Encontros

Capítulo 3 - Onde ela está?


– Marguerite, chegamos. Você toma banho primeiro e não demora porque logo Roxton estará aqui rsrs – Verônica tentava apressar o sempre demorado banho da outra.

–É você tem razão!

Marguerite se despiu e entrou na água fria; mergulhou fundo querendo lavar todas as angústias que perturbavam sua mente. Ela emergiu da água jogando o cabelo pra trás, estava linda com o brilho da lua iluminando a sua pele branca. A bela herdeira se sentiu aliviada, por um instante não havia mais com o que se preocupar. Ela saiu do riacho olhando em volta a procura de Veronica que não estava lá com as roupas dela.

– VERÔNICA! VERÔNICA! Mas onde estará você? Eu não posso ficar nua aqui pra sempre. Ah se for uma brincadeira ela vai me pagar!

Então, de repente, um homem grande saiu dos arbustos; ele olhou para ela, que estava nua e tremendo, e a devorou com os olhos. Ele foi andando em direção a ela. Marguerite estava apavorada, não sabia onde estava Verônica e estava sem armas, sem nada! Ela cobriu o seu corpo com as mãos e gritou o único nome que veio em sua mente: “ROXTOOON! ROXTOOON! POR FAVOR, ME AJUDE ROXTOOOOON!!!”

O homem se aproximou dela e a agarrou com força pelos braços. Marguerite tentou lutar com ele, mas foi em vão; o homem era muito forte e ele a segurou com uma boneca, puxou uma faca para fazê-la se calar, tirou a camisa esfarrapada que estava usando e entregou a ela.

– Fique quieta e vista isso.

Ela ficou surpresa, pegou rápido a camisa e vestiu. Ela estava extremamente desconfortável por estar nua com as mãos enormes daquele homem em cima dela.

– ONDE ESTA VERÔNICA? O QUE VOCE FEZ COM ELA, ME DIGAAA?!

O homem a agarrou outra vez e puxou-a contra o seu corpo, com o braço firme em volta de sua cintura ele cobriu a boca dela com uma das mãos e foi arrastando-a pela selva.

“John, onde está você? Me ajuda. E o que será que aconteceu com você, Verônica?”. Então, Marguerite desmaiou outra vez, o homem sentiu o corpo dela escorregar, pegou-a no colo e a levou.

Verônica estava caída a poucos metros, do outro lado do riacho. Ela acordou com uma dor de cabeça insuportável, levou a mão sobre a nuca e sentiu o sangue escorrer. Ela se levantou com dificuldade tentando lembrar o que tinha acontecido...

–Marguerite, onde você está?... Ai minha cabeça.

Verônica viu que as roupas de Marguerite estavam espalhadas perto dali; sua preocupação aumentou ainda mais.

– MARGUERIIIITE! MARGUERIIIIITE!

O rosto do homem alto e robusto veio a sua mente e a dor de cabeça ficou mais forte.

Ai meu Deus, o que aconteceu com você? Eu preciso de ajuda.

Verônica voltou o mais rápido possível para o acampamento; sua cabeça doía muito e as tonturas estavam cada vez piores. Ela estava prestes a cair quando finalmente chegou. Roxton olhou pra ela com espanto e correu para segurá-la, ela desmaiou em seus braços. Challenger veio correndo verificar o que tinha acontecido com a garota da selva.

– Ela está com um corte feio na cabeça, precisamos limpar isso. Venha, Roxton, traga-a para dentro da barraca.

– MAS ONDE ESTÁ MARGUERITE? Ah, se alguma coisa aconteceu com ela eu não vou me perdoar.

– Roxton, vá para o riacho encontrar Marguerite. Eu vou cuidar da Verônica.

Roxton correu como uma bala até o riacho, seus pensamentos e o medo o estavam consumindo. Ele chegou, olhou em volta e não viu Marguerite. Foi caminhando em volta até que, por fim, achou as roupas dela e sentiu ainda mais medo. Ela estava em algum lugar totalmente desamparada e sabe Deus com quem. Roxton continuou procurando por qualquer coisa que o levasse até sua amada; havia pegadas e sinal de luta.

– Marguerite, meu amor eu vou te encontrar!

Com o desespero tomando de conta do caçador, ele foi seguindo o rastro não se importando se estava escuro e sozinho; só o que importava era encontrar Marguerite e rápido.

Essa não era mesmo a noite de sorte de ninguém. Do nada uma tempestade desabou com toda a fúria levando todas as pegadas e o rastro de Marguerite. Roxton tentou prosseguir desesperadamente, mas foi impossível: estava muito escuro, o vento e a chuva forte jogavam galhos e pedras contra o caçador que mal conseguia dar dois passos sem escorregar na lama. Com muita dificuldade e dor no coração, John se abrigou em uma caverna e lá esperou. O medo e angústia sufocando seus pensamentos sobre o que poderia ter acontecido com Marguerite não o deixavam em paz.

Choveu sem trégua a noite toda; já estava quase amanhecendo quando finalmente parou de chover. Roxton saiu da caverna, olhou em volta e constatou que tudo estava um caos em consequência da forte tempestade.

Sem escolha ele caminhou depressa de volta ao acampamento desejando que Marguerite, de algum jeito, tivesse voltado assim como Veronica, e que tivessem encontrado abrigo para se proteger da tempestade. Chegando lá ele encontrou as barracas jogadas na lama e não havia ninguém. Challenger percebeu que o tempo ia mudar e foi em direção a um conjunto de cavernas próximo da clareira, levando a jovem inconsciente.

