Enamorados

Os pensamentos de uma criança.


Do lado de fora.

Pov Graham.

Eu sabia que ela estaria ali e sabia que ela me reconheceria. Linda! Linda como sempre foi, ultrapassando todo e qualquer limite de beleza. Emma! Ela só não consegue ver ainda, mas no fundo ela sabe que me ama e eu sei... Eu sei que nós vamos ficar juntos. E sei também que o Killian não vai ser um empecilho, pensei deixando a casa de número 108.

Montreal, Quebec, Canadá.

02:00 a.m

Pov Neal.

Eu abri meus olhinhos. Aquele sono tava tão bom! Eu acho que entendo por que acordo. Já tem luz, ou eu tenho fome, ou tô sujo, ou dodói, ou o papai faz aquele barulho muito alto. Mas dessa vez não é nada disso. Eu tô bem. Não tô? Mas tô acordado e no escuro. Eu odeio o escuro! Não dá pra ver nada. E aqui tá tão apertado.

Eu quero sair, ir pra aquele lado, (Me mexo), tem uma coisa aqui. Não me deixa sair! E tá tudo escuro, não gosto do escuro. (Me mexo de novo, para o outro lado) É aquela... a tia Gina. (Toco seu rosto) Ela nem se mexe. Será que ela não acorda de noite? Cadê a minha mãe? Tá escuro aqui e ela me ajuda. Mas cadê ela? E o papai?

O que eu faço? Já sei. Mamãe sempre vem quando faço isso.

Choro, demais. Sempre dá certo. Choro de novo, e de novo, e de novo. (Luz) Alguém ligou o Sol! Finalmente! Eu disse que sempre funciona. Mas não é a mamãe, é a tia Gina. Que cara engraçada! (Sorrio) Ela se senta e me pega no colo. Me abraça e ela tem um cheiro bom. Tá tentando me ninar, mas eu não quero. Não agora! (Choro, de novo).

O tio Edu levanta. Tá mexendo aquela boca. Ele tá tentando falar algo? Eu nunca sei o que é. Mas eu olho, quietinho. Ai! Ela tá tentando me embalar de novo. Tenho que chorar! Ela se levanta e eu consigo ver a mamãe e o papai, no chão, dormindo. Eu quero sair!!! “Me leva tia Gina!” Começo a dizer repetidamente, mas eu não sei se ela está me entendendo. Tá me olhando com aquele rosto meio confuso.

O tio Edu me pega. “Me joga pra cima!” Acho que ele entendeu. Eu adoro quando ele faz isso, me sinto como aquele cara de capa vermelha daquela caixa magica na sala. É divertido! Ei, a tia Gina sumiu. Pra onde ela foi? Mamãe e papai ainda estão lá. Nossa ela voltou depressa. Eles se olham e fazem aquele barulho com as bocas. É estranho, mas eu gosto quando fazem isso na minha bochecha.

Ela me pega e o tio Edu abre a porta. A gente tá saindo. Acho que a mamãe e o papai vão ficar, também tão dormindo até agora. Tchau!!!! Nossa, o sol apagou de novo. Só tem estrela, elas estão tão pertinho, presas num cabo de ferro. Mas eu sou pequeno, não consigo tocar. “Ei tia Gina! Pra aonde a gente vai?”. Ela me aperta e me morde. (Gargalho) Ah, aqui está tão fresquinho. Acho que não quero voltar.

“Quem será aquele lá?” Tá correndo pra cá. Será que conhece a gente? Tá de preto, todo de preto. A tia Regina me segura forte, bem, bem forte. Tio Edu entra na nossa frente. Não consigo ver nada! Eles estão conversando. Ele faz um som estranho com a boca, muito grave. Por que não consigo entender nada? Que coisa chata!

Ele está apontando uma coisa pra gente, também é preto, acho que ele gosta mesmo dessa cor. Tio Edu tá falando com ele e tá com aquela cara que Emma faz quando tem que contar algo pra mamãe. A tia Gina continua me apertando. Ela também está com essa cara.

O tio Edu levanta os braços. Ele encosta o negócio no peito do tio Edu. A tia Gina está falando depressa, e tá me molhando. Que que está acontecendo? A gente vai ficar aqui até quando? Quero andar!!! Me leva! Vou ter que chorar de novo? (Choro, e muito, tô ficando vermelho).

Ele aponta aquela coisa estranha pra mim. Grande coisa! Como se isso fosse me impedir! Choro mais ainda. Ele coloca aquilo na minha cabeça. É frio pra caramba. Ele tá falando alguma coisa e pela forma como abre a boca tá gritando com a tia Gina. Não grita com ela não! Bato na coisa. Ele aberta mais forte. Ela faz um barulhinho. Tic!

