Enamorados

De volta ao jogo.


Tudo foi rápido, como um raio que rasga o céu em segundos. Em um momento Killian estava cheio de esperança e no outro só existia raiva. Em um segundo ele tinha apenas entrado em casa e no outro estava segurando Henry pela gola da camisa.

—Killian o que você está fazendo? – Regina

—Não vai tirar ela de mim. – Killian

—Do que você está falando? – Henry

—Solta ele Killian. – Eduardo

—Acha que pode me substituir e ocupar meu lugar, mas não pode.

—Você tá maluco? – Henry.

—Ela não é sua mãe... É minha!

—Então é isso? Está com ciúme por eu considerar a Regina como mãe? – Henry

—Ela não é sua mãe!

—E nem sua. Mal consegue chamar ela des...

O punho de Killian se fecha e vai de encontro ao rosto de Henry. Eduardo o segura.

—Isso não vai acontecer. – Edu.

—Não vai mesmo. Chega Killian! – Regina.

—O que?

—Isso acaba agora! – Regina.

*****************************************************************

—Você passou de todos os limites, por causa de um ciúme sem fundamento. - Regina.

—Sem fundamento? – Killian diz incrédulo.

—Sim! Já te expliquei mais de uma vez que não há necessidade disso. O fato de o Henry ter entrado pra família, e de eu o considerar sim como filho, não diminui o que eu sinto por você Killian. Eu sou sua mãe, mesmo que você não me veja assim.

O clima da sala se torna mais denso. Os presentes (Zelena, Eduardo e Henry) prestam atenção na conversa apreensivos.

—Mas...

—Não tem “mas”! Eu sei que eu te abandonei e sei que você sofreu por causa disso, mas eu voltei! – a morena começava a sentir aquela sensação de nó na garganta – Voltei por você, pelo meu filho. Voltei por que eu te amo e me arrependi de ter te deixado. E quando você disse que me perdoava e me aceitava como sua mãe foi um dos dias mais felizes da minha vida. – seus olhos já estavam cheios de lágrimas – E eu te dei seu tempo, sabia que não ia me chamar de mãe logo de cara, por mais que eu quisesse isso. Mas se passaram meses, e tudo que eu te dei foi meu amor incondicional. E você? Mal consegue me tratar como tal. Não vou obrigar você a fazer isso, mas também não vou passar a vida esperando pelo amor do meu filho.

Ele estava estático. Parecia não acreditar no que ela dizia, ou não estava escutando. A confusão estava clara em seu rosto. E por mais que Regina se sentisse aliviada em dizer o que levava consigo a tanto tempo, ver o seu filho tão perdido era de partir o coração. Mas não tinha mais volta.

—Então é isso. - ela falou - Se quiser pode jogar com a gente e…

—Não.

—Se não quiser também, não precisa, po…

—Não! Você não entendeu. - ele estava de cabeça baixa.

—Eu não entendi o que?

—Eu… Eu… - ele limpou os olhos com a costa da mão. Respirava profundamente, tentando se controlar.

Por incrível que pareça, era um esforço gigante para ele.

—Killian, não precisa...

—Eu preciso sim! Jogou isso na minha cara agora! E realmente, nenhum de vocês está errado. Eu sei que não demonstro, mas não faço por mal.

—Eu…

—Me deixa terminar.

Ela deu o espaço que ele precisava.

—Eu tenho tanto medo.

—Medo de que?

—De que vá embora novamente. Tenho medo de se eu aceitar que você é minha mãe, você me deixe de novo. Sei que foi assustador pra você se tornar mãe e sei que isso te fez ir embora. Então…

—Tem medo de que quando isso acontecer eu te abandone. - ela constatou penalizada

—Nunca te chamei de mãe, não porque eu não quero, mas por que tenho medo de nunca mais te ver. Desde que o papai morreu, os meus melhores dias foram com a senhora, com todos vocês, e eu só não quero que isso desapareça.

—Killian… - ela disse o abraçando

—Me desculpa. Me desculpa por não ter dito isso antes.

