Enquanto houver nós.

Chuva, trovão, apagão.


– Meu Deus, estamos conhecidos no Brasil agora. - Eu digo a ele, dando risada. - Paulina, acho que você conquistou fãs. - Ele me diz olhando para todos ali nos aplaudindo.

De repente, uns homens aparecem na praia, e então gritam mais alto ainda, e mais pessoas vão se aproximando, quando posso ver claramente o que é, começo a dar risada, era uns homens trazendo muita bebida. Umas mulheres de biquínis chegaram e então, começou a tocar uma música muito alta, e então todos começaram a dançar.

– Eu não sei dançar assim. Meu Deus, olha só para isso. - Eu digo em voz alta.

– Isso é funk. - Um dos rapazes que fala espanhol me responde. - Faço um coque em meu cabelo e então Carlos Daniel e eu começamos a dançar do nosso jeito. Uma dança mexicana! E logo todos entram na brincadeira. Uma mulher bêbada se joga em cima de Carlos Daniel, ela começa a falar com ele, porém não entendo nada do que ela diz. Depois de alguns minutos, o mesmo rapaz que falou comigo em espanhol, começa a traduzir o que ela está dizendo.

"Sua mulher é de muita sorte, nossa. Quem dera eu ter um "homão" desse." Ela diz a ele, enquanto Carlos Daniel segura seus braços, tentando segurar a mulher, e o marido dela chega.

– Luana!!! - O marido grita. Ela olha assustada, e o marido a toma pelos braços a levando para longe.

– Você quer alguma coisa? - O homem que está ao meu lado pergunta.

– Não, obrigada. Eu queria saber onde está Carlos Daniel. - Eu respondo a ele, perdendo Carlos Daniel de vista olhando tudo ao redor.

– Ele é...?

– Meu noivo. - Eu respondo a ele, e dou um sorriso. Caramba, estou noiva!!! - Eu penso comigo mesma.

– Ah, você então deve ser a tal Paulina Martins, certo? A que foi pedida em casamento no show da Ivete Sangalo.

– Sim!!! Sou eu mesma.

– Meu nome é Luciano Alcantara, prazer.

– Prazer! - Eu respondo a ele, estendendo minha mão. Luciano e eu começamos a conversar sobre o show que ele também compareceu, mas disse que não tinha boa memória com nomes.

– Paulina, você gostaria de uma caipirinha? - Ele me pergunta, meu Deus logo me lembro da noite em que tomei todas as caipirinhas, e acordei de ressaca tentando descobrir se tinha acontecido algo entre eu e Carlos Daniel.

– Não, muito obrigada. Só vou ficar aqui com meu suco de... acho que é melão com laranja?

Luciano dá risada, e então depois de me encarar olhando para a bebida também, me diz com o maior êxtase.

– É suco de melão com poupa de laranja e vodca. - Encaro por alguns segundos a bebida, coloco minha mão na boca segurando com a outra a bebida, logo dou a bebida para Luciano que dá muita risada de mim. Depois que demos muitas risadas com essa situação, por mais sem graça que fosse, eu já tinha tomado uns três copos, Carlos Daniel aparece.

– Onde você estava? - Eu pergunto a ele que está de pé olhando fixamente dos pés a cabeça para Luciano.

– Quem é você? - Carlos Daniel pergunta a Luciano.

– Ah, prazer senhor Bracho. Meu nome é Luciano Alcantara. - E os dois se cumprimentam num aperto de mãos. - Bom, vou deixa-los sozinhos agora. Paulina foi um prazer conhecer você e conversar. Enfim, parabéns aos noivos. - E Luciano vai embora, Carlos Daniel se senta ao meu lado, segura em minha mãos e eu me afasto.

– Onde você esteve Carlos Daniel? - Eu pergunto novamente a ele.

– Fui atender uma ligação, era da fábrica.

– Algum problema?

– Não, Rodrigo só me disse que eles compraram uma máquina nova na fábrica. E que contrataram uma nova secretária, que arranjou problemas já com Osvaldo um operador de máquina.

– Nossa, mas ela quem causou a confusão?

– Não, eu acho. Pelo o que Rodrigo me explicou, Osvaldo deu em cima dela, e ela não gostou e ameaçou de que se ele tocasse nela, ela daria uma bofetada nele.

– Qual o nome dela?

– Verônica Soriano.

– Soriano? É isso?

– Sim, por que algum problema?

– É o mesmo nome e sobrenome de uma amiga minha da cafeteria. Se for ela, ótimo. Arranjaram uma ótima secretária. Muito eficaz e competente.

– Não tenho dúvidas, se você diz.

– Carlos Daniel?

– Sim.

– Vamos para casa?

