Capítulo 183 - A Serpente de Água

Dushé era a adversária de Amanda e finalmente havia recorrido aos poderes de seu pingente. Enquanto Amanda tentava recuar um pouco, Dushé fazia um movimento suave com as mãos de modo que a água da piscina abaixo do local da luta começasse a mudar sua forma. A água subia como uma serpente dançante, pronta para atacar a qualquer instante.

– Agora! - gritou Dushé, fazendo a água atacar Amanda imediatamente. A garota saltou para trás, embora, ao mesmo tempo, uma outra chicotada de água estivesse prestes a atingi-la pelas costas. Dessa, Amanda não consegui escapar e recebeu um forte golpe nas costas, sendo jogada no chão impiedosamente.

– Parece...que agora estamos começando a nos entender - disse Amanda, levantando-se devagar, mas não teve muito tempo para isso. Dois outros golpes de água violentos a atingiram. Dushé não mostrava piedade.

– Era isso que você queria, não? - perguntou a portadora do pingente da Serpente, com um olhar sério - Estou lutando com tudo que tenho. Realmente...preciso acabar com você aqui.

– Por que demorou tanto para lutar assim? - indagou Amanda - Por mais que você fale, não consigo acreditar que não estava me subestimando...

– Mas agora eu estou com a vantagem - Dushé continuou com uma expressão séria - O fato é que...eu estava colocando um orgulho pessoal de lado. Foi o meu erro.

Amanda fez uma expressão de que não estava entendendo muito bem o que sua adversária estava dizendo. Mas Dushé continuou a falar.

– O meu principal objetivo é acabar com vocês e não ter uma luta interessante. Devia ter usado todos os meus recursos o quanto antes.

– E meu objetivo é impedir vocês - retrucou Amanda - Mas se for possível ter uma luta honrada, não vou reclamar.

– Estranho falar de honra para alguém que carrega a serpente, um símbolo de traição - falou Dushé - Mas a verdade é que sou a pessoa mais fiel de toda a Meyou Zídan.

– Então você é principal serva de Chibang? - indagou Amanda.

– Não falo de Chibang...mas do Mestre Long.

– Long? - Amanda não estava bem lembrada do nome.

– Ele é o braço direito de Chibang, é verdade...mas meu sonho é ser o braço direito dele...na verdade, quero ser toda dele.

Amanda finalmente compreendeu a mensagem que Dushé estava querendo passar.

– Então...você ama essa pessoa - falou a garota - Entendo...acho que compreendo sua motivação.

– Você é jovem. Mas chegará em um momento de sua vida que encontrará alguém para amar. E eu tenho essa pessoa...que amo, mas ainda não percebeu isso.

– Seu amor não é correspondido? - perguntou Amanda, de alguma maneira, criando uma empatia por sua adversária, por mais que o estilo provocante dela não a agradasse.

– Não ainda - disse Dushé - Mas assim que acabar com você...tenho certeza de que o Mestre Long irá reconhecer o meu valor!

E ela volta a mandar seus ataques de água para cima de Amanda. Mais uma vez, a garota é duramente atingida. Provavelmente, essa era uma das lutas mais complicadas que Amanda teve. Porém, ela não era o tipo de pessoa que se renderia tão fácil. Conforme os golpes eram aplicados, Amanda também percebia o padrão dos ataques. Em certo momento, ela finalmente conseguiu se esquivar de um golpe certeiro, para surpresa de Dushé.

– Como? - a guardiã da Serpente estava espantada.

– Acho que agora me acostumei com a velocidade dos seus ataques. Tudo que preciso fazer é ser mais rápida do que eles.

– Não pense que será tão fácil. Posso ampliar ainda mais a velocidade!

E foi o que Dushé fez. Mas Amanda também estava utilizando o máximo de sua agilidade para se esquivar. Mais do que isso, ela também estava preparando uma surpresa.

– Não poderá fugir para sempre - declarou Dushé.

– Claro que não - concordou Amanda - Mas essa nunca foi a minha intenção.

– Adoraria saber o que está pensando.

– Estou apenas...concentrando as energias onde sou mais forte.

Dushé olhou para as mãos de Amanda.

– Não diga que..

– Sim. É verdade que levei muitos ataques seus, mas usei esse tempo para concentrar o ki em minhas luvas. Se eu atingi-la, duvido muito que conseguirá se levantar tão cedo.

– Garota insolente. Acha que pode vencer meu poder assim tão fácil?

Dushé lançou mais grandes ataques de água na direção de Amanda, mas a presidente do grupo disciplinar havia aprendido os padrões do ataque de maneira ímpar.

– Já me adaptei ao seu estilo...você não varia muito os seus ataques. Percebi isso depois de algum tempo.

– Droga - reclamou Dushé.

– Prepare-se! - bradou Amanda.

– Impossível.

Dushé foi atingida no queixo pelo punho mais forte de Amanda. A portadora da Serpente foi lançada para cima e caiu duramente no chão. O dano foi considerável. Amanda estava ofegante. Esse golpe exigia muita energia dela.

– Mesmo assim, devo admitir que foi uma luta e tanto - comentou Amanda.

– Droga...droga...- Dushé estava totalmente quebrada no chão, mas ainda tinha um pouco de consciência. Ela parecia estar chorando - Mestre Long nunca irá me amar.

– Você tem uma ideia errada de amor - falou Amanda, ainda ouvindo o que Dushé tinha a dizer - Esse Long gostar de você só pelo que faz ou deixa de fazer e não pelo que você é, então não é amor de verdade.

– Mesmo assim...eu...eu o amo - reclamava a mulher, com lágrimas nos olhos.

– Eu...sinto muito, mas não tenho tempo para continuar aqui - falou Amanda, arrancando o pingente de Dushé - Ficarei com isso, pelo menos até resolvermos toda essa história.

Enquanto Amanda retirava o pingente de Dushé, ela usou suas últimas forças para fincar as unhas de suas mãos na pele da perna de Amanda que estava exposta. A garota fez uma expressão de dor, sentindo a furada e olhou para baixo, deparando-se com um sorriso malvado de Dushé.

– Se não posso vencê-la em uma luta...pelo menos posso impedi-la - disse Dushé.

– O que você fez? - perguntou Amanda, sentindo-se meio tonta.

– Esse veneno mata uma pessoa em cerca de duas horas - disse ela - Você começará a perder sua mobilidade aos poucos...duvido que consiga derrotar alguém nessas condições.

– Sua... - Amanda já estava sentido os efeitos.

– Você é mesmo forte, talvez até o Mestre Long precisasse tomar cuidado com você, mas agora não chegará tão longe. Isso é tudo que posso fazer - foram as palavras de Dushé antes de perder a consciência.

"Maldição", pensou Amanda, vendo o cenário ao seu redor começando a girar. "A mestre dela deve conhecer um antídoto...não posso morrer assim."

Amanda continuou andando, mas seu estado não iria melhorar tão cedo. Será que ela ainda conseguirá ajudar nas próximas batalhas?