—Ei, tá tudo bem. Tá tudo bem. - ela falou acariciando suas costas.

—Eu te amo. Te amo, te amo, te amo…

—Eu também te amo, viu? Nunca duvide disso. Eu jamais irei embora Killian. Nunca! - ela disse olhando nos olhos do garoto.

—Nós somos sua família e não se abandona a família - Zelena disse se juntando ao abraço.

—Eu também te amo tia Zelena.

E a morena viu a ruiva chorar.

—Desde quando virou tão sentimental Zelena? - Regina

—São os malditos hormônios.

—Mas você ainda está no início a gestação e… - Killian.

—São os hormônios Killian. - ela disse fazendo todo mundo na sala rir.

Se desfizeram do abraço.

—É… bem, eu acho que te devo desculpas. - Killian disse olhando para Henry.

—Assim, eu não ia achar ruim, afinal, você ia quebrar a minha cara. – Henry.

—Desculpa Henry, e desculpa também Edu. Eu vou tentar ser um irmão melhor daqui em diante. - ele disse estendendo a mão.

O jovem estende a mão e, no momento, em que iam apertar as mãos Henry o puxa e o abraça.

—Tá tudo bem Killian. Daqui em diante, família. - Henry

—Família. - Killian

—Atchim. - Henry

—É... Família, família. Germes à parte. - falou Killian se separando.

—Que isso. Volta aqui! - ele disse indo abraçar o garoto

—Saí. - falou Killian fugindo.

Regina e Eduardo observam Henry perseguindo Killian.

—No fim, parece que deu tudo certo. - ele falou ao lado da morena. - Como você está?

—Me sentindo mal por não ter notado a preocupação do meu filho.

—Ei, não se cobre. Era algo que não tinha como saber sem que ele te falasse. Você só estava dado espaço. Fez o melhor que podia. Tá bem?

—Certo. Eu amo você. - ela falou fazendo bico.

—Eu amo você também. - ele disse beijando o nariz dela.

—Eu amo vocês também. - disse Zelena entrando no meio do casal.

—Ah minha irmã, isso é carência?

—Isso é saudade daqueles dois desnaturados. - ela falou encostando a cabeça no ombro de Eduardo.

—A sua surpresa vai fazer tudo isso valer a pena. - Edu.

—Eduardo! - Regina

—Que surpresa? - Zelena

—Acho que eu falei demais. - Edu.

—Pode contar, e eu quero saber agora. - Zelena

—Olha só, você está me devendo um revanche. - Eduardo falou puxando Regina para o sofá.

—Ei, ei, voltem aqui! – Zelena

Casa de rosas amarelas.

—E aí? Chegou tudo? – Aurora

—Todo o essencial pelo menos. – Jefferson

—Ainda falta bastante coisa pai. – Aurora

—Se você não tivesse demorado tanto pra escolher entre o tom marrom ou branco pro tapete da sala, talvez nós teríamos conseguido comprar mais coisas. – Jefferson

—Ei! Não jogue a culpa em cima de mim, eu tive que escolher tudo.

—Por que não me deixou escolher nada!

—Por que será né? – ela falou apontando para um abajur em formato de gnomo.

Ele riu.

—O Charles é divertido.

—Quero ver a sua mulher achar divertido.

—Acho que o fato de ela ter uma boa parte da casa pra decorar vai ajudar ela a esquecer o Charles.

—É, de fato, mamãe adora decoração.

—E você acha que eu não sei? Acho que ela não ter comprado esses móveis com a gente parece um erro. Quando moramos juntos pela primeira vez ela decorou todo o apartamento. Cada cantinho, sem deixar nada para trás.

—Sério? – perguntou Aurora se sentando no tapete.

—Sim, tinha absolutamente tudo que ela e eu gostava. Era impressionante, tudo parecia se encaixar perfeitamente. Como dá pra notar, nós temos gostos bem diferentes, mas mesmo assim... Tudo estava lá.

—Pode falar mais?

—De decoração? – ele perguntou confuso.

