, leio a cena de amor e me lembro de Carlos Daniel, fico feliz, por hora, logo lembro da carta que recebi e fico inquieta, levanto ando de um lado para o outro, saio da biblioteca vou para a sala, Elizabeth e Estephanie estão por lá, elas me param para conversar mas eu peço licença e saio, no jardim encontro Willy que novamente tenta me agarrar. Entro, Carlos Daniel está em seu quarto, eu entro no meu quarto, Lalinha está preparando o meu banho, ótimo algo para relaxar! Depois deito na cama, mas o resto da noite saberia que teria insônia.
No dia seguinte...
Acordo bem cedo, desço e tomo um café, espero Carlos Daniel por uns minutos e Lalinha me avisa que ele já saiu de casa, não digo muita coisa e saio com Pedro, peço para que ele pare umas esquinas antes da cafeteria, caso alguém o veja e faça algo. Vou andando até a cafeteria, chego e nada acontece, ponho o avental e começo a trabalhar, nem Rodrigo ou Julio apareceram naquela manhã, começo a ficar tensa e ligo para a fábrica Bracho, Rodrigo atende mas não me dá notícias de Carlos Daniel, acho estranho e fico apreensiva, desligo o telefone e continuo o meu trabalho.
A noite quando Pedro aparece vejo lá dentro do carro uma mala cheia de dinheiro, pergunto a Pedro quem colocaria ali dentro e ele me responde que foi o patrão, entro no carro e vamos juntos para a casa levando comigo a mala de dinheiro. Chego na mansão e entro em seu quarto ele está de cueca em sua cama, jogo a mala de dinheiro no chão.
– Carlos Daniel, não quero que gaste ou faça isso, já disse! - Bato a porta saindo do quarto e indo direto ao meu, achando que ele viria atrás de mim, mas não.
2 dias depois...
Eu e Carlos Daniel estávamos mais sossegados em relação ao dinheiro e a ameaça, e recebo uma ligação no trabalho, que estranho... penso comigo mesma! É uma voz de homem...
– Quem está falando? - Eu pergunto. Mas ninguém responde no início, só ouço uma respiração, então fico quieta também, por um longo tempo até que decido quebrar dizendo que iria desligar e então a voz começa.
– Paulina Martins! Vejo que não cumpriu o que eu disse, quero o dinheiro. Mas, tudo bem sei que você não passa de uma morta de fome morando numa mansão... Pois bem, agora você terá o que merece. Até breve.
Não reconheço aquela voz e meu corpo petrifica, peço para sair mais cedo e o gerente me libera, vou para casa e lá um outro telefonema, uma outra voz de homem, mas esse é mais calmo e mais charmoso na voz.
– Alô? - Eu pergunto.
– Poderia por favor falar com a senhorita Paulina Martins?
– Sou eu. Quem fala?
– Aqui é o seu advogado, Dr. Edmundo Serrano. Como vai?
– Estou bem doutor, mas como assim meu advogado, não o contratei.
– Eu sei senhora, mas foi o senhor Carlos Daniel Bracho que me contratou quando soube de sua carta e da sua casa que foi invadida.
– Pois não, doutor. Pode falar.
– Então, Paulina peço que me traga essa carta aqui amanhã em meu escritório, tudo bem?
– Mas, já faz uns 5 dias dessa carta doutor. Para quê?
– Só me traga, sim? Obrigado.
– Tudo bem.
A noite quando Carlos Daniel chega começamos a conversar sobre o advogado e ele me pede desculpas por não ter contado antes e espera que aquilo resolva, decido contar sobre o telefonema, ele fica ainda mais furioso.
– Por que a raiva? - Pergunto.
– Porque estão mexendo com você! - Ele me responde. - Rapidamente ele senta-se ao meu lado e me dá um beijo envolvendo seus braços em minha volta. Estou tão furiosa também com tudo aquilo. Não aguentava mais.
– Notícias da polícia? - Eu volto a perguntar.
– Não. Mas, eles continuam na busca desses invasores.
Na cafeteria...
Indo para o trabalho com Carlos Daniel e Pedro subo as escadas correndo para começar o meu turno, mas sou barrada na entrada, chamo o gerente e de homem passional que foi sempre comigo e respeitador passa a ser um monstro. Olho e não o reconheço!
