SEGUNDA TEMPORADA

– Carlos Daniel, por que você não me contou isso? - Eu pergunto a ele me afastando cada vez mais.

– Paulina, eu fiquei assustado. Ela colocou algo na minha bebida, não sei. Eu não me lembro daquela noite.

– É por isso... que você estava estranho durante um tempo... Meu Deus agora tudo faz sentido! - Coloco a mão em minha cabeça. Elizabeth não diz mais nada, na verdade ela se afasta e se senta na escada observando eu e Carlos Daniel brigar.

– Vamos para a biblioteca por favor, conversaremos lá.

– Não, me solta. Eu vou embora. Eu preciso pensar Carlos Daniel.

– Não irei deixar você sair desse jeito, eu me importo com você.

– Quando você se importa verdadeiramente com alguém, a última coisa que você irá querer fazer a essa pessoa é machucá-la. - Eu respondo a ele indo em direção a porta.

– Paulina. - Ele me chama, eu paro com a mão na maçaneta. - Me perdoe, não me deixe.

– Carlos Daniel. - Eu respondo a ele fechando novamente a porta e me virando para ele. - Eu vou embora, eu poderia aceitar qualquer coisa, ouvi a Leda dizer aquelas bobagens sobre você, aguentei tudo. Mas, não vou ficar no meio novamente aguentar ser a "amante" enquanto Elizabeth vive com você, e ainda por cima vai esperar um filho seu. Não tenho estômago e não na verdade eu nunca fui assim. Eu preciso de você, eu amo você com todas as forças... - Fui interrompida por Carlos Daniel dizendo que também me amava e que tudo iria se ajeitar. - O que irá se ajeitar Carlos Daniel, você vai pagar pensão todo mês, vai realmente deixar seu filho? Não, eu não quero isso, eu sei como é ruim crescer sem um pai e você também. E mesmo que essa fosse sua escolha, você ainda está casado.

– Se você realmente me ama Paulina, não vá. Vamos resolver.

– Não implore, viva a tua vida agora. E nunca jamais coloque um "se" na frase que contenha um amor empregada. Jamais duvide de meu amor. E olha, te cuida Carlos Daniel. Quero você bem e parabéns Elizabeth pelo filho. Agora eu vou embora!

– Obrigada querida! - Elizabeth grita para mim.

– Você estará na casa de Célia?

– Não sei. Na verdade essa é a primeira vez que estou desolada. Adeus! - Eu abro a porta e vou embora, lá fora encontro Lalinha que me dá um abraço dizendo que sentirá minha falta e me deseja tudo de bom. Assim que saio finalmente da mansão, vou direto para a casa de Célia e me despeço dela.

No começo ela me pergunta três vezes o que houve, eu entro na casa dela mas não saí uma lágrima apesar que eu gostaria muito de chorar, ela me dá um copo d'água. Eu explico para ela tudo o que aconteceu.

– Lina, amiga. Vocês ainda vão se resolver. Você sabe que ele virá te buscar não sabe?

– Eu não quero, realmente eu quero que ele escolha o filho dele a mim.

– Está vendo, é sempre assim. Você é boa demais, por isso as pessoas pisam em você. Você está sempre disposta a pensar nos outros menos em si mesma.

Pela primeira vez não soube o que responder fiquei ali sentada olhando para o copo e pensando no que Célia me disse.

– Acostuma-se. Ele vai e resolve aparecer, assim do nada, com palavras que ele sabe que de algum modo mexe com os meus sentimentos. - Ela terminou dizendo, olho para ela e começo a chorar, não que um filho seja um problema, mas o fato dele ter um filho quando estávamos juntos e engravidar Elizabeth não me contou nada... Agora é tarde. - O que você vai fazer agora?

– Bom, eu vou embora. Vou arrumar um emprego e quando eu puder eu voltarei para te visitar.

– Mas, você não tem dinheiro Lina para ir.

– Usarei o dinheiro que guardei para os tratamentos de minha mãe.

Mais tarde saio da casa de Célia com apenas uma mala, chamo um táxi e peço para que ele vá para bem longe.

Carlos Daniel.

– Eu vou assumir o filho, mas não me peça que eu te trate bem isso jamais irá acontecer.

– Calma meu amor, eu sei esperar.

– Não perca seu tempo, eu amo Paulina agora. O amor que eu sentia por você morreu quando eu peguei você na cama com o pintor Donato.

– Aquilo foi um erro, mas é passado. Eu amo é você Carlos Daniel.

– Pois então você se afogará sozinha sem ninguém para te salvar desse "amor" que você diz sentir por mim.

Paulina.