Que susto! Do nada, Tio Edu bate nele. Ele derruba a coisa, mas ela faz o maior barulhão! Meus ouvidos! Agora tô chorando de verdade, detesto essa sensação. Tia Gina pra ajudar ainda gritou. Olho pra baixo, eles tão no chão. Tio Edu tá sentando em cima dele. Acho que tão brincando. Mas gente grande é tão estranha!

Tia Gina pega aquele aparelhinho que toca. Põe na orelha. Tio Edu fala com ela, preocupado. Ela responde ainda com aquela água toda me molhando. A gente fica ali por um tempo e é bem chato. Chega aquele carrinho fazendo “Uiu Uiu Uiu”. Aquela luzinha é legal. Azul, vermelho, azul, vermelho, azul, vermelho...

Eles se viram, vejo o moço de preto e a galera do carro irem embora. Tamo andando, mas na outra direção. Pera, a gente já está indo? Mas e o passeio? Tia Gina, Tio Edu? Ah, poxa vida.

Storybrooke, Maine, E.U.A

13h00min.

Casa dos Mills.

Pov Killian.

O inferno realmente existia e estava bem na minha cabeça. Mas que noite embriagada! Se o objetivo da festa era ser inesquecível sei que conseguimos, bem, pelo menos até a dor de cabeça passar. A casa estava o maior silêncio desde às uma e meia da manhã, quando damos a festa por encerrada e fechamos as portas.

Eu não tinha saído da cama, mas sabia que o andar de baixo estava um caos! A sujeira devia estar por todo e qualquer lugar, da sala a cozinha, da frente da casa aos fundos lá na piscina. Tudo uma verdadeira bagunça!

Pelo pouco de lucidez que me restou ontem, o único lugar intacto era o andar de cima. Lá, só estavam os que foram convidados. Eu realmente não queria levantar, mas a fome tinha chegado e eu simplesmente não resistia.

Acordei com uma luz forte entrando pela janela. Acho que foi quando me senti mais próximo do drácula na minha vida. Pra quem não tava acostumado a beber, eu estava sentindo que tinha passado dos limites. Praguejei com as mão na cabeça. Eu não sabia dizer o que incomodava mais, a dor ou a vontade absurda de ir no banheiro.

Me levantei. Pisei no Robin.

—Au Killian!

—Foi mal!

Me desculpo e desvio de Ruby que estava ao seu lado. Caminho até a cortina e a fecho um pouco, em seguida corro pro banheiro. Me alivio e tomo um banho. Eu estava precisando. Volto pro quarto e me troco depressa. Volta pra cama e vejo Emma.

Ela estava com o meu pijama, dormindo de boca aberta, com o cabelo, que parecia menor do que ontem, bagunçado, e ainda assim estava linda.

—Emms... Meu amor? ... Emma! – a chamo.

—Pelo amor de Deus Killian você quer acabar com o nosso relacionamento? – ela fala com as mãos na cabeça.

—Por favor, parem de gritar! – Ruby.

—Ô droga! Que dor de cabeça descomunal. – Robin.

—Que bom que todos já acordaram. – falei rindo.

—É sério Kil, por favor. – Emma fala e me puxa pra perto. A abraço. – Gente o que aconteceu?

—Vocês beberam além da conta. – Ruby. – Dançaram pra caramba, Emma rebolou em cima da mesa, Killian e Robin ficaram só de cueca e quase perderam as namoradas, Zelena gravou tudo e espalhou no Whatsapp, Henry vomitou a casa toda... Em fim foi uma noite bem diferente eu diria.

Ruby fala enquanto guia Robin até o banheiro. Ele estava um caco.

—Eu preciso de um café! – Emma.

—Vamos lá pra baixo. Vou fazer alguma coisa pra gente. – digo.

Ela se levanta e se espreguiça.

—Eu adoro quando usa minhas roupas. – falo sorrindo.

—Você também ficou bonitinho usando as minhas ontem.

—Que? – disse um pouco alto.

Ela ri da minha cara, mas logo se arrepende e eu tento me controlar.

—Me lembre de nunca mais beber tanto viu? – ela disse parando de frente para mim.

—Eu vou fazer o meu melhor. – beijei seu nariz.

Ela se agarrou a mim. Passou ambos os braços envolta do meu pescoço e encostou a cabeça em meu peito. A abracei e depois a peguei no colo. Ela envolveu minha cintura com as pernas e descemos a escada.

—Você acordou bem manhosa hoje. – falei

—Sim, e planejo passar o resto do dia assim.

—Isso pede uma dose especial de carinho.

—Eu fico tão feliz por você me entender. – ela disse e eu pude sentir que estava rindo.

—Espertinha.