—Não, – ela respondeu sorrindo – De quando você e a mamãe moravam juntos.

—Ah sim, é claro que posso. – ele falou sentando na poltrona. – Bem, nós começamos a morar juntos quando terminamos a faculdade e...

Aurora observava seu pai, que estava com uma expressão boba no rosto.

—E...

—E foi a melhor época da minha vida. – ele disse e a menina pôde ver o olhar sincero do pai. – Aurora, a sua mãe é simplesmente a mulher mais incrível que eu já conheci. Ela não é fácil, isso não dá pra negar. É uma ruiva problemática, encrenqueira e ciumenta, mas eu não trocaria ela por nada nesse mundo. Zelena é o meu maior presente, e graças a ela eu tenho você e seu irmão...

—Irmã. – Aurora.

—Você e seu IRMÃO.

—Irm...

—Continuando...

A noite cai e pai e filha permanecem conversando e, simplesmente, ignoram todas as caixas, plásticos bolha e móveis que estavam espalhados pela casa.

Na casa da Granny.

—Amor, você tem que comer. – Robin.

—Isso me soa tão enjoativo. – Ruby.

—Minha neta você tem que se alimentar, está comendo por dois. – Granny

—E na última semana esses dois pareciam insaciáveis. – Robin

—Eu sei, mas realmente estou sem o menor pingo de fome. – disse a ruiva empurrando o prato.

—Mas tem que fazer um esforço! Nossa princesinha precisa se alimentar. – ele falou alisando a barriga da namorada que começava a despontar.

—Você cismou que vai ser uma menina não é? – ela falou sorrindo para Robin.

—Eu tenho certeza. Vai ter os cabelos castanhos da mãe, que aliás estão começando a aparecer. – Robin.

—Isso está me matando! Não aquento mais olhar no espelho e ver um cabelo meio vermelho e meio castanho. Tô parecendo uma paródia da Cruella de Vil. – Ruby.

—E que venha com o seu humor também meu bem. – falou Robin rindo.

Granny, que estava em pé, olhava aquela cena satisfeita.

—Vó? Tá tudo bem?

—Está sim, é só que... Eu não achava que isso, – apontando para os jovens – poderia dar certo, mas eu não podia estar mais enganada.

Robin e Ruby se olham.

—Eu amo a sua neta Granny, e nada nesse mundo poderia fazer o que temos dar errado.

—Eu não posso deixar de concordar. – falou a ruiva com um olhar apaixonado.

A mais velha seca as lágrimas.

—Eu é quem estou grávida e é você quem chora? – diz Ruby brincando.

—Vai jantar menina! – ela diz indo para a cozinha.

O casal acaba rindo.

—A Granny é uma figura.

—Você estão se dando bem melhor agora.

—Nós resolvemos entrar em um acordo de paz enquanto você estiver grávida.

—Isso é bom.

—Com certeza! É ótimo saber que eu vou acordar no dia seguinte. – ele falou rindo.

—Não exagera! – ela disse levando um pouco da refeição à boca.

—Ei, olha só quem está comendo? – ele falou em tom implicante

—Ei, olha só quem vai dormir no sofá hoje à noite. – ela respondeu no mesmo tom.

—Sem graça. – ele disse emburrado.

Residência dos Mills.

—E aqui estamos, para a grande final da copa de Asteroids. De um lado, Regina Mills, a mestre das metres... – Killian.

—Totalmente imparcial. – Eduardo

—Do outro lado, Zelena Mills, prestes a ser esmagada. – Killian.

A morena gargalha.

—Ela tá te pagando ou o que? – Zelena.

—Ela me destruiu nesse jogo. Eu tenho que reconhecer o talento. E os dois destronados ali concordam comigo. – falou Killian apontando para Edu e Henry.

—Então Zelena... Sinto muito. - Henry

—Estamos te esperando no sofá dos perdedores. – Edu.

—Nem morta. – Zelena.

—É o que nós vamos ver verdinha! – Regina

A morena aperta o play.

—E a partida se inicia...