John ouviu um barulho de alguém chegando perto, pegou o rifle e apontou na direção dos arbustos…

– QUEM ESTÁ AÍ???

Challenger apareceu entre os arbustos e ficou aliviado por ver que John estava bem, porém logo percebeu que Marguerite não estava com ele.

– Roxton, que bom que está bem. Eu estava preocupado. E Marguerite?

– Eu segui uma trilha, vi as pegadas dela e, pelo tamanho da outra, era de um homem. Aí caiu essa MALDITA TEMPESTADE QUE VARREU TUDO, DROGA! E Verônica como está? Ela acordou? Ela deve ter visto quem atacou e levou Marguerite!

– A pancada foi muito forte, ela ainda está inconsciente e com febre. Precisamos levá-la para a casa da árvore.

– EU NÃO VOU DEIXAR MARGUERITE PRA TRÁS!

–John, seja sensato! Verônica é a única que sabe quem a levou e precisamos cuidar dela, não há rastros para seguir e temos que nos abastecer. A melhor chance de encontrar Marguerite é voltar pra casa e ajudar Verônica.

John sabia que Challenger estava certo, mas foi um verdadeiro sacrifício sequer imaginar ir para casa da árvore sabendo que Marguerite estava em perigo.

– Seja lá quem for eu juro que vou MATAR se pôr um dedo nela!

Os dois seguiram para o conjunto de cavernas, chegando lá Verônica estava sentada com as mãos na cabeça.

– Oh, graças Deus, você acordou minha querida! Como está se sentindo?

Challenger verificou a temperatura: Verônica ainda estava com febre e isso o deixou muito preocupado.

– Ai minha cabeça... Challenger, o que aconteceu?

– Eu não sei... É exatamente o que ia lhe perguntar. Você chegou no acampamento ferida e sem Marguerite...Você viu quem as atacou?

Roxton estava impaciente querendo respostas. Ele se abaixou, pôs a mão no ombro de Verônica, olhou-a com pena e, principalmente, muita culpa por não ter ido com elas para o riacho – mesmo sentindo que algo de ruim poderia acontecer... e aconteceu! Ele perguntou com desespero em sua voz:

– Verônica, por favor, tente se lembrar do que aconteceu...

– Eu... eu não... Ai, minha cabeça está explodindo... E Marguerite onde ela está?

– Alguém a levou; muito provavelmente quem te atacou.

Mas Verônica desmaiou novamente. Roxton ficou frustrado e muito preocupado com a situação da jovem loira, que não era nada boa.

–Vamos, Roxton, precisamos levá-la pra casa...

Roxton cobriu-a com um cobertor e levou-a nos braços; seguiram viagem de volta para casa o mais rápido que podiam, com poucas paradas para descansar e beber água. Verônica piorou no caminho. Assim, eles avistaram a aldeia Zanga e foram pra lá, já que estava mais próxima do que a casa da árvore. Chegando lá, quase sem fôlego, eles pediram ajuda a Assai, filha do líder do Zangas.

– Por favor, Assai, nos ajude! Verônica está ardendo em febre!

– SIM! Venham depressa! Vamos levá-la para a cabana do xamã.

Roxton colocou Verônica na cama, Assai falou com xamã na língua zanga e depois olhou para os dois homem angustiados a sua frente.

– Vamos, ele pediu pra sairmos. O xamã vai cuidar dela, ela irá ficar bem. Vamos...

Challenger protestou um pouco; ele não queria deixar Verônica sozinha, mas Assai o convenceu. A futura líder dos Zangas estava apreensiva para saber o que havia acontecido com sua amiga de infância.

– Me digam, o que aconteceu?

Challenger contou tudo o que havia acontecido. Assai disponibilizou alguns guerreiros para acompanhar nas buscas para achar Marguerite, Roxton ficou agradecido e por ele já teria saído às cegas no meio da selva para encontrá-la.

Assai então disse que Marguerite poderia ter sido levada por traficantes de escravos; isso estava na mente de Roxton mas doía demais sequer imaginar!

– Assai, você sabe onde esses infelizes fazem o comércio de escravos? Eu vou lá agora buscar Marguerite, não posso esperar até que Verônica acorde.

Challenger interveio: - John, você deve esperar; assim poderemos ter mais informações e se fossem realmente traficantes de escravos, então por que não levaram Veronica também?

– EU NÃO SEI! ESTOU FICANDO LOUCO AQUI PARADO ENQUANTO MARGUERITE PODE ESTAR SOFRENDO DE TUDO NAS MÃOS DE ALGUM DESGRAÇADO!

Challenger baixou a cabeça e respirou fundo, também estava muito preocupado com o paradeiro de Marguerite e ele sabia que ela poderia estar sofrendo e que John nunca se perdoaria por isso. Mas ele precisava se manter firme para não tomar decisões precipitadas.

–Acalme-se, homem, vamos encontrá-la! Marguerite é muito inteligente e eu sei que ela vai conseguir se virar bem.

–Eu só vou me acalmar quando ela estiver aqui comigo. Eu a amo, Challenger, e não sei o que vou fazer se...

–Vamos encontrá-la, meu velho. Eu sei que vamos. E ela estará bem, não se esqueça de que estamos falando de Marguerite.