Chegamos ao fim da escada e eu nunca fiquei tão feliz por ter uma tia. Antes de entrar no cômodo Emma e eu sentimos o aroma invadir o ambiente. A coloquei no chão e demos os últimos passos antes de entrarmos na cozinha e vermos a tia Zelena fazendo o que parecia ser uma café, apesar de já ser 13:20 da tarde, bem reforçado.

Tinha pão, biscoito, bolo, leite, café e parecia que iam sair umas panquecas a poucos minutos. E melhor de tudo, em cima da mesa do café tinha uma cartela de aspirina.

—Bom dia! – falamos.

—Bom dia meninos! Mas que carinha de acabados. – Zelena.

—O que você esperava? – Killian

—Depois de ver a situação de vocês ontem? Nada muito diferente. Aliás, adorei o novo corte de cabelo Emma.

—Novo corte? – ela fala e passa a mão pelo cabelo – Ai meu pai! Killian! – ela grita e se encolhe ao mesmo tempo. – O que aconteceu com o meu cabelo? – ela me perguntou desesperada.

—Eu não sei! Mas fica calma, foi só um pedaço. – falei olhando – Se cortar do outro lado fica igual. E você tinha dito que queria cortar não é?

—Tá, eu tinha, mas não assim! – ela faz um coque – Eu rebolei numa mesa e perdi meio cabelo em uma única noite. Dá pra ficar pior?

—Bem, se você olhar no whats... – Zelena.

—Não tortura eles ruiva, deixa pelo menos tomarem café. – Jeff diz chegando com umas frutas.

—Bom dia Jeff!

—Bom dia meninos! Toma aí, ajuda a curar a ressaca. – ele disse e nos entregou duas caixinhas de suco de laranja.

—Valeu, tô aceitando qualquer coisa pra acabar com essa dor de cabeça.

—Tem pra mim? – Robin disse aparecendo junto com Ruby.

Jeff lança uma caixinha de suco para ele. Os dois se sentam. Robin próximo de Ruby e Ruby próxima ao bolo de chocolate, ao lado de Zelena. As duas disputavam a faca pra cortar o bolo.

—É, acho que meus dias te forçando a comer finalmente acabaram, meu bem. – Robin disse sorrindo para a namorada.

—Eu até ia te responder, mas o bolo da Zelena tá maravilhoso! É sério, o que colocou aqui, ladra de beer pong? – Ruby

—Primeiro, minha vitória foi totalmente justa. – Zelena

—Você colocou algo além de vodca nos copos que o Robin bebeu que eu sei. – Ruby

—Que mentira! – Zelena

—Eu nunca fico no estado em que eu fiquei ontem Zelena! – Robin

—Você não sabe beber, está claro! – Zelena

—Pera aí tia, eu bem vi você com... – Eu

—Ei, ei, ei! Eu sou sua tia, sua função é me ajudar! – Zelena

—Então você assume verdinha? – Emma

—Como é que é? Mas que ousadia! – Zelena

—Não foge do assunto meu amor. – Tio Jeff.

—Motim! – Zelena

A discussão estava cada vez mais acalorada, até bisnagas já tinham voado sobre a mesa. Fazia algum tempo que a nossa casa não ficava tão animada quanto agora. Mas aí o rosto do Robin ficou mais sério e eu vi o tio Jeff tirar a faca do bolo de perto da tia Zelena. Não precisava nem falar o que era.

Visão do autor.

A cozinha estava a maior festa. O pouco espaço que estava limpo para o café da manhã estava ocupado com risadas e ameaças amigáveis. O clima estava descontraído até eles observarem Aurora e Kristoff na sala de estar da casa.

A ruivinha o levava até a porta. Kristoff tinham descido ir embora logo que levantasse. Ele sabia que ninguém ali, além de Aurora, o que queria por perto e além disso, tinha prometido a Henderson que veria a jovem e voltaria para casa. O acordo já tinha sido quebrado quando ele resolveu dormiu com a ruiva, não poderia abusar mais.

Os dois se abraçam e se beijam, Aurora abre a porta e logo depois a fecha. Caminha até a cozinha.

—Bom dia!

—Bom dia. – eles respondem em coro, todos menos um.

—Não vai me cumprimentar agora?

—Não quero cometer outro erro. – Robin.

—Fala sério Robin! – Aurora.

O loiro fica quieto.

—Alguém vai explicar? – Jeff

—Deixa pra lá. – disse a mais nova se sentando ao lado de Zelena.

—Então, seu namorado dormiu aqui? – Zelena

—Ideia do seu sobrinho. – Aurora

A ruiva encara Killian.

—Em minha defesa, eu só achei mais seguro eles ficarem aqui onde você, essa ilustre pessoa ao qual eu tenho o prazer de chamar de tia, pudesse ver. – Killian

—Medroso! – Emma

Killian a belisca.