– Mas, o que é isso? - Eu pergunto.
– Você está demitida Paulina Martins. - Ele responde.
– Mas, por quê?
– Simplesmente não lhe queremos ou precisamos de seus serviços na cafeteria.
– O que está acontecendo aqui? - Carlos Daniel me pergunta.
– Essa senhorita está saindo daqui. Agora!
– Mas, por que ela é uma excelente funcionária. - Carlos Daniel volta a replicar. - Olho para ele novamente com um ar de "a carta" e desço as escadas indo para lugar algum com Pedro e Carlos Daniel.
– Meu amor, não fique assim. Venha cá! - Ele me diz me puxando para perto de seus braços.
– É que isso é tão injusto. - Eu respondo.
– O mundo é assim meu amor. Mas, enquanto houver nós teremos forças. Vamos falar com o advogado, sim?
– Ok, vamos.
Dentro de alguns minutos chegamos no consultório dele, é um lugar extremamente chique e grande, vamos até sala dele e nos apresentamos. - Prazer, Edmundo Serrano, Dr. Edmundo Serrano. - Ele nos diz nos dando a mão.
– Prazer doutor. - Eu respondo.
– Não sabia que era tão linda assim senhorita Martins. - Ele me diz, me dando uma olhada que me fez corar as bochechas e Carlos Daniel com sua crise de ciúmes.
– Linda e comprometida, doutor. - Carlos Daniel diz a ele. Meus olhos se arregalam e eu fico pasma com o que ele diz.
– Comprometida? Pelo o que sei o senhor é casado com Elizabeth.
– Por hora. - Ele responde novamente, e me puxa ao seu lado segurando a minha cintura.
– Vamos ao assunto, doutor Serrano? - Pergunto. - Logo, nos sentamos e doutor Edmundo enquanto falava do caso, não parava de me olhar e me deixava mais constrangida.
Depois de uma hora na sala do doutor Serrano, saímos e entro no carro de Carlos Daniel, conversamos sobre o problema mas ele estava super nervoso ainda mais pelas olhadas de Edmundo Serrano para mim. Que besteira!
Voltamos para a casa e Carlos Daniel e eu estamos sozinhos em casa no momento, sento e penso em quem estaria fazendo tudo aquilo comigo. - Paulina, meu amor. Você não quer ir trabalhar comigo na fábrica? - Ele me pergunta.
– O que? Não. Não é a minha fábrica e não posso aceitar.
– Mas, é a minha fábrica e eu quero que você vá. Aceite por favor.
– O que eu faria na fábrica? - Eu pergunto animada com a proposta.
– Muitas coisas. Poderia ajudar eu, Rodrigo e Julio com as contas da fábrica, pedidos, funcionários. Tudo.
– Ah Carlos Daniel, eu não sei.
– Diz que aceito.
– Já aceitei então amor! Obrigada. - Dou um beijo nele e puxo gentilmente seu cabelo, o abraço encarando seus olhos negros.
– Você é tão linda Paulina! Não me canso de admirar sua beleza.
– Obrigada Carlos Daniel. - Eu agradeço ficando corada novamente.
– Quem dera eu tivesse te conhecido antes.
– Mesmo assim só consigo amar você ainda mais a cada dia. - Ele paralisa não dizendo mais nada, segura em minhas mãos e dá um suspiro. Encaro ele, estamos colados ao sofá, ele me dá um sorriso que é capaz de me fazer perder a cabeça por ele.
– Eu quero passar a minha vida te amando, assim como agora.
– Toda a vida seria pouco para amar você, Carlos Daniel. - Eu digo a ele. No momento em que íamos nos beijar Elizabeth chega, ouvimos o carro dela e logo nos separamos.
– Boa tarde meus amores. - Elizabeth nos diz.
– Boa tarde Elizabeth. - Eu respondo.
– Tenho uma surpresa para vocês. Carlos Daniel, eu acho que você vai amar! - Ela novamente diz a ele e me dá um sorriso. - Pode entrar! - Ela grita. No instante em que novamente olho para trás dou de cara com uma mulher rica, morena dos olhos azuis com um vestido colado em seu corpo muito linda.
– Amores, essa é Leda Duran. - Elizabeth diz seu nome a nós.
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