*Celular de Regina toca*

A morena abre mão do jogo pra conferir a chamada e é atingida por um fragmento de asteroide logo no início.

Chamada On

*Alô?

*Regina? Aqui é Mary Margaret.

*Olá Mary?

Como vai?

*Muito bem, obrigada por perguntar. E como está tudo aí?

*Posso dizer que o mesmo (ela falou olhando para os quatros na sala se engalfinhando). O que deseja?

*Bem...

[...]

Chamada Off

Regina retorna para a sala e encontra Zelena com um sorriso no rosto.

—Está pronta para massagear meus pés maninha?

—Não valeu, eu tinha que atender a ligação.

—Quero que use aquele creme com cheiro de maçã verde viu?

—Pode ir desistindo, não foi uma vitória justa.

—Falou a que rouba no baralho

—Eu? – ela disse fingindo indignação.

—Não se faça de desentendida. – falou Zelena se levantando. – Vou estar te esperando ansiosamente no meu quarto.

—Não diga uma coisa dessas perto do Jeff. – ela falou em tom brincalhão.

—Tarada! – Ela gritou do alto da escada.

A ruiva some da vista de todos e no fim ficam Henry, Eduardo, Regina e Killian na sala.

—Eu não sei vocês, mas a ideia de dormir me parece reconfortante. – Henry disse olhando a tela do celular.

—Dormir ou se trancar no quarto pra conversar com a Elle? – Eduardo.

—Pai!

—Então parece que você resolveu aquele problema do seu amigo? – Regina.

—Gente, quem é Elle? – Killian.

—Se me permitem, eu tenho mais o que fazer. Boa noite pessoal, até amanhã.

O garoto se despediu dos três e subiu as escadas.

—Ou, calma aí. Quem é Elle? – disse Killian subindo as escadas com o irmão.

—Uma garota. - Henry

—Não me diga! – Killian – Eu quase não suspeitei.

Henry o encara.

—Não me olha assim, sarcasmo é coisa de família. Você vai aprender com o tempo.

Os jovens somem escada acima.

—Olha, até que foi bem fácil. – Edu

—Não é? Nada que uma boa conversa não resolva. – Regina

—Falando em conversa, quem era no telefone?

—Era a Mary, mãe da Emma. Se lembra dela?

—Sim, sim. Aconteceu alguma coisa?

—Não, ela só me pediu se a Emma podia ficar aqui nesse fim de semana. Aparentemente os pais dela terão que sair para um compromisso de trabalho e ela não pode ir junto. Algo do tipo.

—Mas nesse final de semana?

—Sim, algum problema?

—Eu acho que eu devia ter te falado isto antes.

—O que você aprontou? – ela perguntou séria.

—Nada, coincidentemente a empresa pra qual eu trabalho vai financiar uma viagem para Quebec, pra abertura da nova filial, e eu fui convidado. Com direito a acompanhante, que no caso seria a minha morena. – ele falou colocando a mão na cintura de Regina.

—Acho que temos um pequeno problema.

—Nada que não possa ser resolvido até amanhã de manhã.

—Amanhã de manhã?

—Sim, até às 09h00min mais precisamente. O voo parte de Augusta. – ele falou fazendo careta.

—Ou seja...

—Ou seja, temos que sair daqui bem cedinho.

—Mas e a surpresa da Zelena?

—Será que o Jeff e a Aurora vão estar acordados às cinco da manhã? – Eduardo.

—Você só pode estar de brincadeira! Ainda temos que fazer as malas, avisar os meninos e tem a Emma e o Killian...

—Calma Regina, nada que não possa ser resolvido. – ele disse a abraçando enquanto suas mãos percorriam as costas da morena.

—Nem tente. – ela disse o repreendendo.

—Eu nem fiz nada.

—E nem vai. Hoje eu preciso dormir.

—É realmente, você está com uma cara abatida. – ele falou rindo.

—Você perdeu totalmente a noção do perigo. – ela disse se desviando de Eduardo e subindo as escadas.

