Enemies and Lovers

Flertando no parque.


— Percy, quantas vezes eu preciso dizer que eu não vou para o shopping com você?!

— Mas Annie! Você quer ou não ficar "ficável" para o Luke e conseguir vingar do seu "quase futuro ex-namorado"?

Percy realmente sabe como ser mais que insuportável quando quer. Cara, ele está me dando uma vontade incontrolável de despejar todo o meu café com duas colheres de açúcar e creme extra no meio da cabeça dele. E olha que esse é o meu café preferido!

— Compro um livro pra você!

Eu o olhei com um olhar do tipo "me dê o seu melhor", o que fez ele revirar os olhos completamente e murmurar um xingamento extremamente mal educado, que nem em um milhão de anos eu iria repetir.

— Toda a saga de Percy Jackson, feliz?

E eu o olhei com um olhar ainda irredutível, quando ele finalmente pareceu ceder e revirar os olhos.

— Qual é? Você realmente não vai desistir mesmo, não é? E olha que eu estou apenas tentando cumprir a minha parte do combinado. Mas, tudo bem, depois vamos para o parque de diversão, feliz?

— Eu já estou no carro, não demore.

Viu? Eu sou uma maga ou coisa do tipo, porque eu fiz Percy Jackson, o cara mais narcisista do mundo à ceder aos meus pedidos. Cade o Brad Pitt e a Angelina Jolie aqui para me entregar o Oscar de "melhor pessoa em ser a melhor pessoa do mundo", hein?

Logo após ele entrou no carro e eu liguei o rádio em qualquer rádio. E sim, foi como naqueles filmes. Começou a tocar a música da abertura do meu seriado favorito: "Carry on my Wayward Son". Cara, eu pirei e comecei a cantar junto com Percy.

E logo após chegamos no shopping que fomos pro cinema aquele dia.

Só que, ao invés de enfrentarmos uma longa fila, vamos direto à uma loja de vestidos de alta-costura. Cara, eu estou muito ferrada.

Depois de uns milhões de vestidos, sapatos e acessórios, eu e Percy saímos cheios de sacolas das mais diversas lojas femininas.

— Onde você aprendeu a comprar roupas femininas, hein Percy?

— Cara, eu tive milhares de namoradas. Todas as vezes que eu fazia uma cagada, trazia elas para cá, comprava uma roupa cara pra elas e logo após elas já estavam me agarrando outra vez.

— E depois diz que as suas namoradas não são interesseiras.

— Nunca disse que elas não eram interesseiras.

— Filosofou legal agora, Cabeça de Alga. Mas vamos logo para o Parque de Diversões, pois não pense que eu esqueci. — indaguei o fazendo revirar os olhos, como sempre.

O caminho é curto, na verdade. Mais curto do que eu imaginava que seria. Quer dizer, eu acho que foi, porque nem vi o tempo passar enquanto ouvia Percy rindo pra caramba da minha cara.

Entramos no parque e Percy paga as entradas, por mais que eu tenha até chutado a canela dele por falar nisso. Mas eu me rendi quando ele começou a me falar que esse era a parte dele do trato e tudo mais.

Depois de andarmos em alguns brinquedos e termos quase vomitado milhares de vezes, resolvemos andar por aí. E, incrivelmente, andar por aí com Percy é muito bom, principalmente quando se está comendo um pouco de algodão doce.

— Cara, e o seu pai?

— O que é que tem ele?

— Será que ele está mesmo acreditando nesse namoro falso? Daquela vez a gente nem se beijou na frente dele e tal.

— Bem, isso não é problema. Você devia se esquentar com a minha abstinência por beijar, isso sim!

— Percy, você não vai morrer. É só, amanhã na escola, você entrar de supetão na sala dela, enlaçá-la com seus braços, erguê-la do chão e, lentamente, encostar os seus lábios até que tudo vire...

— Você narra uma cena de beijo muito bem pra quem tentou.

— Eu não preciso colocar a mão no fogo pra saber que ele me queima, preciso?

Acho que eu não escolhi muito bem a metáfora, porque o Percy começou a gargalhar que nem uma hiena. É sério. E pior que é uma daquelas risadas roucas que metade da população masculina existente no mundo possui.

— Cara, não me faz rir. Eu estava sendo sarcástico. Eu nunca levei à sério quando você falou que nunca tinha beijado ninguém.

— Dane-se. Eu consigo rapidinho.

— Me fala como então, cabeção. Duvido muito que você vai conseguir alguma coisa sem saber flertar.

— E quem disse que eu não sei flertar? — murmurei indignada.

Oi, eu sou Annabeth Chase, tenho sete anos, nunca beijei ninguém na vida, sou a maior nerd e meu único amigo menino tem dezesseis anos e uma namorada bonita pra caramba. — falou Percy com uma imitação barata da minha voz.

— Não falaria sobre você nos meus flertes. Não é como se você fosse conhecer o meu futuro primeiro namorado.

— Isso é impossível, improvável como diria você.

— Por que?

— Eu estou te ajudando a ficar com o cara. Quer dizer, eu vou te ajudar. É tudo questão de tempo.

— Questão de tempo até eu ficar com oitenta e sete anos e cheia de pelancas.

— Achei que o seu sonho era que, quando completasse setenta e dois anos, comprasse uma motocicleta, fizesse uma tatuagem e entrasse para uma gangue de motoqueiros.

— E é. Mas você entendeu o que eu quis dizer.

— Então vamos fazer assim: amanhã nós vamos para a biblioteca e treinamos algumas coisas. Depois pode jogar chame pra cima do Luke o tanto que for.

— Tá. Promete de dedinho?

— Eu não sou tão bonzinho assim, Chase.

— Qual é o problema agora, Jackson.

— Você já me fez experimentar café com três colheres de açúcar e creme extra. Isso é muito fresco para a minha pessoa.

— Você é fresco, Cabeça de Alga.

— Não sou nada!

— Você só dorme do lado esquerdo, toma leite só se for morno, só vai numa festa se ela não tiver balões verde, você odeia viajar de avião e tudo mais.

— Como você sabe?

— Eu não sabia.

Percy revirou os olhos e fomos em direção ao carro, que ele só podia usar se fosse na minha presença. Cara, esse Poseidon me parece maio neurótico ou coisa do tipo.

O caminho é como sempre, só que as conversas sempre são diferentes. Percy é aquele tipo de pessoa que, não importa o quão diferente somos, sempre vamos ter assunto para dar e vender. E bem, isso é bom por certo lado.

Acho que eu estou passando mal. Passar o dia com Percy ser divertido?! Preciso me lembrar o número do meu psicólogo urgente.