—Au! – a loira ri.

—Acho que foi uma boa ideia. É mais seguro. – Jeff

—Não confiam em mim? – Aurora

—Claro que sim, e você sabe que estamos de acordo com o namoro de vocês, mas isso não significa que confiamos no seu namorado. – Zelena

—Por que será? – Robin.

—Locksley, por favor. – Ruby.

—Olha, se você não quer falar comigo tudo bem, mas não vem querer se intrometer em assunto de família. – Aurora

—Então quer dizer que você pode opinar na minha, mas eu não posso fazer o mesmo com você? – Robin

—E lá vamos nós. – Killian

—Você nunca comentou que as manhãs eram animadas assim aqui na sua casa. – Emma

—Quando que eu fiz isso? – Aurora

—Ah não sei, acho que chamar a minha filha de erro conta! – Robin

—FilhO! – Ruby

—Aurora! – Zelena.

—Fez mesmo isso? – Jeff.

—Foi sem querer, e ele bem sabe. – Aurora

—Falou por que quis! – Robin

—Foi da boca para fora, você sabe disso! A Ruby entendeu. - Aurora

—Mas eu não!

—Tá sendo dramático e cabeça dura. Mas agora que eu parei pra pensar, você está sendo você mesmo, uma babaca!

—Acho que está me confundindo com o seu namoradinho lixo.

—Não fala assim do meu Kris!

— “Não fala assim do meu Kris” – Robin disse a imitando.

—Para agora com isso! – a ruivinha estava visivelmente sensível.

— “Para agora com isso!”

—Você sabe que odeio quando me imitam Robin!

— “Você sabe que eu odeio quando me imitam Robin!”

Os olhos de Aurora se tornam úmidos. Ela se levanta e sai da mesa,

—Filha! – Zelena a chama em vão.

—Viu Robin? – Ruby o acerta no braço.

—Ai, Ruby!

—Vai lá falar com ela.

—Mas...

—Anda Locksley!

Robin se levanta e saí atrás de Aurora.

—Será que eles vão ficar bem? – Emma.

—Eu espero que sim, apesar do Robin ser bem cabeça dura. – Ruby

—A minha prima não fica muito atrás. – Killian

—Ela bem teve a quem puxar. – Jeff

—Vocês querem mesmo começar a me atacar de novo? – Zelena

—Ladra de beer pong! – Ruby.

No andar de cima.

O quarto estava escuro o suficiente para que Ariel e Eric não se incomodassem em nada com a luz do sol. Ambos estavam dormindo. Ariel estava deitada com a cabeça sobre o peito de Eric e uma das pernas passava por cima das do menino. Eric a envolvia pela cintura com os braços e descansava sua cabeça sobre a de Ariel.

A noite dos dois tinha sido intensa, mais do que eles esperavam. Não imaginavam que tanta implicância resultasse em algo que ambos teriam gostado tanto.

Eric é o primeiro a acordar. Ainda com os olhos fechados se espreguiça, sem notar a presença de Ariel. Somente quando abaixa seus braços, e eles vão de encontro ao corpo da garota, que ele se dá conta do que tinha acontecido. Ele se deita de frente para a loira, que ainda dormia, e alisa o rosto da jovem enquanto os flashes da noite passada corriam em sua mente.

Ariel boceja e se vira para o outro lado da cama. Ele acaba rindo.

—Ariel? – ele diz a abraçando.

—Hum. – ela fala sonolenta.

—Acorda vai. Já está bem tarde.

—Mas aqui tá tão bom Eric.

Ela finalmente acorda, e com as próprias palavras.

—Eric! – a garota salta da cama em um salto e acaba caindo no chão.

Eric corre até o outro lado da cama e a ajuda.

—Ariel, você está bem?

A garota olha para Eric, analisando bem as roupas dele e até as suas próprias.

—Ai Eric!

—Ei calma, tá tudo bem. – ele falou observando o olhar assustado de Ariel. – Senta aqui.

Os dois se sentaram na cama. A loira estava com as mãos por dentre os cabelos.

—Você se lembra de ontem?

—Mas é claro! Boa parte do álcool que eu bebi vomitei antes de fazer qualquer efeito no meu cérebro. O que a gente fez Eric?

—Dormimos juntos.

—Você fala isso nessa tranquilidade?

—Qual é Ariel, não é o fim do mundo.

—Como não? A gente vive como cão e gato, não nos damos bem, a não ser que um de nós esteja embriagado.

—Pelo que eu vi ontem você adora uma garrafa de tequila, então...

Ela o encara.

—Eu só estava tentando descontrair.

Ela começa a se arrumar.

—Ei Ariel... – ela o ignora. – Ariel!