—Você sabe que eu estou brincando! – ele falou indo atrás de Regina

—Desculpas negadas.

—Regina!!!

A morena entra em seu quarto e segue para o banheiro trancando a porta em seguida.

—Abre Regina.

—Não.

—Por favor!

—Você não vai querer ver essa cara abatida aqui. – ela disse retirando seu vestido.

—Okay, você quem sabe.

Eduardo fala e a morena escuta os passos do amado se distanciando.

—Abatida, vê se pod...

Antes que Regina pudesse terminar a frase ela escuta o choque de um corpo com a porta. A morena se assusta.

—Mas? – ela diz com a mão no peito.

—Tem certeza que não vai abrir? – Edu grita do outro lado.

—Seu psicopata você vai destruir a minha porta!

—Ou você pode abri-la!

—Nem morta.

—Okay, três, dois...

Ela destranca o cômodo.

—Você ficou maluco? Sabe quanto isso custou?

Eduardo fica sem falar uma mísera palavra, encantado com a visão a sua frente. A morena percebe o olhar faminto do namorado e antes que pudesse protestar Eduardo a agarra pela cintura e a imprensa contra a porta do banheiro, a trancando em seguida.

—Você sabe que eu preciso dormir está noite. – ela diz ofegante.

—Só cinco minutos, é tudo que eu te peço. – ele disse introduzindo um dedo na entrada da morena.

—Tem dez. – ela falou em meio a um gemido.

—Excelente!

No dia seguinte, bem cedo.

—Então é isso. Estamos entendidos? – Regina

—Sim senhora. – Killian, Henry e Emma.

—Ótimo! Se cuidem viu? E a Zelena vai ficar de olho em vocês, não se esqueçam disso. – ela falou olhando especialmente para Killian e Emma.

—Pode deixar mãe, vai ficar tudo bem. – Killian.

—Assim espero. Agora nós vamos indo se não perdemos o voo. – Regina.

—Certo, avisa quando chegar mãe. – Killian.

—E você também pai. – Henry

Os quatro se abraçam.

—Vamos Gina? – Edu.

—Vamos. Juízo ein! – Regina

—Vocês também. – Henry

—Ei, não se esqueçam de mim. – Zelena

—Nem se a gente quisesse. – Regina.

—Tô doida pra saber o que estão tramando. – Zelena.

—Espero que goste tia. – Killian.

—Até você? – Zelena.

—Vamos! – Edu.

Os adultos saem da casa e os jovens ficam na porta observando o carro sumir de vista. O Mercedes vira no fim da rua e os três voltam para dentro de casa.

—Já tô com a lista aqui. – Emma.

—Ótimo, já selecionei a playlist também. – Henry.

—Vocês não estão falando sério? – Killian.

—Estamos sim, olha aqui. – disse Emma mostrando a lista de convidados.

—Como vão dar um festa com a tia Zelena vigiando tudo aqui? – Killian

—Você bem sabe que ela é mais “adolescente” do que nós três juntos. – Henry

—Bem, eu só espero que dê tudo certo. – Killian

—Vai sim, eles só voltam na segunda de manhã. Vamos arrumar tudo no domingo. – Henry

—Nesse caso, já sei onde pedir as luzes neon. – Killian

Os três se olham cumplices.

Na Lanchonete da Vovó.

—Sinceramente, está cedo demais para receber clientes! – Granny.

—Não somos clientes, somos visitas. – Ingrid.

—Não para mim. – Granny.

—Por que está tão amarga? O dia mal começou! – Ingrid.

—Bem, eu acordei e dei de cara com você já é motivo o suficiente. – Granny.

Do outro lado da lanchonete.

— Ei pai! – Robin diz abraçando Leopold

—Oi meu filho? Como você está? E a minha nora? E o bebê?

—Estamos todos bem. – ele fala sorrindo e observa a discussão do outro lado. – Tem quanto tempo que elas estão discutindo?

—Uns 10 minutos, basicamente, desde que chegamos.

—Eu não quero nem saber como vai ser quando a neném nascer.