– Sim, amor meu. - E então nos levantamos saindo daquela festa louca da praia. Pegamos e subimos na moto do senhor João indo direito para o apartamento, sinto a brisa em meu cabelo, o vento começa a soprar ainda mais rápido. Assim que chegamos no hotel, e subimos no elevador, encontramos a mesma senhora que vimos hoje bem mais cedo. Ela entra no elevador e vê eu e Carlos Daniel abraçados.

– Vocês não se cansam? - A senhora nos pergunta.

Carlos Daniel não responde nada a ela, eu peço perdão a senhora me afastando um pouco dele. - Não tem vergonha na cara mesmo. Onde já se viu? - Olho para Carlos Daniel sem entender nada do que ela acabou de dizer, ele se vira para mim e me dá um tremendo beijo. Um longo e lento beijo. Quando para de me beijar, ainda colado em mim, me dá um selinho. Eu dou uma risada de satisfeita e muito feliz. Ouvimos a senhora reclamando, mas eu não entendia e Carlos Daniel dava risada, então eu dava risada junto. Logo descemos do elevador, e a senhora continuou reclamando, e já era para ela ter descido.

No apartamento ouvimos uns trovões, eu vou tomar um banho enquanto Carlos Daniel fica sentado ao sofá lendo um livro, depois de um longo banho, começo a me lembrar do pedido dele, meu Deus realmente foi tão perfeito. Nunca imaginei. Eu coloco meu pijama, e vou direto para o sofá.

– Amor? - Eu o chamo.

– Oi. - Ele responde.

– Vamos assistir um filme?

– Vamos. Qual você quer assistir?

– Não sei. Pode procurar um. Mas, antes eu vou fazer um brigadeiro.

– Tudo bem, vou procurar algum. Espera, você sabe fazer brigadeiro?

– Sim. Célia sabe fazer e me ensinou. Bom, vou lá amor. - E fui para a cozinha, comecei a preparar o brigadeiro, e dez minutos depois coloquei ele na geladeira e fui para a sala, assim que chego lá, Carlos Daniel separa os sofás e há um cobertor no chão, tudo está perfeito. Me sento junto dele, e olho para a televisão, ele escolheu Indiana Jones. Para mim era um filme legal, porém eu sempre dormia, dessa vez eu iria me permanecer acordada, pois deveria ser muito legal ver o brilho nos olhos do Carlos Daniel assistindo aquele filme. - Este é o seu filme favorito amor? - Eu pergunto a ele, e dou um selinho nele.

– Sim amor meu. - Ele responde e dá play.

No começo aguento firme, logo dou um bocejo de leve, me segurando. Deito ao colo de Carlos Daniel, e em exatos 20 minutos de filme acabo cochilando.

– Paulina, você viu? - Eu ouço como se fosse um eco. - Você está dormindo? - Ele me pergunta.

– Não, não meu amor. Estou assistindo. - Eu desperto assistindo televisão agora. Me levanto depois indo buscar o brigadeiro, e então buuummm... A luz acaba. Eu dou um grito "CARLOS DANIEL, MEU DEUS" e ele vai ao meu encontro por meio das minhas vozes. Ele me pega pelo braço e me leva para a sala, e acende umas velas que estavam guardadas na gaveta.

– Um belo momento para que se acabasse a luz, não é? - Eu pergunto a ele, me referindo ao filme.

– Numa das melhores cenas. Meu Deus. Sacanagem!

– Indiana Jones sempre foi seu filme favorito?

– Sempre. Eu assistia com meu pai. E qual o seu filme favorito?

– Sério? Você vai rir de mim.

– Fala.

– Antes que termine o dia. Esse é o meu filme favorito.

– Fala sobre o que?

– Bom, é um filme romântico, que fala de um casal, Ian e Samantha, o Ian sempre deu mais importância ao seu trabalho do que a namorada, e ela sempre foi muito apaixonada, porém naquele dia muitas coisas acontecem, e um acidente acontece, e Samantha "morre" bom é o que Ian acredita, porque quando ele volta para casa arrasado, no outro dia Samanta aparece na cama junto com ele o abraçando. E nisso, Ian percebe que a vida lhe deu mais uma chance para um recomeço de vida e namoro com Samantha.

– Os dois ficam juntos ou não?

– Bom, é melhor você assistir então...

– Se eu assistir, você assiste Indiana Jones comigo.

– Fechado. - Eu dou a ele minha mão, e então selamos nosso acordo.

– Um medo? - Ele me pergunta.

– Não ser feliz e não fazer alguém feliz. - Eu respondo a ele. - E você?

– Perder todos que amo. É besteira eu sei... - Não. Não é. - Eu respondo interrompendo ele.

Passamos boas horas conversando sobre nossas vidas, e a chuva caia cada vez mais forte. A noite terminou, e no outro dia acordo, dormimos no chão no cobertor enrolado, abraçados.