—O que Eric?

—Isso significou alguma coisa pra você?

—É obvio que não! Eu nem se quer gosto de você! Como você mesmo disse, eu adoro uma garrafa de tequila isso muda as coisas. E tenho certeza que concorda comigo.

Ele a olha, incrédulo.

—Mas é claro, eu concordo. Foi sexo e só. – ele fala nervoso.

—Você tá sendo irônico ou o que?

—A camisa, me dá. – ele estica a mão pedindo a sua peça de roupa que a menina ainda estava usando.

—Eric... – ela começa notando o que tinha feito.

—Anda Ariel!

—Não precisa ser grosseiro. – ela devolve a camisa.

—Como se você tivesse alguma moral para falar sobre isso. Passar bem.

Ele diz e deixa o quarto.

—Mas só faltava essa. Eric! – ela sai atrás do garoto.

O jovem desce a escada a passos largos, ignorando os chamados de Ariel. No meio do caminho ele esbarra em Robin.

—Ei, calma aí amigo!

—Foi mal Robin.

—Eric, espera! – dessa vez foi Ariel,

—Ótimo, estou ficando invisível. – Robin

A loira se volta para ele.

—Foi mal Robin. – Ariel

—Que que está acontecendo? Vocês ficaram por aqui? Estão juntos?

—Sem tempo agora.

—Ariel? – Killian.

—Oi Killian.

—Mas o que está pegando? – Killian

—Gente é sério, sem tempo pra isso. Beijos, valeu pela estadia.

A loira saí da casa às pressas, mas não encontra Eric. Ele já tinha sumido do seu campo de vista. Ela caminha para casa.

—O que aconteceu aqui? – Killian

—Sinceramente? Muita informação pra poucos minutos. Vou falar com a Aurora.

—Vai lá.

Robin se distancia.

—Mas a Ariel aqui? – ele diz com a mão na cabeça enquanto volta para a cozinha.

Aeroporto de Augusta, Maine.

A morena desliga o celular.

—Já é a quinta chamada só aqui em Augusta. Ninguém atende. – Regina.

—Eu sei, também tentei e nada. Vamos ter que chegar em casa para descobrir o que está acontecendo. – Eduardo

—Eu espero que esteja tudo bem. – Regina

—Não vamos sofrer por antecipação okay? E o seu braço? Como tá? – Edu disse passando a mão sobre o curativo.

—Dolorido, mas bem. Quando que a gente imaginou que isso fosse acontecer? – Regina

—Nunca. Não sei como a Mary e o David se dispuseram a ficar lá. – Edu

—Bem, é só não sair para caminhar de madrugada né. – Regina

—É, a gente vacilou um pouquinho. – ele falou rindo.

—Nem me fala.

O carro deles se aproxima.

—Ei, olha lá. Vamos?

—Vamos!

Os dois dão as mãos e caminham até o veículo.

De volta a Storybrooke.

No quarto de Aurora.

A ruivinha estava sentada em sua cama quando ouve batidas na porta.

—Aurora? – Robin disse do outro lado.

—É sério Robin, vai embora.

—A coisa tá mesmo séria, me chamou de Robin. – ele diz e entra no quarto se sentando ao lado da ruiva.

Ela o encara.

—Eu sinto que você quer a minha morte.

—Ainda não, mas é só dizer mais uma palavra sobre o Kris que isso se realiza.

—Ui, ela está nervosa.

—VAI EMBORA!

—Okay, só me responde uma coisa antes. Por que?

—Por que o que?

—Por que o Kristoff? Eu entendo que antes de toda essa bagunça ele era um garoto legal, mas agora... Depois de todo esse problema, por que ainda está com ele?

—Robin... Me fala uma coisa. Se a Ruby fosse chefe do tráfico internacional...

—Ideia absurda.

—Cala a boca e me responde. Se isso fosse real, você amando a Ruby como ama hoje, deixaria ela sair da sua vida? Por mais errada que ela fosse?

Ele a encara em silencio.

—Me fala Robin.

—Você sabe a resposta. É logico que não, eu amo ela.

—Então pronto! Está aí a minha resposta. Eu amo o Kristoff. Sei que o que ele fez foi errado, eu reconheço e ele também. Aliás, ele está tentando se redimir só que ninguém permite isso! Eu só queria que vocês entendessem, que você entendesse Robin.

—Você sabe o quanto é difícil para mim fazer isso?

—Robin...

—Aurora, eu sei que você ama ele. Eu entendo sua colocação e eu faria o mesmo pela Ruby. Só que isso não diminui o fato de que nunca vou esquecer o que ele fez pro meu amigo, pra minha namorada e para a minha filha. Nunca!