—Se você assistir a batalha final de Vingadores Ultimato, vai ter claramente uma prévia.

Os dois riem.

—Vem, vamos lá em cima. A Ruby já deve ter acordado.

—E quanto as duas? Tem coisas perigosas aqui embaixo.

—Não se preocupe, desde que vim pra cá, Ruby só deixou a Granny chegar perto de utensílios sem pontas.

No andar de cima.

—Amor? Pode entrar? – falou Robin colocando só a cabeça dentro do cômodo.

—Ei – ela disse aparecendo na porta o beijando em seguida – Pode sim. Onde estava? Acordei e você tinha sumido.

—Fui receber uma visita. – ele disse dando espaço para o pai.

—Leo!

Os dois se abraçam.

—Olá Ruby! Como vai?

—Apesar dos enjoos, vou muito bem. Já tomou café? – ela disse pegando um biscoito.

—Já sim, não precisa se incomodar.

—E a Ingrid? Por que não veio?

—Ela veio sim, mas você conhece a Granny. – Leo

—Ah não! – Ruby

—As duas estão discutindo lá embaixo, como sempre. – Robin

—Elas não tem jeito. – Leo.

—Não mesmo, mas e então. O que te traz aqui?

—Eu vim visitar vocês! Já que o meu filho me abandonou e a minha nora não vai lá em casa, me senti na obrigação de vir aqui.

—Me desculpa Leo, mas você conhece a minha vó. Me prende aqui o tempo todo. E quanto ao Robin...

—Me recuso a sair do lado dela.

—Mesmo que eu diga que não há necessidade.

—Mesmo que você seja teimosa.

—Mesmo que você seja um chato de galocha

—Mesmo que...

O casal sente uma luz forte no rosto.

—Mas o que foi... – Ruby.

Os dois olham para o senhor a sua frente.

—Eu só queria registrar isso. – ele disse mostrando o celular.

—A cara da Ruby ficou ótima. – disse Robin rindo. – Me manda no Whats por favor.

—Nem se atreva!

—Vocês sabem que serão ótimos pais não sabem? Se mantiverem esse amor que sentem um pelo outro, a filha de vocês será a criança mais feliz desse mundo.

Os dois se emocionam com as palavras de Leo.

—Obrigado pai, às vezes a gente se preocupa pensando no que vai acontecer e em como vai ser futuramente, mas quando escutamos coisas assim... Parece que tudo melhora. – Robin

—Eu estou achando isso super fofo, mas é que eu escutei você dizer “A filhA de vocês”.

Leopold e Robin acabam rindo.

—E eu sinto que está sendo influenciado. – ela fala olhando para o namorado.

—Não é minha culpa se ele concorda comigo.

—É claro que não Locksley. – ela diz apertando os olhos para o namorado

O garoto a braça.

Eles escutam as senhoras no andar de baixo.

*Agora você está passando dos limites.

*Você quem está abusando da minha boa vontade.

*Ah me poupe sua caduca.

*Como se você fosse a sã da história.

—A gente vai descer? – Robin.

—Eu não quero uma terceira guerra bem aqui na lanchonete. – Ruby

*Barulho de vidro se quebrando*

—É melhor irmos logo. – Leo

No andar de baixo.

—Olha essa bagunça! Você sabe que vai pagar por isso, não sabe? – Granny.

—Está me ameaçando? – Ingrid.

—Estou te cobrando a travessa que acabou de quebrar sua maluca. – Granny.

—Vindo de você, não seria errado suspeitar. – Ingrid

—Tá me chamando de assassina?

- Granny

—Estou te chamando de psicopata. – Ingrid

Os três ficam observando a cena.

—Você sabe que não vão existir reuniões de família, não sabe? – Robin.

—Eu nem cogitei essa hipótese. – Ruby

—Eu vou dar um jeito nisso. – Leo diz indo até as duas.

—Põe o escudo! – Ruby

O celular de Robin e Ruby vibram. Os dois olham as mensagens no grupo.

Grupo: (Des) Encantados On.

