Liverpool, 06 de Março de 2011

Minha avó morreu ontem à noite. Dormindo. Eu fui chamá-la para o café pela manhã e ela não respondeu. Os médicos disseram que foi de causas naturais. Sabe, os últimos três anos de vovó foram os melhores. De sua vida inteira. De seus 87 anos. Vovó sofreu tanto em sua vida, foi humilhada, estuprada, tratada como um animal. Por isso que ela era uma mulher tão amarga. E eu não a entendia. Só depois que eu soube de sua história de vida que passei a entendê-la. Depois que ela reencontrou Stephan, ela se tronou uma mulher nova. Ela viveu intensamente esses três últimos anos de sua vida. Infelizmente, Stephan morreu antes. Antes de eles viverem juntos. Felizes. Mais eles foram felizes durante os 4 dias que estiverem juntos. Eu sinto. Eu sei. O amor dos dois foi maravilhoso. Era impossível, mas eles lutaram. Lutaram contra tudo e contra todos pra viver este amor. Infelizmente, o destino pregou-lhes uma peça.

Nova York, 07 de Janeiro de 2012

Estava atrasada para a minha noite de autógrafos. Minha mãe estava orgulhosa de mim, meu pai também. Acho que vovó e Stephan, que eu nem conheci também estava. Tinha publicado meu livro em novembro e ele tinha vendido mais de 200 mil cópias na primeira semana. Tornei público o amor entre Aniela e Stephan. Os críticos adoraram Enquanto o Ditador Não Vem. Um amor ameaçado pela Guerra. Que tinha como capa, a foto antiga ainda em preto e branco de vovó e Stephan. Ela com um vestido muito elegante e uma fita no cabelo e ele com sua farda, muito charmoso. O New York Times classificou meu livro como Emocionante e Cativante, daqueles que você se apaixona pelo personagem no primeiro capitulo.

- Querida. Está pronta? Os jornalistas querem falar com você.

- Estou indo mãe.

Sai e tinha um turbilhão de repórteres na minha frente. Luz branca do flash da máquina me cegou.

- Rosalie. Começou o primeiro. De onde tirou a idéia original do enredo do livro? A idéia veio a cabeça e pronto?

- Não. O livro é baseado em fatos reais. Em uma história que minha avó me contou quando eu tinha 15 anos. É a historia de vida dela.

- Tudo o que acontece no livro aconteceu com sua avó?

- Todos os fatos são verídicos. Eu não inventei nada.

Outra repórter me perguntou:

- Como é ter somente 18 anos e o seu 1º livro ser um Best Seller?

- É gratificante. E eu agradeço do fundo do meu coração as pessoas que me inspiraram e me ajudaram. Vovó e Stephan. Agora tenho que ir.

- Obrigada Rosalie.

- Foi difícil querida? Sua primeira entrevista? Perguntou meu pai

- Um pouco, esse monte de câmeras e flashs me incomodam.

- Tudo bem. Agora vá para a noite de autógrafos. Seus fãs estão te esperando. Boa sorte!

- Obrigada pai.

Sentei-me na cadeira e vi aquela fila de gente com meu livro na mão esperando por um autógrafo. Confesso que fiquei meio paralisada. Eu só vi tanta gente reunida quando o príncipe Willian se casou.

Atendi o primeiro fã e abri na página que escrevi minha dedicatória:

Para Aniela e Stephan, que me ensinaram que quando a gente ama, nem mesmo o pior dos ditadores pode nos afastar. Mesmo que ele consiga, a vida tratará de nos unir novamente. Nem que para isso seja necessário esperar 69 anos. Que Deus lhes conceda um excelente lugar no céu. Juntos.

Passei para a página seguinte e reli a frase que geralmente os autores colocam antes de começar os seus livros. Sempre são de autores famosos. A minha não

Sentirei sua falta, a cada batida do meu coração.

De: Stephan Jachowicz Para: Aniela Kowalkowski

13 de Fevereiro de 1941

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.