—Eu sei, e não estou te pedindo isso. Só quero que tente manter uma paz, sei lá. Não dá pra eu namorar o Kris e deixar de ser sua amiga ou vice e versa. Eu entendo você Robin, de verdade. E peço desculpas pelo que eu falei na festa. Mesmo sendo sem querer eu fui insensível, sei que não planejaram nada disso. E eu fui uma idiota em chamar a minha princesa de um erro.

—Que bom que está no meu time.

—Fiquei sabendo que a Ruby entrou do outro lado da aposta.

—Pois é, vê se pode.

Ele se aproxima da ruiva e abraça.

—Me desculpa, eu não gosto de saber que está triste especialmente se for por minha causa.

—Me perdoa também.

—Tá tudo bem, sei que foi da boca pra fora.

Eles se separam.

—Mas eu continuo não gostando do seu namoradinho.

A ruiva ri.

—Eu sei.

—Mas eu vou tentar conviver, por você apenas.

—Você é o melhor amigo do mundo sabia?

—Por te aturar eu merecia bem um prêmio. – ele disse passando a mão no cabelo.

—Cala essa boca Hood!

Ela joga uma almofada em Robin, mas ela passa longe.

—Com essa mira já sabemos que não vai fazer pescaria, ou tiro ao alvo ou...

—Ai meu Deus, eu gostava mais quando não estava falando comigo. – ela disse cobrindo o rosto com a mão.

—E aí, já conversou com seus pais?

—Se é sobre a faculdade, ainda não. Não tive muito tempo.

—As provas já estão chegando.

—Eu sei, eu sei. Vou dar um jeito nisso.

—Eu sei que vai. Mas agora eu tô com fome, vamos lá pra baixo?

—Só se for agora.

Os dois se levantam e saem do quarto.

—Ah eu nem te falei, mas a minha mocinha deu o primeiro chute. – ele disse passando pelo corredor.

—Não brinca! Por que não me contou antes? Sabe como isso é importante?

—Você não estava falando comigo Aurora.

—Ei, ei! Era você que não estava falando comigo.

—A gente vai começar a discutir de novo?

—Não... Só depois do café.

Uma porta se abre e Henry aparece, saindo de fininho.

—Olha só, se não é o namorado da Elle. – Aurora disse cruzando os braços em frente ao corpo enquanto esboçava um sorrisinho brincalhão.

—Mas já estão assim? – Robin.

—Ela não é minha namorada. – Henry.

—Aé? Então porque ela dormiu no seu quarto? – Aurora.

—Você nunca dormiu na casa de alguma amiga não? – Henry

—Nos poupe Henry, admite logo. Vocês estão juntos. – Robin.

—Não estamos juntos! – Henry

—Mas não é por falta de vontade. – Elle diz saindo do quarto e se juntando ao grupo. – Bom dia.

—Bom dia. – eles respondem.

—Achei que estivesse dormindo. – Henry

—E estava, mas toda essa conversa acabou me acordando. – Elle

—Poxa que pena, ia trazer café da manhã pra você. – Henry

—Bem, parece que vou ter que dormir aqui uma próxima vez. – Elle

—É uma ótima ideia. – ele disse se aproximando da garota.

Os dois param por um momento e encaram os amigos.

—É, então... – Henry

—Ah sim, bora Robin! – Aurora

—Divirtam-se. – Robin

Os dois terminam de descer as escadas.

—Então quer descer pra tomar café?

—Eu adoraria, mas tenho que voltar para casa. Não deveria nem ter dormido aqui.

—Eu sinto muito por tudo isso, seus pais e o Peter.

—Não sinta, você não tem culpa.

—É... Quanto a ontem à noite... – ele disse envergonhado.

—Henry, está tudo bem. Eu fico feliz por você pensar assim e não se preocupa. Eu espero o seu tempo.

—Era para eu falar algo assim e não o contrário.

—Os tempos mudaram!

—E como!

Eles compartilham um sorriso.

—Me leva até a porta?

—Claro, assim você sempre volta.

Os dois descem as escadas, cumprimentam todos no andar de baixo e seguem para a porta de entrada. Henry a abre e tem uma bela surpresa.

—Peter. – Elle.

—Oi Elle... E Henry. – ele diz olhando o jovem de cima a baixo.

—Oi. - Henry

—Eu imaginei que estaria aqui, mas tenho que confessar que desejei ser idiotice minha.

—Peter, antes de tudo eu...

—Tá tudo bem Elle.

—Ahm?

—Está tudo bem. Eu conheço você, antes de sermos namorados fomos amigos, e por um longo tempo. Sei quando não está satisfeita com algo ou quando alguma coisa te incomoda. Eu tinha esperanças de que estivesse profundamente enganado, mas quando preferiu ter ele como parceiro do que a mim no dia do seu aniversário eu não pude negar mais. Você não me ama, e eu só queria que tivesse me dito antes de ficar com ele.