“Organização a todo vapor... Se preparem.”

Tá afim de descobrir o que é? – Robin.

—Só se for agora. – Ruby.

Os dois deixam a lanchonete e os três adultos discutindo.

Na casa de número 19.

Regina, Eduardo e Zelena chegam em frente a antiga casa de Killian.

—Achei que eu fosse encontrar meu esposo e minha filha, não o falecido August.

—Mas como fala! – Regina.

—Desculpa maninha. Mas agora é sério, o que estamos fazendo aqui?

—Abre a porta. – Eduardo

—Mas por que...

—Só abre a porta Zelena! – Regina

—Tá bom, sua mal humorada.

Mesmo estranhando tudo que estava acontecendo a ruiva gira a maçaneta e abre a porta, dando de cara com a cena mais fofa que poderia ver. Jefferson e Aurora dormindo, uma no tapete e o outro na poltrona.

—Mas o que é isso? – ela fala um pouco mais alto.

—Acho que chegamos cedo demais. – Edu

—Ou eles dormiram além da conta. – Regina

Os dois vão acordando. Aurora é a primeira a abrir os olhos.

—Mãe?

—O que está acontecendo aqui?

—Pai! Pai... – ela fala chacoalhando Jeff.

Ele desperta.

—Bom dia pra você também. – ele olha as figuras em sua frente – Mas o que estão fazendo aqui a essa hora?

—O que vocês estão fazendo dormindo a essa hora? Já era pra estar tudo pronto! – Regina.

—A gente se distraiu ontem. – Aurora

—Okay, era pra você – apontando para Jeff - ter trabalhado em casa ontem e era pra você – olha pra Aurora - ter ajudado. Então, eu chego aqui, sem nenhum motivo aparente, e vocês estão dormindo na antiga casa do meu sobrinho no meio dessa bagunça. Me deixaram nos hospital ontem e agora eu não vejo razão para isso. Vocês tem exatos cinco segundos para esclarecer essa história.

Pai e filha se olham.

—Cinco, quatro...

—Surpresa! – eles dizem em uníssono.

—Como é que é? – Zelena.

—Meu amor, não fomos buscar você ontem porque tínhamos que comprar os móveis e em seguida arrumar tudo isso aqui, mas como dá pra perceber não deu muito certo. Acabamos conversando e dormimos. – Jefferson

—Pois é, no fim de tudo a única coisa que ficou no lugar foi o Charles. – Aurora falou apontando para o abajur em formato de gnomo.

—Que? Móveis, arrumação... Quem é Charles? - Zelena

—Meu bem, – disse Jeferson segurando as mãos de Zelena – essa aqui é a nossa casa.

—Como é? – ela falou sem acreditar.

—Eu disse que não íamos viver em locais separados, não disse?

—Mas Jeff é...

—Eu sei, também não acreditei quando ele me contou mãe.

—Obrigada pelo apoio filha. – ele disse em tom irônico

—Disponha. – ela respondeu com o mesmo timbre.

—Mana? – Regina a chama. – Nós temos que ir. Já está um pouco tarde.

—Tudo... Tudo bem, aproveitem a viagem.

—Pode deixar, lembre-se que nossos filhos estão sob sua tutela viu?

—Sabe que sou tão responsável quanto eles, não sabe?

A morena a fuzila com o olhar.

—Mas eu vou cuidar muito bem daqueles pimpolhos, não se preocupem.

—Certo, te amo, se cuida e aproveita a casa.

—Pode deixar.

—Beijo minha sobrinha, beijo Jeff.

—Tchau pessoal, até mais. – Edu

—Tchau! – Aurora e Jefferson

Os dois saem da casa deixando apenas a família no recito.

—Então é isso que vocês chamam de organizar? – Zelena fala feliz.

Os três se abraçam contentes.

—E então? Gostou?

—Com certeza, especialmente por que deixou a Aurora escolher os móveis em seu lugar.

A ruivinha gargalha.

—Eu disse, não disse.

—Como sabe que não fui eu?

