Polônia, 13 de Agosto de 1939.

Naquela época eu era jovem. Tinha sua idade Rose. 15 anos. Na nossa casa era só alegria, pois papai havia ganhado uma promoção no jornal e ia ganhar mais. Meu irmão mais novo havia acabado de nascer, Andrzej era um menino muito saudável e bonito. Eu era a primeira da classe, numa escola só para meninas judias que tinha no centro da capital, Varsóvia. Íamos a Sinagoga, papai me levava às aulas de ballet e piano. Era a vida perfeita. Mamãe era carinhosa com papai e vice-versa. Tínhamos uma casa que não era um palácio mais era bem aconchegante. Às vezes, vovó e vovô vinham nos visitar e traziam balas de caramelo.

Foi nessa época que conheci seu avô Sophie. Ele era um soldado alemão que morava na Polônia. Ele estava vendo a apresentação de ballet de sua irmã. Doris acho que era seu nome.

- Tia Doris. Ela morreu faz uns 19 anos. Disse Sophie.

- Seu avô era galante. Ele era alto, charmoso. Ele ficava um verdadeiro Deus naquele uniforme... Logo que o vi, me encantei. Ele tinha 4 anos a mais que eu e ser cortejada por um homem mais velho naquela época era sinônimo de que você iria casar logo. Era o que as meninas queriam. Se casar com um homem bom e mais velho.

Flashback

- Posso saber seu nome senhorita? Ele me perguntou.

- Aniela senhor.

- Não me chame de senhor. Stephan. Prazer. Ele disse pegando minha mão e dando-lhe um beijo.

- Prazer Stephan.

- Quer tomar um sorvete comigo?

- Hm... Não acho boa idéia. Nessa vizinhança todos são uns fofoqueiros. Podem pensar mal de mim.

- Eu te prometo que vai ser rápido.

- Tudo bem.

Passeamos pelo parque até chegar a sorveteria.

- Olá.

- Do que você quer?

- Morango.

- Dois de morango por favor.

- Obrigado.

- Volte sempre soldado. Disse o vendedor com um sorriso nos lábios.

Acabamos o sorvete e ele me levou até em casa. Eu estava apaixonada por aquele rapaz.

- Chegamos.

- Obrigada por me trazer. Me diverti muito.

- Eu também. Você é uma menina muito bonita e divertida. Até mais.

Ele me deu um beijo na bochecha e eu fiquei corada.

- Quem era o rapaz que conversava Aniela?

- Um amigo papai, só um amigo.

- Um soldado?

- Sim.

- Petroski, deixe a menina conversar com quem ela que. Por favor.

-Tudo bem Ewa. Só estou cuidando pra que minha garotinha não caia na mão de qualquer um por ai...

Fim do Flashback

Eu e Stephan nos encontrávamos todos os dias. Ele ia para casa, tudo sobre os olhares atentos de papai. Logo, damos nosso primeiro beijo. Foi calmo e apaixonante. Pena que um mês depois ele iria se tornar meu pior inimigo.

- Nossa vovó que bonito... Até eu já estou apaixonada por esse Stephan.

- Meu avô é homem apaixonante mesmo.

-Mais, continuando....

Flashback

Polônia, 1º de Setembro de 1939.

Estava escrito bem grande no jornal Correio de Varsóvia:

NAZISTAS INVADEM A CAPITAL.

Foi ai que eu descobri o que seres humanos são capazes de fazer pelo poder.

- Já leu o jornal Ewa? Disse meu pai a minha mãe que estava com Andrzej no colo. Eu estava na sala fazendo o dever.

- Não.

- Os Nazistas invadiram Varsóvia. Eles estão caçando todos os judeus que existem por aqui. Vamos ter que andar identificados no braço, pela estrela de Davi. O Judeu o qual não andar com essa identificação, vai ser punido. Vão nos tirar dessa casa e nos levar aqui. Disse papai apontando no mapa.

- Mais esse lugar é pequeno demais para nós. Somos milhares de Judeus. Esse lugar é minúsculo para abrigar a todos.

- Os alemães nos tratam como se fossemos ratos Ewa. Eles querem dominar o mundo meu bem. Querem criar a tal raça ariana. Pura. Hitler está perseguindo Judeus, Ciganos, Negros e Homossexuais.

Eu escutava tudo e a cada palavra que escutava ficava mais perplexa. Como esse tal de Adolf Hitler tem coragem de fazer isso com pessoas.

Fui com papai no centro. Já estávamos identificados. Passamos por um soldado e ele nos falou:

- JUDEUS?

- Por que não me cumprimentaram seus vermes? Disse isso puxando o casaco de papai. PRA SARGETA. AI É O LUGAR DE VOCÊS! VOCÊ TAMBÉM SUA PEQUENA RATAZANA. Disse isso apontando pra mim.

- Não chore Aniela. Vai passar. Você vai ver. Isso não vai tão longe. Eles não vão agüentar.

Eles agüentaram.

Polônia, 15 de Setembro de 1939.

Tínhamos nos mudado para o bairro destinado aos Judeus. Era um lugar bem afastado da cidade, uma periferia. Cheia de ratos e insetos. Os alemães nos concederam batatas e pães para comer. Cada família sobreviveria com um pão e uma dúzia de batatas por semana. Quem não conseguisse, passaria fome.

- No que está pensando Aniela? Perguntou minha mãe.

- Stephan.

- Querida, ele agora serve Hitler. Ele odeia Judeus. Acostume-se com a idéia de que você nunca mais vai vê-lo novamente.

- Eu sei. Infelizmente.

- Então enxugue essas lágrimas e venha me ajudar a descascar as batatas.

- Tudo bem.

Enxuguei minhas lágrimas e fui ajudar mamãe. Papai chegou logo em seguida. Tinha ido vender umas coisas velhas pra conseguir dinheiro. Meu irmão não parava de chorar.

- Hoje eu vi 4 crianças sendo mortas por alemães, por tentarem passar do outro lado do muro.

- Oh! Meu Deus! Mamãe ficou pasma .

- Os alemães nos chamam de ratos. Mais não fazemos as coisas que eles fazem. Ratos são eles...

Já tinha 4 meses que estavam lá. Então os soldados chegaram com um comunicado.

- Saiam de seus chiqueiros seus porcos. Gritou um dando uma risada maléfica.

- Vocês vão pros campos de concentração. Vão trabalhar seus desgraçados! Ahá.

Agora eu iria descobrir o que é sofrimento de verdade.