—A culpa foi minha cara, a Elle...

—Não precisa fingir. Como eu disse, eu conheço ela. E se ela não quisesse, nada disso teria acontecido.

—Eu realmente sinto muito. Eu deveria ter te contado e tentei fazer isso, mas não consegui. Me desculpe por ter te colocado nessa situação Peter.

—Não se preocupe. Já está tudo resolvido, eu já me acertei com você.

—Como assim?

—Eu gosto de você Elle, é uma excelente garota e sabe disso. Mas eu não admito ser passado para trás. Eu tinha que devolver na mesma moeda, ou pior.

—O que você fez?

—Nada, só informei aos seus pais, quando descobriram essa manhã que a filinha deles não estava em casa, que ela poderia ter ido a uma festa com um DJ. Dei até o endereço, nada demais.

—Seu filho da mãe!

—Na mesma moeda, ou pior baby. Tenham um bom dia! – ele disse e se afastou.

—Aí céus!

—Namorou mesmo com ele?

—Henry, isso não é hora. Meus pais estão vindo pra cá, eu tenho que sair daqui o quanto antes.

—Não quer ficar e resolver tudo isso?

—Eu gostaria de fazer isso em um momento onde aquele idiota não tivesse enchido a cabeça dos meus pais de ideias absurdas.

Elle estava andando de um lado pro outro, um sinal claro de nervosismo que Henry conhecia muito bem. Ele segura a garota.

—Ei, fica calma. Vai ficar tudo bem. – ele tentava tranquiliza-la

—Não vai Henry, não vai. Você não conhece quem vem aí.

—Não mesmo!

Os dois olharam para a figura a sua frente. Um rosto um tanto quanto carrancudo, meio marcado pelo tempo, os cabelos tão loiros quanto os de Elle, quase dois metros de altura, usando um belo Berluti em tom vinho, Stteve crescia imenso e imponente sobre os jovens.

—Oi pai. – ela disse meio receosa.

A cara de mal se desfez.

—Oi minha mocinha. – ele disse a abraçando.

A menina finalmente respirou.

—Achei que tivesse vindo aqui para me degolar.

—Eu gosto de deixar este cargo com a sua mãe.

—Onde ela está?

—Deve estar a poucos minutos daqui, por isso recomendo que você venha comigo.

—Pai, antes eu gostaria de te apresentar alguém. Esse é o Henry e, agora que tudo entre mim e o Peter acabou, posso finalmente dizer que ele é o meu namorado. Se você aceitar, é claro. – ela fala olhando para o menino.

—Não existe a menor chance de eu recusar.

A jovem sorri.

—Henry, esse é meu pai Stteve.

—Prazer senhor. – ele diz estendendo a mão.

—Olá Henry. – o pai de Elle o cumprimenta.

A porta da casa abre mais um pouco.

—Henry? Elle? Tá tudo bem por aqui? – Zelena

—Ei tia Zelena, tá tudo bem sim. Estamos só conversando.

—Tem certeza? A cara desse homem não confirma isso. – Zelena disse olhando o senhor.

—Pode ficar tranquila, eu dou conta.

—Okay, te espero lá dentro. Qualquer coisa é só chamar.

—Pode deixar.

Zelena volta pra dentro da casa.

— Voltando ao que interessa, filha, desde quando você e o Peter não estão juntos?

—3 minutos, literalmente.

—Elle!

—Deveria ter acabado a muito tempo pai. Não nos dávamos bem mais, tinha virado uma coisa de faixada, que a sua mulher aliás adorava.

—Sim, e ela vai surtar quando descobrir que trocou o Peter pelo DJ.

—Senhor Stteve, com todo o respeito, eu posso bem ser só um DJ, mas não faria o que Peter fez só para se vingar da sua filha.

—Henry, entenda. A Elle é nossa única filha, nossa princesa, criada em um berço de ouro. Eu sei que o que eu estou dizendo soa extremamente mesquinho e preconceituoso, mas não criei a minha menina para ficar com qualquer um.

—E acha que o melhor para ela é alguém como aquele babaca?

—Bem, enquanto a Elle namorava aquele babaca ela não saia de casa às escondidas.

—Isso não é culpa do Henry pai. Vocês estavam sempre controlando tudo, vivi sob o comando de vocês. Escolheram tudo por mim, até o namorado. Quando finalmente conheci alguém que despertou algo real em mim, alguém que eu sabia que não era um enviado de vocês... Eu fiquei disposta a tudo pra ter esse alguém por perto.

Eles dão as mãos.

—Mesmo que esse alguém seja ele?