—Eu te conheço! E sei como seu gosto é duvidável, se tivesse escolhido mais do que aquele abajur ali, essa casa estaria parecendo um circo.

—Ah não fala assim. – ele disse fazendo bico

Ela o beija.

—Mas mesmo assim, fico feliz por tentar.

—Eu te amo.

—Eu também te amo.

Os dois se beijam novamente e Aurora observa feliz. Pela primeira vez sua família estava completa.

Residência Gold.

Rumple e Belle estavam na cozinha terminando seu café.

—Ele já não deveria ter chegado?

—Bem, eu não sei. Só avisaram que ele chegaria pela manhã. Ou pelo menos devia.

—Tomara que ele esteja bem. Ah e por favor Rumple, as coisas já estão difíceis para ele, não piore.

—Eu vou fazer o possível meu amor, mas não posso te garantir nada.

*A campainha toca*

—Deve ser ele, eu abro. – Belle

Belle caminha até a entrada da casa e abre a porta.

—Graham!

—Oi Belle!

Os dois se abraçam.

—Como você está? Tudo bem? Aconteceu alguma coisa lá dentro?

—Eu não posso dizer que ficar lá é como estar em um hotel, mas está tudo bem sim. E como você vai?

—Melhor agora que está em casa.

O garoto sorri para ela de um modo sincero, mas o sorriso logo se desfaz.

—Graham.

—Oi pai.

—Como você está?

—Bem, mas não graças a você.

—Somente a si mesmo, já que foi você que se colocou em uma jaula.

—E você que não se deu ao trabalho de me tirar de lá.

—Precisa aprender com seus atos. Não é mais uma criança.

—Meninos, por favor! Vamos só aproveitar. Na segunda, você começa o seu serviço comunitário e a volta pra faculdade e praticamente não teremos mais tempo. Então deixem disso.

Os dois se encaram.

—Só por que você pediu meu bem. – Rumple

—Graham?

—Que seja.

—Okay, está com fome? O café ainda está na mesa.

—Na verdade não. Vou subir para o meu quarto e colocar minhas coisas no lugar.

—Como quiser. Qualquer coisa estaremos aqui embaixo. – Belle.

O menino sobe as escadas.

—Ele parece bem mais educado agora e calmo também.

—Não caia nessa Belle. Graham é uma caixinha de surpresas.

—Eu não entendo por que pra você é tão fácil desconfiar do seu próprio filho.

—Eu acho que ele me deu motivos para tal.

—Mesmo assim! É sangue do seu sangue e passou pelo que passou. Acho que um pouco de amor paterno não faria mal. – ela disse se retirando.

—Belle!

No andar de Cima

Pov Graham.

Entrei em meu quarto e joguei minhas coisas na cama. Tudo estava em seu perfeito lugar, muito provavelmente Belle tinha arrumado tudo depois que saí. Ela realmente era muito dedicada.

Abri a minha sacola com os pertences, despejando-os sobre a cama. Uma foto caiu. Olhei. Lembrei desta fotografia todos os dias. Era a que carregava na minha carteira. A pessoa nela me deu forças para aguentar dia após dia dentro daquele buraco imundo que chamam de cadeia. Me deu paciência para não fazer nenhuma burrice que me prejudicasse ainda mais. Posso até dizer que me deu esperança.

A cada momento meu pensamento se concentrava nela, a cada instante a imagem dela vinha a minha cabeça. Eu sentia ela me chamando, me pedindo pra ter um pouco mais de força que logo eu iria vê-la.

E eu aguentei, cada dia. O Kristoff recebia ligações da família e daquela maldita ruivinha, e eu... Apenas Belle me ligava. Ninguém mais. Mas eu sabia que ela estava lá. Sabia que tinha me perdoado. Ela falava comigo, só na minha mente e só eu podia ouvi-la, mas ela falava. Eu sei que sim.

Sei que quando encontra-la ela estará pronta para mim, me esperando... Como eu fiz todos esses dias. Sim, ela vai estar lá. A minha garota, a minha Emma Swan.