Desço do táxi e pago a ele começo a andar desesperadamente atrás de alguém conhecido, e para minha sorte encontro não muito longe está o doutor Edmundo Serrano, ele também me vê e vem em minha direção me cumprimentar, me vê com a mala e pergunta para onde estou indo. - Estou procurando um lugar para passar a noite, e um emprego.

– O que houve com você e Carlos Daniel? - Ele me pergunta e pega minha mala levando para o seu carro.

– Nós... discutimos. Não quero falar sobre isso doutor. Agradeço a preocupação.

– Eu tenho um lugar para você passar a noite e um emprego se você quiser.

– Sério? Nossa, muito obrigada doutor.

– Me chame pelo primeiro nome, Edmundo. Vamos, entre no carro. - Eu entro no carro e ele vai conversando comigo sobre o emprego. - Bom, espero que não recuse, e se recusar tudo bem procurarei algo melhor para você. Esse emprego é na casa de meu irmão, ele está doente e vive a maior parte de seu tempo sozinho com seus cachorros e empregado. Ele precisa de alguém que cuide dos seus remédios e cachorros. Você aceita?

– Claro! Obrigada dou... Edmundo. - Depois de 45 minutos chegamos na mansão do irmão dele, o modorno atende a porta é um senhor de muita educação, ao entrar na casa me sinto estranha, olha a roupa que eu estou usando, meu Deus! Olha esse rosto de quem chorou hoje bastante. Será que ele me aceitará?

– Paulina, esse é o meu irmão. Lhe apresento Douglas Maldonado.

– Tudo bem Paulina? - O irmão dele vem ao meu encontro estendendo sua mão num cumprimento.

– Sim senhor! - Eu respondo a ele.

– Me chame de Douglas. Queira se sentar por favor.

– Obrigada. - Eu agradeço me sentando, em minha frente os dois irmãos Edmundo Serrano e Douglas Maldonado. Estou me sentindo desconfortável, com vergonha.

Depois de uma hora de conversa, rimos bastante e aquilo nem parecia uma entrevista, Edmundo se despede de mim e Douglas me apresenta o novo quarto que eu dormiria, ele pediu que eu cuidasse das coisas dele pois de seus cachorros já havia arrumado alguém.

Carlos Daniel.

– Célia onde Paulina está? Eu preciso falar com ela, é urgente.

– Eu não sei Carlos Daniel, ela foi embora.

– Embora? Para onde?

– Eu não sei, saiu com a mala, ela não queria ficar.

– Não vou descansar, eu preciso falar com ela.

– Carlos Daniel, ela parecia decidida. Ela foi embora!

– Ainda não acabou.

Paulina.

Era noite eu terminei de guardar todas as minhas roupas, e Bráulio o empregado veio me chamar para jantar, desci com ele conversando sobre Douglas.

– Me conte um pouco sobre ele Bráulio?

– Bom senhorita, o senhor Douglas é um homem de muito respeito. Milionário e muito sozinho, foi abandonado pela mulher que ele iria se casar, Noélia, e depois descobriu que ela morreu meses depois. Nunca mais quis saber de uma mulher em sua vida, e um ano atrás ele descobriu ter um problema no fígado por conta da bebida que ele consumia muito desde que Noélia morreu.

– Que triste! - Eu comentei.

– E para piorar ele sente muitas dores de cabeça fortes, não é todos que sabem disso, mas como é a senhorita que cuidara das coisas dele eu acho melhor que saiba de tudo. Talvez alguma hora ele lhe conte essa história. Não diga nada a ele senhorita e espero que a senhorita se dê bem no emprego. Bem vinda! Qualquer coisa me procure. Bom jantar.

– Você não jantará comigo Bráulio, não me deixe sozinha por favor.

– Tudo bem senhorita.

Na cozinha havia mais cinco empregadas todas muito boas por sinal, me trataram muito bem tentei não contar muito sobre mim, preferia ficar quieta apenas observando tudo. Depois da janta me levanto e vou falar com Douglas Maldonado que está sentado no sofá.

– Senhor Maldonado, eu queria lhe agradecer pelo emprego. O senhor não irá se arrepender.

– Paulina Martins, se meu irmão confia em você eu também. Vamos fazer um acordo?

– Pode falar senhor.

– Me chame de Douglas.

– Me perdoe sen... Douglas.

– Não tem problema. O que achou de seu quarto?

– Muito agradável, obrigada.

Depois de dez minutos dele falando sobre o que eu deveria fazer no trabalho eu me retiro indo direto para o meu quarto, deitada sob o travesseiro lembro de Carlos Daniel e então começo a chorar, que saudades eu estou! Queria estar ao lado dele. Mas agora as coisas mudaram, tudo mudou. E eu não posso voltar atrás. Edmundo e Douglas foram muito bons para mim e eu não faria desfeita. Espero que dê tudo certo!