—Esse ele me faz muito feliz, e apesar de tudo, de todo o berço e pompa sei que quer o meu pra mim. Sei que sabia o quanto eu não era feliz ao lado do Peter, mas seu medo de perder a mamãe te cegou. Mas agora é diferente pai.

—O que quer dizer?

—Quero dizer que não vou aceitar aquilo que eu não quero. Quero ficar com o Henry e quero que você lute por mim, pelo menos uma vez.

—Elle...

—Não tem essa de “Elle”. Se ficar do lado dela, não precisa mais lembrar de mim.

—Ah finalmente! – Joyli diz saindo do carro e caminhando até os três.

—Pronto, o circo está formado. – Elle

—Quem é Elle? – Henry

—Minha mãe, nossa é sério, me desculpe por qualquer coisa que ela falar.

—Ora, ora, ora... O que temos aqui? - Joyli

—Mãe...

—Pouco me importa, vamos Elle entre no carro.

—Mãe nós precisamos conversar.

Stteve observava tudo, inerte.

—Não temos nada para conversar. Peter já me contou tudo.

—É claro que já.

—Como consegue ham? Se engraçar com qualquer um!

—Não aconteceu nada senhora. – Henry

—Me poupe do seu decoro bastardinho. Nada que venha de você me interessa. – Joyli.

—Por favor mãe! Um pouco de respeito. – Elle.

—Quem é você para falar de respeito? Dormindo com esse aí enquanto namora, não te criei para ser uma vadia! – Joyli

—Me desculpe, mas você não vai falar assim com ela! – Henry

—Calado! Você desvirtuou a minha filha. Não sabe o tamanho do meu arrependimento de ter te contratado para tocar na festa de aniversário dela.

—Deixa de ser paranoica mãe! Eu escolhi estar aqui. – Elle

—Você não sabe o que fala. No mínimo está sob o efeito de algum entorpecente. Não me surpreende, os lugares onde esse bastardinho deve frequentar devem ser cheios de drogas. – Joyli

—Olha aqui você está na minha casa, então eu exijo um pouco mais de respeito. – Henry

—Você é uma piada. Vamos embora Elle, agora! – Joyli

—Não, eu não vou!

—Menina não me desafie.

—Ou o que?

—Joyli, não faça isso. – Stteve.

—Você foi muito mimada mesmo, deveria ter sido corrigida mais vezes.

— Você não teria tamanha coragem. – Elle

—Mas eu vou recuperar o tempo perdido. – Joyli

Ela ergue a mão espalmada e avança sobre a menina. Henry entra na frente e leva o tapa.

—Henry! Você está bem? – Elle

—Ah seu idiota! Vamos, saia da frente. – Joyli

—A senhora é louca, saia da minha casa! – Henry

—Como ousa...

—Você não é bem-vinda, anda! Se retire!

—Vamos Elle. – Stteve

—Eu fico.

—Eu chamo a polícia! – Joyli

—Faça o que quiser sua megera, mas saí fora daqui. Os dois!

—Pai? – Elle.

Ele ignora a filha e continua caminhando com a esposa.

—Eu sinto muito Elle.

—Foi você quem apanhou.

—Mas foi você que não teve apoio do seu pai.

—Está tudo bem Henry, eu já deveria ter me acostumado.

—Ainda sim, eu sinto muito. – ele a abraça. – Vem, vamos entrar enquanto a polícia não chega aqui. – ele fala sorrindo.

—Se eu fosse você levaria a sério a questão da polícia, não conhece minha mãe o bastante.

Na cozinha.

—Ei, estava tudo bem lá? Ouvi umas vozes alteradas. – Zelena

—Agora está, eram os meus pais. E desculpem por isso. – Elle

—Que isso, todo mundo tem uma família problemática. Olha pra gente! Estamos aqui comendo, como se não tivesse uma casa inteira pra arrumar antes do Tiamat1 chegar. – Zelena

Todos na mesa riem.

—Ai é sério, ainda bem que eles só retornam na segunda. – Henry.

—Real, não seria bacana dar de cara com a mamãe e o Edu agora. – Killian

—Eu ainda não conheço esse lado da professora Mills. – Ruby

—E deseje nunca conhecer. – Emma

—Enfim, acho que a gente podia iniciar essa arrumação logo né? – Jeff.

—Mas antes o Henry e a Elle tomam café da manhã. – Aurora

—Seria uma boa sabe. – Elle.

—Claro, sentem aí. – Zelena

—Ainda é domingo, temos umas boas horas até a segunda. – Robin

—Eles nunca vão descobrir o que aconteceu aqui. – Killian

—Bem, eu acho que vocês estão seriamente enganados. – Eduardo.

—E estupidamente encrencados. – Regina.

Os dois adentram a cozinha.